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História Liberdade - Capítulo 4 - Rotina


Escrita por: luzinanda e imakinox

Notas do Autor


Gabi: oioioioi gente! como estão? espero que todos bem!
trouxemos o capítulo mais rápido do que esperamos e curtimos trazer eles bem grandinhos! estamos tão felizes com o quanto a fanfic tá sendo bem recebida! EU NAO ME AGUENTO EU OLHO PRA QUALQUER COISA E IMAGINO O EREN DE SAIA RODADA E LEVI TATUADO PELO AMOR DE DEUS??????????????? essa fic é tudo pra mim aaaaaaaa
esperamos que gostem do capitulo! ♥

Liza: Oi povo, tudo bem?
Apesar da pequena demora, Gabi e eu estamos trabalhando mais em capítulos longos, depois diz pra gente o que vocês estão achando disso, por favor.
Essa fanfic tem me arrebatado gente, cês não tem noção, eu durmo e como pensando no Levi mafioso e no Eren crossdresser, não dá, é demais para o meu coraçãozinho.
Obrigada pelos comentários, favoritos e todo apoio. Boa leitura.

Capítulo 4 - Capítulo 4 - Rotina


Levi estava em seu escritório resolvendo algumas coisas relacionadas a “Asas da Liberdade”. Com informações sendo entregues aos “Titãs”, ele teve pessoalmente que lidar com papeladas e elementos, não podendo se dar o luxo daquelas coisas caírem nas mãos erradas mais uma vez.

Tinha suas dúvidas sobre quem poderia ser realmente, sabia que Erwin também tinha suas suspeitas, mas talvez ainda fosse cedo demais para acusarem alguém, mas ultimamente estavam pisando em ovos para lidar com toda aquela merda.

Suspirou fundo enquanto massageava as têmporas, abaixando minimamente o óculos que usava. Sua cabeça latejava, não queria que as coisas se abalassem com seus subordinados, mas era quase que impossível conseguir confiar em alguém, por mais que no fundo julgasse que ninguém ali seria capaz de traí-lo e nem havia motivos cabíveis para isso em sua cabeça, uma vez que sempre pagou todos bem pelos seus serviços, oferecia uma segurança boa e todos tinham seus privilégios. Era tudo organizado demais exatamente para que não acontecesse isso, principalmente com os mais próximos e que tinham cargos altos.

Por um momento e como se isso o acalmasse de toda aquela tensão, se pegou pensando em Eren e nos seus olhos bicolores e suas saias rodadas. Aos poucos o pirralho estava se soltando, não somente com ele, mas com pessoas próximas também e estava achando isso bom. Por mais que ele muitas vezes se mantivesse apenas na posição de observador e ouvinte, agora dizia mais do que cinco palavras com outras pessoas e isso era bom.

Os dois estavam presos em uma rotina confortável, era casual e aconchegante e não poderiam dizer que não gostavam. Eren sempre o convencia no final de um dia cansativo para que assistisse alguma série ou filme, sempre sentados ou deitados juntinhos em uma intimidade só deles; além de sempre dormirem juntos, quase todos os dias. 

A verdade é que o pequeno Jaeger estava mexendo consigo de uma forma nova, quase assustadora. Sempre se pegava pensando em como a beleza dele era um achado único, quase que rara. 

Gostava de como a pele era macia e perfumada por um cheiro de morango e pêssego e por mais que odiasse cheiros doces, o cheiro do pirralho era agradável para si. Gostava de como sua pele era macia e seus cabelos eram sedosos e brilhantes, a franja caindo pelo seu rosto naturalmente belo e angelical era apenas um dos vários detalhes que compunham toda aquela pessoa que, sem que percebesse, o atraía. Seja quando inclinava a cabeça para o lado quando tinha dúvida de algo, ou então o risinho que dava quando se divertia com algum diálogo que tinha com Hanji ou então a expressão séria quando observava atento todo e qualquer tipo de interação.

Levi sabia que Eren era inteligente, estava aos poucos se soltando e vez ou outra quando conversavam o garoto soltava algo que o surpreendia. Notou também o quanto o Jaeger estava ficando mais próximo de Armin e achou isso bom, visto que o loiro era vivido o suficiente para ensinar Eren no que ele quisesse aprender e parecia estar funcionando. Jamais iria admitir em voz alta o tanto que seu peito se aquecia ao vê-lo sorrir animado com algo ou então quando contava alguma pequena vitória.

Como se isso não bastasse, o corpo pequeno de Eren estava se tornando seu mais novo inferno pessoal. A pele em um tom bronzeado natural era tentadora, a silhueta de uma cintura fina contrastando com as coxas fartas e o bumbum empinado estavam se tornando sua perdição, principalmente quando usava alguma saia rodada curta e meias brancas nas pernas macias e pés pequenos. 

Não era para Eren o atrair tanto, nada disso na verdade. Não fazia sentido em sua cabeça, sempre foi “bruto” e se despia de gentilezas, mas as calcinhas de renda e os babados nas roupas estavam o atraindo de uma forma que não sabia explicar e mudando seu jeito de ser, mesmo que minimamente, quando estava perto do garoto. Sempre foi mais apegado com o áspero, com o couro, mas a figura iluminada de Jaeger veio para bagunçar tudo aquilo que um dia achou ser o seu padrão de atração.

Suspirou fundo mais uma vez e como se o universo debochasse de sua situação, a porta foi aberta e o par de olhos coloridos olharam para dentro do escritório.

— Papai, ainda está aqui? — Eren perguntou, a voz doce entrando nos ouvidos do Ackerman como a mais bela das melodias, como se aquilo o relaxasse instantaneamente de todo o estresse que estava sentindo.

— Estou quase acabando, por que? — Levi afastou a grande cadeira almofadada e viu Eren segurar a barra de um moletom grande azul bebê que usava que ia até metade das suas coxas, suas pernas contrastavam com uma meia três quartos preta, que Levi teve, com muito custo, desviar o olhar. — Venha aqui. — Ele chamou com a mão e Eren mexeu as pernas animado, caminhando devagar até o mais velho.

— É que você está aqui faz um tempo. Quase o dia todo, na verdade. — Eren falou enquanto se sentava automaticamente no colo do Ackerman e olhava para a expressão do mais velho com um ar divertido. — Estava com saudade, papai.

— Você está ficando muito manhoso, não acha?

— Uh? — a cabeça tombou para o lado, negando logo após. — Não acho, papai. Só quero estar perto de você.

Levi deu um riso seco ao ver o sorriso sincero do Jaeger e remexeu na cadeira, procurando uma posição confortável para ficar com o pequeno em seu colo enquanto terminava de ler a papelada burocrática que Erwin lhe enviou; porém, isso pareceu ser como a faísca em um barril de pólvora ao sentir a bunda de Eren encaixar perfeitamente entre as suas pernas quando fez isso.

— Papai, não sabia que você usava óculos. — Eren observou enquanto se mexia no colo de Levi e encarava seu rosto, vendo-o suspirar fundo, com um ar levemente tenso. — O que foi, hum?

— Nada. Quer comer alguma coisa? — Levi perguntou tentando, com muito custo, manter alguma parte da sua sanidade acordada quando sentiu com precisão a calcinha — branca com rendas e babados, ele se lembrava — de Eren roçar levemente na calça de moletom que usava. 

— Hum? Eu estou com fome, papai.

— Que tal pizza? Você gosta?

— Eu amo pizza, mas mamãe não me deixava comer sempre. Era apenas de dois em dois meses. — Eren mexeu as pernas, roçando-as nas de Levi no processo e fazendo uma ponta de raiva subir no interior do mais velho com a frase dita de forma inocente. — Mas eu gostaria de comer pizza hoje, papai.

— Então vamos comer pizza hoje. — Levi murmurou enquanto acariciava lentamente as bochechas em um tom natural rosado, vendo o sorriso se formar novamente nos lábios carnudinhos de Eren e naquele momento se perguntou se eles eram tão macios quanto aparentavam ser. Engoliu seco e mordeu a própria boca enquanto encarava a boca vermelhinha do mais novo fixamente. — Que sabor…

— Hum?

— Pizza. — Levi falou de repente, como se estivesse despertando do seu transe. — Que sabor de pizza você gosta, Eren? Pode escolher.

— Hum… eu gosto muito de queijo! — Ele riu grande e Levi concordou, acariciando a lateral do corpo do Jaeger.

