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História Les Trois Visages de L'amour - Você é realmente um ser desprezível.


Escrita por: mills_trevosa e Nay_Migliori

Notas do Autor


Boa tarde pessoas!

Resolvi postar antes esse capítulo por motivos de: Minha ansiedade em saber a reação de vocês ser enorme haha

Bom, eu realmente espero que vocês gostem desse capítulo. Ele foi meio difícil de escrever, pois teve sentimentos demais e muito distintos....

P.s: Mais de 5.000 palavras 😱😱😱 acho que ficou grande.

Sem mais delongas, boa leitura!

Capítulo 15 - Você é realmente um ser desprezível.


POV - Narrador 

   Cosima não conseguia acreditar que Delphine queria conversar. Achava que os dois tapas que foram desferidos em sua face e o gelo que estava dando nela eram o suficiente para entender que não queria trocar uma palavra com ela, nada além do profissional, que fazia por obrigação e não por querer.

   - Agora você quer conversar Dra. Cormier? - sua voz saiu carregada de irritação - Por que não pensou em conversar antes de fazer o que fez? 

   - Não seja tão infantil Niehaus - as palavras de Delphine faziam a raiva já existente em Cosima crescer cada vez mais - Até parece que não gostou do que vivenciou, coisa que sei que não é verdade, pois seus olhos me disseram outra coisa antes de fugir de mim.

   - Como consegue ser tão cínica Delphine? Como pode agir assim sabendo que machucou alguém? Que brincou com os sentimentos de alguém, me diga!? - os cantos dos olhos de Niehaus já se enchiam de lágrimas, sua sensibilidade não a ajudava em momentos como este.

   - Eu queria uma coisa, então fui atrás - começou - Não vejo qual o problema nisso. Pessoas adquirem o que querem o tempo todo, foi apenas isso que fiz. 

   Cosima fervia por dentro, mas não daria o gostinho a Delphine de se descontrolar mais uma vez e lhe dar outro tapa. Sabia que o desprezo era a melhor e pior resposta para alguém como Cormier. Não ter o que ela queria seria melhor do que desferir todos os tapas e até murros possíveis em sua face. Respirando fundo Cosima prosseguiu: 

   - Só que dessa vez você não conseguiu o que queria, e sinto lhe informar, mas não irá conseguir - ajeitou a alça da bolsa em seu ombro e continuou - E por mais que eu ache que você mereça outro tapa nessa sua cara cínica não irei fazer isso - passou por Delphine e antes de sumir de vez pelo corredor falou - E não fale comigo a não ser que seja de cunho profissional. Passar bem Cormier.

   Cosima sentia seu coração apertar e as lágrimas aumentarem cada vez mais em seus olhos. Sabia que tinha que afastar Delphine, mas não queria fazer isso. A cada dia que passava, mesmo aquela mulher se mostrando totalmente diferente do que imaginara, não queria passar mais que o necessário longe dela, porém sua ética e moral ainda gritavam mais alto que seu emocional. Não poderia estar com uma pessoa que machucou alguém tão querido por ela, não poderia passar por todos seus princípios e deixar que aquela mulher com toda sua prepotência a ganhasse fácil assim. Se afastar era a melhor saída. Agora entendia o porque de Alex ter se afastado, pois mesmo não sendo exatamente o que o coração quer, é o que a mente precisa. Espaço e tempo sempre resolvem as coisas. 

   Niehaus seguiu o caminho tão conhecido por ela até o elevador com sua mente processando todos os últimos acontecimentos de sua vida a uma velocidade extremamente lenta. Fez questão de refazer cada passo, de lembrar de cada gesto, cada mínimo detalhe. Voltou seu pensamento para o dia em que conheceu Alex. No momento em que a viu sabia que seriam amigas, pois sentiu de cara que se dariam bem. Pensou nas várias conversas que já tiveram e notou o quanto aquele afastamento, mesmo que recente, estava lhe fazendo mal. Sentia falta das risadas que davam enquanto faziam aquele mesmo caminho que estava fazendo agora. Com esses pensamentos mais algumas lágrimas escorreram, mas ao ouvir a porta do elevador se abrir secou-as. 

