I lost so much more than my senses
'Cause loving you had consequences
Flashback on
– O que você acha desse? – Emma questionou saindo de dentro do provador com um vestido bege rodado que ia até o meio de suas coxas. Regina analisou com a mão no queixo, não fazia muito o estilo da loira, mas a deixava linda como sempre.
– Está legal – deu de ombros e voltou sua atenção para a revista em mãos.
– Regina, você disse a mesma coisa em todos os outros que eu provei – falou irritada – Eu não posso simplesmente aparecer lá de jaqueta e botas, os pais da Amanda são muito exigentes e ela também.
– Eles deveriam gostar de você do jeito que você é, principalmente a sua namorada – rebateu tentando esconder seu descontentamento, odiava Amanda e odiava o fato de ter que aturá-la por namorar a loira.
– Você é fofa, mas eu preciso escolher algo – Emma se aproximou e apertou a ponta do nariz da morena – Anda, qual é melhor?
– Esse que você está, é perfeito – confessou suspirando e a loira sorriu alegre voltando para dentro do provador.
[...]
– Re, você não vai com a gente na festa da Melissa? – Zelena perguntou entrando no quarto da irmã e Regina negou com a cabeça sem desviar os olhos do livro de filosofia que segurava – Você vai me falar ou não o que está te incomodando tanto?
– Não é nada, Zelena. Vá logo, Ruby deve estar te esperando – suspirou e a ruiva empurrou-a para o lado, liberando um espaço na cama de solteiro para que ela se sentasse.
– É por que a Emma não vai? Você sabe que pode se divertir sem ela, não é? Vocês não nasceram grudadas.
– Não é por causa disso, ela está ocupada conhecendo os pais da Amanda – respondeu triste e a ruiva ficou alguns segundos encarando a irmã, até finalmente se dar conta.
– Porra, Regina, eu não acredito que você gosta dela – falou com os olhos arregalados e a morena não negou, continuou fingindo que estava lendo o livro – Você deveria contar pra ela.
– Não! Ela está feliz com a Amanda – cortou a irmã de maneira rude e Zelena revirou os olhos.
– Amanda é uma vaca e nem a Ruby gosta dela – Ruby e Emma eram praticamente irmãs – Não seja idiota, conte para ela.
– Eu não vou contar nada e nem você!
– Ok. Ok! Eu não conto, mas só se você vier na festa conosco – disse com uma cara de deboche e Regina sabia que a ruiva não estava brincando, então apenas se levantou e colocou um vestido preto de alças finas, uma sandália preta com tiras douradas e uma jaqueta de couro preta – É uma festa, não um enterro, mas tudo bem pelo menos você está indo.
[...]
As irmãs Mills chegaram na casa de Melissa Cooper, ela era do último ano e era uma das melhores amigas de Zelena. A garota estava completando dezoito anos e os pais haviam permitido que ela fizesse uma festa e convidasse quem quisesse. Os Coopers eram conhecidos por serem aqueles pais legais e liberais então a casa já estava lotada de adolescentes de várias idades. Regina não gostava muito desse tipo de festas e na maioria das vezes só frequentava porque Emma a arrastava. Ela estava se tornando popular na escola por conta da loira e isso gerava muita inveja e ciúmes nas outras garotas, pois Swan beijava o chão que a morena pisava mesmo sem nunca terem ficado.
– Vamos, a Ruby já está lá dentro – Zelena puxou a irmã mais nova pelo braço e logo as duas estavam no meio da multidão, a música estava alta e muitos já estavam bêbados.
– Regininha – a morena ouviu a voz de um rapaz a chamando e viu que se tratava de Robin, ele era capitão do time masculino de futebol e tinha uma rixa com Emma, os dois sempre competindo por títulos e também mulheres. É claro que a loira sempre ganhava, ele era um idiota.
– Robin – cumprimentou sem graça e a ruiva soltou a mão da irmã para ir atrás de Ruby, as duas ficavam de rolo, mas nunca se assumiam.