— Então será de queijo. — Levi falou pegando seu celular e pedindo uma pizza em um aplicativo de entregas, voltando a atenção ao pequeno no instante seguinte. — Eu preciso acabar aqui, Eren. 

Eren se mexeu mais uma vez no colo do Ackerman, passando os braços ao redor do pescoço, fazendo um bico adorável junto com uma expressão manhosa demais para Levi ignorar.

— Papai, eu queria ficar aqui. — Eren falou consideravelmente próximo, fazendo Levi suspirar fundo e depositar uma mão na coxa do menor.

Murmurando um “tá bom”, Levi o ajeitou melhor em seu colo e voltou a ler, tentando com muito custo reprimir aqueles desejos que pareciam se aflorar mais e mais com a presença de Eren ali.

O Jaeger observava Levi de baixo, maçãs do rosto coradas ao olhar de perto aquele homem que era tão gentil consigo. Desde o dia em que se sentiu à vontade para se abrir com o mais velho, estava se sentindo estranho. Seu coração parecia que pularia para fora do peito quando via Levi sorrir ou dizer coisas fofas para si, seu estômago revirava e parecia ter algo lá dentro, pois borbulhava toda vez que sentia os braços fortes o abraçarem antes de dormir ou então quando as mãos grandes acariciavam seu cabelo ou tocavam seu corpo durante o banho ou na troca de roupas.

Estranhamente estava começando a achá-lo muito bonito. Não sabia bem distinguir aquilo, mas sabia que se um dia tivesse que se relacionar com alguém — como nas várias séries que estava vendo — sabia que Levi era o seu “tipo”. 

Gostava de como os olhos dele eram felinos e estreitos e mesmo que tivessem uma aura ameaçadora, eles eram acolhedores consigo de alguma forma. Gostava do corte de cabelo dele e como estava sempre perfeitamente penteado e sempre intacto naquele mesmo corte. Gostava da voz rouca dele sussurrando coisas no seu ouvido, isso estranhamente parecia ser um interruptor para que toda uma corrente elétrica passasse pelo seu corpo, proporcionando arrepios por toda sua pele.

Agora ali, vendo-o tão concentrado enquanto lia algo, soube que gostava de mais um lado dele. Vendo-o de óculos, focando toda sua atenção em um papel que — no momento — não era nem um pouco interessante para si, uma vez que estava encantado com a beldade tão próxima a si em roupas casuais quase nunca usadas, mas que também o deixavam tão lindo quanto os ternos chiques que trajava diariamente.

Se remexeu no colo do mais velho, se sentindo consideravelmente quente.

— O que foi? — Levi perguntou encarando-o nos olhos, vendo os grandes olhos brilhando. 

— Nada, papai. Só estava pensando que você é muito bonito. — Eren foi sincero. Sua mãe sempre disse que se achasse as pessoas bonitas poderia elogiar, pois isso era educado e fazia com que elas se sentissem bem. Se pudesse fazer Levi se sentir bem de alguma forma, ele o faria.

Levi arregalou os olhos por um momento e desviou o olhar para o papel, sentindo o calor invadir suas bochechas com a frase dita de forma tão natural e espontânea. Eren o achava bonito e, mesmo que soubesse disso, sua estima cresceu de forma absurda naquela hora. 

Virou-se para encará-lo e o viu vermelhinho e não pôde evitar não sorrir.

— Você também é lindo, Eren. — Foi automático e a carícia na bochecha só tornou o momento mais verdadeiro possível. 

— Papai? — Eren chamou, se ajeitando melhor no colo do Ackerman, fazendo uma pressão involuntária entre seu bumbum e o meio das pernas do mais velho. — Você está comendo direito?

— Sim, Eren. Por quê? — Levi arqueou as sobrancelhas com a pergunta repentina enquanto ainda acariciava as coxas do mais novo.

— Porque o seu osso está evidente. Sinto ele bem embaixo de mim. É perigoso, sabia? — Eren comentou inocente, fazendo com que Levi se engasgasse com a própria saliva ao entender a que Eren se referia.

Estava tão imerso nos encantos do Jaeger que sequer notou que estava naquela situação, sentindo-se no mínimo culpado, mas não negando seus desejos. 

E como se fosse uma luz ao fim do túnel para escapar daquela situação embaraçosa, o interfone tocou.

— Acho que é a pizza. — Foi o que disse ao tirar Jaeger do colo e caminhar até a parte de baixo para pegar o que foi pedido, arrumando o “pequeno” problema no caminho. 

Quando retornou ao apartamento, Eren já estava na cozinha sentado na mesa, com dois pratos e dois copos os esperando. Ele parecia empolgado de alguma forma enquanto tinha as mãos descansando de forma fofa em cima da superfície. Levi os serviu e sentou-se ao lado do mais novo, observando o mesmo comer e fazer sons satisfatórios enquanto degustava do alimento.

Não demorou muito e terminaram de comer, Eren convidou Levi para assistir a um filme no quarto do mais velho — lá tinha televisão — e então ficaram sentados um ao lado do outro na enorme cama. 

Levi observava Eren de canto de olho, notando como o moletom grande deslizava sobre o ombro do mais novo, mostrando perfeitamente o osso de sua clavícula com algumas pintinhas pouco perceptíveis, mas que ele já havia gravado bem em sua memória. Ele esticava as pernas na cama, coxas se roçando levemente enquanto mexia os dedinhos dos pés, Levi viu perfeitamente a movimentação coberta pelas meias pretinhas e aquilo de alguma forma o fez morder o lábio inferior. 

Respirou fundo, tentando buscar onde havia enfiado a seu juízo ao ver Eren com aqueles olhos. Mas era quase irresistível, como se o atraísse mais e mais, não somente pelo seu jeito, mas ao todo era um combo perfeito. 

Resolveu balançar a cabeça e jogar aqueles pensamentos para longe e focar a atenção no filme e quando notou, Eren dormia encolhido na cama com o moletom levemente erguido mostrando um pouco da calcinha branca de rendas e babados. Levi suspirou fundo, abaixando o moletom do mais novo e cobrindo-o com a coberta em seguida. 

Só podia estar ficando louco, ou talvez já estivesse louco por Eren. 

 

_________

 

No outro dia Levi acordou mais tarde do que esperava, seu corpo estava deitado de bruços e seu rosto virado em um ângulo que deixaria seus músculos doloridos pelo resto do dia. Enquanto piscava os olhos, afastando a ardência sonolenta e a preguiça matinal, percebeu que Eren não estava mais na cama, o que era estranho pois Eren sempre dormia em toda oportunidade que tinha, ficando na cama até que sua bexiga ou seu estômago reclamassem.

Curioso, o Ackerman não se importou em tirar o pijama quando saiu do quarto, seus olhos varrendo o apartamento enquanto procurava pela presença do garoto. Acabou não sendo difícil de achar, Eren estava na cozinha cortando algumas frutas no balcão, às vezes ele precisava ficar na ponta dos pés para alcançar algo que estava mais longe, o que se tornou uma visão totalmente adorável.

Eren vestia um vestido azul largo e rodado, preso apenas debaixo do peito, em seus pés delicadas meias de renda branca que combinavam com o arco adornado de renda que segurava os cachos castanhos para trás, roupa que Levi separou no dia anterior sem prestar muita atenção — como fazia todos os dias —, ele parecia focado enquanto fazia uma espécie de salada de frutas, suas mãos cuidadosamente segurando a comida para não se cortar.

Em algum momento, Eren precisou de um ingrediente que não tinha no balcão e sua saga para tentar pegá-lo foi apreciada por Levi, que cruzou os braços e se encostou no batente da porta, rindo baixinho quando Eren esticou o braço, ficou na ponta dos pés e não conseguiu alcançar a prateleira que pretendia. Com o movimento, o vestido subiu, revelando a polpa morena da bunda coberta por uma calcinha amarela de renda.

O sorriso de Levi se desfez enquanto seus olhos estudavam cuidadosamente o pequeno pedaço de pele exposto, desde as curvas suaves da cintura até a carne farta e sem manchas. Foi inevitável para Levi não imaginar aquela pele com a marca de seus dedos, marcas vermelhas e inchadas que durariam alguns dias depois de alguns tapas, Levi tinha certeza que a pele era tão delicada que marcaria facilmente, uma palmatória com certeza faria um trabalho ainda melhor, apostou.

— Papai? — A voz suave fez Levi pular onde estava, seus olhos desviando rapidamente de Eren e se prendendo nos azulejos da cozinha. — Pode pegar o mel para mim?