   Naquela tarde não estava em seu melhor humor, queria ficar sozinha, não queria falar com ninguém, então passou pelo saguão e diferente dos outros dias não cumprimentou Joseph. O segurança nada disse, apenas observou a jovem caminhar para fora do Instituto com o olhar triste, e mesmo sabendo que não era da natureza de Cosima estar daquela forma preferiu deixar que ela seguisse seu caminho sem lhe questionar qual o motivo daquela repentina tristeza. 

   Mesmo sabendo que precisava caminhar e espairecer a mente, sentia seu corpo implorar por um banho e por sua cama. As últimas noites não tinham sido as melhores. Os sentimentos conturbados e seu estado de espírito irritado não haviam deixado seu corpo descansar direito. Resolveu então parar um dos vários táxis que passavam  por ela e ir para casa o mais rápido possível para ao menos tentar descansar. 

   Quarenta minutos após parar um táxi, se aconchegar no banco de trás e informar seu destino, ela já estava saindo do elevador e seguindo para o tão almejado descanso.

   Sentia que até as paredes de seu apartamento estavam tristes. Tudo a sua volta parecia carregar o mesmo estado de espírito que ela e isso a deixava cada vez mais pensativa e distante. 

   Pensou em abrir uma garrafa de vinho, mas sabia que usar a bebida para tentar afastar o que estava sentindo não iria ajudar. Sem contar que vinho sempre lhe dava uma tremenda dor de cabeça, então preferiu beber uma xícara de café. 

   Com a xícara em mãos sentou- se no sofá com seu corpo virado para a janela. Apreciava a vista que tinha da noite linda que fazia lá fora enquanto bebia o primeiro gole de seu café forte e sem açúcar. 

   Os pensamentos na cabeça de Niehaus eram um pouco confusos, pois tentava a todo custo odiar Delphine, mas não era capaz. Tentava entender o porquê de não olhar para Alex como ela a olhava e mesmo sabendo a resposta se negava a acreditar que o fato de não conseguir gostar de Alex de uma forma "romântica" era porque Cormier existia em sua vida. 

   Não sabia dizer ao certo o que sentia, mas sabia que jamais havia sentido algo assim antes. Pensava em como classificar tal sentimento; o estar interessada lhe soava superficial, a paixão lhe parecia insuficiente, e o amor, bom o amor lhe parecia ser a melhor classificação para o que sentia, mas não queria acreditar, não poderia estar amando alguém como Delphine. Cosima jamais se perdoaria por amar alguém que machucou quem a ama. 

   Definitivamente aquele começo de noite não estava sendo dos melhores, e não só para Niehaus. Após sua saída do Dyad, Frontenac se sentou nas escadas de uma casa a poucas quadras a frente do Instituto e se perguntava o que faria já que não queria ir para casa e muito menos estava afim de ouvir os sermões de Felix lhe dizendo o quanto ela tinha se tornado sentimental nos últimos tempos. 

   Aquela noite de quinta-feira estava sendo extremamente entediante para Alex. Ela não sabia o que fazer, só sabia que precisava ocupar sua mente, sabia que ficar sozinha lhe traria os pensamentos que mais estava evitando no momento e isso não seria bom, não queria chorar mais, não queria mais sentir o que estava sentindo, queria apenas se sentir bem e desejada.

   Por um instante se lembrou de duas noites atrás quando conheceu Sidney e foi impossível conter o sorriso que se formava em seus lábios. Frontenac havia gostado da companhia, da conversa e não podia negar que gostou das pequenas e não tão discretas investidas que lhe foram dirigidas.

