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História Lewstale - The Alternative Universe (Undertale AU) - O Médico


Escrita por: Drajur44

Notas do Autor


Olá, meus caros leitores!

Sim, eu deveria ter concluído esse cap "ano passado" (Pedro Piadas), mas não foi o que aconteceu e aqui está ele :)

Um feliz ano novo atrasado e eu posso dizer que esse foi o capítulo mais longo até agora, sendo o penúltimo dessa minha primeira au :)

Só para deixar algo claro, provavelmente, depois que eu acabar essa história, eu farei um jornal explicando alguns de meus projetos para pôr no Spirit em um futuro próximo, então não se preocupem se Lewstale acabar. Não será a última vez que verão o Leozinho e seu maravilhoso azar ;)

Ok, esse capítulo teve uma treta bonita do começo ao fim, vou corrigir alguns erros amanhã talvez e ele está muito grande, então recomendo lerem ouvindo música épica ou algo do gênero ksksks.

Bom, para isso não ficar tão grande como sempre, últimos avisos: Eu ainda farei a capa, talvez ela demore, então vai ficar assim por enquanto, mais desenhos de Lewstale no meu instagram (@drajur44) e por fim...

Boa leitura, pessoal ;)

O desenho da capa não é de minha autoria. Créditos ao autor original.

Capítulo 17 - O Médico


Fanfic / Fanfiction Lewstale - The Alternative Universe (Undertale AU) - O Médico


 

— “Não voltem mais aqui” — Disse Lew com um tom de voz seco ao abrir a porta do último quarto escuro do longo corredor da casa de Toriel. — Não foi o que você disse da última vez em que o vi? — Indagou o esqueleto de bandana, cerrando um pouco seus olhos focados no esqueleto de terno, que se encontrava de pé no meio da sala, com uma leve irritação.

 

A última sala do corredor, que era para ter sido transformada em uma espécie de sala de jogos, nunca havia sido concluída. Suas paredes estavam gastas, com sua pintura faltando em diversas partes, e uma enorme mesa circular empoeirada de madeira de lei descansava um pouco mais para o fundo da sala, com algumas cadeiras ao seu redor.

 

O esqueleto de terno, que estava de costas para a entrada, esperando pacientemente pela vinda do menor, virou-se para Lew, o encarando com sua face sem expressão de sempre, mas logo encarou o chão com um pouco de hesitação e até mesmo uma pequena porção de arrependimento, um olhar que Lew nunca presenciou em sua vida.

 

— Você diz isso para seu próprio filho e ainda tem a coragem de vir aqui? — Prosseguiu Lew, com um tom de voz áspero, e soltou um longo suspiro irritado, tentando se acalmar um pouco. — O que quer aqui? — Perguntou, por fim, com um tom de voz frio. A única resposta que recebeu do médico foi o silêncio, que o fez se arrepender de ter sido tão rude, mas logo Lew foi puxado de seus pensamentos quando o mais alto deu um passo em sua direção.

 

— Eu preciso conversar com vocês. — Disse William com um tom de voz baixo, porém sério. Lew cerrou um pouco seus olhos desconfiado e puxou a porta, que estava segurando desde que a abriu, como se estivesse a utilizando como um escudo, para mais perto de si.

 

— Papyrus não vai querer falar com você. — Respondeu Lew com um tom de voz mais ameno, fazendo o médico soltar um pequeno suspiro aflito.

 

— Preciso esclarecer as coisas, Lew. — Retrucou o médico ainda com um tom de voz baixo, soltando seus braços, que se encontravam unidos na parte de trás de suas costas, e segurando uma de suas mãos com um buraco no meio de nascença, assim como seus olhos vazios, a observando com uma expressão um pouco distante.

 

O esqueleto de bandana voltou seu olhar para a parte de fora da sala escura, parando em Papyrus, que encarava o chão de braços cruzados do outro lado do corredor com uma expressão sombria e nervosa em sua face. O mais alto parecia perdido em seus pensamentos. Terríveis e amargas lembranças que o faziam sentir repulsa de tudo o que seu pai os fez passar eram o que iam e vinham pela sua mente naquele momento.

 

Lew encarou o nada por alguns segundos, pensativo, até que finalmente soltou um longo suspiro hesitante e fez um sinal para que seu irmão se aproximasse, mas Papyrus permaneceu em seu mesmo lugar, sem perceber o sinal de seu irmão mais novo.

 

O esqueleto de bandana repetiu o sinal novamente, mas não conseguiu atrair a atenção de seu irmão, até bater levemente na porta ao seu lado, fazendo o barulho da porta ecoar pelo corredor e atrair a atenção de Papyrus, que respirou fundo e se aproximou com uma expressão cheia de receio.

 

Quando Papyrus entrou no quarto, Lew fechou lentamente a porta com um pouco de relutância e sentou-se junto a mesa com seu irmão, ambos encarando o médico com expressões tensas. William, que havia se sentado em uma cadeira enquanto Lew chamava seu irmão, encarou suas mãos, que se apertavam em cima da mesa, com um olhar rígido, que se desfez rapidamente, atraindo mais um olhar confuso do esqueleto de bandana.

 

— Eu sei que não há justificativa no mundo que reverterá tudo pelo que eu os fiz passar... — Iniciou Gaster, com um tom de voz sério e um pouco mais alto que antes. — Eu entendo se não quiserem me perdoar, mas eu preciso esclarecer tudo para vocês, porque... — O médico se calou durante um instante e fechou seus olhos hesitando em continuar sua frase. — Não sei se terei outra oportunidade para fazê-lo... Eu sei o que estão planejando... Outra guerra é provável de ocorrer e eu não poderia hesitar novamente em contá-los o que preciso. Não como da última vez. — Concluiu, fazendo o esqueleto de bandana estremecer com o que o médico havia deixado implícito em sua frase, mas aquilo não foi o suficiente para desfazer completamente a expressão fria do esqueleto de casaco.

 

— Última... vez? — Perguntou Lew, com um tom de voz baixo, inclinando sua cabeça um pouco para o lado, com um pouco de cautela em seus movimentos, tentando mudar o assunto macabro da conversa. Gaster abriu seus olhos e congelou seu foco em seus filhos à sua frente com um olhar deprimido.

 

— Anos atrás... Creio que talvez você deva se lembrar, Papyrus, de quando a mãe de vocês adoeceu. — Relembrou o médico, fazendo com que o esqueleto de casaco apertasse seus olhos voltados para a mesa com uma expressão de raiva misturada com tristeza, e prosseguiu. — Eu tentei encontrar a cura de todas as formas possíveis e andei por todos os cantos do subsolo em busca da ajuda de meus colegas de faculdade, mas nem mesmo a jovem cientista real promissora, Alphys, e eu conseguimos encontrá-la trabalhando juntos... — Esclareceu, parando sua explicação durante um momento e franzindo levemente seu cenho, formando uma expressão irritada consigo mesmo.

 

— Nada funcionou... Eu estava começando a ficar desesperado, por isso fui feito de idiota. Um dia, um grupo de monstros me ofereceu uma cura para a doença dela. No início, recusei. Ainda acreditava que eu poderia achar uma cura certa, mas, quanto mais o tempo passava, os sintomas dela pioravam e... Chegou o dia em que eu não pude mais esperar. Eu comprei a cura deles, mesmo que o preço fosse absurdo, mas ela não adiantou de nada e... Já sabem o que aconteceu. Antes que ela morresse, pediu para que eu prometesse que os protegeria, algo que não consegui fazer da maneira que Hemed queria... — Esclareceu Gaster, que recebeu um olhar de reprovação de Papyrus. O esqueleto de terno parecia já estar preparado para os olhares secos de Papyrus, que guardava um enorme rancor. O médico levantou um pouco seu rosto e prosseguiu com um pouco mais de velocidade em sua voz.

 

— Quanto mais o tempo passava, mais juros aqueles monstros colocavam por cima daquela cura inútil e o único método seguro que encontrei para resolver aquele problema foi passar cada vez mais tempo em meu trabalho... O meu estresse começou a me afetar cada vez mais e descontei em forma de frieza com vocês... Eu sinto muito por terem tido que sofrer com esse problema... Continuei com isso por anos, até o dia em que novamente aqueles monstros apareceram, mas dessa vez colocando um limite para que eu pagasse tudo ou vocês sofreriam as consequências. Eu não possuía o dinheiro que queriam e sabia que viriam atrás da casa para destruí-la. Eu não queria colocá-los em risco, então os expulsei assim que possível, antes que fosse tarde demais. — Esclareceu Gaster com sua expressão séria, recebendo um suspiro irritado do mais alto, que se levantou da cadeira rapidamente, assustando o seu irmão, que estava focado em ouvir tudo atentamente.