Com um aceno de cabeça Levi se aproximou, sua ereção arrastando desconfortavelmente dentro de sua cueca apertada demais, uma de suas mãos tampando o volume disfarçadamente enquanto focava sua mente em qualquer coisa que não fosse Eren, precisava se acalmar.

Levi tinha certeza que estava com o rosto vermelho quando precisou ficar nas pontas dos pés para pegar o mel, se sentia um adolescente hormonal reagindo da forma que reagiu ao apenas vislumbrar uma parte do corpo de Eren, corpo esse que ele já tinha visto e banhado vezes demais para causar tanto alvoroço de repente.

Escutou uma risadinha e com o mel na mão, se virou para o dono do som agradável, levantando uma sobrancelha.

— Qual é a graça, mocinho?

Eren riu mais um pouco, colocando uma das mãos na frente da boca e olhando para o chão.

— Você também precisou ficar na ponta dos pés para alcançar a prateleira.

— Tch, eu ainda sou maior que você, criança. — Cruzou os braços, ficando na frente de Eren para provar seu ponto, o Jaeger apenas riu mais. Levi sabia que não era alto e Eren ser menor que ele era um caso especial, pois até mesmo Armin com toda a sua graça conseguia ser alguns centímetros maior que ele.

— Eu prefiro assim, papai. — Eren disse depois de acalmar suas risadas. — Se você fosse grande como o senhor Erwin, seria estranho. Seu tamanho é perfeito para mim.

Levi levantou a sobrancelha novamente, desistindo de discutir depois de observar a forma como o mais novo balançava o corpo de um lado para o outro. Apontou então para as frutas organizadas em uma travessa.

— E o que você está fazendo nessa hora da manhã na cozinha? É difícil te ver sozinho por aqui. 

— Bem. — Eren tombou a cabeça para o lado e mordeu o lábio inferior, suas bochechas se colorindo de rosa. — Eu vi que você estava dormindo e quis fazer o nosso café da manhã, como eu não sei cozinhar nada, decidi fazer uma salada de frutas, papai, desculpe.

— Está pedindo desculpas por que? — Levi enrugou o cenho, se esticando para pegar outra coisa no armário, dessa vez uma embalagem de massa de panquecas. — Gosto de salada de frutas, agora vem, vou te ensinar a fazer panquecas.

Os olhos de Eren brilharam com a atitude.

— Sério? 

— Sim, por enquanto será desta que é mais fácil. — Mostrou a embalagem. — Precisamos colocar apenas um pouco de leite.

E enquanto misturava tudo, explicou para Eren, incluindo como o fogão funcionava e a quantidade que precisava ir na frigideira, deixou que Eren virasse as panquecas, fazendo uma pequena bagunça no processo, mas não se incomodou, terminando sua explicação até que os dois estivessem sentados no balcão com um prato de panquecas, uma tigela de frutas picadas e uma garrafa de mel.

Eles comeram em silêncio e rápido, com fome demais para retomar as conversas animadas que tinham enquanto cozinhavam. Levi estava relaxado e tranquilo, aquela rotina leve com Eren era a parte preferida de seu dia, mesmo que um pequeno tique lhe incomodasse pela bagunça no balcão e no fogão, ele se viu totalmente à vontade naquele silêncio confortável com o outro.

Isso até olhar para o relógio digital da geladeira e perceber que estava dez minutos atrasado para um compromisso importante.

— Porra! — Aspirou o resto da sua comida, se levantando aos tropeços para sair dali, Eren olhou sua reação assustado, os olhos bicolores acompanhando seus movimentos enquanto saía.

— Papai? — Escutou a voz do mais novo, mas não parou para responder, indo diretamente até o banheiro perto de seu quarto.

Tentou tomar banho o mais rápido que pôde, levando em conta sua necessidade de limpar perfeitamente, estava mais atrasado do que antes e quando saiu, se secando com uma toalha e os cabelos com outra, percebeu que tinha esquecido completamente de levar um conjunto de roupas ou seu roupão.

Eren provavelmente ainda estava limpando a cozinha, então Levi não se preocupou em sair do banheiro apenas de toalha, encostou a porta do quarto e correu até o closet, tirando um terno de três peças azul escuro de lá e jogando na cama.

Secou o cabelo com uma toalha extra com uma mão enquanto procurava uma cueca na cômoda com a outra e quando achou, retirou o tecido preso em sua cintura, se preparando para vestir a peça escolhida.

O Ackerman só não esperava a presença de Eren no quarto no exato momento que ficou nu, os olhos do menino estavam presos em seu corpo e o rosto vermelho, as mãozinhas fechadas em punhos.

Por longos segundos os dois ficaram parados e surpresos, Levi totalmente chocado e sem saber como agir, não sabia se falava com Eren ou simplesmente começava a se vestir novamente.

Abriu a boca para fazer alguma pergunta e quebrar o clima estranho, porém percebeu que Eren olhava para ele, mas não exatamente para ele, os olhos bicolores encaravam arregalados sua intimidade amolecida, seu rosto ficando mais vermelho, lábios sendo mordidos e sua respiração engatando em suspiros contidos.

O Ackerman teria ficado confuso se não existisse um volume se formando na frente do adorável vestido azul, que agora parecia totalmente pecaminoso.

— Merda. — Praguejou quando seu próprio corpo reagiu à excitação de Eren, virou de costas para esconder sua ereção furiosa enquanto Eren se assustava e corria dali e mesmo depois de dois minutos sozinho e respirando fundo, Levi não conseguia se acalmar.

Sua pele estava quente e seus nervos, já testados durante toda a semana, não aguentaram mais um segundo daquilo e mesmo que tentasse muito, nada desviava sua mente da imagem de Eren excitado e vermelho apenas com o vislumbre de seu corpo nu.

E porra, Levi não queria pensar nisso, ele não queria imaginar que Eren sentia tanto tesão quanto ele, que o pequeno e inocente Jaeger podia ter uma ereção com a visão de um corpo masculino, era demais para seu controle.

Quando finalmente reconheceu que a pressão conhecida em suas entranhas não iria embora, vestiu um roupão e marchou de volta para o banheiro, já estava atrasado mesmo, não tinha como piorar a situação.

Tinha sim, a situação piorou e muito. Mesmo depois de estar cinco minutos debaixo de água gelada, sua pele não esfriou e seu pênis não relaxou, agora até mesmo pré gozo escorria da ponta enquanto latejava sensível com a água batendo sobre a pele.

Levi fechou os olhos e suspirou enquanto cedia para si mesmo, fazia muito tempo que não se masturbava, seu auto controle era perfeito. Para ser um bom dom, Levi precisava ter controle primeiramente em si mesmo e sua excitação estava incluída, Levi só ficava duro quando queria, ou achava que sim. Então Eren apareceu com as malditas calcinhas de babados, e as roupas delicadas, as coxas grossas e a porra da cintura fina que faziam sua boca encher de água.

O corpo pequeno não era tão franzino quanto as roupas faziam parecer, a genética agraciou Eren com coxas e bunda fartas, tudo adornado por um tom incrível de pele quase dourada e como se não bastasse, havia um par de olhos de cor diferentes, inocentes e adoráveis.

E merda, Levi queria agarrar cada uma daquelas coxas até marcas seus dedos nelas, içar Eren do chão e pressionar o corpo menor contra a parede para então estapear a carne, sentir ela balançar em sua mão com a força usada enquanto Eren ofegava em sua orelha, derretido e excitado, seu nome saindo daqueles lábios perfeitos.

Agarrou o pau inchado e vermelho, quase gemendo com o alívio quando começou a se acariciar. Deslizou a mão até a base, arqueando os dedos dos pés por estar tão sensível, deslizando então a mão de volta para a cabeça, onde apertou, esfregando a ponta com o dedão, espalhando todo o líquido que saía.

Jogou a cabeça para trás, impulsionando o quadril para frente e esticando a própria mão. Eren seria mais apertado que isso, ele com certeza esmagaria sua carne com seu buraquinho virgem enquanto gemia, Levi então brincaria com seus mamilos, morderia com força enquanto abusava da próstata de Eren, levaria o garoto ao limite e não pararia, faria Eren tremer e ter um orgasmo seco atrás do outro, tinha certeza que os sons que sairiam daquela boca seriam mais do que perfeitos.

Moveu a mão rapidamente, acompanhando os movimentos dos quadris, o abdômen definido tenso pelo esforço, gotas geladas escorrendo na pele tatuada e com marcas, desenhando os músculos e arrepiando os poros, os olhos de chumbo fechados enquanto as imagens pervertidas enchiam sua mente e alimentavam seu corpo.