   Achou aquela possibilidade a melhor que tinha pensado até o momento e resolveu que seria realmente o melhor a se fazer. Pegou seu celular e discou para Sidney. No primeiro momento rezou para ela atender logo e não estar ocupada, mas após a segunda chamada desejou que ela não atendesse, pois não sabia o que dizer. Quando já estava se convencendo de que deveria desligar a ligação foi aceita e uma voz invadiu seus ouvidos.

   - Alô - disse a voz do outro lado da linha.

   - Alô ... É ... Sidney? - indagou com a voz um pouco receosa.

   - Sim - respondeu - Quem fala? ... A ligação está baixa, pode falar um pouco mais alto? - indagou - Não estou conseguindo te ouvir direito. 

   - Ah me desculpe - parou por alguns segundos, passou a mão em volta de sua boca e continuou - É a Alex, tudo bem? 

   - Hey Alex, achei que nunca mais iria ouvir sua voz - brincou - Eu estou melhor agora e você ? 

   - Eu estou bem também - respondeu. 

   - A que devo a honra de sua ligação Srta. Alex? - Frontenac ponderou por alguns segundos se deveria realmente prosseguir com aquele convite. Levou em conta o fato de ter gostado da companhia de Sidney e a sua vontade de não voltar para casa e tomou sua decisão final.

   - Bom, estou lhe devendo uma por ter feito você me ouvir naquele dia, então pensei em lhe pagar isso hoje - conseguiu ouvir uma suave risada no outro lado da linha - Você está livre essa noite ou terei que adiar meu pagamento? 

   - Para sua sorte ou não eu estou de folga hoje - respondeu - Para onde gostaria de me levar Srta.? 

   - Quando chegarmos você vai descobrir ... Me encontre perto da estação, no centro. Irei lhe esperar lá.

   - Misteriosa, gostei. Estarei lá em trinta minutos, no máximo - informou - Até mais Alex. 

   Alex ainda não tinha certeza de onde levaria Sidney, mas decidiu que a veria de qualquer forma. Se levantou e seguiu em direção a estação que não ficava muito longe dali, uns 20 minutos no máximo. Enquanto caminhava uma ideia surgiu em sua mente. Queria levar aquela mulher em um lugar diferente, talvez um pouco clichê, mas mesmo assim diferente. 

   Chegou na estação central e esperou a chegada de Sidney ansiosamente. Gostava de conversar com ela e se sentia bem quando estava a seu lado. Sidney com certeza seria uma ótima amiga.

   Não demorou muito para Alex notar uma figura conhecida ao longe. Pela primeira vez olhou de verdade para Sidney. O estado em que se encontrava quando a conheceu não lhe permitiu prestar atenção na mulher que a ouvia, mas naquele instante observou cada detalhe dela enquanto a via se aproximar. 

   Sidney era um pouco mais baixa que Frontenac, tinha cabelos castanhos que chegavam até a metade das costas e formavam algumas ondulações em seu comprimento, sua pele era clara, seus olhos eram castanho escuro e seu corpo era perfeito, nada a mais e nada a menos, tudo na medida certa para encantar qualquer pessoa. Ela tinha um estilo meio rebelde de se vestir. Usava um cuturno preto, uma calça jeans com rasgos em quase toda a extensão das pernas, uma regata extremamente folgada em seu corpo com aberturas grandes nas laterais e uma camisa xadrez amarrada na cintura.

   Alex se obrigou a olhar para o chão evitando o contato direto com os olhos de Sidney e só levantou o olhar quando a mesma a saudou:

   - Olá outra vez Srta. Alex - cumprimentou fazendo Alex a encarar.

   - Olá Srta. Sidney - respondeu e as duas sorriram.

   - Já que me convidou para sair, oficialmente, e estamos usando tons tão formais, deixe que me apresente devidamente - estendeu a mão para Alex da mesma forma que havia feito no bar dois dias atrás - Sidney Sarabelly.

