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História Lembranças - Segundos


Escrita por: staargirl

Notas do Autor


Espero que gostem <3

Capítulo 11 - Segundos


Fanfic / Fanfiction Lembranças - Segundos

Afastei meus dedos sem vontade alguma, largando seus fios cheios que se desmancharam por alguns segundos em minhas mãos, meu rosto queimava de um fogo ardente assim como qualquer outra parte existente e pregada em meu corpo, pois metade de meus órgãos tinham ido ao chão minutos atrás. Tive vergonha de subir os olhos ao soltar sua boca, tive vergonha de encará-lo pois ainda estava sendo sustentado por seus braços firmes que seguravam na parte de baixo das minhas coxas mantendo-me inteiramente preso, colado e quente nele. Tive vergonha de subir os olhos porque Dave nunca me olhava e temi por ele ter escolhido este momento para começar a olhar. Segundos. Segundos tortuosos silenciosos se passaram enquanto as batidas e meu peito ainda ecoavam alto em minha cabeça e talvez toda a montanha pudesse ouvi-las. Segundos lentos e inacabáveis de silêncio no qual podia sentir meus lábios latejantes pela força com a qual haviam sido tomados e molhados por outros lábios fortes. Segundos que me fizeram hiperventilar disfarçadamente quando senti os cabelos de Dave se moverem dos meus braços apoiados em seu pescoço e me dar conta de que ele tinha abaixado o rosto e ao sentir a ponta de seu nariz roçando em minhas bochechas, arrepiando-me, cheguei à conclusão de que ele estava olhando para mim, diretamente, fuzilando.

- Está vermelho – Dave sussurrou ao triscar o indicador em minhas bochechas. Silêncio. Silêncio tremendo vindo de mim. Sorri.

- Como sabe? Estamos no escuro.

- Estou sentindo – sussurrou colado em minha orelha, fazendo minha pele arrepiar, inclusive a pelugem escassa do rosto, ele passou suas bochechas pelas minhas – Viu?

- Huh, Dave? – me inclinei o suficiente para fitar a vista amedrontadora atrás de nós e pude sentir seus dedos mais firmes em mim, impedindo a todo custo uma queda minha – Será que podemos sair daqui?

Ele deu alguns passos para trás e o senti me soltar, fui ao chão, precisando respirar fundo para recuperar a força de minhas pernas trêmulas e fracas, como se ele tivesse sugado todas as minhas energias e ainda mais-  Você quer ir embora? – passou as mãos pelos cabelos e cobriu o rosto com os fios rebeldes, escondendo-se de mim.

- Embora? Voltar para o dormitório? Huh, agora? – fitei o chão e chutei algumas pedrinhas, completamente desconcertado, ele fazia o mesmo, fitava os pés e chutava areia – Já?

- Sim, você quer?

- Sabe o que é...- pigarreei algumas vezes, tomando coragem para falar, tomando coragem para gritar que queria ficar e ter mais...daquilo...o que diabos tenha sido aquilo...mais...bem mais...mais daquela sensação enlouquecedora desconhecida, mais do contato firme e bruto que nunca havia sentido antes, mais do suor e do tremor, mais do gosto dele, mas a única coisa que consegui soltar num sussurro falho – Não estou com sono.

- Nem eu – Dave escondeu o rosto novamente e se afastou, indo sentar no monte de pedras de mais cedo, a diferença é que dessa vez não abraçou as pernas, apenas apoiou os braços para trás e fitou a paisagem amedrontadora do fim encontrando o céu escuro.

- Dave – apertei meus dedos, sentindo minha cabeça girar e meu peito apertar- O que foi isso?

- Isso o que? – continuou com o olhar longe, apenas tateou os bolsos como se procurasse por algo, se fazendo de desentendido.

- Não se faça de desentendido...o que foi isso? O que aconteceu aqui, agora? –senti meu rosto pegando fogo, mas dessa vez era de raiva.

- Você faz muitas perguntas...achei!- puxou outro baseado do bolso e o acendeu, fazendo com que o ódio me dominasse por completo dessa vez...deu um trago pesado e por fim livrou seu rosto dos cabelos e quando me fitou, encontrei seus olhos diferentes, estavam calmos, precisei desviar e manter a pose endurecida- Pensei que estivesse gostando – deu de ombros – Não faço mais- outro trago – Não vai se repetir – ele soltou um riso de deboche.

- Você tá brincando com a minha cara, é isso?- meu peito estava prestes a explodir, minhas mãos tremiam por algum motivo idiota – Está testando minha paciência? – Dave nem se movia – Se você acha que eu sou...sou isso...eu não sou...- e só de pensar na ideia de ser...de ser...me aterrorizava.

- Não estou entendendo- jogou o cigarro longe- Se acho que você é gay? – e ele disse as palavras que me fizeram engolir lágrimas de medo, pois eu tinha gostado e não deveria ter gostado, eu não sou isso, não posso ser isso, se pensassem que sou isso....o que as pessoas diriam? Minha vida estaria arruinada, não posso, não posso ser, eu só gostei porque foi algo novo...só isso e não iria mais se repetir...bela bipolaridade- Não acho.

