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História Leah 2 - As Coisas Estranhas Nunca Acabam...


Escrita por: JaneViesseli

Capítulo 32 - As Coisas Estranhas Nunca Acabam...


― Quero que você me transforme.

O lobo cinzento se levanta rapidamente, sentindo a cabeça girar. Ele apanha suas roupas com a boca e se esconde por entre as árvores, retornando em sua forma humana em seguida. Seus olhos preocupados não escondiam sua dúvida quanto aquele pedido.

― Elena, por favor, reconsidere.

― Não! – insiste, deixando escapar algumas lágrimas. – Não quero viver como uma humana, com a mancha dos caçadores me atormentando dia após dia... Quero ser alguém diferente, alguém melhor, quero me tornar uma pessoa digna de você – termina num fio de voz.

Harry sente seu coração apertar. Maldito imprinting que o fazia se sentir culpado mesmo quando não tinha culpa. Elena tinha total convicção de sua decisão, mas seria ele capaz de corresponder às suas expectativas?

― Vou conversar com meu pai sobre isso – desabafa vencido, abraçando-a.

Em pensar que depois de transformada, ela deixaria de ser sua porcelana para ser uma forte lobisomem, capaz de se defender sozinha e se proteger dos inimigos... Harry segura a mão de Elena com carinho e a conduz por entre as árvores, em direção a sua casa.

Longos minutos depois, eles saíam da floresta, deixando que os poucos raios de Sol lhe acertassem o rosto. Foi aí que tudo começou a ficar estranho novamente, quando um cheiro diferente alcançou as narinas de Harry, desconhecido e irritante, fazendo-o franzir a testa.

― O que foi? – pergunta Elena, estranhando sua careta.

― Um cheiro esquisito. – Olha ao redor, vendo uma garota se aproximar. – Deve ser dela, é doce e irritante – comenta, esfregando o nariz e sentindo o aroma formigar em seus pulmões.

― Você deve ser o famoso Harry! – exclama a visitante, sorrindo, colocando seus cabelos cor de cobre para trás dos ombros. – Sou Renesmee e estava ansiosa para conhecê-lo. – Estende a mão.

― Re o quê? – pergunta ele confuso.

Harry aperta a mão da visitante por educação, surpreendendo-se quando Nessie puxou seu braço em direção ao rosto e o cheirou. A híbrida solta sua mão e avança, aproximando seus rostos como se pretendesse beijá-lo, fazendo-o recuar instantaneamente.

Porém, a cada passo que o mestiço recuava, ela avançava. Elena, que assistia àquela estranha perseguição, sente o sangue ferver quando a desconhecida encurrala Harry contra uma árvore e espalma as mãos descaradamente sobre o seu tórax. Nessie se aproxima ainda mais e percorre toda a curvatura do pescoço de Harry com o nariz, inalando profundamente sua fragrância amadeirada.

― Você é muito cheiroso – conclui ela –, não fede como os outros lobos. Pelo menos, não pra mim.

― O que pensa que está fazendo? – esbraveja Elena, puxando a híbrida pelo ombro e obrigando-a a encará-la.

Nessie vira-se rapidamente com o puxão e, por instinto, agarra o pescoço da garota que ousava interrompê-la. Ela logo sente um aperto forte ao redor de seu próprio pescoço, pois, no mesmo segundo, Harry a agarrara da mesma forma, rosnando furiosamente. A híbrida solta sua refém, não pretendendo incitar a fúria do lobisomem, que apertava seu pescoço com força, causando-lhe dor.

― Se tocar nela de novo, eu a mato – rosna ele.

― Sim, eu entendi – resmunga ela, sentindo o ar lhe faltar.

Harry a solta, mas, antes que ele cogitasse a ideia de fugir, Nessie recomeça:

― Eu também sou uma mestiça – revela ela, tentando surpreendê-lo. – Você é um lobo e eu uma vampira, mas, no fundo, somos parecidos, pois somos diferentes dos outros.

― Quem é você? Exatamente? – pergunta ele receoso.

― Renesmee, imprinting de Jacob, híbrida. Voltei com Jake e meus pais, para rever os velhos amigos e meu avô. – Pausa, observando-o intensamente. – A última vez que o vi ainda era um bebê, nunca imaginei que ficaria tão lindo.