 

— Você ouviu o que acabou de dizer? — Papyrus ergueu seu olhar para o médico e franziu seu cenho, irritado, fazendo o médico voltar sua atenção lentamente para o rosto do de casaco. — Você nos abandonou nas Ruínas por causa disso? Por que simplesmente não nos contou sobre o que estava acontecendo? Poderíamos ter ajudado. — Perguntou Papyrus, com sua voz irritada e levemente trêmula, fazendo Lew encolher-se em sua cadeira com uma expressão pensativa e aflita. A expressão séria de Gaster desmanchou-se e ele afastou seu olhar do de seu filho.

 

— Não pude fazer isso. — Retrucou com um tom de voz baixo, incomodando ainda mais o de casaco.

 

— Não? Por quê? Aqueles monstros não deixaram, é isso? — Perguntou Papyrus, cerrando seus olhos, irritado com a provável “negligência” de seu pai, que negou com um lento movimento de sua cabeça.

 

— Não... Eu queria que vocês me odiassem. — Respondeu Gaster, franzindo seu cenho e fazendo a expressão irritada de Papyrus ceder lugar para uma confusa com sua testa ainda franzida. Lew ergueu seu olhar e encarou o médico, sentindo um leve mal estar dentro de si, como uma espécie de arrependimento pelo modo como o tratou ao chegar.

 

— Do que... você está... falando? — Perguntou o esqueleto de pé, com um tom de voz baixo e extremamente confuso.

 

— Eu não podia fugir com vocês, eles voltariam atrás de nós, então a única coisa que me restou foi ficar e lutar. Por isso decidi que o melhor seria continuar como o péssimo pai que fui para que vocês me odiassem e não sentissem um impacto tão grand, caso conseguissem me matar. — Explicou William, com um tom de voz baixo, fazendo Lew e Papyrus estremecerem com a frieza com que ele disse aquilo, quase como se aquela não fosse uma das piores coisas a qual ele sofreria. — Quando aquele grupo chegou, uma semana depois de eu os ter expulsado, eles destruíram a casa, como previ, mesmo que eu tivesse tentado impedi-los. Tudo estava acabado. A casa que eu e Hemed criamos havia sido reduzida a destroços, mas ao menos vocês estavam vivos. Eu andei pelas Ruínas procurando por vocês para explicar tudo, mas... Quando os vi, eu hesitei. Não consegui contar a vocês sobre o erro que cometi, então pedi a ajuda de Grillby, um velho amigo meu, para que ele os ajudasse. Em compensação, tentaria ajudá-los a distância e quando eu finalmente possuísse coragem, contaria para vocês sobre o que realmente aconteceu. — Concluiu Gaster com uma expressão aflita, porém aliviada, abaixando os prolongamentos de seu terno, os deixando cair, como cordas soltas no chão, enquanto fechava seus olhos, como se estivesse esperando alguma resposta dos irmãos esqueleto.

 

Silêncio foi a única resposta que o médico recebeu, pois dois ainda estavam tentando absorver toda a informação que William soltou. “Por isso Grillby nos ajudou naquele dia...” — Pensou Lew, começando a ligar os pontos e começar a entender o que ocorreu há sete anos atrás. Papyrus sentou-se novamente na cadeira com uma expressão indecifrável e juntou suas mãos enluvadas silenciosamente.

 

— Sou terrível com pedidos de desculpas, mas... Eu... sinto muito. Não quero que me perdoem. Realmente seria ridículo se eu os obrigasse a isso, mas quero ajudar de alguma forma. Participei de algumas reuniões dos grupos que vocês criaram e entendi onde querem chegar. — Prosseguiu Gaster, com um tom de voz firme, recuperando sua expressão rígida. — Aquela flor não vai aceitar seu acordo de rendição, Lew. Você sabe disso tanto quanto eu. — Lew voltou seu olhar para seu pai e rapidamente arrumou sua postura na cadeira, com uma expressão séria em seu rosto.

 

— Não teremos certeza até tentar. Flowey tem o plano dele e vai se agarrar a qualquer oportunidade de capturar Frisk, mas, se conseguirmos mantê-la longe dele, talvez ele se sinta pressionado e se renda. Não acho que o Flowey seja do tipo que gosta de se arriscar. — Respondeu o esqueleto de bandana com um tom esperançoso em sua voz, fazendo seu pai sorrir um pouco com aquilo, deixando Lew um pouco desconfortável, pois não estava acostumado a receber qualquer tipo de expressão agradável vinda do médico.

 

— E como você vai ajudar? — Perguntou Papyrus, com um tom de voz baixo enquanto encarava uma pequena formiga caminhando desorientada pela mesa, tentando não fazer contato visual com o esqueleto de terno.

 

— Quero ser um dos representantes dos grupos, assim poderei ajudar no planejamento de forma mais presente. Há alguns furos no seu plano reserva, Lew, e eu conheço todos eles. — Respondeu Gaster, voltando sua atenção para o esqueleto menor, que o encarou surpreso por alguns segundos por não ter percebido esses possíveis furos.

 

— Por mim, tudo bem, mas quem escolhe os representantes é Asgore. Podemos tentar falar com ele. — Disse Lew com um tom de voz mais tranquilo, fazendo esqueleto de terno assentir e se levantar, indo em direção à saída, e parar antes de sair completamente do quarto, virando-se para Papyrus.

 

— Papyrus, você... — O médico interrompeu sua própria fala quando percebeu que o esqueleto de capuz estava com seu rosto voltado para o chão com algumas lágrimas em seus olhos, fazendo uma expressão preocupada surgir no rosto do de terno, que se aproximou lentamente.

 

— E-eu sinto tanta falta dela... — Sussurrou Papyrus com sua voz travada, finalmente soltando toda a tristeza que guardou durante todos os últimos anos. William hesitou por um momento, mas colocou sua mão no ombro de seu filho e fechou seus olhos com uma expressão compreensiva, fazendo Lew observá-los com um pequeno sorriso satisfeito em seu rosto.

 

— Sim, eu também sinto, Papyrus... — Respondeu William, com um tom de consolo que nunca deu como deveria ao Papyrus depois da morte de Hemed.

 

 

Enquanto isso, em um longo túnel úmido e escuro escondido em Waterfall, um barulho de algo pulando de um lugar alto para uma pequena rocha úmida preencheu o relaxante som de fundo das diversas cachoeiras, que desaguavam por quase todas as salas daquele enorme bioma, seguido por outro semelhante ao seu.

 

Frisk parou sua travessia no meio do percurso da fila desorganizada de rochas que atravessava um longo córrego, o qual separava o caminho que a humana e o dinossauro estavam seguindo, e se agachou em cima de uma das enormes rochas acinzentadas com alguns musgos para observar os pequenos seres que pareciam girinos, que deixavam a correnteza levá-los, com um sorriso animado em seu rosto.

 

Zakhary também parou em uma das rochas um pouco mais a frente e encarou a humana com um olhar confuso.

 

— Tudo bem aí atrás? — Perguntou M.K com seu tom de voz sério de sempre, fazendo Frisk virar seu rosto para ele e assentir com um gesto de sua cabeça, levantando-se rapidamente.

 

— Tudo ótimo. —  Respondeu Frisk, dando um pulo para chegar à próxima rocha e voltando seu olhar para a água do córrego com uma súbita curiosidade. — São girinos? — Perguntou, fazendo M.K cerrar um pouco seus olhos para tentar enxergar melhor os pequenos pontinhos, que nadavam rapidamente juntos a correnteza, e abaixou sua cauda, deixando-a cair na água.

 

— Girinos normais não, está vendo a bifurcação na cauda? Provavelmente são filhotes de Froggit. — Esclareceu M.K, fazendo a expressão da humana dar espaço para uma confusa.

 

— Froggit?

 

— É uma espécie de monstro que costumava morar nas Ruínas. — Respondeu M.K rapidamente, pulando para a próxima pedra junto da humana logo atrás. — Eles se mudaram para cá depois daquilo. — Concluiu, referindo-se aos humanos caídos.

 

— Ah, entendi. — Respondeu Frisk, correndo um pouco para conseguir alcançar o dinossauro. Os dois continuaram sua caminhada silenciosamente por alguns segundos, até que a humana voltou sua atenção para ele e prosseguiu. — Ei, valeu por ter vindo comigo. Eu sei que você estava cansado depois do negócio do Riverman, é que eu realmente estava entediada de passar tanto tempo nas Ruínas. Eu sei que a vida de todos depende da minha segurança, mas... Eu só queria ser um pouco mais útil e fazer algo além de passar o dia trancada naquela casa. — Disse Frisk, com um tom de voz um pouco cansado, fazendo Zakhary encará-la com uma expressão preocupada.