- Certo! E-eu eu vou embora!!- bati os pés algumas vezes apenas para dar mais razão ao quão errado aquilo era.

- Tente não se perder.

- Vai se ferrar!- dei passos rápidos até o início da floresta, amedrontado pela escuridão, pelos segredos da mata ou coisas do tipo, mas o ódio e o desespero em minha garganta me fizeram prosseguir por poucos segundos, até que precisei voltar, parei de frente para ele que continuava com sua pose bruta, com sua face irritante e atitude de quem não ligava para nada, Dave nem ousou levantar o rosto, soltou outro de seus risos baixos e curtos, hiperventilei de raiva, engoli em seco o ódio e me abaixei, parando de frente a ele, não o fitei – Promete que não vai contar isso pra ninguém, Dave, por favor...foi errado, não sei porque deixei você fazer isso – outro riso, o fitei, Dave deitou o rosto cheio de deboche no próprio ombro e levantou as sobrancelhas – Eu não sei o que aconteceu...talvez eu só esteja...vulnerável...não fico com garotas há séculos...isso, foi isso, só isso! – parecia estar conversando com o meu próprio consciente – Por favor – agarrei suas mãos com força – Não conta, se só desconfiarem que nós nos...

- Beijamos? – falou com uma naturalidade tremenda, como se fosse um assunto comum.

- Você vai arruinar minha vida!

Ele soltou uma gargalhada hilária e pesada, que se eu não estivesse trêmulo de medo, teria sido contagiado – Por que você é assim?

- Assim como? – evitei seus olhos cobertos.

- Se importa tanto com as outras pessoas...você é um idiota por isso.

- Só por isso?

- Não. Principalmente por isso. Eu estaria envergonhado por ser um pau mandado dos outros e da sociedade – e ele passou alguns minutos fazendo seus discursos com beiras anarquistas nas quais eu não entendia bosta alguma.

- Então...você acha...que...que não tem problema?

- O que? – se aproximou, podia sentir o cheiro da erva misturado com seu shampoo identificável, mas viciante ao tomar aquela quantidade absurda de fios que brilhavam com a lua.

- Beijar...você...ter beijado você...você me beijou!

- Me diga dois motivos pelos quais haveria um problema.

- Você e eu somos...

- Não termina essa frase! Somos homens? E qual o problema?- abaixei a cabeça, não querendo fita-lo – Não tem ninguém aqui, Lars, olha ao redor- me assustei ao sentir seu indicador em meu queixo, levemente Dave ergueu minha cabeça e pude comprovar que só havia uma imensa floresta assustadora ao nosso redor e nada mais, poderíamos fazer qualquer coisa e só haveria nós dois ali, livrei minha cabeça desses pensamentos proibidos que eu deveria trancar em algum lugar- Você deveria experimentar se importar menos – fitei seus joelhos, o chão, qualquer coisa que não seus olhos, meu peito se aquecia de novo – Ser mais rebelde – notei que seu indicador continuava em meu queixo.

- Igual você?

- Tanto faz – sussurrou e usei minhas mãos livres trêmulas para afastar seus cabelos dos olhos, deixando seu rosto a mostra, recolhi as mesmas segundos depois e abaixei os olhos completamente intimidados pela cor dos seus- Se gosta de algo – seus lábios apenas se abriram como se ele pretendesse terminar a frase, mas não o fez e descobri o motivo logo em seguida quando seu indicador foi substituído pelo polegar acariciando meu queixo, subindo e chegando em meus lábios, os escorregou pelo tecido fino e fez menção em adentrá-lo.

- O que está fazendo? – sussurrei sentindo a ponta de seus dedos roçando entre o vão da minha boca.

- Gosta?

Engoli em seco, praticamente em chamas – S-sim? S-sim- e ao terminar de falar, pensei que ele fosse adentrar o dedo e fazer com que o chupasse, mas Dave se afastou, contemplando a noite novamente como se nada tivesse acontecido.

- E então, vamos? Está ficando tarde.

- Okay – levantei assim que ele fez o mesmo e saiu caminhando um tanto quanto apressado na frente.

- Huh, Dave?

Ele virou e quando ele virou não pensei duas vezes a não ser praticar a famosa “rebeldia”, dei passos rápidos em sua direção e me lancei em cima dele de forma desajeitada, já que ele não esperava aquilo, vacilou para trás mas ainda assim me acolheu em seus braços – Ouch!- Dave reclamou assim que pousamos no chão, fiquei sem entender porque diabos tinha feito aquilo, notei minhas pernas ao redor de suas coxas e de seus braços ainda me segurando – O q...

- Sendo rebelde! – dei de ombros e abaixei o rosto, livrando seu rosto dos cabelos e alcançando suas bochechas frias, soltei alguns beijos estranhos e curtos sem saber o que fazer, Dave não tinha reação alguma, estava intacto ainda me segurando apesar de estarmos no chão – A não ser que você não queira- levantei o rosto ficando longe de seus lábios – Ficou estranho.

