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História Laços (Hiatus) - Aquele que é devoto ao pote


Escrita por: langa

Notas do Autor


:)

Capítulo 6 - Aquele que é devoto ao pote


Fanfic / Fanfiction Laços (Hiatus) - Aquele que é devoto ao pote



CAPÍTULO 6


– Já é a quinta vez que eu mando vocês calarem a boca.

Kaoru freou bruscamente na fila da entrada do estacionamento do shopping classe-media de Tóquio, este que ficava bem próximo ao centro e da casa de Langa.

O rosado não estava mais com o cinto de segurança, isso lhe dava liberdade para virar seu tronco para trás e estapear um dos três meninos barulheiros. Se não bastava Kojiro ao seu lado cantarolando umas músicas estranhas, no traseiro do carro Langa, Reki e Miya tinham seus momentos de surto, intrigas, amizades, companheirismo e brigas.

Tudo em menos de vinte minutos.

– Para de nos bater seu louco! – Miya se ajoelha no banco do carro, afastando-se das mãos do pai.

– Vocês que estão me deixando louco. – Rebateu.

Kojiro pegou delicadamente a mão de Kaoru, colocando-a sob o volante. – Querido, dá pra acelerar? Está atrapalhando o pessoal que quer entrar.

– Querido o cacete Kojiro, o cacete. – Resmunga.

Kaoru não gostava do shopping da classe-média por um motivo: o lugar era cheio de outros jovens barulhentos e muita falação, se fosse para ser assim ele teria ficado no carro com os quatro andando sem rumo.
No shopping silencioso que costumava ir nem tinha tantos carros, o que era ótimo.

– Kaoru, você sabe que está estacionando na vaga de deficiente né? – Kojiro cruza os braços, olhando para o ex-marido. – Tá caducando nos trinta anos?

– Kojiro eu tenho vinte e oito anos ainda e estamos estacionando aqui porque você está no carro, todo mal feito aí. – Murmura.

– Ah, mas quando ficava de chameguinho comigo não tinha essa. – Retrucou.

– Que chameguinho o que? Eu tava fazendo caridade pra você, sozinho e desolado, me poupe.

Kaoru deixou o carro estacionado lá mesmo, sendo o primeiro a sair e esperar a boa vontade de seus acompanhantes. Ele só queria passear em paz com seus filhotes, por que Kojiro tinha que ser tão invasivo?

– Vou avisar logo que eu não vou comprar mais nada. – Disse Kaoru, indo na frente. – Tô puto.






– Vou levar essa, essa, vou levar duas dessa blusa com cores diferentes. – Kaoru jogava roupas para trás, esta que era aparado por Kojiro. – Reki querido, Langa paixão, vocês querem alguma roupa?

Langa coçou a nuca trocando olhares com Reki. – Não. – Disseram em uníssono.

– Ótimo, vou levar essa blusa preta para você Reki, ficar neutro um pouco né? Parece um semáforo. E vou levar essa blusinha fofa listrada pro Langa, vai ficar muito bonito.

Kojiro já contava dez peças de roupas.

– Miya qual dessas duas cuecas você vai querer? – Ergueu uma cueca do Bob Esponja e uma do Superman.

O menor ficou vermelho quando ouviu as risadinhas. – Eu não preciso de mais cuecas!

– Vou levar essas, presente do seu aniversário que vem e para o de dezesseis anos. – Jogou as cuecas em Kojiro, avaliando blusas sociais tamanho adulto. – E agora Joe, qual dos dois é melhor?

O esverdeado sorriu amarelo. – Acho que você já tem muitas roupas sociais.

– Vou levar esses dois também. – Andaram um pouco, Kaoru viu uma blusa de manga longa rosa e uma preta, pegou as duas, erguendo. –  Entre essa e essa blusa que eu gostei qual é melhor sabendo que vou levar as duas?

– A verde combinaria mais. – Kojiro equilibrou as roupas em seu braço esquerdo, pegando a verde de manga longa.

– Boa escolha, vou levar as três. Acabou, vamos para o caixa.

Miya estava ficando agoniado, ele queria só comprar o giftcard e seu pai estava com complexo de Paris Hilton.

– Kojiro, quer fazer o favor de ficar na fila? Pega um monte de roupa e ainda quer que ei fique aqui.