 

— Não precisa agradecer. Eu gosto de você, Frisk, perder um pouco mais do meu tempo em uma missão contigo é um prazer. — Respondeu M.K, esboçando um pequeno sorriso em seu rosto, que fez a humana corar um pouco. — E também, você é útil. Eu não quero te proteger só porque sua alma nas mãos daquela flor pode destruir todos os monstros, mas porque você é importante para mim. — Concluiu, franzindo um pouco sua testa com um pouco de irritação pelo que a humana tinha dito sobre si, a fazendo lançar um sorrisinho para ele.

 

— Eu sou importante para você, é? Em que sentido? — Perguntou Frisk com um tom de brincadeira em sua voz, fazendo o dinossauro corar e voltar seu rosto para frente, andando um pouco mais rápido que antes.

 

— Temos que chegar logo antes que a Leemie invente de trancar a entrada da vila por causa dos surtos dela novamente, como da última vez. — Retrucou Zakhary com sua voz um pouco travada, mudando rapidamente de assunto, fazendo Frisk acelerar a velocidade de seu caminhar para tentar acompanhá-lo.

 

Os dois continuaram pelo longo corredor escondido até conseguirem chegar à sala de cogumelos brilhantes, que possuía a passagem secreta que levava para a entrada da vila Leemie, onde começaram a prosseguir com um pouco mais de cautela, pois os guardas comumente vigiavam aquela área.

 

Quando entraram na vila, Frisk e M.K pararam à frente de uma enorme estátua de pedra com o formado da runa delta para conseguirem retirar as duas caixas de biscoitos caninos que levaram consigo de dentro da bolsa da humana e finalmente entraram na pequena loja apertada da líder daquela vila, Leemie.

 

Frisk analisou os arredores com seu companheiro, mas estranhou o fato de não haver ninguém em nenhum lugar, algo que os preocupou por um momento, até que ouviram um barulho alto vindo da sala que ficava mais para dentro da loja, seguido de um cachorro com uns exuberantes óculos de sol em seu rosto, que saiu lá de dentro segurando uma enorme bolsa preta suspeita com sua boca e os encarou com uma expressão surpresa, soltando imediatamente a bolsa no chão e empurrando-a com sua pata para dentro da caixa.

 

— Leemie não estava fazendo nada ilícito, se é o que vocês estão pensando. — Disse Leemie, com sua voz aguda, lançando um olhar ameaçador para eles, fazendo Frisk virar sua cabeça para o lado, afastando seu olhar com um pouco de medo da pequena figura ameaçadoramente suspeita de óculos de sol.

 

Zakhary aproximou-se da caixa que ficava no âmago daquela loja bagunçada e inclinou-se um pouco para frente com sua expressão séria focada na dona daquele lugar.

 

— Precisamos da sua ajuda para algo importante, Leem. — Disse M.K com um tom de voz sério, fazendo a dona da loja abaixar um pouco seus óculos com sua pequena pata, lançando um olhar debochado, com um pouco de curiosidade, para o dinossauro.

 

— De novo? Por que não pede logo para mim te adotar? Você vem me visitar mais que a minha própria família. — Reclamou a dona da loja, dando um pequeno pulinho, colocando suas patas dianteiras em cima da caixa e inclinando um pouco seu rosto para cima para os óculos deslizarem de volta para seu lugar original. — Mesmo assim, você já sabe como funciona. Se você tiver o “treco”, o carro anda. — Disse Leemie, esboçando um pequeno sorrisinho em seu rosto.

 

Zakhary recuou um pouco e colocou duas caixas de biscoito para cachorro em cima da caixa com sua cauda, fazendo Leemie abaixar novamente seus óculos de sol, cerrando seus olhos para analisar se eram mesmo genuínas e arregalar seus olhos, formando uma expressão surpresa, que foi lançada para os dois visitantes.

 

— Duas caixas? Seu problema deve ser grande mesmo, hein, lagarto? No que foi que você se meteu dessa vez? — Perguntou a dona da loja, com sua vozinha aguda, balançando sua cauda e encarando o monstro à sua frente com um sorriso interessado, fazendo a humana tentar conter sua risada igual da primeira vez.

 

 — Em resumo, precisamos do seu exército para caso um plano dê errado. — Esclareceu M.K, com seu tom de voz sério e firme de sempre, sem dar muitos detalhes para a dona daquele estabelecimento de itens incomuns.

 

— Meu exército? Pelo visto você não é tão santinho quanto parece, M.K. Então, pretende fazer o quê? Derrubar o governo? — Perguntou Leemie, com um pouco de ironia e animação em sua voz, fazendo Zakhary encarar a porta da loja atrás de si rapidamente, temendo que Leemie atraísse alguma atenção indesejada de um possível espião, e arqueou levemente suas sobrancelhas ao voltar sua atenção para ela.

 

— Agora eu estou com um pouco de pressa. Posso pedir para o representante dessa área explicar tudo para você mais tarde. — Respondeu o dinossauro rapidamente, observando Frisk de relance enquanto a mesma aproximava-se de alguns chaveiros incomuns pregados na parede para analisá-los com um pouco de curiosidade sobre os formatos diferenciados deles, como se fossem letras de algum idioma desconhecido.

 

— Não preciso de explicações, preciso de biscoitos, e como já os tenho, você tem a minha ajuda, lagarto. — Retrucou Leemie, arrumando seus óculos de sol em seu rosto com sua pata e alargando seu sorrisinho, fazendo M.K assentir com um rápido movimento de sua cabeça, satisfeito, e se virar para sair da loja com Frisk, mas parou ao ouvir um pigarreado atrás de si. — Epa, não está esquecendo nada? — Perguntou com sua cauda abanando enquanto lançava algumas olhadelas para os chaveiros que Frisk estava observando antes, como se estivesse convencendo-o a comprar algum, fazendo a expressão séria do dinossauro ceder espaço para uma confusa enquanto analisava a loja, se perguntando se havia deixado algo seu em algum lugar.

 

— Não? — Respondeu Zakhary com uma certa dose de incerteza em seu tom de voz, fazendo a expressão animada da dona da loja se converter em uma mal-humorada.

 

— Ah, esquece. Vai embora logo. — Resmungou Leemie, retirando suas patas de cima da caixa e pegando a bolsa suspeita com sua boca, a arrastando para uma passagem secreta, escondida atrás de várias perucas cinzas e blusas amarelas com listras azuis penduradas na parede mais ao lado esquerdo da loja, fazendo os dois visitantes lançarem um último olhar desconfiado para ela e saírem da loja, decidindo que seria melhor deixar aquele assunto de lado.

 

 

Quebra de tempo

 

Frisk e M.K adentraram a enorme sala das Ruínas onde encontrava-se a casa de Toriel, com cuidado para não emitirem nenhum ruído antes de conseguirem passar completamente pelos cipós que a escondiam, e andaram alguns passos mais para perto da grande árvore escura.

 

A humana riu um pouco da careta cansada teatralmente exagerada que seu amigo fez ao se encostar na árvore, mas sua expressão sorridente rapidamente esvaiu-se de seu rosto, dando espaço para uma séria e surpresa, quando seu olhar bateu em duas pessoas muito familiares conversando tranquilamente um pouco mais à frente da entrada da casa.

 

Como consequência, a expressão de brincadeira de M.K também se converteu em uma séria e um pouco confusa com a mudança repentina da feição da humana, o fazendo se desencostar da árvore e andar cautelosamente para longe de seu tronco, de modo que conseguisse ver o que havia preocupado a humana.

 

Asgore estava conversando sobre algo com um monstro desconhecido para Zakhary, o qual era um pouco mais alto que o ex-rei e trajava um terno bem incomum. O dinossauro voltou seu olhar para a humana, que agora possuía uma expressão hesitante em seu rosto, e quando estava prestes a perguntar quem era o monstro mais alto, Frisk começou a andar em direção a eles, deixando M.K sozinho atrás da árvore com uma expressão confusa em sua face.

 

Quando Frisk aproximou-se o bastante para que os monstros pudessem vê-la, Asgore a encarou com um enorme sorriso em seu rosto enquanto o monstro de terno apenas a analisava com uma expressão séria em seu rosto, fazendo-a estremecer um pouco, mas não sendo suficiente para fazê-la desviar seu olhar, que demonstrava um pouco de irritação do mais alto.

 

— Minha jovem, que bom que já chegou! Lew estava começando a se preparar para sair e procurá-los, mas fico feliz que isso não seja mais necessário. — Disse o enorme monstro gentil, com um tom de voz tranquilo e contente enquanto Frisk continuava encarando o monstro de terno, fazendo o ex-rei aproximar-se um pouco mais dele com o intuito de apresentá-lo. — Não se preocupe, Frisk, ele está do nosso lado. Não sei se Lew falou dele para você, mas o seu nome é William D. Gaster. Ele é um velho amigo meu de trabalho, se é que eu posso nomear assim. — Tranquilizou Asgore, colocando uma de suas patas felpudas no ombro do médico sorrindo, fazendo-o desviar seu olhar da humana com um pouco de receio.