– Cadê a loira? Não veio? – perguntou olhando ao redor e Regina sentiu seu estômago revirar, já estava sozinha, Emma nunca a deixava sozinha.
– Não, ela tinha outro compromisso – deu de ombros fazendo o máximo de esforço que podia para esconder a tristeza na voz, para sua sorte, Robin era idiota demais para notar qualquer coisa.
– Que bom, nunca consigo me aproximar de você quando ela está por perto – disse sorrindo – Vamos buscar uma bebida?
– Ahn, claro – sorriu fraco e acompanhou Robin até a cozinha onde o rapaz pegou uma cerveja e entregou para a morena – Obrigada.
– Qualquer coisa pela garota mais linda da escola – piscou para a baixinha que sentiu as bochechas corarem – Então, Regina, está saindo com alguém?
– No momento, não – respondeu fazendo de tudo para não olhar nos olhos de Robin – E você?
– Também não – ele parecia não conseguir ficar sem mostrar os dentes, estava o tempo todo sorrindo e Regina chegou a achar que ele tinha algum problema mental – Sabe, eu tenho observado você.
– Tem?
– Claro – Robin deu dois passos para frente, ficando com o corpo praticamente colado ao da morena, que estava encostada no balcão da cozinha – É quase impossível não te observar – o rapaz acariciou a bochecha corada da menina e se aproximou ainda mais dela, roçando seus lábios de leve – E eu vou te beijar agora.
Regina não disse absolutamente nada, apenas se deixou levar pelo momento quando Robin a puxou pela cintura e beijou-a com força. Não era ruim o beijo, mas também não era o melhor do mundo. Ela era consideravelmente mais baixa que ele e seu pescoço já estava dolorido pela posição que os dois estavam. O rapaz apertou-a contra o balcão e a morena soltou um gemido de dor, Robin sorriu pensando outra coisa e suas mãos foram parar nos seios de Regina, onde ele apertou sem muito cuidado.
Regina tirou rapidamente a mão dele do local e ele levou-a até a barra do vestido dela. A cozinha estava vazia, mas a morena não queria que sua primeira vez acontecesse dessa maneira então o afastou de leve, negando com a cabeça.
– Robin, não... – sussurrou sem fôlego após quebrar o beijo.
– Qual é, morena? – ele se aproximou novamente abraçando-a pela cintura e levou uma das mãos até a bunda da menina, apertando com força – É só uma rapidinha.
– Não – negou novamente e tentou afastá-lo, mas não adiantou e ele continuou prensando-a contra o balcão.
– Por que não? Você não pode me atiçar e depois correr – falou beijando o pescoço da garota, que novamente tentou empurrá-lo.
– Robin, eu disse que não – ela bateu no ombro dele, mas o rapaz fez de conta que não sentiu nada e continuou o que estava fazendo.
– Você não ouviu, idiota? – o capitão deu um pulo ao ouvir a voz irritada atrás dele e não teve tempo de dizer nada, Emma acertou um soco em cheio no nariz do rapaz e ele caiu de joelhos no chão – Ela disse não!
– Emma – Regina murmurou assustada e a loira continuou encarando o rival com raiva.
– Não é não! – esbravejou e chutou-o no peito, fazendo-o cair de costas com o nariz sangrando.
Os amigos de Robin logo apareceram e levaram ele para fora, para que a briga não continuasse e várias pessoas se juntaram para ver o que havia acontecido. Emma se aproximou da amiga e abraçou-a de lado, levando-a para o jardim da frente.
– Você está bem?
– Estou, obrigada – ela respondeu ao se sentar em uma das cadeiras de madeira que estavam ali – Por que está aqui? Não deveria estar na casa da Amanda?
– Eu estava – deu de ombros – Mas vim embora mais cedo, Ruby me mandou mensagem dizendo que vocês estavam aqui, então resolvi dar uma passada – a loira coçou a nuca e desviou o olhar e o Regina soube que não era totalmente verdade.