– Óbvio né, Kaoru, alguém tinha que pegar as roupas que você estava jogando. – Balbucia o maior, sustentando a montanha de roupa com apenas um braço.

– Ainda bem que você tá conservado, você ainda pensa, isso é ótimo. Vem crianças, o que vocês querem fazer?

Kaoru saiu da fila, totalmente a mercê de seus três menininhos. Para quem não queria mais fazer compras e não iria gastar nada naquele shopping, o rosto alvo do rosado estava bem alegre.

– Quero ir comprar um jogo e um giftcard!

– Acho que eu quero ir na livraria ver alguns mangás. – Reki parecia pensativo.

– Eu quero... eu quero passear. – Langa já contava o dinheiro que sua mãe havia lhe dado afim de não atrapalhar Kaoru.

Mas se Kaoru queria gastar com eles por conta própria, então não estava atrapalhando Kaoru.

O rosado suspirou profundamente, abrindo o leque de tom bege em frente ao rosto, sabia que era agora que ele teria que dizer “divirtam-se, depois eu pego vocês” mas apesar da expressão rotineira de um homem frio que ainda sim conseguia ser histérico, ele não gostava de ficar longe dos três.

Eram seus filhos! Mesmo que dois deles sejam posições.

Se bem que no tempo sozinho ele poderia abusar da boa vontade de presença do Kojiro, afinal, alguém teria que segurar as sacolas das compras e Kaoru tinha certeza que não seria ele.

– Então... então tá bom né? – Sussurrou. – Quando eu ligar nos encontramos naquela livraria do primeiro andar. Querem ficar sozinhos... sem mim...

Os três assentiram e rapidamente saíram dali. Kaoru suspirou, ele estava na corda bamba.

Ele tinha um empregado para segurar suas compras :)

Mas era, in(felizmente) Kojiro, seu ex-marido :(

– Kaoru, pague suas coisas. – Kojiro andava até as mulheres do caixa, fazendo a pose de galanteador quando viu a caixista de longos fios azuis.

Exótica.

Kaoru ficou na dele pela primeira vez na vida, a verdade era que ele estava se corroendo de vergonha cada vez que sua mente vagava no encontro com a conhecida Nanaka ou voltava-se a se lembrar do como Reki e Langa estavam agindo estranho.

Estava rolando alguma coisa entre eles? Que merda está rolando? Gente, eu não tenho paz eu mesmo me dou o trabalho de não ter paz, onde vou aproveitar o passeio se vou ficar comprando um monte de coisa? Arg, deixa essa bosta pra lá então, não preciso me importar os filhos não são meus, deve ser briga de amigos, amigos agem assim, nem tudo é algo a mais. Pensava, assustando o esverdeado que flertava com a mulher e não havia recebido nem mesmo um chutão, um tapa ou um xingamento.

– Senhor, deu setecentos reais.

Rapidamente tirou o cartão da bolsa, dando para Kojiro tomar a responsabilidade. Kaoru estava estranho.

E se eles... não! Não! Não! Eles são dois amiguinhos bonitinhos crianças fofinhas, eu vi o Reki cresce como é possível ele está florescendo já? Eu tô caducando novo demais? Kojiro está certo então? Continuou, dando um tapa no braço do outro.

– Por que me bateu? – Questiona, massageando o local do tapa.

Kaoru tinha mãos fortes.

– Eu não sei porque eu tô te batendo, mais você sabe porque tá apanhando. – Jogou sua bolsa nele, e como um ex-marido que era, aparou. – Já que tá aí, traz as sacolas e fica com minha bolsa, preciso de apoio.

Kojiro revirou os olhos ignorando completamente a folha de papel com o número da moça que ela mesma ergueu, apressando os passos para acompanhar o rosado.

– Ei cherry, segura um pouco dessas compras.

– Não sou obrigado.

– Se for assim eu também não sou obrigado.

O rosado parou centímetros do corpo másculo  tocando o peitoral definido com a ponta do leque. Joe ficava muito sexy com camisas de manga comprida, mas Kaoru nunca na vida falaria aquilo. – Você é sim, segura minha bolsa e segure minhas compras ou vai pra merda. – Silabou cada palavra.

Kojiro deu os ombros, sorrindo ladino. – Tá bom.

Au au.






– Nossa que silêncio. – Miya tagarelava a dois minutos desde que saíram de perto dos dois adultos, por dentro, aquilo estava irritando Reki.