Os olhos de Nessie percorrem o corpo de Harry descaradamente, desejando-o e deixando Elena ainda mais enfurecida. A humana se coloca à frente do mestiço, finalmente atraindo os olhos da híbrida para si.

― E você é? – pergunta Nessie de maneira desdenhosa.

― Elena, imprinting do Harry. Acho que você deveria seguir seu caminho Neresme.

― Neresme? – debocha. – Nem sequer sabe meu nome. Pobre Harry! Seu imprinting poderia, pelo menos, ter sido com alguém mais inteligente.

Nessie era mimada e acostumada a ser o centro das atenções desde que nasceu, é claro que se tornara inconveniente e que seu orgulho ultrapassara sua própria altura. Elena sente sua raiva aumentar, pois servir de piada e ser humilhada daquela forma não estava em planos. Seus olhos começam a lacrimejar de vergonha e frustração, e, como se pudesse ler seus pensamentos, Harry a abraça por trás, tampando seus olhos com a mão direita e envolvendo sua cintura com a esquerda.

― Está tudo bem – sussurra em seu ouvido, encarando a híbrida seriamente. – Neresme disse sem pensar, afinal, esse não é muito o seu forte... E ela já está de saída!

A meia-vampira sustenta o olhar de Harry, percebendo muito bem a pronúncia errônea que ele fizera de seu nome e a ofensa que lhe lançara, entretanto, com Harry a situação era diferente e ela não sentia vontade de repreendê-lo. Nessie sabia que estava fazendo papel de idiota e que maltratara Elena gratuitamente, mas não conseguira evitar, e agora, sentia uma pontada de ciúmes pela maneira com que o mestiço agia com a humana.

― É Renesmee pra vocês – corrige sem muito humor, olhando ao redor e vendo Jacob se aproximar. – Conversamos outra hora, Harry, sem espectadores...

Nessie se afasta com passos duros, passando por Jacob de maneira zangada e retrucando quando ele lhe perguntou algo. O lobo avermelhado se aproxima logo em seguida, sendo escoltado por alguns quileutes que tentavam – inutilmente – convencê-lo a voltar.

― Fique longe da minha Nessie – rosna ele, antes de ir embora sem dar chances para uma defesa.

Que situação mais estranha! O casal parti em direção a casa dos Clearwater, não encontrando mais Lyssa – que já havia partido –, apenas Leah e Lucian, assistindo televisão enquanto se recuravam de seus próprios ferimentos.

― Harry, olhe atentamente para o que seu cachorro fez com a minha porta! – retruca Leah ao ver o filho, frisando com força a palavra 'seu'.

― Ela está zangada – sussurra para Elena, fechando a porta da sala para olhá-la melhor. – Caramba, Doritos!

A porta continha marcas horríveis das unhas do animal, que a arranhara incessantemente na tentativa de correr atrás do dono, como se pudesse sentir o perigo que o espreitava naquele dia. O cachorro corre em direção a sala assim que ouve seu nome ser chamado, mas deitasse no chão de repente, ao sentir o olhar furioso de Leah sobre si.

― Leve ele para o quarto – pede Harry à Elena.

O olhar do mestiço era bastante sugestivo sobre o que estava por vir e Elena se apressou em segurar a coleira de Doritos e puxá-lo para o quarto, mesmo que o animal não quisesse cooperar.

― Explique-se – exige Lucian, que não deixara escapar os pensamentos sobre o suposto pedido.

― Elena me pediu uma coisa, mas... – Pausa, inseguro. – Vocês ficarão realmente surpresos.

― Nada do que ela pedir será surpresa o bastante para mim, pois sempre estará na minha lista de "desconfie se quiser viver" – diz Leah, levantando a mão para ajeitar os cabelos de maneira preguiçosa.

― Ela quer que eu a morda! – lança de uma vez.

O impacto de suas palavras fora ainda maior do que imaginava. Lucian dera um salto do sofá, esquecendo-se das próprias feridas e gemendo, deixando Leah paralisada e com a boca aberta formando um perfeito "o".

― O quer dizer com isso? – solta Leah após um longo silêncio.

― Harry, isso é uma coisa séria, tem certeza disso? Ela em ideia do que a mordida de um filho da lua pode fazer? – questiona o cherokee.