   - Lindo sobrenome Srta. Sarabelly - elogiou pegando a mão de Sidney - Alex Vause Frontenac, a seu dispor - se olharam seriamente por alguns segundos, mas logo não foram capazes de sustentar a formalidade forçada e caíram na gargalhada.

   - Agora que fomos devidamente apresentadas podemos prosseguir - disse Sidney secando uma lagrima que escorria de seu olho devido as risadas - Vai me contar aonde vamos? 

   - Para que tanta pressa? - indagou retoricamente - Logo irá descobrir ... Se importa se formos andando? O lugar que vamos não fica longe daqui.

   - De maneira alguma Alex - respondeu lhe oferecendo um lindo e largo sorriso.

   Enquanto caminhavam conversaram sobre assuntos aleatórios como o tempo e filmes em cartaz que lhes interessavam. A personalidade das duas era bem distinta, enquanto Alex poderia ser considerada uma nerd e louca por ciência, Sidney gostava de música e detestava todas as matérias do colégio, exceto artes. Adorava desenhar, ir a museus e concertos, gostava de rock clássico e amava tocar guitarra. 

   Um pouco mais de dez minutos depois de iniciarem a caminhada pararam em frente a um enorme prédio.

   - Por que paramos aqui? - indagou Sidney um pouco confusa.

   - Quero te mostrar uma coisa - olhou para Sidney e depois olhou para cima - Lá no terraço - voltou seu olhar para a mulher a sua frente e viu um brilho surgir em seus olhos.

   - Vai me levar no terraço do Morning Diary? - Frontenac apenas assentiu com a cabeça e a puxou pela mão para dentro do edifício.

   Alex costumava frequentar aquele prédio quando precisava pensar, fazia muito isso e por esse fato conhecia o segurança de plantão. O cumprimentou como sempre fazia e recebeu um sorriso do homem simpático de meia idade que sempre que podia lhe fazia companhia enquanto observava as luzes da cidade em contraste com as estrelas e a Lua no céu. 

   Seguiram o caminho muito conhecido por Frontenac adentrando o elevador de serviço e subindo para o último andar. Quando as portas se abriram Alex puxou Sidney para fora e a conduziu para o ar livre outra vez.

   Os olhos de Sidney não acreditavam no que viam. O prédio era um dos mais altos da cidade e tal fato permitia uma visão quase completa do centro. Todas aquelas luzes por todos os lados pareciam mais com uma obra de arte do que com a vista de uma cidade. Olhou para o céu e percebeu como as luzes dos prédios e casas estavam se assemelhando com as estrelas, parecia uma extensão da mesma obra.

   - Alex, isso é lindo! - constatou ainda olhando para o céu.

   - Esse é meu lugar preferido - disse - E eu nunca tinha trago ninguém aqui, sinta-se honrada - falou fazendo Sidney a olhar e perceber que ela já estava sentada na mureta do prédio. 

   - Bom, obrigada por isso então - falou sentando-se ao lado de Alex - Mas me diga, porque me convidou para sair e por que decidiu me trazer aqui?

   - Eu já disse, precisava pagar minha dívida com você e talvez, só talvez precisasse da calma desse lugar para pensar um pouco - respondeu. 

   - Mas poderia ter vindo sozinha, não precisava me trazer já que precisa pensar - começou - Minha presença pode acabar atrapalhando. 

   - Pelo contrário Belly, sua presença é mais que essencial para que eu possa pensar - olhou para Sidney - Sem contar que eu gosto da sua companhia - sorriu. 

   - Eu também gosto da sua companhia Alex - respondeu e lhe ofereceu um sorriso. Voltou sua mirada para a cidade e se tocou da intimidade que Alex havia usado ao lhe chamar de Belly - Ninguém nunca me chamou de Belly - voltou a olhar para Alex que agora estava olhando para algum ponto perdido no horizonte.

   - Para tudo há uma primeira vez - respondeu sem se virar para encara- lá.