– Silêncio onde, Miya? Parece que eu tô passando naquela avenida que os periquitos não param de cantar, aqui com certeza não estamos em silêncio. – Argumenta Reki, com uma expressão nervosa

– Tá bom, calma. – Ajeitou os fios pretos, deixando o cabelo um pouco desleixado. – Vocês vão ficar comigo ou vão se separar?

– Ficar com você. – Novamente, em uníssono responderam.

– Venham aqui, eu não sei nada desse shopping.

O trio foi até uma lousa digital que oferecia cada estabelecimento do shopping e onde podiam encontrar as lojas, e pelo visto, a loja que Miya queria ficava no último andar.

Eles estavam com preguiça.

Em sincronia, os três remexem em seus próprios cabelos, bagunçando-os, demonstrando preguiça. Acontece que logo ouviram risadinhas femininas, Miya instantaneamente se virou.

Os olhos esverdeados captaram um grupo de seis meninas os olhando, imediatamente puxou pela barra das blusas dos seus amigos.

E em meio ao desespero no shopping mais popular de Tóquio, Miya grita: – Tem meninas rindo da gente!

Reki bufou, dando um tapa na cabeça do mais novo. Miya não gostava quando acontecia coisas assim, ele sabia que ele era bonito, incrível, um ser surreal, um garoto de virtudes: futuramente prometeria jogar em duo com um futuro alguém, teria um gato, usaria roupa maid pra ganhar uma graninha extra mas por enquanto era apenas um pobre camponês envergonhado por atenção. Mas a reação de Miya deixou apenas Reki em alerta, este que olhou para trás e recebeu um aceno de uma menina de longos cabelos pretos. “Aquele vestido florido lhe caiu bem" pensou.

Porém Langa franziu as sobrancelhas. Reki nerá gay?

– Ficou interessado nela? – O azulado foi até o pé do ouvido do ruivo, o fazendo estremecer.

– O-O que?

– Eu tô falando, se gaguejou, mamou. – Miya sussurrou, soltando a blusa de Reki.

Miya já tinha umas suspeitas mais ver aquela cena já era muito para sua cabeça.

– Quer o número dela, Reki? – Langa cruzou os braços.

Cadê o menino bobão?

O ruivo franziu as sobrancelhas. – Cala... cala a boca, Langa.

Miya se desaproxima aos poucos, deixaria os meninos lá, tendo aquela conversa estranha e com aqueles olhares enigmáticos.

– Ei, garotinho, você é irmão de um deles? – A menina do vestido florido chamou Miya quando ele tentou passar disfarçadamente por elas.

– Meio que sim, meio que não

– Eles são um casal? – Pergunta, fazendo as outras o encararem com os olhos brilhantes.

Miya retornou seu olhar em direção aos dois. Langa estava com os braços cruzados bem próximo de Reki, que estava com os braços na cintura olhando para um lado oposto. Aquela cena lhe era muito familiar de quando seus pais eram... são...

O menor suspirou. – De longe até parece mas de perto tem coisa estranha, não sei.

– Ownt, eles são tão fofos, é bem incomum encontrar casais homossexuais assim juntinhos andando com os familiares. – Ela comenta e Miya assente.

– Mas amiga, tinha aquele outro casal que acabamos de passar. – Lembrou uma que usava calça jeans vermelho vibrante, Miya tinha certeza que ela estaria no colo do capeta por uma coisa tão brega como aquela calça. – O do homem bonito que tava ameaçando o gostosão de cabelo verde.

A expressão de Miya foi de questionadora e indignada para uma expressão aterrorizada. Ele lá queria saber se uma menina chamou seu pai de gostoso, queria era sair da vista do histérico do Kaoru.

Se Kaoru o visse ali, com certeza ia ficar na cola deles.

– Onde eles estavam? – Questiona, desesperado.

– Ah, eles pararam em uma lojinha de bebê. – Suspirou a menina, apaixonada.

Miya ficou ansioso, que merda eles estavam fazendo? Não iria criar tantas expectativas mais do que já criava.

Fez certo em deixar os pais sozinhos? Tinha medo que Kojiro irritasse Kaoru e o rosado o chutasse de algum andar.

O menor deu os ombros já seguindo caminho, olhou para trás pela última vez e viu Reki seguindo para uma outra direção com Langa ao seu enlace.