'Papai' se tornaria um mantra pervertido enquanto apertava o pequeno pescoço com sua mão, controlando a respiração de Eren, a voz cada vez mais rouca e perdida com a falta de ar, suas mãos beliscando a carne da bunda até ele cansar de se afundar em Eren, até o orgasmo bater em sua porta e só aí, ele daria algum descanso para o pequeno, jogando seu corpo no chão e ordenando que ficasse de joelhos.

Levi mal percebeu quando aumentou o ritmo, batendo os quadris contra sua própria mão, o outro braço se esticando até o box de vidro para apoiar o corpo agora trêmulo, o ápice se aproximando perigosamente enquanto a imagem de Eren ajoelhado aos seus pés se forma perfeitamente.

Como um bom garoto, Eren obedeceria, seus grandes olhos coloridos encarando com inocência a ereção a sua frente, sua boca entreaberta e as bochechas vermelhinhas e com essa visão, Levi gozaria, manchando a criatura inocente com sua semente, espalhando por todo o rosto as fitas brancas saindo de seu sexo, com um rosnado bateria com o pau na cara de Eren até ele choramingar.

Sua imaginação não foi mais longe, mais rápido do que imaginava Levi estava gozando, seus pés batendo no chão e seus dedos se contorcendo enquanto seu sêmen bate no vidro do box, entornando todo seu tesão acumulado e aliviando, finalmente, a tensão de semanas. Um resultado que nem mesmo uma cena tirava dele.

E que Deus lhe perdoasse por isso, a culpa não abandonou Levi mesmo depois de se vestir, nada tirava da sua cabeça as imagens nada inocentes que criou e depois daquilo, Levi não sabia como poderia lidar com Eren e todo seu charme desproposital.

_________

Eren mal notou quando a porta do apartamento se fechou em um estrondo, ele ainda se sentia quente e muito, muito curioso com o que viu.

Ele se lembrava de sua mãe repudiando qualquer chance de ver um nu masculino ou feminino na TV, ao vivo tinha menos chance ainda de acontecer, visto que as pessoas com quem vivia, seus pais, tomavam banho e se trocavam apenas a portas fechadas e por muito tempo Eren acreditou que os outros corpos seriam parecidos com o seu, as mulheres com seios e cada indivíduo com sua particularidade, alguns com mais barriga outros com mais bunda, nada que fosse realmente alarmante para dar muita atenção.

Porém, quando entrou naquele quarto depois de limpar a cozinha, sua visão foi completamente diferente do que imaginava, Levi era bonito vestido, muito bonito na verdade, ele parecia um modelo ou um daqueles atores bonitões dos filmes, no entanto, Levi desprovido de roupas superou qualquer ideia ou imaginação.

Reparou primeiramente nos braços, especialmente nas linhas escuras traçadas na pele dos dois membros, cobrindo quase que inteiramente com desenhos aleatórios e kanjis que não sabia ler, eles tinham cicatrizes finas espalhadas por todo o bíceps, grandes e desenhados bíceps, ondas duras que iam até o pescoço forte, onde a pele era mais limpa, ali não tinha nenhuma cicatriz ou tatuagem. Como Levi vestia apenas camisas sociais e ternos, não era surpreendente que nunca tenha visto qualquer um dos desenhos na pele pálida.

Ele se perdeu quando observou então o peito igualmente musculoso acompanhado de mamilos rosa claro, pequenos e incrivelmente bonitos, em volta de um deles a tinta preta formando a cabeça de um dragão japonês que subia pelo braço, passava pelo ombro e terminava com a boca aberta sobre o músculo, sem atravessar para o outro lado. Eren nunca achou que se atrairia por tatuagens um dia, mas as de Levi eram lindas e ele não podia negar. A pele se estendia para o abdômen em uma cascata atraente bem colocada, as curvas duras e masculinas serpenteando Levi inteiro. Os quadrados da barriga fizeram a sua própria ficar fria e esquisita, uma sensação de embrulhamento sem enjôo que fez sua curiosidade sobre o resto daquele corpo aumentar e sem cerimônias, Eren finalmente deu uma olhada no sexo exposto.

Foi surpreendente, era maior, muito maior do que o dele, com veias destacadas por toda a extensão flácida, a pele era branca, assim como todo o resto do corpo, menos a pontinha, que tinha o mesmo tom rosado bonito dos mamilos. No topo da virilha um rastro bem aparado de pelos escuros, cercado por coxas duras e pernas grossas, uma delas com a canela tão coberta de tatuagens quanto os braços.

Eren não percebeu que tinha mordido os lábios, seu corpo ficou quente e novamente aquela sensação de estar inflando voltou, sua respiração aumentou de ritmo e suas mãos se fecharam em punhos enquanto observava agora o conjunto todo.

Levi era um homem com músculos definidos e perfeitos, as cicatrizes espalhadas não mudaram em nada a visão que tinha e quanto mais ficava ali, mais abafado o ambiente parecia, Eren sentia que podia explodir a qualquer momento.

E apenas quando Levi praguejou, escondendo sua intimidade e virando a bunda durinha em sua direção, que Eren percebeu sua situação, correndo do quarto com o coração acelerado e as mãos suadas.

Eren se sentia estranho com o mais velho e demorou bons minutos para se acalmar, foi preciso se distrair arrumando o apartamento para esquecer as imagens do Ackerman nu e desinflar seu pênis inchado.

Com um suspiro resignado, ele pegou seu celular que apitava, era Armin mandando mensagens, o loiro dizia estar nas masmorras com alguns outros submissos que queriam conhecer Eren.

Como não tinha nada de produtivo para fazer, o Jaeger calçou um par de tênis branco, pegou seu telefone e saiu, descendo até o clube agora vazio e correndo até a porta cuidada pelo homem grande e assustador, que acenou para ele e não impediu sua passagem.

Assim que entrou no lugar também vazio, Eren reconheceu Armin, Connie e Sasha em uma mesa com outras pessoas, nenhuma delas parecia com as que andavam com Levi e todos usavam a coleira de submissão comprometida no pescoço.

Juntando as mãos na frente do corpo, Eren parou na frente da mesa, sendo recepcionado por Armin com um abraço carinhoso que Eren se esforçou para retribuir, sorrindo para o loiro.

— Eren, você veio! — Sasha gritou, acenando animadamente de seu lugar, espremida entre Connie e um garoto alto e loiro. 

— Pequeno Eren. — Connie brincou, estendendo a mão e batendo seu punho contra o do garoto, que juntou as sobrancelhas confuso.

— Vem, senta comigo. — Armin pegou em sua mão, puxando para que ficasse do lado. — Gente, esse é o Eren, ele está com o senhor Levi.

— Levi? — Um deles perguntou com os olhos castanhos arregalados, Eren não entendeu o espanto.

— Sim. Eren, esses são, Farlan. — Apontou para o loiro ao lado de Sasha. — Ele é o submisso da Isabel, você já conhece ela.

— Sim, Isabel é legal. — Acenou timidamente — É um prazer conhecê-lo.

— Igualmente, Eren. — Farlan sorria abertamente. — É difícil acreditar que você está com o Levi, é tão fofo e delicado.

— Marco e Jean. — Apontou para dois garotos, ambos tinham cabelo castanhos, o de Jean sendo dividido em dois tons claros, quase loiros, os olhos de Marco pareciam castanhos esverdeados e os de Jean castanho escuro. — Jean é o submisso de Petra, Marco também é, mas ele chegou a pouco tempo, assim como você.

— Oi. — Sorriu tímido para os dois rapazes, Marco retribuiu, olhando curioso para o Jaeger.

— Então Eren, o que você tem de especial para prender o mestre Ackerman? Nós não temos nem mesmo permissão para falar com ele. — Jean disse criticamente, ele não parecia ciumento e sim desacreditado, como se Eren estar com Levi fosse uma mentira, o que irritou o Jaeger, que já sentia uma veia esquentar em sua testa. — Você nem mesmo tem uma coleira, sabe onde estamos, não é?

— Estamos aqui porque o clube está fechado e vazio, então sempre marcamos nesse horário e lugar.  — Armin esclareceu, encarando Jean com raiva. — Eren não é um submisso, ele ainda está aprendendo.

— Eu também estou em treinamento. — Marco disse, parecendo animado em não ser o único novato.

— Treinamento? — Eren escolheu ignorar Jean, olhando agora para Armin, porém não foi ele quem respondeu. 

