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História Leom - A ilha


Escrita por: MKimjin e kimiejeon

Notas do Autor


GENTE EU EU CONSEGUI ATUALIZAR COM MENOS DE UMA SEMANA uhauahuahu é pra glorificar de pé, né não? Mas eu admito que acho que é porque esse capítulo ficou menor, né, convenhamos que o último ficou gigante e fugiu total dos padrões kkkkkk mas vão lá ler e me contem o que acharam, tá bom? Até as notas finais.

Capítulo 17 - A ilha


Fanfic / Fanfiction Leom - A ilha

Para mim está sendo estranho. Às vezes eu me sinto um safado pervertido, porque não paro de encarar Taehyung com outros olhos. Ele passa perto de mim e eu já sinto um arrepio; ele fica sem camisa e eu já o seco com os olhos; ele fala qualquer coisa, e eu já me lembro daquela voz sussurrando em meu ouvido. É literalmente bizarro. Eu paro até de prestar atenção nas coisas que preciso, porque ele tira minha atenção, e a minha atenção agora só fica fixa naquilo que não deve e na hora errada. É como se um desejo muito forte tivesse tomado conta de mim, e eu passasse a querer aquilo a qualquer momento.

Ele está tranquilo dessa vez. A gente conversa normal, não ficou um climão, e assim que pode, ele ainda me dá um selinho, mas nada demais. Enquanto eu pareço um virjão desesperado que quer ir para a cama o tempo inteiro. Mas fazer o quê? Ele mexe comigo, e depois que ele despertou esse interesse em mim, eu simplesmente não consigo mais controlar. É inevitável não olhar para ele dessa forma todo frio com os piratas e todo poderoso, e não sentir tesão ou vontade de tê-lo de novo.

É o que eu disse, está bizarro. Minha bunda dói, mas eu quero de novo.

— Jungkook, segura isso. — Do nada Namjoon me estica uma espingarda e eu o encaro assustado, sem entender. Como eu disse, eu venho divagando no Taehyung, e muitas vezes eu não percebo que está acontecendo a minha volta, como por exemplo, nesse momento. — Tae mandou você ficar com isso. Acho bom você pegar. — Na sua outra mão estava outra arma idêntica a que ele me entrega. Ele a ativa e então eu percebo que os piratas estão preparando para um ataque.

— O que está acontecendo? — Pergunto confuso, vendo toda a correria no convés. O capitão está ditando ordens e alguns piratas estão soltando todas as velas possíveis do navio.

Existe uma neblina forte em nossa volta, o que dificulta a nossa visão, e o Hebi está navegando rápido demais.

— A ilha. Ela está próxima. Navegamos pelo caminho que o Taehyung ordenou, mas não sei se foi uma ideia muito boa. Qualquer coisa que nos atacar aqui, não terá como nos defender.

— Mas-

— Só fica perto de mim. Ele mandou eu tomar conta de você, então por favor, não faça nenhuma besteira. — Ele apoia a arma no ombro direito e se vira, escorando suas costas nas minhas.

— E o que eu tenho que fazer com isso? Eu não sei atirar.

— Xiiiu. — Namjoon encara todos os lados. O navio de repente fica silencioso e todos estão com uma arma, seja ela uma espada, uma pistola, uma espingarda ou até mesmo os canhões, que posso ter certeza que vi alguns tripulantes descendo com pólvora.

— Eu não sei atirar com isso. — Sussurro, mas ele não me dá ouvidos.

De cima, próximo ao leme, eu consigo ver Taehyung segurando uma arma igual a que eu seguro. O capitão guia o navio e todos estão muito atentos à volta.

Eu sinto medo e se alguém me perguntar, eu não vou nem negar, porque estou me borrando e minha cara deve denunciar isso.

Jimin também parece assustado, mas ele pelo menos tem uma arma pronta para atirar, apoiada em seu ombro, enquanto eu tenho Namjoon, que pode nem ver se algo vier na minha direção.

Volto a encarar Taehyung, naquela pose prepotente. Ele parece o próprio capitão, enquanto seu pai só serve para girar o leme. Provavelmente colocou o filho lá para defendê-lo, porque ele precisava guiar o navio.

A neblina ainda está forte, e o Serpente continua navegando rápido. Os piratas estão atentos a tudo, assim como eu, que resolvi usar a espingarda para acertar qualquer coisa que resolvesse vir na minha direção.