Por que Miya sentia que todo mundo que estava perto dele era do vale?
 


Praça de alimentação (1 hora depois)



Apesar do constante falatório que vinha da praça de alimentação em conjunto, aquele restaurante italiano que por ironia do destino era uma pequena companhia em parceira com o restaurante de Kojiro estava agradavelmente silenciosa na medida do possível.

Versalhes era o nome do restaurante, ele tinha pinturas renascentistas de vários artistas italianos no teto, tocava uma musiquinha que alguns casais dançavam no salão disponível e a iluminação era um pouco fraca.

Bem no fim estava um Kaoru teclando no celular e um Kojiro exausto, olhando para o ex-marido que tinha um sorrisinho nos lábios.

Kojiro ajeitou novamente as porras das quinze sacolas que Kaoru fez questão que ele carregasse, além da bolsa baitolada que ele carregava. O maior achava que o vicio em compras era apenas uma brincadeira na vida de casados.

Ele deixou Kaoru mal acostumado.

Kaoru estava reluzente e nem precisava sentar em alguém pra ficar de bom humor. Os olhos  dourados estavam menos afiados e mais vivos e ele a cada dez frases, só em uma ele xingava Kojiro. Mas aos olhos do mesmo, algo preocupava o rosado, já que ele estava calado demais, nem mesmo implicou quando o via dando em cima de alguns meninas e foi elogiado por um gay nada encubado.

Kaoru estava tão louco das ideias que entrou em uma loja de bebês e comprou uma blusinha de gato para Miya (que obviamente ficaria de enfeite), chegou a lacrimejar dizendo que se pudesse, queria ter visto o menor ainda quando era um bebezinho cagão e não um pré-adolescente seboso. Kaoru comprou duas blusas iguais para Reki e Langa, uma vermelha para Langa e uma azul para Reki, ambas com os dizeres “I'm a rainbow" em negrito.

Diria que aquelas blusas eram ridículas e agradeceu pelo rosado nunca ter feito isso enquanto namoravam.

Mas se pudessem ter uma reconciliação, talvez toparia.

Ah, e Kaoru havia experimentado uns vinhos oferecidos em uma loja rústica. Aquela loja com certeza era o maior pesadelo do Kojiro! Quando ia naquele shopping não deixava de lembrar do ex-marido quando passava por ali, já que Kaoru nunca negava vinhos. Então ele bebeu duas taças, alegou que iria desmaiar e bebeu mais quatro, chutando Kojiro e bebeu mais uma taça que foi quando Kojiro realmente teve que tira-lo a força dali.

Talvez o rosto calmo nem era só das compras, as bochechas rosadas denunciavam uma leve embriaguez mais Sakurayashiki Kaoru não se embebedava tão fácil.

Ele nunca tirava o leque de linha. Um gay culto.

– Te... vejo... mais... tarde... então... beijos. – Kaoru digitava sussurrando, uma mania que tinha desde a adolescência quando começou a ter problema de vista. – Beijo o cacete.

É, beijo o cacete.

– Tava falando com a Carla é? – Murmurou, brincando com a alça da bolsa de Kaoru.

Joe também havia comprado uma bolsa preta, bem bonita. Pensou em dar para Kaoru já que comprou com o cartão dele mais decidiu que ficaria consigo, porque era ele que sempre carregava os pertences do ex-marido. Alguma coisa tinha que combinar consigo e seria aquela bolsa!

– Não, eu estava falando com o Adam. – Suspirou cansado.

Adam, aquele filho da puta! Joe não gostava de Adam, sentia um leve atrito por ele desde a época do colegial quando ele sempre chamava Kaoru para passear na floresta.

Kaoru tinha lhe jurado que nada acontecia e que Adam gostava, (in)felizmente, de abelhinhas. Mas sabe quem também era cheirador de pepeca? Sim, o próprio Nanjo Kojiro.

– Adam é... – Dedilhou a taça de água, direcionando os olhos para Kaoru.

– Com licença, o senhor poderia ficar ao lado do seu acompanhante? Uma família precisa usar essas duas cadeiras vagas. – O garçom se intromete.

Kaoru havia mandando mensagem para Langa para os três se encontrarem na praça de alimentação para comer, mas o mesmo nem visualizou então acreditou que eles estariam realmente se divertindo.