– O que aconteceu?
– Nós terminamos – suspirou e sentou ao lado da amiga – Acho que eu não gostava tanto assim dela, sinto um alívio por ter acabado.
– Você nunca gosta tanto assim de alguém – Regina riu fraco, conhecia Emma há pouco menos de um ano e a lista de relacionamentos da loira era enorme e sempre acabavam do mesmo jeito.
– Na verdade – ela interrompeu e olhou para baixo – eu gosto tanto assim de alguém.
– Ah é? De quem? – Regina perguntou, sentia o peito bater mais forte e se forçou até a sorrir para que Emma não percebesse nada.
– Bom, essa pessoa é... – começou com as bochechas corando – você.
Flashback off
Emma e Lia já estavam na sala de música há algum tempo e a garota estava tentando tocar corretamente uma das músicas que a professora havia lhe passado. A postura da menina era perfeita, como uma princesa, a sincronia da mão direita com a esquerda também era divina e ela não precisava de ajuda para ler as partituras. Emma não teve dificuldade alguma com a parte teórica, Belle havia feito praticamente tudo, deixando a melhor parte para a loira que era treinar a prática da adolescente e ambas amavam isso. A garota já havia jantado junto com a mãe e o irmão, mas a loira havia recusado a lasanha afirmando que tinha comido antes de sair de casa. Estava louca para comer a lasanha da morena, era seu prato favorito, mas sabia que Regina iria se sentir desconfortável com ela jantando na mesma mesa então recusou.
– O que houve entre você e minha mãe? – Malia perguntou de repente, interrompendo os movimentos dos dedos para olhar para sua professora.
– Nada – respondeu desviando o olhar, Malia tinha o mesmo olhar incisivo de Regina quando queria descobrir algo e a morena sempre conseguiu retirar informações de Swan apenas com esse olhar.
– Você é uma péssima mentirosa – debochou rindo e balançou a cabeça negativamente – Por algum acaso vocês se odeiam? Eu vi a raiva da minha mãe quando entrei na cozinha – disse brincando com as teclas do piano – Você não é uma das amantes do meu pai, é?
– Não... Espera, o quê? – Emma perguntou surpresa, o pai de Malia tinha amantes? Seria esse o motivo da separação? A loira se sentiu pior ainda ao saber desse detalhe – Seu pai tem amantes?
– Eles acham que eu não sei – sorriu de maneira triste puxando o ar com força – Mas eles não eram muito silenciosos quando o assunto era discussão. Muitas vezes o Henry entrou correndo no meu quarto por que não conseguia dormir com os gritos.
– Lia, eu sinto muito – de certa maneira, Emma se culpava, se não tivesse feito o que fez, Regina jamais teria entrado naquele avião, jamais teria conhecido os pais das crianças. Mas também Malia e Henry não teriam nascido, o destino age de maneira estranha.
– Não é como se você tivesse culpa, mas eu só queria saber se vocês se odeiam para eu me preparar para mais brigas dentro dessa casa – deu de ombros e Emma se sentou ao lado dela – Está tudo bem mesmo?
– Está, não se preocupe com isso, se preocupe apenas com as suas aulas – apontou para o piano – É um piano lindo, um dos mais bonitos que eu já vi e é um pecado ficar conversando enquanto você poderia estar tocando-o.
– Foi um presente da minha avó para a minha mãe quando ela se mudou para a Inglaterra – Lia apertou uma das teclas brancas com o indicador da mão direita enquanto a mão esquerda brincava com as teclas do outro lado – Vovó disse que era para ela tocar quando se sentisse sozinha, mas ela disse que depois que a mamãe foi embora dos Estados Unidos, ela nunca mais tocou piano. Desde então, ele só servia de enfeite.
– Até agora – Emma pontuou se sentindo triste por Regina nunca mais ter tocado, ela era a melhor pianista da escola e havia ensinado a loira a ter amor pelo instrumento e também ensinou-a a tocar.