   Ficaram algum tempo em silêncio, um silêncio bom onde cada uma estava absorta em seus pensamentos. Cada uma se perguntava o que aconteceria a seguir em sua vida. Alex pensava em tudo o que lhe acontecerá na semana e chegou a conclusão de que conhecer Sidney foi a melhor coisa que lhe ocorreu, mesmo sabendo que possivelmente não conseguiria criar mais do que uma amizade com a mulher ao seu lado. 

   Já Sidney se perguntava o porquê de estar tão interessa em Alex. Vê-la frágil como viu dois dias antes fez com que a vontade de cuidar daquela mulher tão vulnerável e intensa, como ela mesma havia dito, crescesse em seu interior e por mais que fizesse pouco tempo que a conhecia não se importava em estar ao seu lado, mesmo que fosse apenas para ficar em silêncio como estavam naquele momento.

   - Hoje eu vi a Cosima - olhou para Sidney e viu um semblante interrogativo em seu rosto e logo explicou - A mulher que lhe falei aquele dia, o nome dela é Cosima. 

   - Ah sim - compreendeu - E como foi? Ela falou com você? 

   - Não, mas eu também não tentei uma aproximação - respondeu - Eu pedi um espaço e ela está respeitando isso, só não achei que seria tão estranho ter ela distante. 

   - Isso é normal. Vocês faziam tudo juntas pelo o que me disse, e trabalham juntas, sem contar que você a ama, então se sentir assim é normal - tentou tranquilizar Alex - E você acha que vai conseguir ficar mais quanto tempo afastada dela? 

   - Eu sinceramente não sei, pra falar a verdade hoje eu só não falei com ela por que a Delphine ...

   - A egocêntrica? - interrompeu Sidney.

   - A própria - riram - Eu só não falei com Cosima porque ela apareceu e eu fui embora na mesma hora.

   - E você não bateu nela de novo? - Frontenac apenas negou com a cabeça - Parabéns pelo seu autocontrole, eu no seu lugar teria batido mais um pouco.

   - Vontade não faltou - riram e o silêncio se fez outra vez. Ficaram quase dois minutos assim, caladas, até que Sidney se manifestou. 

   - Olha Alex, eu não sei o que se passa em sua mente e muito menos em seu coração, mas acho sinceramente que se manter longe dela só vai te machucar mais e vai machucar a ela também - encostou sua mão na mão de Alex que estava apoiada na mureta ao lado de seu corpo - Assim como você não escolheu se apaixonar por ela, ela não escolheu gostar da Delphine. O coração sempre prega umas peças na gente e ficamos perdidos, mas se essa amizade é tão importante como eu acredito que seja não deixe ela morrer por quem não merece - Frontenac a olhou com algumas lágrimas querendo brotar em seus olhos - Não se afaste de quem você ama simplesmente por ela não te amar como você gostaria. Eu tenho certeza de que assim como você ela também está sofrendo com esse afastamento, talvez ela esteja sofrendo até mais que você, pois ela ama quem te machucou. Ela está dividida, está confusa. Não sabe se te dá espaço ou se te dá colo. Não sabe se ama ou odeia a mulher que te machucou e que consequentemente a machucou também, então não a faça escolher entre um amor e uma amizade, isso é cruel, pois independente de qual das duas ela escolher a falta da outra irá lhe ferir demais. 

   Alex apertou a mãos de Sidney e não pode conter as lágrimas que escorriam por suas bochechas. Ela sabia que Sarabelly estava certa, sabia que estava se machucando e machucando Cosima, sabia que essa não era a melhor saída, mas não pôde ver isso sozinha. Sabia também que precisava de alguém ao seu lado, alguém que não a julgasse, alguém que simplesmente a ouvisse e a ajudasse, exatamente como Sidney estava fazendo. 

   - Ei, não chore - disse secando as lágrimas no rosto de Alex - Uma mulher bonita como você nunca deveria chorar, não por tristeza, muito menos por amor - seus dedos agora faziam carinho na bochecha de Alex - Você tem um lindo sorriso, não deixe que nada o tire de seu rosto - Alex sentiu uma vontade quase incontrolável de sorrir com aquele elogio e assim o fez - Pronto, assim está perfeito.