— Todos nós passamos por um período de adaptação, tanto os submissos quanto o dominador precisam aprender os limites e gostos um do outro, geralmente isso acontece quando existe a possibilidade de uma relação séria. — Quem respondeu foi uma garota de cabelos escuros e olhos também negros, ela vestia um leve vestido branco em seu corpo pequeno e bem magro. — Sou Mina, Eren, é bom conhecer você.

— Armin só fala de você o tempo todo. — Outro garoto loiro comentou. — Sou Thomas.

— Mina é submissa de Mike e Thomas de Oluo.

— Então… qualquer pessoa pode fazer essas… coisas? — Eren estava perdido, mesmo que Armin mostrasse e contasse sobre o assunto durante algumas de suas conversas, ele ainda ficava sem entender algumas coisas.

— Sim, desde que seja algo que a pessoa goste, consentimento e respeito são conceitos importantes no BDSM e comunidade kink. — Armin respondeu.

— Você é um baunilha? — Jean falou com desdém, um sorriso maldoso em seus lábios. — Isso explica a falta de vontade do Ackerman de te dar uma dessas.

Jean acariciou sua coleira, exibindo-a para todos na mesa.

— Não seja ridículo, Jean, você sabe muito bem quem Eren é! — Armin foi duro com o outro, Eren se remexeu inquieto no lugar onde estava sentado, o cenho fechando aos poucos a cada frase que Jean dizia.

— Cala a boca, barbie, já é cansativo ver você andar por aí fantasiado, agora temos que aguentar uma cópia baunilha e fajuta.

Todos pareciam chocados com o ataque gratuito de Jean.

— O que-

— Cala a boca! Porra! Quem você pensa que é? Seu… — Eren se levantou, batendo as mãos na mesa, estava visivelmente nervoso enquanto falava. — Cara de cavalo, não ouse falar do Armin, filho da puta de merda!

Jean arregalou os olhos com a boca escancarada, sem saber o que dizer. Eren antes parecia muito tímido e reservado para responder qualquer uma de suas provocações, nunca imaginaria que ele teria esse tipo de atitude.

— Eren… — Os olhos azuis de Armin estavam tão arregalados quanto os de Jean. Eren então encolheu os ombros, sua raiva passando tão rapidamente quanto chegou. 

— Desculpe. — Falou baixinho para o loiro, os olhos grudados na mesa e as bochechas vermelhas, Eren estava visivelmente envergonhado, sabia que não deveria ter explodido daquela forma, sua mãe sempre o repreendia quando mostrava sua verdadeira natureza impulsiva e explosiva. 

Os demais submissos estavam tão assustados quanto Armin. Eren era pequeno, tinha uma aura doce e inocente, mas aquele garotinho fofo emitiu uma fúria nos olhos bicolores que jamais pensaram em ver, tinham determinação e parecia que as orbes coloridas entrariam em combustão a qualquer momento.

— Oh, agora eu entendi porque ele é o submisso do chefe. — Sasha falou enquanto comprimia a boca e olhou para Connie, que tinha a mesma cara.

— Ele tem presença. — O de cabelos curtos concordou, assentindo com a cabeça e logo todos fizeram o mesmo diante da frase da morena.

Todos olharam para Eren que, diferente dos que estavam ali, foi o único que peitou Jean — o submisso mais antigo do clube — e ainda o deixou sem palavras. 

— Bem vindo ao grupo, Eren! — Uma loira baixa de olhos azuis falou de forma doce, Eren a encarou, vendo-a com um vestido rodado de veludo vermelho, meias brancas e sapatilhas pretas, além de ter duas maria-chiquinhas com laços vermelhos no cabelo e uma coleira delicada preta adornando seu pescoço. — Eu me chamo Historia.

 Jean parecia indignado por todos estarem dando atenção à Eren, que claramente era um baunilha. Ele estava com Levi e até aquele momento não conseguia entender a ligação que tinham para alguém tão… delicado estar com o mestre ranzinza e claramente puto com a vida. Nada daquilo fazia sentido.

— Você é um bastardo suicida de se meter com ele! — Jean bateu as mãos na mesa, se levantando. — Marco até hoje está se recuperando das marcas que aquele monstro deixou na bunda dele. Você é um baunilha, não aguenta nem um tapa nessa tua cara, quem dirá uma palmatória na bunda e um plug enfiado bem no meio do seu…

— Jean, chega. — Marco falou, tocando no braço do outro, totalmente vermelho com a exposição desnecessária. — Isso é ciúmes por não ser mais o centro das atenções? Valha!

— Até você? Inacreditável! — Kirstein revirou os olhos enquanto se colocava em pé. — Eu tenho coisas mais importantes para fazer do que ficar lambendo o rabo de gente que claramente quer morrer. 

Todos viram Jean se levantar e se afastar, Marco olhou para o grupo e para o parceiro e sussurrou um “desculpe” antes de segui-lo. Todos deram de ombros, já conhecendo bem aquele lado do outro. Jean costumava fazer aquilo com submissos novos — a única exceção foi com Marco —, por ser um brat, achava que todos os outros eram vulneráveis, além dele e de Armin nunca se bicarem bem.

— Ele é assim com todos, Eren. Não ligue para ele. — Mina abanou a mão, sorrindo de forma reconfortante. 

— Cá entre nós, o que foi isso? Cara de cavalo? — Farlan gargalhou, arrancando risadas dos outros com o apelido que Eren havia dado para Jean.

— Genial! — Thomas bateu uma palma animado enquanto escorava as costas  no assento almofadado do lounge com estavam sentados. 

— Agora só vou chamar ele assim. — Connie ainda ria e Sasha gargalhou alto.

— Você é corajoso! Eu jamais pensei que você seria assim, estou surpresa! — A morena falou colocando as mãos na barriga.

Eren se mexeu, tímido por estar recebendo tanta atenção de repente de pessoas diferentes. Eles pareciam ser legais, sorriam e conversavam muito e nunca pensou que um dia estaria no meio de uma roda de pessoas tão diferentes e conversaria com elas sem restrição alguma. Parecia surreal demais e esses pensamentos foram o suficiente para sorrir espontaneamente. 

— Você curte ageplay, Eren? — Farlan quem perguntou, vendo o rosto bonito e angelical ficar confuso e a cabeça tombou para o lado, arrancando suspiros pela cena fofa.

— Age… age o quê? — Eren perguntou, curioso.

— É uma prática dentro do BDSM. — Armin começou a explicar. — Em uma cena, um indivíduo age ou trata seu parceiro como se ele tivesse uma idade diferente da idade real dele. Historia, por exemplo, é uma praticante de ageplay com a dom dela, que é a Ymir.

— Oh... — Eren sorriu enquanto encarava a loira. — Mas então… acho que não? Eu não entendo nada dessas coisas, desculpe. — Ele virou-se para Farlan novamente ao falar.

— Ah, mas tem tantas outras coisas! — Mina parecia animada ao explicar. — Tem petplay, Armin e eu amamos praticar essa! A maioria das vezes Armin gosta de ser coelhinho, eu prefiro gato.

Eren arregalou os olhos com as diversas informações recebidas ao mesmo tempo, olhando para o loiro que cruzou os braços em uma pose orgulhosa. 

— Você… se fantasia… de coelho? — As bochechas do Jaeger coraram com a imagem que sua cabeça criou automaticamente. 

— Oh, não somente isso. Erwin faz um belo trabalho quando enfia aquela cenoura grande que ele tem bem no meio do… — Thomas foi falar, mas Sasha o interrompeu.

— Expliquem direito, tadinho do Eren! — A morena riu. — Normalmente em petplay, Eren, um indivíduo é tratado como um animal doméstico durante a cena e essa pessoa desempenha todo o papel de animal durante a prática. A maioria das vezes é feita em uma relação de dominação e submissão. Consegue entender?

— Hum… muito pouco. Acho que com o tempo as coisas vão clareando mais. — Ele assentiu levemente com a cabeça. — Então cada um gosta de uma coisa diferente, ou algo do tipo?

— Basicamente. Todos têm suas preferências e isso é acordado quando os parceiros estabelecem uma relação kink. — Armin quem disse. — Por exemplo, Farlan e a dom dele praticam muito a humilhação erótica, por assim dizer.

— Isso significa… — Eren tombou a cabeça de novo enquanto olhava para o loiro. 

— Que é uma prática totalmente consentida, igual todas no BDSM, onde a pessoa que é dominadora gosta de humilhar ou degradar seu submisso para meios de excitação sexual, e o submisso gosta disso. — Mina explicou.