Elas escutaram o barulho da campainha, mas sabiam que Regina iria atender, então apenas continuaram com a aula. O talento da garota impressionava Emma, ela sabia que Malia era um gênio assim como a mãe e iria muito longe se resolvesse se empenhar nisso.
– Eu não quero saber, eu quero você fora daqui! – as duas escutaram a voz alterada de Regina e se entreolharam sem entender.
– Eu não vou sair! Ainda é a minha casa – Malia reconheceu a voz do pai e apertou forte a mão de Emma quando ouviu um barulho de vidro quebrando.
A porta foi aberta logo em seguida e um Henry assustado e com os olhos marejados entrou, correndo até o colo de Emma e abraçando-a com força.
– Eles estão brigando de novo – falou para a irmã com a voz chorosa.
– Essa casa não é sua, ela é minha – Regina gritou e Emma se levantou entregando Henry para a irmã – Você não tem o direito de estar aqui, eu quero que saia!
– Eu já disse que não irei a lugar algum, você é minha esposa! – a voz alterada e irritada do homem falando com Regina deixou a loira agitada e os três se assustaram ao ouvirem mais vidros serem quebrados.
– Lia, fique aqui com Henry e não saia de dentro desta sala! – falou com autoridade para a menina que apenas concordou com a cabeça.
Emma saiu da sala fechando a porta logo em seguida e seguiu pelo corredor até chegar na sala. Os vidros quebrados no chão eram das obras de artes que estavam penduradas na parede e ela viu o homem, que ela reconheceu como Daniel Colter, que era quem depositava o cheque em sua conta, apontando o dedo na cara da morena baixinha. Ela sentiu o sangue ferver e queria socar aquele cara por ousar levantar a voz para Regina.
– Regina, está tudo bem por aqui? – perguntou olhando para a morena, que tinha os braços cruzados e os olhos vermelhos, mas ela não respondeu.
– E você, quem pensa que é para nos interromper? Estamos no meio de uma discussão de casal, não está vendo? – perguntou rudemente encarando a loira, que não se abalou, apenas arqueou a sobrancelha para Daniel.
– Não é uma discussão de casal, por que não há um casal – Regina disse atraindo a atenção do ex-marido, que a fuzilou com os olhos – Saia da minha casa.
– Você esqueceu daquele dia, Regina? – perguntou de uma forma sombria e a morena recuou um passo – Sabe muito bem que eu posso fazer novamente e dessa vez não irei parar.
– Ela pediu para você sair – Emma interrompeu completamente brava – Vai ser por bem ou terei que te chutar daqui?
– E o que a professorazinha vai fazer? Me bater com um livro? – debochou fazendo a raiva da loira aumentar.
– Regina, eu posso? – perguntou olhando para a morena, que sabia muito bem o que Emma podia fazer quando estava com raiva.
– Por favor – falou e saiu do caminho da loira.
Swan foi até Daniel e com um movimento rápido pegou o braço do homem e o torceu atrás das costas dele, imobilizando-o.
– O que você pensa que está fazendo, sua vadia? – ele gritou tentando se soltar, mas ela o arrastou até a porta e o jogou na calçada.
– Some ou chamarei a polícia – ameaçou e bateu a porta com força, passando a chave logo em seguida.
Daniel xingava e batia na madeira, mas parou quando Emma ameaçou ligar para a polícia novamente, ele sabia que não podia se envolver com polêmicas então simplesmente foi embora.
– Você está bem? – Emma perguntou ao voltar para dentro e ver que a morena mancava e fazia uma careta de dor.
– Estou, só cortei meu pé nos cacos de vidro – falou desviando o olhar, mas então respirou fundo e encarou a loira – Obrigada.
– Não precisa agradecer, eu só fiz o que deveria fazer – Emma respondeu esboçando um pequeno sorriso e foi até a morena para ajudá-la com o pé machucado – Posso ver?