- Eu só não...não esperava – sorriu e tocou meu pescoço fazendo com que todos os meus poros se arrepiassem imediatamente- Não está arrependido?

- Pareço arrependido? – desci o olhar para o desespero em minhas pernas o prendendo- E então...você pode me beijar de novo? Você quer?

Ele soltou outro riso, mas esse não era de deboche, na verdade, era um sorriso estranho em Dave, um sorriso repleto de ternura.

- Venho querendo te beijar há um bom tempo – sussurrou ao puxar lentamente meu rosto, sua vez de livrar os cabelos que me cobriam, já estava umedecendo os lábios, sedento para tocar os seus ainda tentando ignorar o aperto em meu peito, colocando em minha cabeça que não tinha nada de errado, que as pessoas não importavam e que estávamos sozinhos, quando ele mudou o rumo e subiu o rosto encaixando-o em meu pescoço, apoiei-me em seu peito quando ele passou o nariz pela pele fina da minha clavícula subindo os lábios e roçando o molhado por toda a extensão, tremulei por inteiro e quando não havia mais estruturas ele abocanhou a pele e a sugou com força passando a língua por todo o tecido sensível.

- Porra! – fechei os olhos com força tentando controlar meu corpo, quando Dave parou de morder.

- O que foi?

- Nada...isso deveria ter ficado...só na minha cabeça – escondi o rosto em seus cabelos ao vê-lo sorrir.

Ele me puxou novamente, parecia tão perdido quanto eu, ou talvez fosse só impressão minha devido a todas as sensações estranhas e extremamente estonteantes que me percorriam.

Me inclinei em seu colo e o deixei me puxar podendo por fim sentir sua boca mais uma vez na noite, grudei em seus cabelos, grudei em seus lábios, afundando minha língua e a raspando gradativamente pela sua durante longos segundos, querendo mergulhar de vez nele e o soltei apenas quando não tinha mais fôlego para respirar. Soltei um riso sem jeito, não conseguindo encará-lo e a vermelhidão e a frieza em meu estômago piorou quando Dave resolveu tirar os cabelos que cobriam minha bochecha e os esconder atrás da minha orelha – Posso fazer uma coisa? – perguntei ainda sem o fitar.

- Pode.

Estendi uma das mãos e cheguei em sua jaqueta, passei os dedos pelo moletom na altura dos ombros e o puxei, vendo a roupa escorregar em seus braços e ir ao chão. Levantei o rosto, fitando seu olhos com firmeza ao mesmo tempo que chegava na barra de sua camiseta, a ergui levemente e por fim a puxei para fora de seu corpo, deixando sua barriga, seu peitoral e seus braços pálidos e magros expostos, deslizei os dedos com lerdeza por entre suas costelas, passando em seu umbigo e subindo para o seu peito, como se tivesse conhecendo seu corpo e de fato estava.

- Olho por olho, dente por dente- Dave sussurrou e afastou minhas mãos, deslizando meu corpo minimente por suas pernas, desci o olhar encontrando seus dedos que caminhavam com rapidez por minha camisa e ele a tirou de uma vez, deixando-me tão exposto ao frio quanto ele, antes que a vergonha por tê-lo me fitando tão de perto me consumisse, o abracei, grudando nossas barrigas nuas e recentemente quentes e ao olhar para trás, assustei-me ao ver que o sol já estava nascendo e antes de retornarmos, arranquei mais alguns beijos e carícias dele.

(...)

7 am

Eu havia dormido cerca de uma hora após voltarmos para o dormitório correndo e na ponta dos pés.

Fitei a claridade que adentrava as janelas daquele quarto repleto de pessoas resmungando do alarme. O sol sempre foi tão lindo assim? Tão lindo mesmo queimando meus olhos sensíveis. Até o despertador de toda altura era magnífico, tão magnífico quanto Dave que ainda dormia e acordou num pulo com a barulheira do acampamento nos obrigando a acordar.

Eu estava completamente apaixonado pelos seus cabelos de chamas, pelo cheiro deles e dele, estava completamente apaixonado por sua brutalidade que até me fez rir ao ver a cara de poucos amigos com a qual ele saiu empurrando todo mundo para ir ao banheiro, estava completamente apaixonado por seus olhos sem uma cor decifrada, completamente apaixonado por sua boca esquisita e maravilhosa, eu estava ridiculamente e completamente apaixonado por ele.

Eu só pensava nele, pensava nele enquanto escovava os dentes e me pegava sorrindo que nem um idiota na frete do espelho ao fitar meu pescoço levemente avermelhado, pensava nele enquanto me vestia, pensava nele na fila enorme para o café da manhã lotado de adolescentes tão idiotas quanto eu, pensava nele enquanto comia numa mesa afastada já que Dave andava com seu amigo babaca que me fitava com um sorriso estranho no rosto e Dave me ignorava completamente, mas essa era a graça da coisa, pois eu conhecia mais do que todos ali, eu o tinha para mim há exatas doze horas, e eu estava completamente apaixonado por ele...


Notas Finais


E então??


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