― Absoluta! Elena sabe o que isso significa. Ela quer ser uma lobisomem.

Um silêncio constrangedor pairou sobre o cômodo. Leah esfregava o rosto e os cabelos freneticamente e Lucian apenas observava o vazio, tentando se lembrar das explicações de seus pais a respeito de transformar um humano através da mordida. Era tudo tão vago, memórias tão antigas, que o cherokee não tinha muita certeza do que devia ser feito.

― Você pode fazer? – pergunta Harry, retirando o pai de seus devaneios. – Pode transformá-la?

― Não!

― Por favor, pai.

― Não! – repete.

― Ela é meu imprinting, pai, não pode fazer isso por mim?

―Não! – exclama um tom mais alto, fazendo o menino encolher. – Se isso é o que você quer, faça você mesmo... Humanos transformados se apegam facilmente a quem os mordeu, como se fossem seus tutores. Não quero dividir as atenções dela com você.

― Não sei se consigo fazer isso.

― Fazer é fácil, basta morder, de preferência perto do pescoço para que o veneno alcance a cabeça rapidamente e ela caia na inconsciência. A parte difícil é assistir sua parceira sofrer, enquanto o veneno se espalha pelo seu corpo, a queimando por dentro.

― E isso demora muito? – Estremece com a ideia.

― Não sei, nunca presenciei uma transformação desse tipo. Tudo o que me lembro é que o veneno muda a genética humana, mas somente durante a lua cheia a transformação é completada.

Harry se cala, retirando-se e já sentindo a cabeça doer com tantas reflexões e preocupações. Lucian volta para o sofá, deitando-se no colo de Leah e alisando o ferimento dolorido. A quileute, que até então permanecera calada, respira profunda e pesadamente:

― Se ele a morder, essa menina terá meu respeito para sempre. – confessa, dando-se por vencida. – Abdicar de toda a sua vida humana para ser uma lobisomem, ela tem noção do que está pedindo?

― Eu não sei, mas acredito que Harry saberá a resposta. Se Elena se transformar, é porque nosso filho achou por bem transformá-la... Vamos apenas confiar em seu julgamento!

No outro cômodo, Elena tentava se socializar com Doritos, o amado bichinho de estimação de Harry. O mestiço abre a porta do quarto no exato momento em que o cachorro soltara um rosnado e Elena dera um salto para trás, assustada.

― Doritos! – chama ele, deixando seus olhos clarearem para seu tom dourado. – Quantas vezes tenho que lhe dizer que Elena faz parte da família? Ela é a minha companheira!

Elena sente as bochechas queimarem e a barriga formigar com aquela última palavra. Era bom ouvi-lo se referindo a ela daquela forma e especial saber que era a única capaz de fazê-lo feliz, contudo, parte de sua mente ainda lhe dizia que era uma caçadora e que nunca o mereceria inteiramente.

― Acho que ele não gosta de mim, deve ter ciúmes de você.

― Que tolice – diz Harry, se aproximando e ouvindo outro rosnado ciumento. – Qual parte de "ela é minha companheira" esse cão não consegue entender?

― Não sei. Acho que Doritos o considera um canino também e, como não sou da mesma espécie, não sou considerada digna – conclui, com uma pontada de tristeza na voz.

― Ridículo! – rebate Harry rapidamente. – Mesmo que você fosse uma fada, eu a teria como minha companheira da mesma forma. Eu te amo, Elena, e não me importo se somos de espécies diferentes!

O rosto delicado de Elena se contorce em tristeza ao constatar que, se ela continuasse a ser a mesma pessoa, eles sempre seriam diferentes. Harry a abraça carinhosamente, conduzindo-a até a cama, onde se sentam lado a lado, porém, Doritos os segue, tratando logo de subir no móvel e infiltrar-se no meio deles, os separando.

― Ele está mesmo com ciúmes – conclui Harry, arrancando uma risada de Elena.


Notas Finais


Espero que tenham gostadoo...
O que acharam da atitude de Nessie? Porque será que a híbrida mimada está a agir dessa forma? Talvez o problema maior seja ela e não o Jake, não acham?
.
No próximo capitulo daremos uma avançada no espaço-tempo da história e veremos a resposta de Harry para o pedido de Elena. E ai, será que ele a transformará?


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