– Onde meus filhos estão?
– Na sala de música. Posso ver? – repetiu a pergunta e Regina concordou.
O sofá da sala também estava cheio de cacos de vidro assim como todo o chão, então Emma decidiu levá-la até a cozinha. Como sabia que Regina não deixaria que ela a levasse no colo, Emma ia empurrando os pedaços do vidro com a bota para que a morena pisasse com os pés descalços tranquilamente. O rastro de sangue estava no assoalho e não era pouco, o corte no pé da advogada havia sido fundo.
– Senta na cadeira – pediu a loira e Regina se sentou erguendo o pé logo em seguida – Tem um kit de primeiros socorros?
– No banheiro – falou e Emma se apressou em ir buscar.
– Tem um pedaço de vidro preso no seu pé – a loira disse – Vou puxá-lo.
Emma pegou uma pinça que havia ali e com todo cuidado do mundo, puxou o vidro preso na sola do pé da morena. Regina cerrou os olhos ao sentir aquela dor horrível do objeto sendo retirado, mas se controlou para não deixar nenhuma lágrima escapar. Swan limpou o local com álcool e a advogada não conseguiu segurar o gemido de dor.
– Desculpa – murmurou a loira, mas continuou passando o algodão com álcool e assoprou logo em seguida – Vai evitar que infeccione.
– Você é boa nisso – falou Regina tentando se concentrar em outra coisa que não fosse a dor, era um corte fundo e Emma estava preocupada que ela pudesse ter que levar pontos pois continuava sangrando – Filhos?
– Não tive a mesma sorte que você – falou – Mas tenho sobrinhos.
– Deixe-me, adivinhar – fez cara de pensativa – Killian? – Emma riu e negou com a cabeça.
– Rose.
– O que? – perguntou surpresa – Ela sempre abominou a ideia de ter filhos enquanto Killian tinha o sonho de casar.
– Os papéis inverteram – deu de ombros – Lembra do August?
– O que escreveu a peça de natal? – Emma afirmou.
– Eles se casaram alguns anos depois que você foi embora – comentou tentando esconder a tristeza – Rose logo engravidou do Pedro e depois veio a Julia.
– Eu me lembro que eles tiveram um casinho passageiro, mas não nunca imaginei que se casariam.
– Eles se encontraram depois na faculdade – explicou – Foi bem chocante pra todo mundo quando ela disse que iria se casar.
– Eu imagino, eu mesma ainda não acredito – murmurou descrente – E o Killian?
– Toda semana com alguém diferente – falou terminando de enfaixar o pé da morena, mas o sangramento não havia parado e ela definitivamente precisaria ir ao hospital para dar pontos – Ele namorou com uma garota da faculdade, todo mundo achava que eles iriam casar, mas não deu certo e ela sumiu – respirou fundo – Depois disso, ele nunca mais namorou ninguém.
Regina nada disse, entendia perfeitamente o que Killian estava fazendo. Quando se mudou para Inglaterra, costumava fazer a mesma coisa e não teria se casado se não tivesse engravidado de Malia.
– Pronto, fiz o melhor que pude – Emma disse se levantando meio sem jeito por Regina não ter respondido – mas você precisa ir ao hospital para darem pontos, o corte foi fundo.
A advogada concordou com a cabeça, mas não iria ao hospital. Um médico era amigo de sua família e sempre os atendia em casa, então pediu à Emma que buscasse o telefone e ligou para o Dr. Whale pedindo a ele que fosse até sua casa pois havia ocorrido um pequeno acidente e ela precisava de pontos.
– Mãe? – Lia apareceu na cozinha hesitante – Você está bem? – perguntou apontando para o pé da morena.
– Estou, meu bem, me machuquei nos cacos de vidro – respondeu com um sorriso amável no rosto.
– Lia, me ajuda a limpar os vidros? – Emma perguntou e a garota afirmou com a cabeça indo buscar o aspirador de pó.