O capitão parece nervoso, e eu não digo de medo, mas sim, de raiva. Provavelmente pensa que Taehyung nos trouxe para um caminho suicida e eu torço muito para que nosso bisavô não tenha feito isso, porque eu não suportaria ver a cena do capitão machucando ele por minha causa de novo. Acho que eu sou capaz de decretar morte ao capitão, se ele fizer algo contra o Tae, e eu sei que posso fazer isso com meu título de príncipe, afinal, ele me sequestrou.

Engulo em seco. Estou nervoso e o medo de vir sei lá, um peixe voador em cima de mim, é real. Não sei porque aquele mapa dizia ter “monstros marinhos” aqui, mas eu acredito que à toa, não era.

De repente, um som grave soa do lado de fora, e todo mundo que já estava atento, fica pior ainda. Ouço o som das travas de algumas armas, e alguns passos. Os piratas estão se afastando da beirada, o que me leva a crer que é um peixe absurdamente grande — ainda mais por soltar um som daquele. Estou com tanto medo, que posso jurar que o navio até deu uma sacudida, mas preferi guardar essa observação só para mim.

Volto o olhar para Taehyung e vejo que ele me encara. Do contrário de mim, ele parece tranquilo, só atento mesmo. Acredito que ele já passou por esse tipo de coisa antes, e quando eu digo esse tipo de coisa, me refiro a ataques perigosos, não a uma luta contra peixes monstros.

Seus lábios se repuxam para o lado e ele pisca com um olho. Dentre aquela pose poderosa, ele ainda tira um charminho para jogar para mim, o que amolece meu coração que estava duro de tão tenso. 

De repente eu sinto a neblina começar a esvair. Foi do nada mesmo. Taehyung desvia os olhos e começa a olhar em volta, e o restante da tripulação faz o mesmo.

Jimin abaixa a arma e sorri, e só aí eu percebo que o navio passou pela parte mais complexa do caminho, e que a neblina abre espaço para um lugar maravilhoso.

A ilha.

Meu bisavô tinha todos os motivos do mundo para querer proteger este lugar, e agora eu sei porque ele escondeu o tesouro aqui. Tsushima é linda. Melhor que qualquer lugar que eu já vi.

Ela tem muitas pedras. Sua areia é tão clara, que posso ver que parece brilhar. A água à sua volta é limpa e num tom de azul que eu nunca vi na vida. Existe uma cachoeira maravilhosa e enorme. Ela parece banhar parte da ilha, porque é muita água que desce, e sobre ela existem vários pássaros sobrevoando. São pássaros bonitos e com um canto agradável.

É um lugar realmente protegido. A natureza resolveu guardar isso tudo, como o único ponto no mundo que não tem uma intervenção má do ser humano. Beleza que meu bisavô veio aqui com mais dois piratas, mas mesmo assim, pelo que vejo, não fizeram nada contra ela, além de criarem uma Trindade em proteção ao lugar.

A neblina impede que aviões e helicópteros a vejam, assim como os animais ao redor impedem que navios cheguem lá, se não tiverem as coordenadas certas.

Tsushima é realmente um tesouro, e se eu não achar nenhum tipo de jóia, eu saberei que o tesouro esse tempo todo, foi a própria ilha.

— O dia está escurecendo, e ainda tem muita água para navegarmos. — O capitão grita, apontando na direção da terra. — Não podemos atracar aqui, porque não tem como sair do navio. Precisamos circular a ilha e achar areia o suficiente para deixarmos o navio e seguirmos em botes. Sugiro que já peguem o que acharem necessário. Iremos para a ilha assim que o dia começar a clarear, porque sair agora pode ser loucura. Não quero perder nenhum marinheiro, então se preparem. Continuarei navegando e só vou ancorar quando achar um ponto seguro. — Ordenou.

Taehyung deu um passo à frente e apoiou no chão, a espingarda que segurava.

— Espero que todos descansem esta noite, porque amanhã estaremos todos em terra, e quero todos bem dispostos para explorar.  A ilha é enorme como podem ver, e teremos que andar muito para chegar aonde queremos ir. E mais uma coisa! Tenho um aviso importante: vocês viram que a ilha é um presente de Deus. Está intacta e é protegida pela própria natureza. No passado, três piratas estiveram aqui, e a protegeram. Hoje, nós conseguimos chegar onde nenhum outro conseguiu, e com isso, eu não vou tolerar nenhum tipo de desrespeito com o lugar. Sem ataques a nada daqui. Quero esta ilha inteira! E se eu ver alguém desrespeitando essa ordem, essa pessoa vai ter o prazer de tomar um tiro meu.

Os piratas não contestaram, e eu, por minha vez, senti um arrepio forte passando por minha espinha e chegando no ponto secreto. É isso que eu digo quando acho que estou ficando um safado pervertido, porque não tem cabimento.