 

— Nós já tivemos a chance de nos conhecer antes. — Esclareceu Gaster com seu tom de voz sério e um pouco baixo. O médico respirou fundo, voltou a encarar a humana, que cruzou seus braços e lançou um olhar desconfiado para o monstro de terno, e prosseguiu. — E eu devo me desculpar pela forma como tratei vocês naquele dia. No início, tive minhas dúvidas se estavam falando a verdade sobre Asgore, mas, de qualquer maneira, eu não deixaria de entregar aquela erva para vocês mesmo se estivessem mentindo. — Concluiu, fazendo Frisk descruzar seus braços e franzir um pouco sua testa.

 

— Isso chega até a ser o de menos. Você abandonou o Lew. Se tem alguém para quem você deve se desculpar, é ele. — Retrucou Frisk com uma expressão um pouco triste pelo seu amigo em seu rosto, fazendo o médico arquear suas sobrancelhas e abrir sua boca para tentar explicar, mas fechá-la seguidamente ao ser interrompido pelo ruído agudo do abrir da porta de entrada da casa atrás de si.

 

— Frisk, eu fiquei preocupado com a demora de vocês. — Disse Lew com uma expressão receosa em seu rosto enquanto fechava a porta que abriu, aproximava-se da humana e a analisava rapidamente em busca de algum machucado ou motivo que explicasse o longo tempo que levaram para convencer Leemie. — Aconteceu alguma coisa?

 

— O quê? Ah... Não, claro que não. Só decidimos ir com um pouco de calma, até porque eu amo visitar Waterfall. Aliás, a Leemie concordou em nos ajudar. A missão está completa, chefe. — Respondeu Frisk com um tom de brincadeira em sua voz, esboçando um longo sorriso em seu rosto e fazendo uma espécie de continência, que Lew retribuiu com um pequeno sorriso satisfeito no lugar de sua expressão preocupada. — Ei, Lew...  — Chamou Frisk em um sussurro, desfazendo seu sorriso e aproximando-se um pouco mais do esqueleto de bandana. — Vocês já se falaram? — Perguntou, apontando para o médico com um movimento rápido de sua cabeça, fazendo Lew encará-lo e, em seguida, voltar seu olhar para a humana um pouco sem jeito.

 

— É... Digamos que nós fizemos as pazes. Eu posso lhe explicar melhor depois, mas, antes disso, eu preciso discutir sobre um plano que eu e o Gaster fizemos, mas eu tive que esperar a chegada de vocês. Então... Vamos entrar? — Perguntou Lew com um tom de voz mais tranquilo, fazendo a humana assentir, com um pouco de relutância sobre confiar no médico, e correr até a enorme árvore onde Zakhary estava escondido.

 

Frisk rapidamente chamou M.K e eles entraram na casa junto dos outros que também estavam fora, indo em direção à sala, onde Papyrus estava sentado próximo à lareira, a observando com um olhar desanimado. A humana rapidamente o percebeu e se aproximou com uma expressão confusa.

 

— Ei, Paps, tudo bem? — Perguntou Frisk, fazendo o esqueleto de casaco inclinar-se para frente cerrando seus olhos.

 

— Não. Longe disso. Não está nada bem. — Respondeu Papyrus com um tom de voz baixo e levemente irritado, fazendo Frisk voltar seu olhar para o médico e depois para o esqueleto sentado, como se já soubesse do que ele estava falando.

 

— Eu realmente não sei o que aconteceu enquanto eu estava fora, mas... Não se preocupe, eu não vou deixar aquele cara de terno magoar vocês novamente. — Assegurou Frisk, franzindo sua testa com uma expressão determinada em sua face. Papyrus rapidamente voltou seu olhar para ela e arqueou uma de suas sobrancelhas confuso, que deixou a humana mais confusa ainda.

 

— Humana, do que você está falando? — Perguntou Papyrus, fazendo Frisk inclinar sua cabeça para o lado confusa.

 

— Do que você está falando? — Retrucou Frisk com outra pergunta, fazendo o esqueleto piscar rapidamente.

 

— Do fato do Lew ter assombrado tanto a senhora Toriel que ela me proibiu de encostar o pé na cozinha. Agora eu não posso mais demonstrar minhas impecáveis habilidades culinárias. — Cedeu Papyrus, lançando um olhar assustador para seu irmão, que, ao percebê-lo, deu um passo para o lado para ficar atrás de Asgore e sair do campo de visão do esqueleto de casaco, o fazendo soltar um suspiro irritado. — Mas do que você estava falando? — Perguntou novamente com uma expressão mais suave, fazendo Frisk desviar seu olhar, enchendo sua boca com ar, deixando suas bochechas maiores.

 

— Ah, nada não. Só foi um delírio meu, heh. — Respondeu Frisk, com um sorrisinho envergonhado, que fez o esqueleto mais alto cerrar seus olhos e soltar um longo “hmmm” cheio de curiosidade. — Ei, olha lá! Parece que o Lew vai começar a contar sobre o plano, não é? Eu vou chegar mais perto para ouvir. — Disse a humana, afastando-se de Papyrus antes que ele insistisse em obter uma resposta sua mais completa.

 

Quando Frisk sentou-se à mesa em uma cadeira próxima ao local em que M.K escolheu ficar de pé, Lew juntou desajeitadamente os relatórios espalhados pela mesa e os empilhou com sua magia, deixando o espaço um pouco mais aberto.

 

— Ok, resumindo... O plano que organizei com o Gaster envolve Mettaton. Faz bastante tempo desde o último encontro que tive com ela e que “aquilo” aconteceu. — Iniciou Lew, referindo-se à ativação do controle total de Mettaton pela programação assassina implantada por Alphys. — Eu analisei as possibilidades e percebi que nossas chances aumentarão consideravelmente se conseguirmos a ajuda dela, e eu também fiz uma promessa que pretendo cumprir, mas só conseguiremos a ajuda de Mettaton se conseguirmos a da doutora Alphys. — Prosseguiu Lew com um tom de voz sério, principalmente quando citou a promessa que fez para Napstablook, fazendo algumas expressões hesitantes surgirem nos rostos de todos menos no de William, que já sabia onde o diálogo de seu filho iria levar.

 

— Você está falando do robô que tentou matá-los? Acha que ele vai concordar em vir para o nosso lado? — Perguntou M.K, cerrando seus olhos sem conseguir confiar na ideia insana do esqueleto de bandana, que assentiu com um lento movimento de sua cabeça.

 

— A Mettaton que o Napstablook conhece ainda está lá. Eu vi isso. Mas ela está sendo reprimida pela programação. Se conseguirmos convencer Alphys, ela pode libertá-la. — Respondeu Lew com um tom de voz esperançoso, fazendo Frisk apertar um pequeno prolongamento de seu cachecol com hesitação.

 

— Lew, não é querendo insinuar nada, mas a Alphys não é a cientista real absurdamente leal ao Flowey? — Perguntou Frisk com uma expressão receosa em sua face, fazendo William encarar o chão com um olhar um pouco sombrio.

 

— Não. — Respondeu William, no lugar de seu filho, com seu tom de voz firme, que fez todos voltarem sua atenção para ele. — Já trabalhei ao lado de Alphys diversas vezes. Aquela cientista é brilhante demais para ser enganada por isso, e se ainda estão vivos, é porque ela não os quer mortos. — Prosseguiu, fazendo a humana estremecer com a figura assustadora de terno. — Alphys tem acesso a todas as câmeras de segurança do subsolo. Poderia mandar Mettaton para a frente do grande portão dessas Ruínas a qualquer momento. Ela escolheu não os ver. — Concluiu, cerrando seu cenho e formando uma expressão séria. Lew assentiu à afirmação do médico e voltou sua atenção para o centro da mesa.

 

— Por isso acreditamos que Flowey possa ter ameaçado ela. — Complementou Lew com um tom de voz tenso e irritado com a negligência de Flowey em desprezar os sentimentos dos outros monstros ao ponto de manipulá-los, como se não fossem nada.

 

— Então quer dizer que temos uma chance de ajudar duas pessoas de uma vez só? Aí sim! Qual é o plano? — Perguntou Frisk com um tom de voz animado, esboçando um longo sorriso em seu rosto, fazendo Lew hesitar um pouco em conta-lo.

 

— Bom, resumidamente, eu e o Paps iremos até o laboratório da Alphys para tentar convencê-la e oferecer nossa ajuda, caso Flowey esteja realmente a ameaçando. E eu sei que esse plano é arriscado, mas é o melhor que temos por agora. Com o apoio das duas, poderemos convencer uma boa parte dos guardas sem precisarmos pôr Asgore em risco. — Esclareceu Lew, fazendo uma expressão preocupada surgir no rosto de Asgore e M.K cerrar seus olhos com um ar de reprovação, que a humana ignorou, mantendo seu sorriso animado.