– Senhorita Swan, obrigada, mas você não precisa fazer isso – Regina disse, não queria que a loira se envolvesse em seus problemas pelo simples fato de não querer ficar próxima dela e se Swan continuasse ajudando dessa maneira, a advogada não queria nem pensar onde isso poderia acabar – Eu agradeço o que fez, de verdade, mas não precisa.
– Regina, por uma vez na sua vida, não seja teimosa – a professora rebateu um tanto quando irritada – Não há segundas intenções no que estou fazendo, só quero ajudar e você precisa de ajuda.
Regina abaixou a cabeça e concordou, sabia que a loira estava certa então não teve outra alternativa a não ser aceitar.
[...]
Assim que Whale foi embora, Emma decidiu que era hora de ir também. Já estava bem tarde e sua aula com Lia havia acabado há algum tempo, não tinha mais nada para fazer ali, mas ainda estava receosa em deixá-los sozinhos naquela casa enorme. Não tinha gostado nenhum um pouco do comportamento do ex-marido de Regina, ela havia pegado algumas ameaças no ar e sabia que a morena havia ficado com medo mesmo sem demonstrar, Emma a conhecia.
– Lia – a loira chamou sua aluna enquanto arrumava suas coisas para ir embora – Esse aqui é o meu número pessoal – falou entregando um papel para a adolescente – me ligue se qualquer coisa acontecer, não importa a hora.
– Você quer dizer pra te ligar caso meu pai volte, certo? – perguntou segurando o sorriso de felicidade ao perceber que sua professora se importava realmente com eles.
– Exatamente – concordou colocando a mochila nas costas.
– Obrigada pelo que fez pela minha mãe – Lia agradeceu olhando nos olhos de Swan – De verdade, obrigada mesmo. Quando morávamos na Inglaterra, não havia ninguém lá para nos defender dos surtos do meu pai.
– Ei – Emma abraçou a menina com força e com o coração apertado por saber que aquela família havia sofrido na mão de um homem que era claramente abusivo – Não precisa me agradecer, eu me importo com vocês.
Mais do que você imagina, garota.
Emma pensou enquanto Lia apenas se entregou àquele abraço aconchegante. Swan tinha um abraço gostoso, se assemelhava muito ao abraço de Regina, abraço de mãe, que faz você se sentir protegido.
– Agora eu preciso ir – Regina apareceu na porta bem na hora que as duas estavam se abraçando, não havia ouvido a conversa e elas não tinham visto a morena ali – Minha namorada está me esperando em casa e se eu atrasar mais um pouco serei uma mulher morta.
– Desculpa, mas ela é um pé no saco – Malia comentou e Emma riu concordando, várias vezes precisou interromper a aula para atender ligações da namorada, era irritante e a adolescente havia pegado birra da mulher.
– Ela consegue ser chata quando quer – Emma apertou levemente a ponta do nariz da menina e ela revirou os olhos.
– Você também tem essa mania? – questionou se afastando e a loira franziu o cenho – Minha mãe também faz isso em mim e no Henry.
Regina que estava parada atrás da porta tentando se esconder, resolveu que era hora de interromper a conversa das duas, por mais que quisesse ficar ali vendo aquela interação que a deixava um tanto quanto feliz – não que ela fosse admitir isso – precisava interromper antes que Malia percebesse algo.
– Lia – chamou entrando na sala – desculpe interromper, mas está na hora de você ir para cama.
– Tudo bem – deu de ombros e as três saíram da sala de música em silêncio.
Malia se despediu da professora e subiu as escadas para ir para seu quarto deixando as duas mulheres sozinhas no local. Regina não sabia bem o que fazer com as mãos então as colocou no bolso traseiro da calça enquanto Emma balançava o corpo levemente sem ter coragem de encarar a morena em sua frente.
Quando a loira criou coragem para abrir a boca e dizer algo, seu celular começou a tocar e ela precisou atender ao ver quem era.