Laudo da diversão atual: Reki e Langa estavam dançando Havana no Just Dance do playground e Miya estava conversando com gamers e egirls que encontrou por lá e grava os amigos dançando.

Kaoru olhou para Kojiro com desdém, empurrando algumas sacolas para o colo do maior e sentando-se ao lado dele.

As cadeiras na verdade eram bancos de conjuntos, bem aconchegantes e estilo retrô.

– Deve ser o destino. – Kojiro cantarola.

– O destino não me colocaria no erro pela décima vez, disso Kojiro, disso eu tenho certeza. – Kaoru falava com o dedo indicador erguido. – Larga de ser otário.

O mesmo riu.

– Falando sério Kaoru, o que está acontecendo? Você parece angustiado com algo. – Foi direto, virando um pouco seu tronco para ver melhor o rosto do outro.

Kojiro gostava dos traços angelicais de Kaoru.

E como um sopro de desabafo, Kaoru segura na gola da camisa de Kojiro o trazendo para perto.

– Joe me responda, Reki e Langa tem cara de... – Disfarçou olhando nos olhos amêndoas de Joe, pedindo para ele entender o que quis dizer.

– Cara de?

– Cara de... – Entortou a mão.

Kojiro nem tava prestando atenção pra isso, seus olhos estavam automaticamente se direcionando para os lábios avermelhados. Eles estavam tão perto mais tão longe.

Ô saudades!

Kaoru o balança. – Me responda. – Grunhiu.

– Sim, mas cara de que? Acha que eu sou o que? Vidente? Fala de uma vez.

– Gay... gay, viado, gay. – Sussurra.

Kojiro arqueou as sobrancelhas. – Não. – Aos olhos de Kojiro, Reki é um adolescente que com certeza lutaria muito pra encontrar alguém que gostasse do jeito dele e Langa é um adolescente silencioso que prezava pelo próprio espaço pessoal e por ele mesmo.

Mas não deixou de percebe que tinha um ar diferente cercando eles no caminho para o shopping.

– Ah. – Kaoru soltou Kojiro, arfando.

– Porra homem, ficou assim por isso?

– Fiquei. – Pegou a taça de Kojiro, bebericando a água que estava lá. – Isso é importante para um pai, tá bom?

Kojiro sorriu, mesmo com a pose durona Kaoru tinha o coração de manteiga. – Você se preocupa muito com eles.

– Mais é claro! Eles me completam na minha solidão. – Dramatizou.

– Solidão quem vive é eu. – Dramatizou também, só que dessa vez Kojiro tomou atitude e apertou as bochechas de Kaoru, se aproximando do rosto do rosado. – Bem que você podia né... você sabe.

Kaoru estapeou cinco vezes Kojiro. – Mas puta que pariu hein, que fuzuê é esse Nanjo Kojiro? Tá achando que eu sou tuas quengas? Principalmente aquela lá, como é o nome dela, ah, Ku, é Ku né? Fica mais fácil ainda pra mandar ela tomar no cu.

Massageou as bochechas doloridas, mas o coração tava no badum badum.

– Ela te mandou um beijo semana passada, nem te disse. – Zoou.

– Manda ela ir catar coquinho. – Debocha. – Aquela vaca. – Sussurra, fingindo uma tosse falsa.

– Mas deixando isso de filho de lado e “minhas quengas", como você tá? – Kojiro insiste em ter uma conversa sensata com o ex-marido claramente e levemente bêbado.

Kaoru soltou uma risada desacreditado. – Que isso palhaço? Por que eu devia falar de mim para você? Que me deixou sem nada, apenas com uma criança que foi abandonada pelos pais em uma estrada vazia e adotamos? – Começou.

– Deixa de ser bruto. – Resmunga. – E para de ser dramático porra, tá achando que tá vivendo em um drama é?

Pense em um cara que vive dramatizando tudo: Sakurayashiki Kaoru.

– Óbvio, se você me pergunta e eu respondo no meu espaço, eu tô vivendo um drama.

Kojiro iria voltar naquela loja e decoraria o nome da bebida, nunca deixaria Kaoru beber daquilo.

– Senhor Sakurayashiki?

– Merda. – O rosado sussurrou, pois já conhecia muito bem aquela voz. – Tadashi, que bom te ver. – Saúda.