   - Obrigada Sidney, mais uma vez - agradeceu - Você realmente é um anjo que apareceu para me ajudar a achar um caminho para seguir em paz. 

   Aquelas palavras fizeram um imenso sorriso brotar nos lábios de Sidney. Ver aquela mulher sorrindo daquela forma fez uma pequena chama esquentar o coração de Alex. Fez seu interior se sentir cuidado e acalentado. Interiormente agradeceu aos céus por ter conhecido aquela mulher que lhe fazia tão bem e lhe deixava mais leve.

   Sarabelly não sabia o que lhe impulsionava a cuidar de Frontenac, mas sabia que não deixaria de fazer isso nunca. Estaria a disposição em qualquer hora que ela precisasse, seja para sorrir ou para chorar, conversar ou ficar em silêncio, beber ou apreciar a paisagem, independente de tudo sempre estaria ao seu lado. 


****


   Delphine não pregou o olho a noite inteira. Não sabia exatamente o que se passava em seu interior e isso lhe tirava o pouco de paciência que tinha, pois gostava de ter o controle de tudo e de todos a sua volta.

   Não saber o que se passava em seu coração lhe causava um transtorno imenso. Desde o dia em que beijou Niehaus naquela piscina algo em seu interior ascendeu de forma brusca e até violenta. 

   Tinha um plano traçado e o seguiu a risca. Queria Cosima para si, queria a todo custo e assim o fez, a teve em sua cama mesmo que com outra junto, a teve em sua casa e pode sentir seus lábios de uma maneira mais sutil. 

   Quando colocou em prática seu plano nada lhe importava, só queria conquistar o que almejava, mas após aquele beijo e após a fuga de Cosima se sentiu um pouco incomodada, porém ainda não tinha o que queria, então continuou com o plano. Tudo estava saindo como planejado, até mesmo os tapas que levou em seu rosto já eram previstos, mas aí tudo saiu de seu controle. Aquela altura era para Niehaus estar se arrastando em seus pés, era para estar implorando por uma chance, implorando por ela, mas o que acontecia era completamente o contrário, Niehaus estava distante e se afastava cada vez mais, nem ao menos a olhava e, é claro, isso incomodava Cormier.

   Delphine já estava devidamente trajada para o árduo e amargo dia de trabalho que lhe aguardava. Apagou seu cigarro, pegou sua bolsa, chaves do carro e saiu de seu apartamento. 

   Sentia que aquele dia seria difícil, sabia que com certeza seria o pior dia da semana, só não sabia o porquê. 


   Curiosamente Cosima não se atrasou naquela amanhã de sexta-feira, na verdade estava até adiantada. Por incrível que pareça estava com o humor melhor do que julgou que estaria e isso a fazia cantarolar uma música qualquer enquanto saía do elevador e caminhava em direção ao laboratório. 

   Assim que parou na frente da porta pode ouvir alguns barulhos que indicavam que alguém havia chego antes dela. Por algum motivo achou que fosse Delphine e então abriu a porta com a pior das feições, mas se surpreendeu ao notar que era Alex quem já mexia nos tubos de ensaio e já ligava os computadores.

   - Bom dia Cosima - saudou Alex Assim que notou a presença de Niehaus.

   - Bom dia Alex - a voz de Cosima saiu um pouco falha, não sabia ao certo se deveria tentar iniciar uma conversa ou não, mas precisava saber como Frontenac estava, então prosseguiu - Você está bem? - Alex hesitou por um tempo, o que fez Cosima retomar a fala - Não precisa responder se não quiser, você pediu um espaço e eu disse que daria, mas queria que entendesse que me dói te ver assim e não poder fazer nada.

