História Lady Lucky - Eu fico sem fôlego no momento que me lanço nela

– Você podia ficar quieta um pouco, não? – A de cabelos compridos e castanhos médio falou olhando para outra garota, um pouco menor que ela, que andava de um lado para o outro.

– Eu estou ansiosa, poxa! – A menor, de cabelos pretos até a altura dos ombros, exclamou ainda sem ter parada. – Eu vou morrer de ansiedade! – Exclamou parando de frente para a outra que estava sentada. – Seremos boas amigas e tudo mais, eu não aguento esperar tanto! E ainda por cima o voo vai atrasar!

– Então viemos cedo à toa? – O rapaz que estava sentado próximo delas perguntou olhando irritado para a morena.

– Ah, me esqueci de comentar – ela falou sorrindo amarelo para os dois.

– Tem mais alguma coisa que se esqueceu de comentar? – Ele perguntou voltando o olhar para a morena que agora se sentou no meio dos colegas.

A morena apenas sorriu travessa enquanto acenava negativamente. O rapaz bufou, conhecendo a colega tinha coisa ali sim, mas resolveu permanecer em silêncio, mirando o quadro de voos que, naquele exato momento, mostrou que o voo que vinha de Los Angeles estava atrasado cerca de uma hora. A outra garota riu do jeito ansioso da menor, que passou a tagarelar com ela contando o que havia visto da sobrinha do professor HyunShik.

Lee GaeYun parecia ser delicada e frágil, porém só parecia, dotada de altas habilidades de artes marciais e plena flexibilidade, não era recomendado que a incomodasse quando estivesse irritada, mas era doce e gentil na maior parte do tempo, procurando sempre controlar suas emoções para que nada em sua aparência saísse do controle. A aparência que ela tinha, a que mais gostava e lembrava um pouco da falecida mãe, eram os cabelos num tom meio amarronzados, castanho médio, uma altura mediana e o corpo proporcional para si que ela podia alterar quando quisesse graças ao seu dom. Podia se alterar para algo humano ou animal, enganando qualquer um e causando confusão, coisa que não gostava, seu dom era alteração corporal. Já Park JunJi não alterava nada em seu corpo, apenas tinha uma boa defesa corporal por conta dos anos treinando para que pudesse se virar sozinha, a única coisa que ela podia, de certa forma mudar era o futuro. Quase sempre as visões vinham sem que ela quisesse, fazendo com que ela quebrasse copos, pratos, derrubando as coisas que segurava no chão ao ser dominada pelas visões que tinha, mas às vezes, quando se concentrava, ela conseguia ver o que queria, podendo assim dar um empurrãozinho para alterá-lo ou adiantar o que viria. Era a menor dos três, possuindo um corpo magro e de certa forma torneado por gostar de treinar e enfrentar os outros, prevendo os movimentos dos colegas e brincando com isso. Seus cabelos iam até a altura dos ombros, com uma franja que escondia parcialmente os seus olhos que eram num azul claríssimo, quase que sobrenatural, afinal aquela era a sua marca, apesar dos olhos tipicamente orientais, a cor deles não era típica, muito menos normal, fugia do comum e talvez isso tenha sido o que atraiu o chinês que estava ao seu lado. LuHan era alto, possuía um corpo magro, porém torneado e os cabelos num tom de castanho avermelhado bem claros, utilizando um topete que fazia com que atraísse vários olhares para si. Ele gostava de treinar com JunJi, mas morria de vergonha da mesma por ela provocá-lo demais, sabendo que ele era um tanto tímido. Seu dom, almejado por muitos, era a telecinese, conseguia mover objetos, fazê-los levitar ou destruí-los com a mente, porém utilizava as mãos para facilitar esse controle, afinal estava o aprimorando ainda, mas acreditava que logo poderia fazer apenas com a força do pensamento.

E os três, sentados em um dos vários bancos do aeroporto, aguardavam a chegada dos amigos de Los Angeles que haviam ido buscar um raro livro para o professor HyunShik, que também havia dado uns dias de folga aos cinco, alegando que eles estavam exagerando nos treinamentos. Mas tudo estava premeditado, como JunJi falou para os outros, o destino deles estavam traçado e eles iriam encontrar a mais nova moradora da mansão no retorno deles para Seul. E isso a levava a empolgação fora do normal, ela gostava de saber que teria uma nova amizade e mais, que seria alguém realmente inovador na vida deles, quebrando a rotina chata de anos e anos que eles viviam.

*~EXO~*

Vez ou outra Mikaella despertava do seu sono não tão tranquilo, afinal sua mente viajava para as outras, vendo coisas que não queria ver e descobrindo segredos que não deveria, algo como infidelidades e até mesmo alguns crimes. Em certo momento, uma lembrança, vindo em um sonho muito trágico de uma pessoa que sua mente havia invadido, fez com que ela desse um pulo de sua poltrona, batendo a cabeça na janela do avião e atraindo a atenção de Baekhyun que meio cochilava na poltrona ao seu lado.