Tadashi, o novo secretário de Ainosuke que fica na sua cola como chiclete, sempre o exigindo na empresa que ele deixou Ainosuke comandando.

A verdade era que Kaoru nem trabalhar queria mais, se pudesse sumir sumiria.

– Está namorando, interrompo algo? – Questiona, desligando o celular. Podia sentir o deboche vindo do cara lavada.

– E você acha que eu tenho tempo para namorar Tadashi? Como eu vou namorar cuidando de três crianças? Vou pensar nisso que horas se as crianças não crescem?

– Lá vai... – Kojiro suspirou, observando o rosado em perfil.

– Elas não crescem ou você vive tratando elas como crianças? – Tadashi já foi babá de Miya uns tempos atrás.

Kaoru ficou reflexivo por dentro. – E eu vou pensar nisso que horas se as crianças não crescem e ficam gritando no meu ouvido o dia todo?

– Miya e Reki já são bem grandinhos e independentes, o senhor deveria se divertir mais.

Kojiro olhou feio para Tadashi, como assim esse cachorro tava sugerindo que Kaoru deveria conhecer outras pessoas? Na frente dele ainda!

– Miya vírgula, porque se eu sumir Miya não sobrevive, se eu sumir esse menino faz fotossíntese e morre. Reki tem o outro papai e outra mamãe, Miya tem esse pai mais eles compartilham o mesmo cérebro, não bate.

Tadashi sorriu minimamente, a verdade era que todo mundo gostava de encrencar com Kaoru. – Entendo, então desculpe interromper vocês, até.

Kaoru acenou e Kojiro sorriu forçadamente. – Até! – Tadashi e virou, indo para o segundo andar. – Até? Até é o meu cu, onde já se viu palpitando sobre minha vida e minhas crianças gente? Por isso eu não gosto dele. Kojiro pede uns aperitivos que agora eu tô puto.

O esverdeado nem respondeu, apenas obedeceu.

Kojiro era cozinheiro e cadelinha de Kaoru, só bastava o rosado perceber isso.






Reki estava lendo seus novos mangás com Miya enquanto Langa estava escutando Lana Del Rey na maior emoção do momento e Kojiro dirigia escutando Lana Del Rey com Langa pelo Bluetooth do carro.

É tiozão mais tem estilo

O carro estava silêncio? Sim. Eles estranharam? Também. Kaoru dormia no banco do passageiro mas todo mundo agradeceu. Já estavam cansados de gastarem o dinheiro das economias e de Kaoru e nem queriam ver ele gritando e dirigindo.

Já estavam virando a esquina da rua da casa chique quando o rosado acordou, todo desorientado e com dor de cabeça. Kojiro imediatamente abaixou o volume e Langa desligou a música.

– Tá aonde gente? – Semicerra os olhos, vendo tudo borrado.

– Nossa, o senhor bebeu mesmo né? – Miya riu do estado do pai, mas Kaoru tava com preguiça de responder o filho gaiato.

– Desçam crianças. – Kojiro estaciona o carro e joga a chave da casa para Miya. – Abre a porta da casa e faz um café.

Miya apara a chave. – Como faz um café?

Kojiro se vira. – Se situa, pesquisa, se instiga, vai lá.

Os três meninos reviraram os olhos, Kojiro quando queria falava igualzinho a Kaoru.

– Ainda não me acostumei com eles. – Langa revela, saindo do carro com Miya e Reki ao seu lado. – Eles são separados e vivem juntos praticamente...

– Eles são doidos, Langa! São doidos. – Miya resmunga.

Kaoru pegou o celular e entrou no Instagram, esse foi o tempo para Kojiro colocar para uma estação de rádio do exterior que tocava uma música que ele sabia muito bem a tradução, ao mesmo tempo Kaoru entrou em um vídeo que o Instagram recomendou na barra de recomendação.

Beijos e abraços
Carícias e amassos
Foi muito lindo, tenho que contar um relato


– Certeza que vem merda nisso. – Comenta. Era um vídeo de uma dançarina e tinha a tradução abaixo e por coincidência, também sincronizava com a música da rádio.

Kojiro apoiou o braço no volante, olhando as expressões surpresas de Kaoru pra tamanha putaria para uma tarde.