Ele desce a escada e entra no navio. Eu fico no convés com Namjoon e Jimin, que se aproximou de nós, ainda bobo com o que via.

— Gente, acho bom vocês arrumarem suas coisas. — Namjoon estala o pescoço. — Taehyung deve fazer a gente acordar mega cedo amanhã e provavelmente vamos ficar andando por essa ilha inteira. Então peguem barracas, água, comida, cobertor e vão descansar. — Vejo ele descarregar a arma. — Sigam meu conselho.

O pirata sai e Jimin fica perdido se vai ou se fica. 

— Acho bom a gente ir fazer essas coisas, o que você acha?

— Eu não tenho nada para arrumar. — Dou de ombros. — Vou beber água se alguém quiser me dar, porque tenho mal, mal, uns livros e a roupa que eu vim vestido.

— Eu também não tenho muita coisa, mas andei pegando algumas coisas que me pareciam úteis enquanto o Serpente estava ancorado por aí, e tenho coisas que poderão me ajudar.

— Então vai se arrumar. — Bufo. Por mais que eu saiba que essa é a natureza dos piratas, eu fico irritado quando eles mencionam que roubaram alguma coisa. Isso não é certo e me incomoda.

De repente o convés está vazio. Jimin foi arrumar suas coisas e eu simplesmente me aproximo da beirada, para ficar olhando a água.

O dia realmente está escurecendo e a ilha parece ainda mais bonita. A cachoeira começa a chamar a atenção, quando a luz da lua fica mais evidente, e os peixinhos parecem brilhar, quando o luar bate contra suas escamas. É um lugar tão lindo, que eu acreditaria se me dissessem que é mágico.

Eu fico ali por tempo suficiente, até o dia estar completamente escuro. A lua brilha ainda mais forte no topo, o som da cachoeira é bom e as estrelas parecem estar perto, de tão brilhantes que estão. Como eu disse, lindo.

— Kook. — Taehyung se aproxima e fica ao meu lado. — Olha só isso. — Ri soprado, apontando para a água. — Veja como as estrelas refletem na água. É o lago brilhante que o cisne costuma nadar.

— É maravilhoso. — Rio. — Eu não tinha pensado nisso, mas… quer dizer que realmente encontramos o lugar certo, não é, Tae?

— Sim, nós encontramos. — Ele sorri e se vira de frente para mim. — Escuta, eu vou te ensinar a usar uma espingarda, ok?

— Ah é, você viu? Namjoon me entregou aquele troço e nem me explicou como usar. Eu fiquei com medo. E se algo viesse na minha direção, como eu atiraria?

— Eu estava lá em cima de olho aqui para te proteger.

Eu pisco devagar, encantando com o sorriso que ele esboça. Agora a cócega vem no meu estômago, e não no meu ponto secreto.

— Por que não mandou eu me esconder de novo?

— Porque eu nunca mais farei isso com você. Se quiser ficar aqui, que fique. Mas saiba que sempre terá alguém para proteger você.

Eu me sinto um bobo quando ele diz esse tipo de coisa, porque eu só sei rir, ao invés de dizer que não e que eu sei me defender sozinho — o que obviamente seria uma piada. Mas não, eu rio e ele também, e ficamos os dois igual a dois idiotas um olhando para a cara do outro.

— Bom, então vamos entrar. Amanhã a gente vai acordar bem cedo e finalmente colocar os pés nessa ilha.

— Eu estou ansioso. Nem sei se vou conseguir dormir.

— Ah sim, você vai. — Ele me puxa e a gente acaba entrando e indo até sua cabine. Ele já arrumou a cama, e de lado eu vejo os cobertores e barraca enrolados, para a viagem que faremos.

Taehyung se deita e abre um espaço, onde eu enfio sem reclamar. Ele nos cobre e me puxa para perto, me abraçando.

— Está frio. — Sussurra. — Não quero que fique doente.

— Eu não ficarei. Tenho uma saúde de ferro.

Ele sorri e se inclina para me dar um selinho. Foi um beijinho até demorado, e foi bom.

— Boa noite. — Murmura ainda sobre minha boca e eu respondo da mesma forma. — Durma bem.

{...}

É peixe. Nosso almoço é peixe.

Ainda estamos perto da praia. Desde que saímos do navio, viemos seguindo caminho pela orla da ilha, para que pudéssemos montar uma fogueira segura, para assarmos nosso almoço, que no caso, são os peixes que alguns piratas pegaram.

Não está ruim. Tem sal e páprica para o tempero, e Jimin sugeriu que mergulhassem os peixes no rum, porque bebidas costumam dar um sabor especial àquilo que é assado, e ele estava certo.