– Oi – falou de maneira contida sob o olhar atento de Regina.
– Emma, onde você está? Já era para estar em casa – Lily disse frustrada e chateada pelo telefone e a loira respirou fundo – Está na casa da garota ainda?
– Estou, mas já estou indo embora, tive alguns imprevistos – respondeu massageando as pálpebras dos olhos. Regina sabia que era falta de educação prestar atenção na conversas dos outros, mas estava curiosa para saber quem era.
– Compra um lanche para mim no caminho, estou morrendo de fome e não tem nada nos seus armários.
– Ta bom, eu levo um x-burger pra você e amanhã a gente faz compras – disse e Lily concordou – Até daqui a pouco, meu bem – Emma desligou o telefone e a morena desviou o olhar – Preciso ir.
– É claro – falou engolindo o nó que havia se formado em sua garganta e foi com a loira até a porta – Obrigada novamente.
– Não precisa me agradecer – sorriu e balançou os ombros – Fique bem e até outro dia.
– Boa noite, Swan – Regina disse educadamente e fechou a porta após ver a mulher entrar no fusca amarelo.
A morena encostou na madeira branca e fechou os olhos tentando controlar as lágrimas. Eram emoções demais para um dia só e Regina sentia que sua cabeça iria explodir, então decidiu que precisava de uma taça de vinho ou duas. Talvez uma garrafa inteira.
[...]
Malia estava naquele sono gostoso que não quer acordar nunca mais de tão bom que está, mas acabou acordando com um barulho de música. Era um piano sendo tocado, mas ela não sabia se estava sonhando ou se realmente estava escutando alguém tocando piano. A garota coçou os olhos tentando se certificar que estava acordada e se irritou com o barulho, só queria dormir. Mas quem estaria tocando piano à essa hora da madrugada? Lia se levantou em um pulo e vestiu o moletom dos vingadores, pois estava frio e desceu as escadas à passos lentos e cautelosos. A menina andou até a sala de música de onde estava vindo o som e ao empurrar a porta com cuidado, se surpreendeu com o que viu.
Regina estava sentada em frente ao piano de olhos fechados tocando uma música que a adolescente adorava e nem sabia que a mãe conhecia e além da morena estar tocando, também estava cantando e Lia percebeu que a voz da mulher era afinada e a menina se apaixonou o ouvi-la cantar. Viu a taça de vinho pousada em cima do piano e também a garrafa pela metade. Ela podia sentir a aura de tristeza em volta da mãe e queria ir lá e abraçá-la com força e dizer que tudo iria ficar bem, mas conhecia bem a mãe que tinha e sabia que ela precisava daquele momento, há anos não chegava nem perto de um piano, então algo estava afetando-a bastante e Lia desconfiava que pudesse ter algo a ver com a briga com o ex-marido, mesmo desconfiando errado.
– Loving you was sunshine, safe and sound – Regina balançava a cabeça levemente enquanto cantarolava a música e Lia percebeu que ela chorava – A steady place to let down my defenses, but loving you had consequences – a menina encostou no batente da porta, a morena não a via pois estava de costas, e ficou observando cada movimento da mãe e como ela não desafinava – Loving you was dumb, dark and cheap. Loving you still takes shots at me, for loving you was sunshine, but then it poured and I lost so much more than my senses 'cause loving you had consequences.
Malia respirou fundo, vendo o quanto aquela música afetava sua mãe, era nítido o sofrimento dela e a menina se sentia imponente por não poder fazer nada. Decidiu sair dali antes que Regina a visse e voltou para o quarto, não comentaria nada com a mulher, não queria invadir o espaço dela dessa maneira. A adolescente deitou na cama olhando para o teto, queria poder ajudar a morena de alguma maneira, deixá-la mais feliz e se ela estivesse sofrendo por Daniel, Lia queria que ela o esquecesse, pois sabia que o pai não a fazia feliz.
Loving you was dumb, dark and cheap
Loving you still takes shots at me
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