 

— Então temos uma nova missão. Quando nós vamos? Hoje mesmo? — Perguntou Frisk animada com a ideia de poder finalmente sair em missões com seu amigo, como no início da jornada, mas logo sua animação foi rompida por uma expressão incomodada no rosto de Lew. — O que foi?

 

— Frisk, nós não. Você fica. Eu só estou levando Papyrus comigo para que ele consiga identificar melhor os lugares, já que possui um disfarce de guarda real. Não quero te pôr em risco. — Respondeu Lew com um tom de voz um pouco desanimado, fazendo Frisk encará-lo com uma expressão indignada.

 

— De novo? Você não confia em mim, Lew? — Perguntou Frisk, fazendo o esqueleto de bandana arregalar um pouco suas órbitas e balançar sua cabeça em sinal negativo rapidamente.

 

— É claro que eu confio em você, Frisk.  É só que... Essa é uma missão perigosa. — Respondeu Lew com um tom de voz mais baixo, fazendo a humana franzir sua testa com um pouco de irritação, atraindo a atenção dos outros monstros, que decidiram não se intrometer naquele momento.

 

— Você não se lembra de quando só éramos eu, você e a Tori no início? Nós dois sempre fazíamos as missões e conseguíamos cumpri-las juntos! O que mudou agora? — Retrucou Frisk com um tom de voz um pouco irritado, fazendo o esqueleto de bandana soltar um longo suspiro.

 

— Antes era menos perigoso que agora, Frisk... — Respondeu, desviando seu olhar do da humana, com um tom de voz um pouco mais sério.

 

— Era? Lew, no início, nem sabíamos lutar! Nós enfrentamos uma robô assassina sem nenhuma experiência. — Disse Frisk, cruzando seus braços.

 

— E nós quase morremos por causa disso. — Retrucou Lew, com um tom de voz um pouco mais sombrio e soltou um suspiro cansado, voltando seu olhar para a humana. — Frisk, essa missão é arriscada demais. Por favor, entenda. Eu prometo que se surgir alguma outra missão mais segura, eu vou com você — Concluiu o esqueleto de bandana, esboçando um pequeno sorriso preocupado em seu rosto e recebendo um sinal negativo por meio de um movimento lento da cabeça de Frisk, que se levantou da cadeira em que estava, com uma expressão de tristeza e raiva em seu rosto.

 

— Você não é o único que se preocupa com os outros, Lew. Eu queria poder provar para você que sou forte o suficiente para te proteger também. — Disse Frisk com um tom triste em sua voz enquanto levava sua mão até seu colar e apertava seu pingente de Savepoint entre seus dedos. —  Mas você não se lembra de tudo que fizemos juntos... — Concluiu a humana, saindo em seguida da sala e atravessando o corredor.

 

— Frisk! — Chamou Lew com um tom de voz angustiado, levantando-se da cadeira com a intenção de segui-la, mas parou quando M.K afastou-se da parede em que estava encostado

 

— Eu falo com ela. — Afirmou com sua expressão séria e um tom de voz um pouco hesitante, fazendo Lew assentir com um pouco de relutância, permitindo que o dinossauro se afastasse da sala e seguisse a humana.

 

Lew voltou seu olhar para a mesa com uma expressão arrependida e preocupada, sendo puxado de seus pensamentos quando Gaster colocou sua mão no ombro de seu filho, o encarando com uma expressão séria.

 

— Ela entenderá, Lew. É só questão de tempo. — Consolou o médico, fazendo o esqueleto de bandana se sentar na cadeira e colocar seu rosto entre suas mãos, ficando nessa posição por um tempo, até que lançou seu olhar para seu irmão.

 

— Vamos, Paps? — Perguntou Lew, fazendo Papyrus se levantar em um pulo e assentir com uma expressão preocupada com a humana.

 

— Sim, sim, claro. Vou me preparar, Lewy. — Respondeu Papyrus, forçando um sorriso para seu irmão, que retribuiu com um cansado, e saindo da sala rapidamente.

 

 

Enquanto isso, Zakhary havia seguido pelo corredor lentamente até se aproximar da porta do quarto de sua amiga e bater nela levemente com sua cauda.

 

— Frisk? — Chamou sem receber nenhuma resposta. — Estou oferecendo aulas sobre Savepoints de graça. Está interessada na promoção? — Perguntou M.K sorrindo, com um tom de brincadeira em sua voz, mas novamente ninguém respondeu, deixando o dinossauro preocupado e fazendo sua expressão séria voltar ao seu rosto. — Frisk, eu sei que você deve estar bem chateada com o fato de não poder ir, mas... Eu concordo com o Lew... Tipo, não me entenda mal, mas realmente não quero que você se coloque em uma situação desnecessária de perigo. Aqueles esqueletos sabem o que fazem. Você não precisa se preocupar em como eles ficarão. — Consolou com um tom de voz baixo.

 

Zakhary silenciou-se por um momento, esperando receber alguma resposta da humana, mas não obteve nada além de silêncio. O dinossauro soltou um suspiro aflito e encostou sua cabeça na porta, fechando seus olhos com um pouco de hesitação.

 

— Frisk, em resposta àquela pergunta, você é importante para mim. Em todos esses anos que passei sozinho naquele lixão, conhecendo monstros e criaturas sinistras, você foi a única pessoa com quem eu me senti verdadeiramente seguro. Eu... eu só queria te dizer que... — O dinossauro parou e respirou fundo, tentando encorajar a si mesmo e prosseguiu. — Frisk, eu gosto de você. Mais do que uma simples colega ou melhor amiga. Não sei como explicar isso, mas... Eu adoro perder cada segundo do meu tempo com você. Não queria deixar a nossa relação estranha, mas eu só quero que você saiba que eu realmente me importo com você, assim como aquele esqueleto. Eu consigo perceber quando alguém só se importa com o que o outro tem a oferecer, e ele não é desse tipo. — Concluiu M.K com um tom de voz baixo esperando ao menos uma única resposta da humana, algo que não veio.

 

O dinossauro estranhou o silêncio prolongado daquele lugar. Frisk ficar sem responder por uma ou duas vezes era normal, mas ele sabia que ela não conseguiria se segurar por tanto tempo quanto daquela forma. Um arrepio percorreu Zakhary, que colocou sua cauda em volta da maçaneta com hesitação e a virou com uma expressão preocupada em sua face.

 

Quando abriu a porta, M.K arregalou seus olhos sentindo um enorme medo passar por si. Vazio... O quarto da humana estava completamente vazio, exceto por uma régua quebrada em cima da cama. O dinossauro também sentiu falta de uma bolsa desarrumada, que sempre ficava no meio da bagunça daquele quarto e cerrou seus olhos agitado. “Droga, preciso avisar aos outros.” — Pensou enquanto afastava-se do quarto correndo rapidamente até à cozinha para avisar para os irmãos esqueleto, mas se surpreendeu ao ver apenas Asgore e William conversando, pois Toriel havia saído para vasculhar as Ruínas mais cedo com Napstablook.

 

— Onde está o Lew? — Perguntou M.K, arfando um pouco pela sua corrida repentina, atraindo as atenções dos outros dois monstros.

 

— Ele e Papyrus já foram. Aconteceu algo? — Perguntou Asgore com uma expressão preocupada em sua face peluda, fazendo o dinossauro pisar forte no chão com um de seus pés irritado.

 

— Frisk desapareceu. Talvez eu consiga alcançá-los. — Respondeu M.K, virando-se para sair, mas sendo interrompido quando a porta da sala foi envolvida por uma magia roxa com algumas partes vermelhas, a fazendo se fechar bruscamente e parar o dinossauro agitado.

 

— Não, você não vai. Se sair correndo pelas Ruínas com toda essa afobação, só atrairá mais problemas. Vamos deixar isso com o Lew. — Restringiu Gaster, com uma expressão rígida e um tom grave e sério em sua voz, fazendo Zakhary encará-lo por alguns instantes e soltar um suspiro frustrado.

 

— Não faça nenhuma idiotice, Frisk... — Sussurrou M.K, com uma expressão cheia de preocupação em seu rosto.

 

 

Quebra de tempo

 

Após um tempo atravessando as Ruínas, Lew e Papyrus conseguiram chegar ao grande portão e adentrar a floresta nevada, com cuidado para não serem detectados pelos guardas, e pararam no meio do percurso, alguns metros antes de entrarem na cidade de Snowdin, atrás de um grande arbusto de folhas escuras entre dois enormes pinheiros, um lugar excelente para se organizarem sem serem detectados.