Está muito bom. Digo considerando a situação em que estamos, porque é claro que, se eu pudesse escolher, estaria com o banquete que como em casa ou com o que o capitão oferece no navio. Mas ainda assim, os peixes estão apetitosos, e eu resolvo comer muito, porque não sei quando poderei comer de novo.

— Quer mais? — Taehyung pergunta, chupando os dedos e limpando a gordura do peixe.

Assinto, ainda com a boca cheia.

Ele vai até a fogueira, tira mais dois peixes do espeto improvisado e traz para nós dois.

Estou perto de Jimin e Namjoon. Eles estão falando sobre algum assunto qualquer e eu sei que é sobre como vamos encontrar esse tesouro.

— Tem no mapa. — Taehyung volta, me entrega um dos peixes e se senta de frente para nós. — Pelo que ando vendo nos mapas, tem um caminho a seguir. Tem algo perto da cachoeira. Só não sei dizer se é o tesouro em si, ou alguma pista. Mas logo após o almoço, vamos seguir para a cachoeira.

— Vocês têm alguma ideia do que é esse tesouro? — Namjoon franze o cenho. — Porque assim, até agora, estamos a procura de algo desconhecido, né.

— Não sabemos o que é. — Nego com a cabeça. — Nem sei se é algo muito valioso. Pode ser qualquer coisa.

— E estamos arriscando isso tudo por uma coisa que pode não ser absolutamente nada?

— Acha que os três reis inventariam isso tudo por um “nada”? — Taehyung ergue as sobrancelhas. — Mesmo se não for nada. A tripulação inteira vai ser vangloriada pelos sete mares durante o resto da vida pirata. Viraremos lendas se encontrarmos esse tesouro, porque ele é uma lenda.

— E ficaremos ricos, porque as pessoas vão venerar a gente, né pessoal? — Jimin abre aquele sorriso dele, que para mim, é um dos sorrisos mais fofos que eu já vi.

Ele pode ser um pirata, um salafrário e ladrão, mas é uma pessoa fofa, e isso eu não posso negar.

— Sim. — Concordo. — Seremos ricos e famosos. — Concluo, analisando a feição encantadora que ele faz. Ele olha para Taehyung com veneração e isso também me faz achar fofo. Acho que o maior tesouro para ele, é estar na tripulação ao lado do Kim.

— PESSOAL, VAMOS SEGUIR CAMINHO! — O capitão joga água e apaga a fogueira. Pelo menos está evitando que o fogo se alastre e pela primeira vez, eu vejo um ato de bondade, mesmo que ele provavelmente tenha apagado o fogo só para evitar que fiquemos presos por um possível incêndio.

Os demais começam a recolher suas coisas e eu guardo o pedaço que faltava do meu peixe. Não irei desperdiçar comida e também quero ter algo para comer depois, caso eu sinta fome.

Volto a colocar minhas botas, amarro os cadarços com precisão e dobro direito a barra da calça. Não quero que minha roupa rasgue, e sem contar que o calor está demais.

Taehyung me dá um pouco de água, e quando vê que seu pai está de costas, se aproxima mais de mim.

— Está confortável com essas botas? — Pergunta, com um semblante chateado.

— Sim, está dando para andar bem.

O capitão me fez usar essas botas, porque elas são desconfortáveis e não me ajudariam caso eu tentasse fugir. Não entendi bem o porquê, já que eles, tecnicamente só precisariam de mim para encontrar a ilha, e agora, se eu sumisse, não faria diferença. Mas eu resolvi obedecer e não contestar, porque eu também quero encontrar o tesouro.

As botas machucam meus pés, mas eu decidi mentir, porque não quero ele discutindo com o pai e sendo prejudicado de novo, por minha causa.

— Se te machucar, me avisa, tá?

Assinto, tentando disfarçar o fato de eu estar mentindo. E aí ele se afasta de mim para acompanhar o capitão à frente da tripulação, e nós os seguimos.

{...}

— Beba mais água. — Namjoon me entrega uma garrafa e eu não recuso porque seria loucura. Estou com muita sede. A ilha é quente durante o dia, e já andamos muito. Minha boca está seca e estou muito cansado. — Se você se desidratar, o Taehyung vai me matar.

Eu dou grandes goles, aliviando a ardência em minha garganta. Fico imaginando quando a água acabar, o que será de nós?

Os piratas estão visivelmente cansados, mas eles estão mais tranquilos que eu, porque com certeza, eles têm um preparo físico melhor que o meu, para esse tipo de coisa.

Dou mais alguns goles e devolvo a garrafa para Namjoon, que também resolve beber um pouco.