Em algum momento dentro da sua cabeça Eren se perguntou se aquilo seria agradável e se era bom, mas preferiu não expressar essas dúvidas com medo de parecer indelicado. 

— Vocês também praticam essas coisas? — Ele virou-se para Sasha e Connie, que assentiram.

— Eu também sou praticante da mesma modalidade que o Farlan, por assim dizer. — Sasha falou. — Mas Mikasa gosta de bondage e eu também, então fazemos isso. Connie também gosta de bondage. 

— Eu nunca ouvi falar. — Eren apoiou o rosto em uma das mãos enquanto observava a dupla de amigos. 

— É onde você é amarrado! — Connie parecia animado. — Ou preso, ou qualquer outra coisa que restrinja os seus movimentos. Pode ser para estética, erotização e sensorial. É muito bom quando você é vendado enquanto isso acontece!

Eren parecia confuso, era muita coisa para absorver e muitas pessoas falando rápido ao mesmo tempo sobre termos que sequer havia lido na vida. Aquelas coisas não pareciam fazer muito sentido, mas se todos eram praticantes daquelas coisas, deveria ser bom de alguma forma, ele pensou.

— Mas essas são apenas algumas das nossas preferências, claro. Aqui praticamos mais outras coisas, tudo isso acontece bem ali. — Armin apontou para um pequeno palco no meio do salão. — Todos assistem o que fazemos, isso se o dom quiser e o submisso também, caso contrário, eles vão para as salas privadas.

— Mas é divertido quando as pessoas estão olhando. — Farlan deu de ombros.

— Eu concordo! — Thomas falou e todos os outros respondiam com um “eu também”.

Eren pareceu pensar um pouco e algo que Jean disse veio na sua cabeça e se mexeu um pouco desconfortável no assento. Aquele cara de cavalo havia dito que Levi tinha machucado Marco e não imaginava como o mais velho havia feito isso, pois ele sempre foi gentil e carinhoso consigo. 

— Como o pap… como o senhor Levi machucou Marco? — Eren perguntou de repente para Armin, chamando a atenção dos outros.

— Jean estava exagerando, como sempre. — Armin revirou os olhos. — O senhor Levi, dentro disso tudo que falamos, ele faz todas as coisas. Ele é bem… intenso nas cenas que faz, por assim dizer.

— Intenso? Aquilo é uma máquina pronta para matar qualquer submisso! — Connie falou. 

— Por isso nos surpreendemos quando soubemos que você estava com ele. — Farlan emendou. — Você é tão pequeno e parece tão frágil que é quase impossível não pensar nele te quebrando no meio. Ele é bem forte. Isabel me colocou em uma cena com ele enquanto eu estava em treinamento ainda e sinceramente… ele sabe o que faz.

Eren concordou, sentindo algo estranho no peito quando pensou que Levi fazia todas aquelas coisas com outras pessoas e por um momento se perguntou se ele teria vontade de fazer aquilo consigo. Seu rosto ficou vermelho apenas com a possibilidade.

A conversa continuou mais um pouco, os outros submissos pareciam animados com a presença de Eren e com toda a sua curiosidade e inocência diante a comunidade kink e não viram problema algum em tirar as dúvidas que eventualmente surgiam entre um ou outro diálogo. Ficaram assim por algumas horas, até que aos poucos, um por um foi se retirando, restando apenas Eren e Armin, que o deixou no apartamento em cima do clube e disse que tinha que terminar algumas coisas acerca da faculdade, mas voltaria assim que desocupasse.

 _________

Os dias se passaram em uma nova e agradável rotina para Eren, ele tomava café da manhã com Levi, às vezes tomava banho sozinho e quando se sentia mais carente, esperava o mais velho chegar para fazê-lo. Almoçava com Armin ou Hanji e as vezes sozinho, pedindo comida pronta no aplicativo e passava as tardes com os outros submissos no clube, onde conversavam sobre tudo, Eren sempre recebia explicações e a cada dia sabia um pouco mais sobre o mundo de Levi. Jean continuava irritado e não fazia questão de dirigir a palavra para o Jaeger, que não se importou, preferia não repetir a situação anterior e ser mau educado. 

As noites eram reservadas para jantar e assistir alguma coisa com Levi, era seu momento preferido pois eles ficavam abraçados e juntinhos, preferencialmente com Eren no colo do Ackerman, eles conversavam sobre o dia de cada um e Levi fazia carinho em seu cabelo até adormecer.

Eren pensou que as coisas entre eles ficariam estranhas depois do ocorrido no quarto, no entanto Levi parecia alheio a situação, não citando e não falando sobre isso, o que causou sentimentos conflituosos em seu peito; ao mesmo tempo que Eren queria fingir que não aconteceu e continuar na rotina confortável com Levi, ele também queria conversar e entender exatamente as sensações diferentes em seu corpo, na verdade, depois de tantas conversas com Armin e os outros Eren tinha uma vaga noção do que estava acontecendo.

E ele desejava não só entender, mas ter um pouco mais daquilo.

Levi continuamente fazia seu coração acelerar, sempre que os toques aconteciam em partes incomuns em seu corpo, como nas coxas ou no pescoço, sua respiração automaticamente se desregulava e Eren se sentia afundar, era bom e totalmente satisfatório, receber atenção de Levi deixava seu peito quente e sua pele arrepiada e Eren gostava muito disso.

Naquele dia Eren não estava sentindo vontade de socializar, seu humor estava esquisito o suficiente para fazê-lo se sentir sufocado, as paredes do apartamento sempre reconfortantes pareciam opressoras e o clube não era uma opção agradável, por isso enviou uma mensagem a Armin pedindo para que conversassem mais tarde no apartamento ou em outro lugar, o loiro entendeu e não insistiu no encontro diário.

Segurou o celular entre os dedos por longos dez minutos enquanto tomava coragem para falar com Levi, no fundo sabia que o Ackerman nunca negaria algo assim, porém o medo antigo de ser repreendido ainda estava lá, e se Levi também ficasse com medo dele se machucar ou se perder na rua?

Respirando fundo, digitou uma mensagem simples, enviando e desviando os olhos para o teto. Eren sabia que se recebesse uma negativa toda a imagem construída de Levi começaria a ruir.

[Eren 14:38]: Papai, perdão por incomodar.

[Eren 14:39]: Posso ir naquele parque em frente a janela da cozinha? 

Apertando o celular entre os dedos, Eren esperou enquanto Levi demorava um tempo para responder, o que era comum.

[Papai 14:51]: Oi, você não incomoda, sabe que pode falar sempre que quiser, eu vou responder quando puder.

[Papai 14:52]: Eren, você não precisa de permissão, pode ir onde quiser. Só deixe sua localização ativada e me avise antes, certo? Para caso precise de ajuda.

Eren encarou o celular, uma mistura de alívio, surpresa e animação substituindo o receio anterior.

[Eren 14:52]: Muito obrigado!

[Eren 14:53]: Desculpe atrapalhar seu horário de trabalho, até mais tarde!

[Papai 14:55]: Você nunca atrapalha. Eu preciso voltar para o trabalho, divirta-se.

[Eren 14:55]: Muitos beijos.(灬º‿º灬)♡

Rindo, guardou o celular no bolso do shorts jeans que vestia, sabia que Levi faria uma careta para sua última mensagem e a imagem mental disso sempre era divertida. Ajustou as meias azuis claras que cobriam metade das suas coxas, calçou sapatilhas brancas e observou sua blusa da mesma cor, procurando alguma possível mancha no tecido caindo em seus ombros.

Satisfeito com sua aparência, Eren correu porta afora, animado demais para dar atenção para seus cachos rebeldes, a franja caindo desordenadamente sob os olhos.

O caminho até o parque foi curto, então Eren não pôde aproveitar para observar os arredores tanto assim, o clube era um prédio imponente bem ao lado do parque que continha uma extensa área verde, muitas mesinhas externas estavam espalhadas nas sombras das árvores junto de banquinhos de madeira. Tudo sobre grama verde e fofinha.

Um grupo de pessoas brincava com seus cães, todos vestidos com roupas leves e soltas. Outro grupo fazia poses engraçadas sobre tapetes coloridos e alguns adolescentes faziam um piquenique, rindo e conversando entre si.