 

O esqueleto mais alto enfiou-se entre os galhos do arbusto para tentar encontrar o melhor trajeto para chegarem até o porto de Snowdin, onde encontrariam a passagem secreta indicada por M.K para conseguirem chegar à Hotland e, de lá, ao laboratório de Alphys, enquanto Lew encostava suas costas no enorme tronco do pinheiro e as deslizava por ele até sentar na neve fria, que cobria o chão de terra daquela floresta, com uma expressão cansada e aflita em seu rosto.

 

Papyrus afastou-se do arbusto, ficando de joelhos no chão, limpou algumas folhas que estavam em sua armadura escura com sua luva e encarou seu irmão com um olhar confuso em seu rosto.

 

— Você está se sentindo bem, Lewy? — Perguntou Papyrus em um sussurro preocupado, pensando que talvez seu irmão tivesse se machucado em algum galho ou pedra na floresta. Lew levantou seu rosto e encarou a copa da árvore à sua frente com uma expressão pensativa e um pouco angustiada.

 

— Será que eu deveria tê-la deixado vir? — Retrucou Lew, com uma pergunta, fazendo o mais alto virar-se para ele completamente e encará-lo com um olhar triste pela sensação de culpa de seu irmão.

 

— Você tomou a decisão certa, irmãozinho, não se culpe por isso. Quando voltarmos, você vai ver como a humana vai ter entendido o seu lado. Aliás, foi realmente bom ela não ter vindo, não sabemos como Alphys reagirá conosco, muito menos se ela viesse. — Respondeu Papyrus, lançando um pequeno sorriso gentil para seu irmão, que voltou sua atenção para ele e logo depois para o chão.

        

— É, mas eu realmente acho que estou sendo muito rígido com ela ultimamente. Frisk está certa em um ponto, nós fizemos missões juntos desde o início. Eu deveria ter imaginado que passar tanto tempo a deixando naquela casa enquanto nós nos arriscávamos sem ela a deixaria angustiada. — Argumentou Lew, colocando sua mão na neve e cavando um pequeno buraco com um ar distraído em seu movimento. O esqueleto de bandana soltou um suspiro e rapidamente se inclinou para frente para se levantar. — Vamos continuar? — Perguntou, recebendo um aceno positivo de seu irmão, que logo teve sua atenção voltada para algo atrás de Lew, fazendo uma expressão incrédula surgir em seu rosto, sendo o suficiente para fazer o esqueleto de bandana se virar rapidamente, criando um de seus ossos afiados com sua guarda alta.

 

— Opa, pessoal! — Cumprimentou Frisk com um sorriso em seu rosto, acenando com sua mão, fazendo Lew arregalar suas órbitas e largar seu osso, que desapareceu magicamente.   

 

— Frisk?! — Perguntaram os dois irmãos ao mesmo tempo, com um tom surpreso em suas vozes. Os dois abaixaram-se logo em seguida e encararam a estrada de neve compacta que levava para Snowdin, temendo que tivessem atraído alguma atenção indesejada e depois voltaram a encarar a humana.

 

— O que você está fazendo aqui? — Sussurrou Lew com um tom de voz surpreso, a encarando com uma expressão de desaprovação.

 

— Vocês não vão se livrar de mim tão fácil assim. E também, eu vim te trazer isso. — Disse Frisk com um tom de voz tranquilo, retirando um celular velho de sua bolsa e o jogando para o esqueleto de bandana, que o pegou instintivamente. — Não vai querer que a mãe enlouqueça de preocupação como da última vez, vai? — Concluiu com um pequeno sorriso, arqueando uma de suas sobrancelhas. O esqueleto de bandana encarou o celular irritado por tê-lo esquecido novamente e o guardou dentro de seu cachecol vermelho.

 

— Frisk, isso não é uma justificativa plausível para você ter vindo, sabe disso... — Apontou Lew, com um tom de voz de desaprovação.

 

— De qualquer maneira, você não pode me levar de volta., porque o laboratório vai fechar daqui a pouco. — Retrucou Frisk, com um tom de voz animado, fazendo o esqueleto de bandana inclinar-se para frente com uma expressão cansada.

 

— Tudo bem, você pode vir, mas se eu mandar você fugir, me obedeça. Eu não sei como a doutora Alphys vai reagir. A cientista pode ser um pouco... imprevisível às vezes. — Cedeu Lew com uma expressão hesitante, fazendo a humana assentir com um movimento animado de sua cabeça, que fez o esqueleto de armadura sorrir com a expressão incomodada no rosto de Lew, mas com um pouco de alívio pela humana não parecer estar irritada.

 

        

Quebra de tempo

 

— Queeennte! — Reclamou Frisk quando colocou seu pé no chão arroxeado do porto de Hotland, pulando do túnel, que estava próximo ao teto daquele lugar, fazendo Lew rir um pouco da pequena dancinha de dor da humana.

 

— Eu me preocuparia mais se estivesse frio, Frisk. — Retrucou o esqueleto de bandana com um tom de voz brincalhão, recebendo um olhar irritado da humana, que puxou as mangas de seu suéter para cima e levantou um pouco a bainha de sua calça para reduzir o calor terrível que estava sentindo.

 

Lew foi o próximo a pular do túnel, fazendo um pequeno barulho com o impacto no chão, e correu, atravessando horizontalmente o caminho que levava para escada com a humana para se esconder atrás de uma coluna quando alguns guardas passaram perto do topo da enorme escadaria alaranjada, fazendo um sinal para que seu irmão, que ainda se mantinha agachado com dificuldade pela sua altura no túnel, não descesse ainda.

 

Os dois esperaram alguns segundos e Lew inclinou sua cabeça um pouco mais para o lado da enorme coluna ao lado da escadaria, percebendo que os guardas finalmente haviam se afastado. O esqueleto fez um movimento rápido com sua cabeça para seu irmão, que pulou do túnel e se escondeu atrás de uma coluna diferente mais próxima da passagem secreta, esperando outro sinal de seu irmão, que se agachou, de modo a ficar apoiado em apenas um joelho, e retirou um pequeno mapa, obtido pela Muffet, de sua mochila, o abrindo no chão e o analisando rapidamente.

 

— Certo. Falta pouco para o laboratório. De acordo com as informações da Muffet, nenhum guarda ronda pelo laboratório nesse horário. Temos uma hora até que eles voltem, por isso não podemos nos distrair. — Alertou Lew, com um tom de voz firme, apontando para um retângulo branco no mapa, que provavelmente era o laboratório. Frisk observou o mapa com uma expressão admirada com o tamanho do bioma de Hotland e com um pouco de hesitação, que tentou reprimir, convencendo-se de que tudo daria certo. O esqueleto de bandana voltou seu olhar de seu irmão para a humana com uma expressão preenchida por uma leve preocupação, e prosseguiu. — Estão prontos? — Perguntou Lew, recebendo assentimentos de seus dois amigos com movimentos rápidos de suas cabeças, o fazendo fechar rapidamente o mapa, o deixando em um formato de cilindro e o guardando em sua bolsa. — Então vamos.

 

Lew saiu da parte de trás da coluna, seguido de Frisk e Papyrus, e os três esgueiraram-se até o laboratório, um enorme edifício branco construído acima de um largo rio de lava, algo que explicava o motivo de ser mais quente que os outros lugares, com uma enorme placa escrito “LAB” com letras vermelhas maiúsculas em seu centro acima da porta automática, que se dividia em duas quando detectava algum movimento próximo.

 

A humana analisou o edifício de cima a baixo com uma expressão assustada com o enorme tamanho daquele lugar enquanto Lew parou à frente da porta automática com uma expressão hesitante e inclinou-se para frente, soltando um suspiro e abrindo sem querer a porta, assustando a si e aos outros dois atrás dele, que encararam uma estranha figura em pé um pouco mais a dentro do laboratório.

 

A figura era Alphys, que parecia estar impressionantemente focada na enorme tela à sua frente, a qual exibia diversas plantas salvas de invenções e algumas abas pretas com diversos códigos aleatórios em letras brancas, enquanto balançava sua pesada cauda amarela de um lado a outro no chão de maneira inquieta.

 

Quando o esqueleto de bandana deu um passo silencioso para dentro do laboratório, a cientista franziu seu cenho, sem retirar seu rosto, que possuía uma expressão séria estampada no mesmo, da direção da tela e, com um rápido movimento, pegou uma arma incomum de debaixo da mesa, semelhante às de filmes de alienígenas, e apontou para Lew, que rapidamente a desarmou com sua magia escarlate.

 

— Saia. — Mandou Alphys, com um tom de voz sério e firme, como se já esperasse a visita dos três, encarando Lew com sua testa franzida.