Taehyung está mais a frente com o capitão e eles estão olhando um mapa e uma bússola. Não sei como conseguem se guiar com aquilo, mas eu vejo que estão corretos, quando o ruivo aponta para uma pedra enorme e mostra o tal desenho no mapa.

— Estamos no caminho certo! — O capitão se anima. — E pelo mapa, temos água doce aqui perto. Vamos andar mais um pouco e depois paramos para acampar. O dia já vai escurecer e acho bom que estejamos protegidos. Não sabemos com que tipo de animal que estaremos lidando aqui, então é bom montar a barraca antes que anoiteça.

Eu dou graças a todas as entidades divinas possíveis. Estou muito cansado e só de imaginar que eu posso deitar, eu fico aliviado. Sem contar que minha felicidade vai a mil, quando descubro que estamos perto de água doce. Isso é incrível para mim. Sonho com um banho desde que saímos do navio, e agora que estou todo sujo e suado, parece um delírio imaginar que poderei realizar esse sonho de tirar a fuligem da fogueira do almoço. E além do mais, meus pés imploram por água, de preferência fria. Com certeza estou cheio de calos e as botas me machucam muito, o que ajuda no fato de que estou desesperado por um descanso.

Está até difícil de andar e eu percebo que as coisas ficarão piores, quando eu viro o pé num buraco que estava no meio do caminho e acabo caindo. De repente sinto a dor imensa tomar conta do meu tornozelo, e não resisto em fazer uma careta.

— Jungkook! — Jimin se abaixa perto de mim.

Já vejo Namjoon colocar suas coisas no chão para vir me ajudar, mas antes que ele chegue, Taehyung já está ao meu lado.

— Você está bem?

Não respondo. A dor é tanta, que eu acredito piamente que quebrei algum osso.

— Venha, sente-se aqui. — O Kim e o Park me ajudam a sentar. Meu tornozelo direito está doendo muito e eu só consigo apoiar a mão no joelho e fazer careta.

— Acho que quebrou. — Resmungo. — Ai, dói muito.

— Tire o sapato dele, Taehyung. — O capitão chega perto. — Se tiver quebrado, tem que colocar no lugar.

— O QUÊ? — Meus olhos devem atingir o dobro do tamanho, mas ninguém liga. — Como assim? Gente, eu AI! — A dor aumenta.

Taehyung tira minha bota e eu posso ver meu tornozelo ficando roxo.

— Naaah, parece que só saiu do lugar. Caramba, garoto, você é de vidro? — O capitão reclama, se abaixando perto de mim. — Segure ele que eu vou colocar no lugar.

— O QUÊ? NÃO, PELO AMOR DE DEUS, NÃO! TAE! — O ruivo segura meus braços e Namjoon ajuda. O capitão aperta meu tornozelo e minha perna faz um movimento involuntário, quase o chutando. 

— Ei, está maluco? — Reclama. — John, segure aqui.

O meu medo só aumenta, quando o tal John aparece. É um pirata que deve ser duas vezes o meu tamanho e ele é muito forte. John segura minhas duas pernas e eu não consigo mexê-las mais, o que me deixa mais desesperado.

— NÃO TEM NADA FORA DO LUGAR, GENTE! — Tento contestar. — EU SÓ AAAAI. — Acho que sinto a alma sair do corpo quando o capitão puxa meu pé e o coloca no lugar. É um dor fodida e eu pouco me preocupo em sentir vergonha, quando as lágrimas saem dos meus olhos.

Meus pés já estão machucados por causa da bota, e agora vem isso.

— Isso dói. — Choro mais alto, fechando minhas mãos em punho. — Ai eu to morrendo, gente.

— Deixa de frescura! — O capitão fica de pé. — Vai melhorar rapidinho, temos que seguir em frente agora.

— Espere. — Taehyung me solta e vai até suas coisas, trazendo uma maleta pequena. — Nunca se sabe quando um de nós poderá precisar, não é? — Fala como se não tivesse preocupado em me ajudar. Ele tira da maleta um spray e borrifa em minha pele. A sensação gelada dá uma aliviada no tornozelo, mas com certeza não é algo que fará o milagre de me permitir a andar agora.

— Senhor, acho bom imobilizar o pé dele. — John está com a testa franzida, encarando meu pé todo fodido. — Se não ele não vai andar tão cedo e isso irá nos atrasar.

O capitão revira os olhos e coça a testa, visivelmente impaciente.

— Tá, e o que sugerem para imobilizar?

— A gente precisa de… MADEIRA! — Jimin corre, nitidamente satisfeito e pega um pedaço de madeira que estava caído no chão. É um pedaço grande, mas que se parte ao meio assim que Taehyung mete a faca afiada nele.