Várias famílias diferentes passeavam com seus filhos, crianças felizes que corriam pela grama, algumas rolavam no chão e outras pulavam de um banquinho para o outro, rindo da própria bagunça. Havia até mesmo um grupinho de pirralhos brincando de pega-pega e observando a brincadeira fascinado, Eren parou de andar, sua mente automaticamente associando aquelas famílias a pessoas que ele evitou pensar durante todos aqueles dias.

A dinâmica era muito diferente para não comparar, seus pais nunca permitiram que corresse descuidadamente daquela forma, ou que se envolvesse em brincadeiras com outras crianças, menos ainda que escalasse móveis perigosos como os banquinhos. Sua roupa ficaria suja e ele se machucaria, então quando podiam sair para algum lugar assim — raramente — não podia soltar a mão de sua mãe e nem correr, as regras eram claras e o castigo por quebrá-las era não voltar a sair em muito tempo.

Mas mesmo quando as crianças daquele parque se machucaram, não havia muito choro, seus responsáveis abraçaram os pequenos corpos e logo os pequenos estavam recuperados, as lágrimas secavam em segundos e os ralados podiam ser ignorados para que continuassem a brincar.

A sujeira não incomodava nenhum dos adultos, na verdade todos encaravam com extrema naturalidade, como se as roupas não fossem mais importantes do que a diversão dos filhos.

Eren piscou, seus olhos ardendo quando um questionamento antigo surgiu.

Por que sua própria diversão nunca foi importante? Por que sua mãe focava tanto em mantê-lo perfeitamente limpo e intocado? Brincar parecia tão simples e fácil, não havia motivos para temer tanto algo como aquilo.

Foi inevitável não imaginar como seria se ele tivesse vivido como qualquer uma dessas crianças,  o quão divertido teria sido correr no meio de outros pirralhos, ralar o joelho e receber um abraço reconfortante por isso, para então voltar a brincadeira e escalar árvores e bancos, criar um mundo de imaginação fora das paredes pastéis de seu quarto, correr naquele vasto mundo verde sem medo e sem repreensões.

— Uma menina tão bonita, por que está chorando, querida? — Uma voz rouca e falha surgiu bem ao seu lado e antes de responder, Eren piscou confuso, suas mãos indo até o próprio rosto para sentir as duas pequenas lágrimas que escorreram de seus olhos.

Ele não percebeu que chorava.

— Seus olhos são únicos, menina, me permite reproduzi-los? — Finalmente se virando para a pessoa que falava consigo, Eren não se surpreendeu em encontrar uma senhora baixinha e grisalha que carregava uma pequena bolsa, ela sorria amavelmente em suas rugas e marcas de expressão, os olhos cor de mel analisavam seu rosto com cuidado.

— Reproduzir? 

— Sim! Vê os cavaletes? — A velha apontou para um lado que Eren não tinha dado muita atenção, lá continha uma fileira de cavaletes em frente a um lago repleto de patos.

— Eu não tinha… — Observou a paisagem por trás do lago, o sol batendo na água e as árvores refletindo diversas cores ali, as sombras criando traços únicos na grama. — … visto.

— Lindo, não é? — A senhora sorriu, parecendo nostálgica. — Meu filho adorava pintar, ele sempre vinha aqui comigo.

— Sim, deve ser incrível pintar aqui. — Eren estava sendo sincero, toda a angústia anterior desapareceu como mágica com a vista a sua frente, um resultado que até o momento, apenas Levi tinha conseguido. Porém Eren não estava surpreso, a pintura sempre tirava o seu melhor e antes de tudo acontecer, era sua melhor amiga e companhia.

— Você também pinta? — Os olhos da mulher brilharam. — Quer me acompanhar? Ainda quero desenhar seu lindo rosto.

— Eu adoraria, mas não trouxe meu material. — Sua expressão derreteu em desânimo, Eren sentia falta de pintar, mas nem mesmo sabia se ainda possuía algum material.

— Não seja boba, eu tenho o bastante para nós. — Levantou sua bolsa. — Qual o seu nome?

— Sou Eren. — Corou com o olhar de interesse que recebeu e agradeceu silenciosamente quando nada foi dito. 

— Então vamos, Eren, você pode me chamar de vovó. — Piscando um dos olhos, a velha começou a andar rápido demais para sua idade, fazendo Eren se apressar para acompanhar, um sorriso feliz enfeitando o rosto moreno.

A partir de então, seu humor azedo melhorou consideravelmente.

 

_________

 

Bufando, Levi largou o celular de qualquer jeito sobre a mesa, a ligação com Erwin finalizada e novamente, estavam sem saídas.

Informações importantes continuavam vazando e nenhum dos dois tinha qualquer pista de quem poderia ser o traidor, ao menos não com certeza, apontar alguém sem nenhuma prova mínima seria um erro que nem ele nem Erwin estavam dispostos a cometer.

Ele sabia o que o traidor queria, jogar uns contra os outros e fazer a organização cair de dentro para fora era uma tática antiga e infelizmente, funcional. Enquanto essa pessoa continuasse se esgueirando sem cometer nenhum erro, eles pagariam com as vidas dos subordinados que perdiam e com acordos roubados.

E mesmo que Levi não quisesse perder tanto, ele sabia que precisava manter o controle e agir friamente, aquele era um jogo de equilíbrio e se ele quisesse vencer, deveria pensar em uma maneira de estar um passo à frente, e logo.

A porta se abriu em um estrondo, revelando uma presença ruiva e animada. Inicialmente Levi apenas torceu o nariz, pronto para xingar o idiota que entrou daquele jeito sem bater, mas quando percebeu ser Isabel, sua expressão suavizou, os olhos verdes da ruiva brilharam com a percepção da mudança; Não era afetuoso como acontecia com Eren, mas o suficiente para ser notado.

— Com licença, senhor Ackerman. — Isabel debochou, se jogando na cadeira de frente para a escrivaninha onde Levi trabalhava. — Você parece feliz.

Levi ignorou a ironia da amiga, suspirou retirando os óculos de leitura do rosto.

— O que faz aqui tão cedo? Não tem trabalho a fazer?

Isabel mostrou a língua para o mais velho, quando não haviam outras pessoas por perto, o Ackerman permitia que agisse com mais intimidade, coisa que a ruiva sempre acabava ansiando.

— Eu tenho. — Resmungou sem vontade. — Mas não é como se estivesse muito divertido por lá, Farlan está com os outros submissos então eu resolvi vir matar o tédio com você.

Levi juntou as sobrancelhas em falsa irritação e antes que pudesse evitar, a pergunta saiu de seus lábios. 

— Ele está com Eren?

Isabel ficou parada por dois longos segundos, encarando o chefe sem expressão, ela pareceria chateada se Levi não a conhecesse, ele sabia que a mulher estava apenas fingindo para lhe chatear.

— Talvez, você é quem deveria saber o paradeiro dele, não é? — O Ackerman então se lembrou que o menino deveria ainda estar no parque. — Você tem passado bastante tempo com o Jaeger, não? Farlan disse que ele é seu submisso.

— Eren não é-

— Eu sei que não. — Isabel cortou, ignorando totalmente o olhar mortal que recebeu por isso. — Mas o que Eren acha sobre isso? Ele está se iludindo?

A conversa é interrompida por batidas leves na porta e massageando as têmporas, Levi envia um olhar de aviso a Isabel antes de resmungar um 'entre'.

Pixis, Shadis e Oluo estavam sérios e silenciosos quando entraram, Levi aguardou que a porta fosse fechada e que eles se aproximassem da mesa para falar.

— Então?

— O carregamento para Sina já está pronto, temos homens em todos os pontos centrais. — Pixis começou, parecendo bêbado com os olhos vermelhos e o corpo levemente inclinado, nada novo para nenhum dos presentes. — Cem homens dessa vez, mesmo que sejamos interceptados, não acredito que vá acontecer como antes.

— Eu quero Petra vigiando a situação, ela vai acompanhar de cima. — Pixis concordou com sua ordem.

— Enquanto em Trost a polícia não será um problema. — Shadis informou. — Nilo está em contato com outros delegados, vamos abrir caminho para evitar escândalos.

— Bom.

— Eu vou antes, estarei lá para receber e organizar o carregamento pessoalmente, se tivermos um furo, irei cobrir, é bom que Petra fique para me acompanhar. — Oluo deu sua parte. — É provável que os Titãs apareçam.

— Conto com isso. — Levi encarou cada um dos três antes de voltar sua atenção para Isabel, que parecia entediada com toda a conversa. — Repassem os detalhes com Erwin, eu já estou com a bunda lotada de merda agora, ele me passa o que for relevante.