Nós dois pelados
Dentro do carro
Com vidro fechado e o som tocando baixo


Kaoru tirou seus olhos do celular e olhou o vidro do carro fechado, percebendo que o ritmo que tocava na rádio era o mesmo ritmo que tocava no seu celular, automaticamente se virou pra Kojiro, que o olhava.

De lado, de quatro
Vai amorzinho, sente a fúria do meu amasso


– Que música é essa aí Kojiro? – Se assusta, tirando o cinto de segurança. – Abre essa merda Kojiro, abre essa merda. – Bateu no vidro. – É uma palhaçada uma porra dessas.

Kaoru não pensou duas vezes em jogar seu corpo sob as pernas do maior, desativando a tranca e saindo cambaleando do carro.

Kojiro queria deixar ele cambaleando com outra coisa mais parecia um código. Céus, como ele pudera gostar de alguém assim?

No fim, ele teve que levar todas as compras sozinho.


Residência de Sakurayashiki Kaoru (18:46)
Conhecido também como cu da mãe Joana


Kaoru estava no décimo primeiro copo de café na sala, acompanhado de Langa. Kojiro estava com Miya e Reki fazendo a janta.

Kojiro decidiu ficar neah, se Kaoru não cumpria com o tratado que era Miya passar final de semana com o esverdeado, o esverdeado ia até ele.

– Então vocês se separaram mais ainda estão juntos? – O azulado estava interessado na história, nunca presenciou uma coisa assim. – Como vocês se conheceram?

– Juntos juuuntos não estamos, ele que vem encher meu saco. – Reclama Kaoru. – Comigo foi assim ô, eu e joe frequentamos juntos o ensino fundamental, o ensino médio e fomos para a mesma faculdade, vê se pode isso gente? Eu fui num... fui numa festa da faculdade e tomei coragem pra falar que curtia um maluco que tinha lá mas falar o nome dele me traz azar, naquele tempo ele era gato, gostoso, vestia terninho, tinha boa lábia, agora ele é o sub-chefe da minha empresa mas antes ele fazia Direito, ele era chato ás vezes e queria ser chamado de Doutor no primeiro semestre enfim, as mulher tudo queriam ele. Então fui lá convicto atrás dele mais ele não foi, ele não pode ir. Fiquei encucado com isso e até hoje fico encucado. Ai encontrei Joe e Joe fazia culinária mas ele era mais ou menos... não tinha mais ou menos, ninguém queria aquela merda. – Langa riu. – Mas quando ele me viu ele ficou atrás de mim que nem um serial killer na festa acabei ficando com ele, não sei como eu fiquei porque ele jurava que curtia meninas mas deu gay panic e eu tive que tirar ele desse pânico. Como não tinha outra coisa dando sopa e eu fui e fiquei né. Aí, acabei casando nos meus humildes vinte anos com Joe então assim, não gosto dele ele me irrita, ponto.

– Comovente. – Langa, um sábio de poucas palavras.

– Agora ele tá aí ô, ainda continua atrás de mim igual um serial killer, um encosto que suga minhas energias. – Kaoru deitou no colo de Langa.

Langa ficou feliz, sentia-se em casa quando estava com eles e sentia-se acolhido quando ficava com Kaoru ou Kojiro.

O azulado mexia no seu celular e Kaoru estava quando pregando os olhos novamente, quando de repente a campainha tocou.

– Vê quem é, Cherry! – Kojiro gritou da cozinha.

Kaoru se levanta. Já tinha tomado banho e usava sua casual yukata.

– Você não me manda. – Grunhiu. – É minha casa, óbvio que é eu que tenho que atender.

Pisou fundo até a porta, respirando profundamente e abrindo a porta.

– Olá, Cherry. – Adam estava na porta do rosado com os habituais buquês de flores.

Se ele trazia buquê era porque queria que Cherry tivesse amor para com a vida social dele e assumisse um pouco a liderança da empresa.

Kaoru riu mentalmente, não iria por os pés naquele lugar por um bom tempo. Ainosuke saiu dos braços das tias malucas dele e vivia resmungando que queria vencer na vida e ganhar dinheiro. Kaoru fez um mini negócio virar algo grande e o deu com pés e mãos beijadas e ele ainda queria que ele fosse trabalhar? Um cu.

– Adam? – Kojiro saiu da cozinha indignado com o que via.

– Oi, Joe. – Acenou. – Ah, eu trouxe a tampa do seu pote mas podemos jantar agora?