O ruivo pega sua bandana que prendia o cabelo, rasga ao meio e usa os dois pedaços de tecido para prender as duas partes de madeira na minha perna. Assim estou imobilizado, mas ainda sentindo dor.

John me ajuda a ficar de pé, mas eu nem ouso a encostar o pé no chão, porque a dor ainda está forte. Fico dando pulinhos, tentando me apoiar em alguma coisa, e parece que o capitão só vê uma solução, que por mais que seja estranha, eu concordo em dizer que é a melhor.

— John, carrega ele. — Ordena, e volta a andar.

Os demais piratas começam a seguir o capitão e John se abaixa na minha frente para que eu possa subir em suas costas. Ele me carrega sem dificuldade alguma e eu fico realmente grato por isso, porque se não, eu iria ser deixado para trás.

— Desculpa e obrigado por isso. — Murmuro perto de seu ouvido, mas ele não diz nada, só assente.

E assim, a gente anda — ou no meu caso, sou carregado — por mais ou menos uns quarenta minutos, sem pausa.

Vejo todo mundo cansado. O suor escorrendo, os olhos lacrimejando, a água acabando e eu particularmente começo a ficar desesperado. Se essa água acabar…

— Pessoal, encontramos! — Taehyung sai correndo, o capitão tenta alcançá-lo, mas com certa dificuldade por causa do tamanho da barriga, e todos os outros vão atrás.

Chegamos em um tipo de clareira. Há um pequeno lago, e quando eu digo pequeno, quero dizer bem pequenino mesmo, que acaba com minhas esperanças de um banho decente.

Taehyung se abaixa, pega um pouco de água com as mãos em concha e bebe. Ouço uma gargalhada escapulir de sua garganta e ele se vira para nós.

— É água doce!

Os piratas saem correndo, jogando seus pertences no chão e se ajoelhando em frente ao lago para pegarem água e lavar o rosto.

John me coloca sentado no chão e vai junto, para matar sua sede e tomar aquele meio banho básico.

É até meio nojento. Eu sinto sede, mas não sei se vou ter coragem de beber água onde um bando de pirata fedorento se lavou. Minha garganta está seca e implorando por uma gota daquela água, mas eu ainda estou com receio.

Taehyung sai do meio deles, com os cabelos pingando e vem até a mim, segurando uma garrafinha.

— Ei, beba.

Eu faço uma careta meio relutante e ele ri, provavelmente entendendo qual o problema.

— Enchi a garrafa antes de todo mundo se lavar. Está limpa.

Aí eu sorrio e pego a garrafa. Sei que isso é momentâneo, e que quando eu estiver com muita sede mesmo, eu vou beber qualquer água que me oferecerem.

— Obrigado. — Murmuro, ainda sem ar, por conta dos vários goles que dei na água.

— Escuta, vamos montar as barracas aqui. Vamos aproveitar o espaço aberto para montarmos outra fogueira e vamos aproveitar a água doce. Assim que estiver tudo pronto, eu te ajudo a se limpar, está bem?

— Uhum. — Assinto, ainda bebendo água.

— Como está o tornozelo?

— Ainda dói, mas… talvez melhore logo.

— É, vamos cuidar para melhorar rapidinho. — Ele dá dois toques na madeira e logo fica de pé. — Vou começar a montar as coisas, então.

— Tá.

Assim como ele, todos os outros piratas, depois de matarem a sede e lavarem o que acharam necessário — o que obviamente foi o mínimo que deveria —, foram montar suas barracas. Aqueles que dormiriam de dupla, dividiram as tarefas, um montava a barraca a o outro saía para buscar lenha para acenderem a fogueira.

O dia realmente estava prestes a escurecer, e quando a noite caiu mesmo, a fogueira já estava acesa e as barracas todas montadas.

Estava começando a fazer frio, e com isso, meu pé começou a doer mais. Eu queria tirar a tala e ver como estava, mas como não sou nenhum expert, eu sei que qualquer coisa que eu tentasse, daria muito errado, então eu fiquei quieto.

Vi Taehyung encher uma bacia com água e levar para dentro da sua barraca — que por sinal é bem grande e deve caber umas quatro ou cinco pessoas lá. Depois disso ele veio até mim.

— Venha, vou levar para você se limpar. — Ele me ajuda a me levantar e me guia para a barraca dele. Lá dentro já está tudo organizadinho: tem roupas limpas, tem remédio, gaze, um sabonete, um pano pequeno e uma toalha. — Vou te deixar à vontade. Pode demorar o tempo que achar necessário. Enquanto isso, eu vou tomar meu próprio banho, mas como não tenho problemas com os outros, vou no lago mesmo.