   - Tudo bem Cosima - passou a mão pelo seu cabelo e deu alguns passos em direção a Niehaus - Eu estava triste, estava confusa e furiosa, mas não deveria ter me afastado, afinal não escolhemos por quem nos apaixonamos e você não tem culpa de nada disso.

   - Alex ...- tentou interromper, mas foi impedida.

   - Me deixe terminar - deu um longo suspiro e continuou - Antes de qualquer coisa sou sua amiga e sempre serei. Eu sei que deveria ter visto isso antes, mas naquele dia eu não estava em condições de pensar em nada de maneira coerente - olhou para sua mão que segurava a mão de Cosima e sorriu - Após algumas conversas com a Sidney ela me fez enxergar muitas coisas, e uma delas foi que independente de qualquer coisa eu sempre vou amar você, mesmo que esse sentimento se modifique, mesmo que não te veja mais como mulher eu sempre irei amar você e sempre serei incapaz de ficar longe de você - concluiu. 

   Aos prantos Niehaus abraçou Frontenac como se fosse a última coisa que faria antes de morrer. Passaram um tempo considerável assim e logo que se soltaram Cosima se manifestou:

   - Pera aí! Quem é Sidney? 

   - Uma amiga, que provavelmente você irá conhecer em breve - piscou para Cosima e voltou a fazer o que fazia antes. 

   Não demorou muito para Scott se juntar a elas e o horário de trabalho começar oficialmente. Smith avisou as duas que naquele dia, pelo menos por enquanto, seriam só os três, pois Delphine estava em sua sala e não estava com o humor muito bom. 

   O dia passou rápido e tranquilo. Foram almoçar juntos e ninguém ousou tocar no assunto "clima ruim", apenas apreciaram a companhia uns dos outros. Durante todo o horário de trabalho o clima foi bem descontraído, muitas risadas e conversas descontraídas em meio a conversas sérias. 

   Sem que percebessem o tempo passando por seus corpos o final do expediente chegou e os três já se arrumavam para irem embora. Scott foi para sua sala esperar alguns outros cientistas para uma partida de RPG, Alex foi embora com a desculpa de que precisava de um bom descanso e Cosima ficou por mais algum tempo no laboratório terminando de sequenciar alguns genomas, a idéia de ter que ir para casa e ficar sozinha com seus pensamentos não lhe agradava nem um pouco. 

   - Acho que o expediente já acabou Srta. Niehaus - aquela voz fez um frio percorrer toda sua espinha. 

   - Já estou indo embora Dra. Cormier - respondeu ainda sem olhar para Delphine. 

   - Podemos conversar? - Cosima se surpreendeu com tal pergunta, mas continuou sem encara-la, apenas assentiu com a cabeça e fingiu continuar prestando atenção no monitor a sua frente - Não acha que já está sendo um tanto infantil demais me evitando dessa forma? 

   - Como é? - pela primeira vez Cosima encarou Cormier ja sentindo seu sangue ferver em sua veia - Você não aprende não é mesmo? Posso te ignorar o quanto for, posso me afastar e desferir quantos tapas forem possíveis em sua face, mas você não vai mudar, não vai deixar de ser tão egoísta, não é? 

   - Niehaus, eu não a entendo - passou a mão pelos fios loiros de seu cabelo e se aproximou de Cosima - Está escrito em sua cara que me deseja, que me quer, por que não se entrega? Por que não se permite viver isso? - Niehaus tentava a todo custo não chorar, mas as lágrimas já se formavam em seus olhos.

   - Eu não vou ficar aqui ouvindo você dizer que não há problema algum em usar as pessoas, que não fez nada demais - pegou sua bolsa e se virou para Delphine outra vez - Você quase acabou com a minha amizade com a Alex e está acabando comigo Delphine, você não vê isso? - aquela indagação fez o incômodo que já existia em Cormier crescer um pouco mais. Pela primeira vez olhou para aquela mulher a sua frente afim de enxergar sua alma e não apenas seu corpo. 