– Te mandei mensagem dizendo que eu estava bêbado e era para desconsiderar a outra mensagem, tá se fazendo de leso? – Kaoru cruzou os braços.

Kojiro se aproximou pegando o pote das mãos de Adam. – Com licença, querido. – O esverdeado empurra o rosado para o lado, o deixando indignado. – Cadê a tampa do meu pote, Adam?

Porra, um empurrão do Joe em si o empurrava lá pra puta que pariu. Comparado ao seu corpo, o corpo de Joe era o triplo. Sem noção mesmo.

– Eu não sei, acho que perdi, podemos conversar aí dentro?

Kaoru se mete. – Esse pote é meu. – Acusou Joe, se voltando para Adam. – Cadê a tampa do meu pote?

Adam suspirou profundamente, no fundo da casa ele via Miya pulando pedindo para ele ir embora para evitar gritos, mas via também Reki acenando segurando risada.

– Eu já disse, deve tá lá por casa, tanto tempo que não arrumo a cozinha!...

Kaoru se aproximou de Adam, ficando uns centímetros de distância. – Cadê a merda desta tampa deste pote?

Kojiro segurava os ombros pequenos de Kaoru, pelo menos ele tinha alguém para fazer baderna naquele pote. Poxa, os dois compraram em uma de suas viagens e foi amor a primeira vista, era um pote dourado com bolinhas brancas! Eles nunca entenderiam a gravidade da situação.

Aquele pote foi o primeiro filho de Kaoru e Kojiro.

– Não sei, perdi, não sei onde tá a tampa desse pote! – Adam grunhiu. – Tão brigando por um pote? Eu te dou um pote novo

– Eu não quero um pote novo Ainosuke, eu quero a tampa desse pote. – Kaoru ergueu o pote.

– Ah, vai pra merda Cherry. – Adam se vira e retorna para dentro do carro cinza.

– Vai você! – Gritou. – Palhaço ridículo, não quer me devolver a tampa do meu pote.

Kojiro olhou para o menor. – Meu pote, você quis dizer, né?

– Joe você quer discutir comigo na altura do campeonato? Esse pote é meu, eu comprei. 

– A gente comprou.

– Ele não fica com traidores.

– Tu me traiu com aquela lunática da Carla e vem me falar que eu te traí, doido.

– Doido é você, seu sem noção.

– Egoísta.

– Ridículo.

– Individualista de mer-da! – Kojiro exclama e Kaoru infla as bochechas.

– Parem! – Miya correu em direção ao rosado quando ele ergueu o pote em direção a Joe. Com a outra mão, Kaoru jogou o buquê em Kojiro e aquilo foi uma satisfação.

Quem Adam pensa que é pra ficar toda vez entregando buquês pro seu ex-marido?

Langa se levantou para segurar o rosado histérico e Reki ria, se apoiando na parede.

– Saí da minha casa!

– Eu saio se eu quiser. – Kojiro cantarolou, retornando para a cozinha.

Reki ria. Reki ria escorregando na parede e caindo no chão.

– Viu isso gente? Ninguém me respeita mais. – Kaoru se balançou. – Me solta, aí eu tô nervoso, saí.

Langa soltou Kaoru aos poucos mas Miya ainda ficou grudado no braço com o pote.

Miya ficou assim até Kojiro ir embora, quase uma hora da madrugada de um domingo prometendo que ia voltar ainda. E que o pote era dele.


Naquela madrugada Miya ficou encucado, seus pais brigavam por si mas não brigavam como brigavam por aquele pote feio.


O pequeno dormiu desolado enquanto no quarto do final do corredor, Kaoru dormia com o pote.


Ele nunca seria o pote.
 

 

 

 

 


Bônus
– Pai, desculpa ter te ligado agora quando o senhor foi embora, mas por que tem uma sacolinha com roupinha de bebê? – Miya choramingava no banheiro.

Ele torcia pela reconciliação dos pais, mas não queria mais irmão de jeito nenhum!


– Ah, vai domir. Inferniza um pouco o Kaoru, ele que comrprou, deve ter bem feito outro filho com a Carla, outro hetero top. – Kojiro estava visivelmente sonolento.

Miya desligou a chamada, encarando a roupinha.

– Eca, nem consigo imaginar o Koaru hetero, que isso nunca aconteça. 



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