— Ah, obrigado. — Sorrio. — Você pensou em tudo, hm?

— Sempre. — Ele pisca um olho e sai, fechando a barraca.

É claro que, este não é o banho que eu estava almejando. Mas sei que ele se esforçou para me dar o melhor que podia, e eu não iria reclamar. Tenho sabonete e uma bacia com água, o que com certeza será bastante útil.

Tirar minhas roupas não foi o problema. Até a tala eu consegui tirar com facilidade. Usei o pano para molhar meu corpo e passei o sabonete, sem exagerar, porque o medo de que ele acabe rápido, é real.

Me sinto muito aliviado. O cheirinho bom do sabão já me dá uma sensação muito melhor, e só de ver a sugeira toda saindo, eu fico até mais feliz.

O paninho é meu amigo durante todo o banho. Uso ele para limpar o sabão e molhar as partes que ainda estão secas, e no fim, fica tudo certo.

— Agora, um carinho especial aqui… — Limpo minhas partes íntimas, como as coisas mais valiosas que tenho, e de fato, são.

Agora eu me sinto bem limpo e aliviado também, e só depois de vestir todas as roupas, que eu abro a barraca, chamando a atenção de Taehyung, que estava sentado bem na porta, me esperando.

— Acabou? — Pergunta.

— Aham.

— Então entre aí, quero falar com você.

Eu volto para o interior da barraca e antes de falar comigo, ele tira a bacia de água, deixando-a do lado de fora.

Taehyung organiza, guardando num saco toda a roupa suja, e deixa o tecido que usei para me limpar, esticado no chão, para secar.

— Bom — ele vem, senta em um dos colchões e pede para que eu me sente de frente para ele.

Ele parece irritado com algo e eu sinto medo. O que aconteceu dessa vez, para deixá-lo assim?

— O que foi? — Pergunto baixinho.

Taehyung pega meu pé machucado, pega algumas gazes e o remédio. Ele suspira e me encara, com um semblante sério.

— Quero saber porquê você mentiu para mim.

— Como assim?

— Você disse que as botas não estavam te machucando e olhe só.

Intercalo o olhar entre meu pé e ele, que ainda me observa, esperando uma resposta.

— Eu… — Pisco algumas vezes. — Eu não queria que você tivesse mais problemas com seu pai.

— Jungkook-

— Se eu dissesse que estava machucando, você iria insistir para que eu tirasse a bota e seu pai iria machucar você de novo.

— Eu não me importo que ele me machuque, mas me importo que ele machuque você.

— Faço das suas, as minhas palavras.

— Não, você não tem que se importar com isso. Ele é meu pai e eu estou acostumado.

— Mas eu não vou fazer nada que possa desencadear mais desavenças entre vocês, Taehyung.

— Eu não quero que minta para mim de novo. — Ele olha em meus olhos e fala sério. Neste momento nem tem como eu dizer que fiquei com tesão, porque ele está com um tom ameaçador. — Eu espero isso de qualquer um, menos de você. Então por favor, não minta mais para mim.

— E se for para seu bem?

— Meu bem? Que bem? Te ver machucado é o meu bem?

— Se eu tivesse falado, o que teria mudado?

— Você não estaria com os pés assim. Olha só, calos de sangue, bolhas… porra Jungkook, acha que é meu bem te ver assim?

Ele suspira profundamente e eu prefiro ficar calado.

Meu coração se aperta quando eu vejo ele todo cuidadoso, cuidando dos meu machucados, mesmo que esteja bravo comigo. Sinto um nó se formar em minha garganta, e por mais que eu não saiba exatamente o motivo, eu sei que é por causa dele.

— Desculpa. — Peço baixinho.

— Só vou desculpar depois que você prometer que não vai mais mentir para mim.

Nossos olhos se encontram de novo e eu não sei o que fazer. Não quero prometer uma coisa que talvez eu precise quebrar.

— Tae, vai embora comigo? — Peço. Ele para de mexer nos meus machucados e suspira.

— Não posso, você sabe.

— Então eu não posso prometer nada. Não vou ser sincero se isso for causar algum problema com seu pai.

— Você me chateia fazendo isso, sabia? Acha que estou bem agora, por ver seus pés calejados desse jeito?

— Pelo menos seu pai não te agrediu na frente de todo mundo.

— Pff ele vive fazendo isso, Jungkook. Não será você que irá impedir que ele pare de me bater.