   - Eu sinto muito - as palavras saíram da boca de Delphine sem que ela pensasse direito. Cosima a encarou incrédula.

   - Você sente muito? - Cosima andava de um lado para o outro da sala, estava atordoada, estava nervosa e estava chorando - Eu sinto muito Delphine. E eu não digo isso com o sentido de pesar, eu digo isso com o sentido de ser intensa - falava apressadamente sem puxar o ar  para respirar - Se estou feliz eu deixo isso claro com meus sorrisos e mãos que gesticulam sem parar, se estou triste minhas roupas perdem as cores e meus olhos perdem o brilho, se odeio alguém eu odeio com todas as minhas forças e se eu amo alguém eu amo com cada célula que existe em mim - parou de caminhar por um instante, seu queixo tremia por conta do choro e sua respiração estava entrecortada - E eu te amo Delphine, eu te amo desde a primeira vez que te vi, mas eu não sabia - aquela declaração fez o coração de Cormier diminuir consideravelmente - Eu descobri naquele domingo em que você foi a pessoa mais doce e simpática do mundo comigo, quando seus lábios tocaram os meus com ternura, quando passei uma noite inteira lembrando das suas risadas e dos nossos momentos - respirou por um breve segundo e prosseguiu - E isso deveria ser uma coisa boa né? Eu sei, mas não estamos falando de qualquer pessoa, estamos falando de Delphine Cormier - a raiva voltou a tomar conta de seu corpo e seu rosto estava pegando fogo, assim como o sangue em suas veias - A egoísta, egocêntrica e prepotente Delphine Cormier. 

   Cosima estava fora do seu normal e Delphine não sabia o que fazer, muito menos o que dizer, apenas observava aquela  mulher impaciente lhe fuzilar com os olhos e despejar sobre ela tudo o que passava em seu coração. 

   - Aquele dia foi uma enorme mentira, não foi? - Cormier abriu a boca para responder, mas logo a fechou sem saber o que dizer - É claro que foi. Você nem nega. Como eu fui burra! Como eu pude deixar isso tudo acontecer? Só dependia de mim, e eu deixei vc me usar, usar a Alex. Eu deixei seu ego ser inflado. Eu não tenho culpa que você não tem sentimentos Delphine, mas nós, seres humanos, temos. Você não pode nos usar e achar que tudo vai ficar bem depois, vc não tem esse direito. 

   - Cosima me deixe ...- tentou se defender, mas foi em vão, Niehaus nem se quer ouviu sua voz tentando lhe dizer algo. E então, despejou todo o resto de seus sentimentos que estavam lhe sufocando.

   - Eu te amo do jeito mais sincero que existe. Eu te amo como sempre quis ser amada e eu me odeio por isso, por que você não merece esse amor, você não merece que ninguém te ame, você merece a solidão, você merece ficar sozinha para sempre, então por favor ...- suspirou pesadamente - ...não me procure mais, não fale comigo se não for sobre a pesquisa em que estamos trabalhando e principalmente não olhe pra mim, jamais - Cosima não esperou nenhuma resposta e saiu.

   As lágrimas já brotavam nos olhos de Cormier e mesmo sem ter a certeza, ou sem querer ter, ela se sentia mal por ter feito o que fez, por ter feito aquela mulher tão frágil chorar daquela forma. 

   Uma pontada de arrependimento tomou conta de seu corpo. O amargo daquelas palavras impossibilitaram seus movimentos e por mais que quisesse seguir Cosima, sabia que não podia, sabia que não tinha esse direito e principalmente não sabia o que dizer. Passou as mãos em seu rosto e soltou um pesado suspiro.

   - Você é realmente um ser desprezível Delphine Cormier. 


Notas Finais


Eai?! Gostaram?

Me digam oque acharam por favor ... Me doeu esse finalzinho aí, mas tudo que é ruim pode piorar não é mesmo?

Me desculpem qualquer erro e não deixem de deixar aquele feedback amorzinho!

Até sexta ( da semana que vem)


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