– Ei, está tudo bem? – A pergunta dele quase a fez rir, mas ela se controlou ao ver a maneira sonolenta e preocupada que a pergunta chegou até si.

E ela descobriu que a música havia parado, por isso o sonho entrou em sua mente de forma agressiva.

– Está – a ruiva respondeu levando a mão até a cabeça, pressionando o galo que provavelmente se formaria. – Apenas um sonho ruim de outra pessoa – fez uma careta para o castanho claro que riu do complemento dela.

– Deve ser um saco pra você não ter controle direito sobre o seu dom – ele falou se ajeitando na poltrona ao perceber que estava todo esparramado na mesma.

– É irritante saber tudo o que as pessoas estão pensando, mas costumo não focar em nenhum pensamento e tento não invadir a privacidade de ninguém – Mikaella falou pegando o celular que estava largado em seu colo. – Mas quando não tenho algo pra me distrair quando estou dormindo, acontece isso – contou se referindo ao sonho que tivera. – E às vezes parece real demais, chega a dar medo...

– Quando começou a ouvir? – Baekhyun perguntou se mostrando interessado no passado da garota.

– Eu tinha sete anos, estava na escolinha e comecei a ouvir os pensamentos da professora – ela contou se lembrando de como foi. – Ela formulava as questões e eu já as respondia antes mesmo da conclusão delas, afinal meus olhos estavam focados nela e quando desviava para os meus colegas eu podia ouvir as reclamações deles... Guardei isso até chegar em casa e contei para minha mãe, ela ficou triste de início, mas disse algo como se já imaginasse que aquilo aconteceria e então me fez relaxar, criando pela primeira vez o bloqueio mental por eu não entender direito o que estava acontecendo comigo – continuou contando olhando para o celular. – Quando tinha quase dez anos foi que ela me explicou o que era, dizendo que ela possuía um dom assim também e dias depois do meu aniversário de dez anos a gente se mudou para Los Angeles, onde ela bloqueava minha mente, pois eu nunca tive interesse em controlar isso – falou levando às mãos a cabeça.

– Você não gosta do dom que possui – ele constatou o obvio olhando para a ruiva que fez uma careta com a fala dele.

– Nem um pouco, por isso que se tivesse como fazer que ele saísse de mim, que nem aconteceu quando a Yon me tocou, eu ficaria muito feliz, teria uma vida normal ou quase isso – ela falou voltando a olhar para o castanho claro por um momento. – Você gosta do dom que possui?

– Claro que gosto – ele respondeu fazendo um gesto afirmativo com a cabeça. E a encarou por um momento, a garota fez uma careta ao ver demais, desviando os olhos rapidamente, mas não sem antes ver o porquê de Baekhyun gostar demais do dom que possuía, ele tinha medo do escuro.

Para a surpresa dos dois, que ficaram em silêncio por um tempo, JinAh e Chanyeol se apoiaram nas suas poltronas, atraindo a atenção deles para si.

– Você fala isso, mas ao menos não tem o dom da Yon – a preto azulada falou num sussurro voltando o olhar para trás e tendo certeza que a loira dormia, continuou: – Não poder tocar ou ser tocada, nem de leve em ou por alguém, é uma grande maldição – segredou se lembrando de um dia que Tao beijou a loira e acabou ficando três dias inconsciente.

Mikaella viu o pensamento da outra mesmo sem querer, foi como se JinAh quisesse mostrar que havia coisa pior, coisa que a ruiva concordou, ao menos daquela vez. Viver sem o toque de ninguém, sem ter controle de quem podia machucar ou não, deveria ser realmente algo difícil de conviver.

– Enfim, quando você conseguir controlar sua telepatia, vai gostar muito do dom que possui – a garota falou e os dois garotos concordaram com ela.

– Pode ser realmente útil em investigações e interrogatórios – Chanyeol falou concordando com a que estava ao seu lado. – Não tem como mentirem para você – acrescentou, imaginando como seria se ele tivesse algo parecido, podia fazer com que a preto azulada admitisse que gostava de si e não viver mais naquela brincadeira de cão e gato.

– Mas deve ser legal viver um pouco dessa brincadeira – Mikaella falou antes que conseguisse controlar sua boca. O castanho avermelhado olhou alarmado para a ruiva que fez uma careta.

“Eu não vou contar pra ela.”

A voz dela chegou em sua mente fazendo com que ele desse um suspiro relaxado e sorrisse para a ruiva que riu da atitude do maior ao se apoiar em JinAh, que tentou se desvencilhar dele, não se deixando distrair por ele.

– Agora vocês vão ficar de segredinhos e conversando mentalmente enquanto nós ficamos boiando? – Ela perguntou um pouco mais ácida que queria, fazendo com que a telepata risse do ciúme que estava implícito ali.

– Desculpe, mas como eu falei, não é algo que eu consiga controlar muito bem – ela pediu desviando o olhar para as suas mãos. – Quando eu aprender a controlar isso, se aprender, prometo não entrar na mente de mais ninguém – se comprometeu. – Mas agora, quando vocês me encararam, seus pensamentos flutuam diretamente para mim, não tem como não prestar atenção no que estão pensando – contou.