— Tae… — Seus olhos não estão mais irritados, na verdade, parecem prestes a lacrimejarem. — Tem espaço de sobra na minha casa. Eu sou um príncipe, posso conseguir uma vida digna para você, para Namjoon e Jimin! Você não tem que seguir esse canalha do seu pai, aonde ele for!

— Jungkook, já parou para pensar que, se eu colocar os pés na sua casa, eu serei morto?

— Não, não será.

— Eu sequestrei você, Jungkook. Fui eu quem comandou a invasão na sua casa, fui eu quem te trouxe até o navio…

— A mando do seu pai!

— Mas eles não se importam com isso. E me desculpe, você como príncipe, não poderá fazer nada para me ajudar. Se eu for com você… você vai me perder para sempre.

Nesse momento a ficha caiu. O “perder para sempre” chegou como um tapa na minha consciência. Ele na tripulação será castigado e maltratado pelo pai, até que o nojento do capitão morra e ele assuma o poder. E se ele vier comigo, é bem provável que Hyungsik convença meu pai a matá-lo, mesmo se eu disser que ele cuidou de mim.

Nada irá apagar o fato de que ele entrou em minha casa e me levou. Nada irá mudar, se eu disser que eu fui atrás deles e que ele só fez isso porque o capitão mandou. Nada irá mudar e estamos fadados a uma despedida, assim que o Hebi atracar no porto de Busan. Vai um para cada lado. Meu lugar é no trono e o lugar dele é no mar, e não há como mudar isso, porque mesmo se eu aceitar as maldades do capitão e resolver ficar no navio com ele, a marinha coreana irá me achar mais cedo ou mais tarde, e isso poderá ser pior ainda.

— Ei. — Ele se aproxima e passa os polegares em meus olhos. — Não chore. Não quero te ver assim.

Eu acabo me levantando, mesmo com toda a dificuldade, e o abraço forte. Eu não sei o que dizer porque meu peito dói e minha garganta impede que qualquer palavra saia. Continuo chorando, o apertando cada vez mais e sentindo seus braços me segurarem firme em minha cintura.

Não consigo me imaginar sem esse sorriso, sem esse abraço, sem os beijos e sem as provocações. Não consigo imaginar passar o resto da minha vida sem apreciar essas tatuagens, esse cabelo vermelho e esse cheiro de rum que já fica impregnado o tempo todo. Acho que é impossível imaginar eu passar a viver sem alguém para se preocupar com meus machucados e para enfrentar o próprio pai por mim; alguém que separa remédios e sabonete para que eu me sinta mais confortável.

É impossível eu viver sem Kim Taehyung.

— Xiiu não chora. — Ele fala baixinho. Percebo seu tom igualmente sofrido, mas ele ainda mantém a pose forte, diferente de mim que choro e soluço sem me preocupar com mais nada.

Meu coração está em pedaços, e eu não sei o que fazer. A única certeza que tenho, é que não quero perdê-lo. Não quero ficar em minha casa, sabendo que ele está no mar, lidando com esse pai patife que ele tem. Não terei sossego se voltar para o conforto e deixá-lo sozinho. Não serei eu mesmo, se abandoná-lo, e eu não vou fazer isso. Eu nunca faria isso, nem que para obter sucesso, eu precise sequestrá-lo também.

— Kook, não fica assim. — Sua voz está fraquinha e eu continuo chorando. A dor que sinto no peito é forte demais para que eu consiga controlar minhas lágrimas, e também, isso já não faz diferença para mim.

— Eu não quero perder você. — Minha voz sai mais fraca e sofrida do que eu planejava, mas ele entendeu e bastou isso para que ele me puxasse mais para si e escondesse o rosto em meu pescoço. Sinto seu peito se contrair e percebo que ele também chora, algo que eu nunca vi antes. E é nesse momento que eu sei que posso dizer qualquer coisa que sinto, porque talvez não haja um momento mais propício para isso. — Eu te amo, Taehyung.


Notas Finais


I-M-P-A-C-T-A-D-A
kkkkkkkkk gente me conteeeeeem, o que acharam?? Quero muito, muito saber, tá?? Eu to querendo responder os comentários de vocês, mas para quem não sabe, deixa eu contar: meu notebook está estragado kkk e ele só liga quando quer. Pra eu responder os comentários mais rápidos, teria que ser pelo pc, e para eu atualizar, também (porque atualizar pelo celular é ruim, o Spirit desconfigura tudo, e sem contar que eu só faço as capinhas pelo pc), então, se eu não responder e se eu não atualizar no dia que prometi, é porque o notebook tá morto, tá? kkkkkkk Obrigada pela compreensão.
Beijões e comentem pleeeease <3


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