 

— Não viemos machucar você, doutora Alphys. Só queremos conversar. — Assegurou Lew com um tom de voz tranquilizante, soltando a arma da cientista no chão, emitindo um pequeno barulho de metal, que ecoou pelo enorme laboratório. A cientista afastou-se um pouco mais deles e colocou sua mão em cima de seu enorme teclado, como se fosse apertar alguma espécie de botão que chamasse os guardas, mas parou ao ver Papyrus adentrando o laboratório.

        

— Doutora Alphys! Temos que conversar com você sobre algo muito importante. Nós cometemos um erro... Por favor, deixe meu irmão esclarecer as coisas. — Pediu o mais alto, com uma expressão aflita em seu rosto, fazendo a cientista analisá-lo por um momento, afastando sua mão do teclado e a segurando enquanto encarava o chão com uma expressão pensativa e preocupada por um momento.

        

Alphys soltou uma rápida corrente de ar pelo seu nariz e ajeitou seus óculos, o aproximando mais para perto de seu rosto, com sua mão, voltando seu olhar sério para eles.

        

— Vieram falar de Flowey. Eu já esperava isso quando os vi nas câmeras. — Respondeu Alphys com um pouco de preocupação em seu tom de voz. A cientista voltou seu olhar angustiado para sua tela e, ao apertar uma pequena tecla de seu teclado, minimizou todas as abas abertas. — Mettaton contou alguma coisa para vocês? — Perguntou quase em um sussurro, com um tom de voz sombrio, que fez Lew e Frisk arrepiarem-se um pouco.

 

Lew hesitou por um momento em responder à cientista e encarou o chão, procurando pela melhor decisão que poderia tomar.

 

— Apenas sobre a sua programação assassina. Ela sabe do que Flowey pretende e disse que acha que você também. — Cedeu Lew, com um pouco de hesitação em sua voz, fazendo Alphys amassar uma das folhas que estavam em cima da mesa, com irritação e se balançar repentinamente, assustando os invasores.

 

A expressão sombria da cientista real cedeu para um pequeno sorriso estranho, que parecia misturar medo e alívio, algo que os assustou.

 

— Sim... A programação... Por isso estão aqui. — Sussurrou Alphys, com um tom de alívio em sua voz. A cientista voltou seu rosto para o esqueleto de bandana, como se tivesse finalmente saído de seu transe, e recuperou sua expressão séria. — Querem que eu a retire? Por isso vieram? Não estou do lado de vocês, sabem disso. — Respondeu, franzindo seu cenho e fazendo Lew baixar seu olhar.

 

— Então por que não nos denunciou? Disse que nos viu nas câmeras, poderia ter chamado os guardas se quisesse, não? — Retrucou Lew, fazendo a cientista voltar seu olhar irritado e hesitante para o chão. — Alphys, você sabe do plano do Flowey, então por que continua? — Perguntou, fazendo a cientista levar sua mão ao seu rosto, com uma expressão estressada, apoiando-se, logo em seguida, na mesa, com os seus braços cruzados.

 

— Sim, eu sei. Eu sei que ele quer destruir os monstros. Sei que todos vão morrer se ele pegar essa humana. Eu sei... E-eu... — Parou Alphys, com um tom trêmulo em sua voz enquanto soltava um suspiro, que revelava um pouco de medo. — Eu sei... Lew. Mas... Ele também sabe... Desde o começo, suspeitei de que a desculpa do Flowey não fazia sentido. Eu havia examinado você durante pouco tempo, isso é verdade, mas meus exames demonstravam que seu psicológico não havia sido afetado. Eu decidi observar e esperar mais para poder ter certeza absoluta e finalmente poder apresentar minhas descobertas, mas... Ele percebeu... — Alphys parou mais uma vez e respirou fundo, como se estivesse tentando recuperar sua estabilidade e parar de tremer, e prosseguiu com um tom de voz um pouco mais calmo. — Ele percebeu que eu estava descobrindo seu plano, então... um dia... ele veio aqui e completou minhas suspeitas explicando tudo o que pretendia. Eu pensei que talvez ele estivesse me contando, pois havia se arrependido, mas... Ele só fez isso para me ameaçar...

 

— Eu ainda poderia ser útil para ele, por isso não me matou e... como rei, Flowey descobriu alguns... “projetos” meus que ameaçou revelar para todos, caso eu não o obedecesse e escondesse seu plano. — Completou Alphys, como se estivesse tentando esconder algo a mais deles. — Eu errei muito no passado... Não quero que... que me vejam como uma aberração por causa desses erros, então... Desculpem-me. Por favor, vão embora. — Pediu a cientista, com um tom de voz aflito, sentando-se na cadeira próxima ao computador com uma expressão arrependida.

 

Frisk entrou um pouco mais no laboratório e encarou a cientista com uma expressão triste pela situação em que ela estava enquanto Lew se perguntava que informação seria tão perturbadora para fazer com que Flowey conseguisse controlar Alphys como uma marionete.

 

Um longo silêncio tenso estendeu-se pelo laboratório, até que Frisk o quebrou chamando a atenção da cientista, que a encarou surpresa e interessada no fato de ela ser uma humana.

 

— Deve ter sido bem difícil nesses últimos tempos tendo que trabalhar para alguém que quer destruir todos que você conhece, mas... Nós não viemos aqui à toa. Temos um plano para acabar com aquele cara, mas precisamos da sua ajuda e da de Mettaton. Nós viemos para ajudar, então não precisa se preocupar. Não deixaremos Flowey contar o que quer que seja de você. — Assegurou a humana, com um sorriso determinado em seu rosto, fazendo Lew e Papyrus se encolherem rapidamente, incomodados com o fato de Frisk ter se revelado inesperadamente para a cientista no momento errado.

 

— Bom... A humana está certa. Viemos ajudar, doutora Alphys. Pode confiar em nós. — Complementou Papyrus, com um sorriso tranquilizador em seu rosto, que fez a cientista baixar seu olhar pensativo por alguns instantes.

 

— Ajudar? — Sussurrou Alphys enquanto se lembrava de várias coisas cruéis que fez no meio tempo em que Flowey a controlou, arrependendo-se principalmente do que fez à sua amiga, Mettaton. A cientista mordeu seu lábio e voltou seu olhar para eles. — Tudo bem, eu tirarei a programação assassina de Mettaton e farei tudo ao meu alcance para ajudá-los, mas... Tem uma pequena condição. Eu... Gostaria de examiná-los. — Respondeu Alphys, apontando para Lew e Frisk e fazendo Papyrus arregalar seus olhos surpreso.

        

— O quê? — Perguntou Papyrus, com relutância, fazendo a cientista ajeitar seus óculos novamente, sem fazer sua expressão séria desaparecer.

 

— Almas humanas possuem uma estrutura diferente das dos monstros... Eu não a machucarei, mas gostaria de retirar algumas dúvidas rapidamente, e Lew... Sua rachadura cresceu. Eu gostaria de dar uma olhada nela para ver se posso ajudá-lo. — Esclareceu a cientista, fazendo Frisk encarar seu colar de Savepoint com um pouco de hesitação e Lew tocar sua rachadura com uma expressão pensativa. O esqueleto mais alto encarou seus dois companheiros com uma expressão preocupada e acenou em sinal negativo com sua cabeça freneticamente.

 

— Isso é muito arriscado, eu não vou deixar você encostar neles. É óbvio que a resposta é...

 

— Tudo bem. — Lew interrompeu Papyrus, que o encarou com uma expressão incrédula, fazendo Alphys sorrir e a humana assentir com uma expressão determinada.

 

— Mas... — O mais alto analisou seu irmão com uma expressão preocupada em seu rosto, recebendo um sorriso tranquilizador do mesmo.

 

— Relaxa, Paps. Ainda temos um bom tempo até que os guardas voltem, e eu confio na Alphys. Se a queremos do nosso lado, devemos mostrar que ela também deve confiar em nós. — Respondeu Lew, andando até uma bancada ao lado do computador e sentando-se nela com uma expressão um pouco hesitante em seu rosto.

 

A cientista se levantou e foi até ele, colocando alguns pequenos aparelhos na rachadura do esqueleto de bandana e fazendo algumas rápidas análises. Ao fim, Alphys retirou os aparelhos do rosto de Lew e colocou sua mão próxima, ativando alguma espécie de magia em sua mão, que brilhou por um momento e reverteu o tamanho da rachadura para o mesmo tamanho em que estava quando foi originada, fazendo Lew sentir um rápido alívio e sentir seu cansaço esvair-se mais.

 

— Esse é o máximo que consigo reverter, Lew. Sua rachadura cresce de tempos em tempos, mas uma simples magia de reversão pode fazê-la voltar ao seu tamanho original. Infelizmente, continua no mesmo estado de quando lhe disse pela primeira vez: não há cura para rachaduras feitas com magia. — Esclareceu Alphys com um pouco de angustia em sua voz, fazendo o esqueleto de bandana encarar o chão com uma expressão pensativa e depois voltar seu olhar para ela com um pequeno sorriso cansado.