– Quer dizer que não te encararmos, você não escuta nada? – Baekhyun perguntou curioso.

– Bem, eu ainda escuto os pensamentos de vocês, mas é mais fácil não focar em nenhum quando estou olhando para outras coisas – ela respondeu ainda com a cabeça baixa.

– Mas se você quiser focar em um... – Chanyeol deixou a frase no ar, esperando que a ruiva completasse.

– É, eu consigo ouvir e compreender – ela falou dando um suspiro baixo. – Por isso que quando durmo escuto música, minha mente fica focada nos sons das músicas e não se desvia para os pensamentos dos outros – contou.

– Então se precisarmos te acordar um dia teremos que cutucar em você como Yon fez, porque você nem reparou que ela e Baekhyun trocaram de lugar – JinAh fez a observação, Mikaella concordou com ela fazendo um gesto afirmativo.

Ficaram em silêncio por um momento, os três com seus próprios pensamentos sobre a ruiva e ela, se desviando de todos eles, focada na janela, observando as nuvens que passavam pelas asas do avião.

– Vai demorar pra chegarmos? – Escutaram uma voz mais ao fundo indicando que Yon havia acordado do seu sono.

– Eu acho que não... – A preto azulada respondeu um pouco em dúvida.

Mikaella deixou sua mente vagar até encontrar a do piloto do avião que estava um pouco mais distante deles, buscando a informação na mente do homem de meia idade que se concentrava no céu a sua frente.

– Cerca de meia-hora, estamos perto da cidade já – ela respondeu a pergunta da loira de forma mais precisa, fazendo Yon rir da ousadia da ruiva.

– Viu como tem alguns benefícios! – JinAh comentou fazendo a telepata rir.

*~EXO~*

Chegar a terra firme realmente era gratificante depois de uma cansativa e longa viagem, tudo que eles mais queriam era o conforto de uma cama e Mikaella queria o conforto do silêncio, coisa que dificilmente conseguiria estando num aeroporto lotado de gente.

Seguiram para o portão de desembarque, Chanyeol procurando alguém conhecido, sorrindo ao encontrar a cabeleira conhecida do chinês que deveria estar acompanhado pela vidente. A morena olhava na direção que eles vinham, afinal ela já tinha certeza que eles viriam por aquele caminho, ela sorriu quando os viu e não se aguentou, correndo para eles e pulando em JinAh que estava mais perto.

E então a algazarra começou, JunJi começou a falar rápido demais, perguntando como foi a viagem, o que fizeram de bom lá, se trouxeram o que o livro que o professor HyunShik pedira, se trouxeram algo pra ela e se tinham alguma novidade para contar.

– Calma! – Yon exclamou rindo do exagero da outra que, ao se dar conta de que a loira platinada estava perto, pulou nela também, com um pouco mais de cuidado a abraçou e apertou a cintura da outra que fez uma careta por conta da força que a morena usou. – Eu também senti a sua falta, tampinha – ela falou quando foi solta.

A ruiva sentiu uma pouco de tontura quando a morena a encarou, ela viu tanta coisa ao mesmo tempo, que teve que se apoiar em uma das cadeiras que tinha próxima de si, acabando por se sentar na mesma.

– Então você é Kim Mikaella – JunJi afirmou se aproximando da outra para analisá-la melhor. – Você parecia ser mais magra na minha visão – ela comentou rindo. – Meu dom é ver o futuro – ela contou se sentando ao lado da ruiva que respirou fundo focando o seu olhar no chão.

– Sua mente é uma confusão – Mikaella comentou tampando os olhos com uma das mãos.

– Sou JunJi e vamos ser boas amigas! – Ela exclamou batendo palminhas animada e sorrindo para os outros que se aproximaram delas. – E como eu senti falta de atormentar vocês! – Ela se voltou para os três rapazes.

– Pequena JunJi, pare de estardalhaço e não fale demais, tem muita gente aqui – Tao falou se aproximando da menor e lhe dando uma cutucada na testa.

Ela soltou uma reclamação, fazendo uma careta e fazendo com que os outros rissem dela, inclusive Mikaella que se sentiu tocada pela a conexão que todos eles pareciam ter.

– Cadê o professor HyunShik? – Yon questionou os outros se lembrando de que ele disse que iria buscá-los no aeroporto.

– Ele estava conosco, mas foi resolver um problema rapidinho... – GaeYun se pronunciou. – Ele já deve estar de volta – falou olhando em volta como se o procurasse.

– Ele volta em cinco minutos – JunJi contou sorrindo. – Vamos esperá-lo aqui mesmo, ele já sabe que todos nos reunimos.

Nesse meio tempo a ruiva foi apresentada a GaeYun e LuHan, ela os cumprimentou tentando se mostrar simpática, porém não os encarou por muito tempo. JinAh contou que ela evitava encarar muito as pessoas por conta do seu dom que a preto azulada contou baixinho ser telepatia. E depois a vidente anunciou que o professor estava vindo, se voltando para a direção que ele vinha e fazendo com que os outros fizessem o mesmo.