 

— Obrigado, Alphys. Pelo menos, me sinto melhor sabendo que meu rosto não vai se despedaçar por completo. — Respondeu Lew, tentando deixar o clima um pouco mais leve, fazendo a doutora assentir com um movimento de sua cabeça. — Agora é você, Frisk.

 

— Ow, se tiver agulha, eu estou fora. Fico feliz em ajudar, contanto que eu não saia daqui parecendo um queijo suíço. — Retrucou Frisk, com um tom de brincadeira em sua voz, que, ainda assim, possuía um pouco de verdade sobre seu medo de agulhas.

 

Quando Frisk aproximou-se da bancada para se sentar, foi rapidamente surpreendida pelo barulho do abrir da porta automática que se encontrava na direção oposta da por onde entraram, revelando uma alta figura de armadura metálica, com longos cabelos ruivos amarrados no formato de um rabo de cavalo, segurando duas sacolas de papelão, provavelmente molhados pelo óleo dos alimentos guardados nelas, adentrando o laboratório com alguns companheiros de trabalho.

 

O esqueleto de bandana rapidamente voltou seu olhar para a porta, arregalando suas órbitas, com uma expressão surpresa enquanto encarava a enorme guarda real, que lhe lançou um olhar surpreso, que logo tornou-se um ameaçador.

 

— O que você... Alphys?! Ele machucou você?! Rápido, rapazes! Peguem-nos! — Gritou Undyne, soltando as sacolas de papelão no chão e invocando duas de suas lanças mágicas, as lançando contra os fugitivos que desviaram e começaram a correr em direção à porta de onde vieram.

 

Alphys virou rapidamente seu rosto para Undyne, assustada com a visita repentina de sua namorada, que atravessava o laboratório correndo com uma fúria assustadora, e novamente para a porta por onde Papyrus, Lew e Frisk fugiram e fingiu escorregar um pouco para trás, barroando nos teclados de seu computador, que ativaram uma espécie de tranca na porta, fazendo Undyne recuar com seu grupo.

 

— M-me desculpe, Undyne... Eu vou consertar isso! — Avisou Alphys, voltando-se para o teclado e fingindo estar confusa quanto aos controles, mas parando ao ouvir o barulho de algo muito pesado arrombando a porta.

 

 

A cientista virou-se e viu a porta despedaçada com várias de suas partes espalhadas pelo chão e correu para a entrada, de onde pode vê-los ao longe.

 

— Oh não... — Uma expressão preocupada surgiu no rosto da cientista real, que apenas pôde ficar em seu lugar torcendo para seus novos aliados conseguirem escapar.

 

 

Enquanto isso, Lew, Frisk e Papyrus corriam rapidamente por Hotland, tentando desviar das lanças jogadas por Undyne, ao mesmo tempo que procuravam algum lugar onde pudessem se esconder, mas aquela terra parecia ter sido projetada para dificultar fugas daquele tipo.

 

Undyne mirou mais um de seus ataques e o lançou com veemência, quase acertando a humana, que se lançou para o lado para desviar e acabou por cair no chão, fazendo os irmãos esqueleto pararem e voltarem para onde ela estava.

        

— Frisk! Se machucou?! — Perguntou Lew, com uma expressão extremamente preocupada enquanto arfava de cansaço. A humana abraçou seu joelho com uma expressão cheia de dor e negou com sua cabeça, tentando não preocupar seu amigo.

 

— I-isso não é nada. Vamos! — Respondeu Frisk, tentando se levantar e caindo novamente no chão, fazendo Papyrus encarar o horizonte com um olhar assustado.

 

— Nyeeehh... Eles estão chegando, Lewy! — Alertou Papyrus entre arfadas.

 

Lew voltou seu olhar para o horizonte também e cerrou seus olhos obrigando-se a pensar em alguma coisa, até que segurou Frisk com seus braços, a levantou e colocou nas costas de seu irmão, arrancando, logo em seguida, a lança de Undyne fincada no chão.

 

— Lew, o que você... — Frisk foi interrompida quando o esqueleto de bandana deu um passo para frente de onde estavam vindo os guardas e encarou-a por cima do ombro.

 

— Papyrus, leve ela. Se formos todos juntos, não escaparemos. Eles vão nos alcançar. Eu cuido disso a partir de agora! — Avisou Lew, com uma expressão séria em seu rosto, recebendo um assentimento relutante de seu irmão, que começou a correr em direção ao porto, deixando seu irmão para trás e fazendo Frisk encarar Lew com um olhar desesperado.

 

O esqueleto de bandada correu para mais perto dos guardas, que estavam quase chegando, e juntou todo o resto de magia que pôde, levantando sua mão, que estava envolvida por sua magia escarlate, brilhando mais que o normal, acima de sua cabeça, fazendo com que uma barreira de ossos colossal, que atravessou toda a terra e o rio de lava, se erguesse para separá-lo dos seus companheiros, caindo no chão de joelhos após isso.

 

Lew! Não! — Gritou Frisk, com uma expressão desesperada e irritada consigo mesma por não conseguir se soltar das costas do mais alto. — O que você está fazendo, Papyrus?! O Lew ficou para trás! Você vai abandonar o seu irmão?! — Perguntou a humana, irritada com a desistência fácil do mais alto, que a encarou com uma expressão aflita.

 

— Eu também não queria isso, Frisk, mas você sabe como o Lew e suas ideias idiotas são. É melhor conseguirmos voltar para poder planejar uma forma de resgatá-lo do que estragarmos o plano dele. — Respondeu Papyrus relutantemente, com um tom de voz cansado e trêmulo, mesmo sabendo que aquilo não era o que realmente queria fazer, fazendo Frisk encarar a enorme barreira com lágrimas em seus olhos.

 

— Lew...

 

 

Enquanto isso, do outro lado da barreira de ossos, Lew a encarou com uma expressão aliviada em seu rosto, que logo se desfez quando uma sombra de alguém muito alto o cobriu, o fazendo encarar a dona da sombra com uma expressão firme, tentando esconder seu medo.

 

— Já chega, Lew. Estamos nessa palhaçada há meses. Finalmente você foi pegue. — Disse Undyne, com uma expressão séria e fria em seu rosto, fazendo o esqueleto de bandana abaixar sua cabeça com uma expressão frustrada e soltar um curto suspiro.

 

— Undyne, se você puder apenas me... — Lew foi interrompido pela chefe da guarda, que enfiou brutalmente uma lança ao lado dele, o assustando e fazendo recuar um passo.

 

— Não. Eu não vou cair no seu discursinho infantil, Lew. Seu irmão pode ter cedido à sua mentira, mas eu não. Você não enxerga o que está fazendo? Está protegendo uma humana! A raça que matou nossos familiares! Ela é a última peça que precisamos para sair desse inferno. Para dar um mundo melhor para as próximas gerações... E você a protege?! — Disse Undyne, entredentes, com um tom de voz cheio de fúria, mas Lew continuou olhando para baixo, sem encarar seu rosto azulado, fazendo-a recuar sua cabeça para trás e soltar um suspiro cansado, prosseguindo com um tom de voz frio, mas um pouco mais tranquilo. —  Você está cercado. Pode tentar lutar, mas sabe que vai perder. Vamos pôr um fim nesse caos, Lew. Não devíamos estar lutando contra nossa própria espécie. O que vai ser então? — Perguntou Undyne, cerrando seus olhos, que fuzilavam o esqueleto à sua frente. Lew fechou seus punhos com força e soltou a lança de Undyne à sua frente, deixando-a com a guarda mais alta.

 

— Eu... — Lew se calou por um instante, levantando um pouco seu rosto e erguendo seus braços à sua frente, com uma expressão cansada. — Me rendo. — Concluiu, fazendo Undyne e todos os guardas abaixarem suas armas.

 

A chefe da guarda real retirou um par de algemas, com o mesmo feitiço que inibia poderes que as correntes que prenderam Asgore meses atrás possuíam, de seu cinto e prendeu os pulsos de Lew com elas, dando uma última encarada no rosto de seu prisioneiro com um olhar decepcionado.

 

— Papyrus não merecia ter um irmão como você, Lew. — Disse Undyne, com uma expressão fria, recebendo apenas o silêncio do esqueleto de bandana. A chefe da guarda o puxou para sua frente e começou a empurrá-lo em direção ao castelo com seus companheiros guardas reais, deixando a enorme barreira à sua própria sorte.

 

 — Hmm... Interessante. — Sibilou a sombra próxima à barreira, encarando o grupo de guardas reais e Lew ao longe com um sorriso malicioso em seu rosto, desaparecendo logo em seguida.

        

  


Notas Finais


Pão


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