E com um aceno de cabeça dos três e um balançar desinteressado de sua mão, viu os subordinados saindo um por um até restar novamente apenas a presença irritante de Isabel.

— Então, é bom ver você se aproximando de alguém, acho que nunca te vi assim. — Isabel voltou a falar, os olhos presos no porta canetas na mesa. — O Eren é incrível por conseguir isso, ele é um bom garoto.

— Ele é. — Levi concordou indiferente enquanto tenta entender onde Isabel queria chegar com seu discurso.

— Mas… Ele é só um menino, sabe? Ele está traumatizado com tudo o que aconteceu, Levi. Não queira arrastá-lo para o BDSM, você sabe que ele cederia porque gosta de você, isso é justo?

— Nós não temos uma relação assim, Isabel, não suponha coisas demais.

— Ainda, não é? Quanto tempo você acha que isso pode durar? — A ruiva respirou fundo, se ajeitando na cadeira. — Eren não sabe como as coisas são nessa comunidade, ele não entende nada, se isso que vocês tem passar de amizade, acha que será bom para ele? 

— Você está exagerando. — Levi não estava aceitando aqueles argumentos, mesmo que a expressão de Isabel fosse de preocupação, não parecia se encaixar, não fazia sentido. — Eu não faria nada para machucar o Eren.

— Eu sei. Só estou preocupada com vocês dois. — Isabel então deu de ombros, cruzando as pernas sobre a mesa e começando a tagarelar sobre um assunto que Levi não deu a menor atenção.

Sua mente estava em Eren e o mínimo pensamento em se afastar do garoto e impedir as coisas progredirem fez seu peito apertar dolorosamente.

Eren era um ponto importante em sua rotina e em sua vida, Levi não conseguia mais se ver sem ele. A culpa disso foi inevitável, confundindo o Ackerman ainda mais.

 

_________

 

Faltava cerca de duas horas para Levi chegar quando Armin apareceu, Eren já estava em casa e de banho tomado, suas roupas sujas de tinta fresca jogadas dentro da máquina e um sorriso leve em seu rosto. O loiro analisou o rosto moreno por um instante enquanto os dois se aconchegavam na cama macia do quarto do Jaeger.

— Você parece leve, menos mal humorado. — Armin começou, fazendo Eren corar levemente.

— Me desculpe por ser desagradável nos últimos dias. 

— Não se preocupe com isso, mas então, o que você fez para melhorar? — Um sorriso malicioso despontou nos lábios pintados de rosa do loiro, Eren juntou as sobrancelhas em dúvida. — Algo sexual rolou entre você e o senhor Levi?

— O-o que? — Eren estava confuso, envergonhado e com os olhos arregalados. — Não, eu fui ao parque e pintei,  isso me acalma.

Mesmo com sua explicação, a expressão maliciosa de Armin não se desfez.

— Vai dizer que nada do tipo rolou entre você e o Ackerman? Você está sempre no colo dele. 

— O que seria exatamente… isso? — Eren sabia o que era sexo, ele estudou que para se reproduzir o ser humano precisava fazer certas coisas, porém sua anatomia e de Levi não pareciam se encaixar muito bem para ele se imaginar reproduzindo com o outro.

Só então a expressão do loiro se desfez, ele finalmente se tocando que Eren não tinha muita noção de sexo e com um suspiro resignado, decidiu que explicaria sobre.

— Eu e Erwin estamos em um relacionamento, certo. — Eren concordou com a cabeça. — Quando estamos sozinhos e temos vontade, nós expressamos o quanto gostamos um do outro com atitudes íntimas, isso também envolve o BDSM.

— Eu sei o que é sexo, mas… — Eren juntou as sobrancelhas, olhando para onde a saia amarela de Armin cobria. — Você não tem uma vagina, como isso acontece? Vocês se reproduzem?

— Não, nós fazemos isso para nos sentirmos bem, prazer sabe? Sexo não é só para fazer bebês, homens não podem engravidar. — Eren revirou os olhos com o tom óbvio do outro, ele sabia disso. — Existem muitas formas de dar prazer, pode ser acariciando o pênis um do outro ou áreas sensíveis do corpo, isso é muito individual. 

Eren sentiu suas bochechas esquentando conforme se lembrava do seu pênis ficando sensível com a visão de Levi.

— Quando toques não são suficientes, pode ter penetração, em nós garotos acontece no ânus.

— O-o que? Não dói?

— Só no começo, mas quando acerta a próstata fica muito melhor e se ficar estimulando lá, faz gozar rapidinho.

— Gozar? — Eren já estava cansado de se sentir constrangido enquanto Armin falava sem se afetar, ele parecia na verdade divertido com suas reações.

— Quando chegamos no limite da estimulação nosso corpo produz o sêmen, você deve saber o que é ejaculação, ela só acontece por causa do prazer.

Oh, agora fazia sentido, Eren nunca tinha pensado por esse lado.

— Então… você e o senhor Smith fazem coisas… assim? 

— Sim, ele me faz sentir bem. — Armin corou levemente, porém não chegou nem perto do vermelho abrasador das bochechas de Eren. — E você, tem vontade de fazer isso com alguém?

Armin não precisava ser tão sugestivo, Eren sabia que ele estava falando de Levi e o movimento afirmativo de sua cabeça fez o loiro sorrir satisfeito.

— E quem é essa pessoa que te deixa excitado, Eren? — O moreno suspirou, sabia que Armin queria que ele dissesse claramente o nome da pessoa.

— Excitado é se sentir bem? — Armin confirmou. — Quando o pap… senhor Levi, me toca em lugares diferentes…

Eren olhou para as próprias coxas, as mãos apertadas em punhos e as bochechas vermelhas.

— Eu fico quente e meu coração acelera muito, isso é estar excitado?

Ele então encarou os olhos azuis de Armin, que estavam arregalados com algo que entendeu.

— Oh Eren, é muito melhor. — Armin pegou nas mãos do mais novo, sorrindo para confortar o pequeno. — Posso te dar alguns conselhos sobre isso?

Curioso, Eren concordou, ouvindo atentamente cada palavra.

 

_________

 

Levi chegou um pouco mais tarde do que havia programado, estava cansado, sua cabeça doía a ponto de pensar que ela iria explodir a qualquer momento. Suspirou fundo enquanto afrouxava a gravata e tirava seu paletó, jogando-o em cima do encosto do sofá, e caminhou pelo apartamento silencioso demais. Normalmente Eren estaria esperando por ele na sala para que assistissem algo, mas isso não aconteceu. 

Estranhando, Levi foi até a cozinha que estava vazia e decidiu ir até o quarto do Jaeger, muito provavelmente ele estaria lá. 

A porta estava encostada, então apenas a abriu com calma, tendo uma visão de todo o quarto tão conhecido. Eren estava deitado no meio de sua cama, estava com um conjunto rosa de saia de pregas curta e um moletom folgadinho e com meias brancas transparentes três quartos nas pernas e pés. Levi mordeu o lábio inferior com a cena, vendo-o se sentar assim que notou sua presença. 

— Papai, bem vindo de volta. — Eren sorriu, seu rosto estava vermelho e suas mãos fechadas sobre suas pernas. — Você demorou. 

— Demorei mais que o esperado, mas tinham coisas que precisavam da minha presença. — Levi justificou enquanto se aproximava da cama. — Você já comeu algo? Quer que eu te dê banho?

— Hum? Não… — Eren se endireitou melhor na cama e deu dois tapinhas ao seu lado na colcha amarela, quase que um pedido silencioso para que Levi fosse até ele. — Pode vir aqui, papai?

Levi só suspirou fundo e assentiu com a cabeça, indo até a cama e sentando-se nela. Não demorou muito para Eren subir em seu colo como de costume, passando as mãos ao redor de seu pescoço e o encarou profundamente. Os olhares estavam fixos um no outro e Levi sentiu o perfume doce emanando da pele morena, quase como se o drogasse de uma forma que quase entrava em transe. 

— Eu fiquei com saudade. — Eren fez um biquinho adorável e Levi deu um riso seco, balançando a cabeça negativamente. 

— Você está ficando muito mimado, hum? — Ele pegou no queixo de Eren, levantando-o um pouco. 

— Eu gosto de ficar perto de você, papai. — Eren riu, inclinando a cabeça. — Você não sentiu saudade?

Levi arqueou a sobrancelha por um momento apenas para rir abafado em outro. Eren era adorável demais e se perguntou como era sua vida antes dele, pois nem se lembrava mais. 

— Eu senti sim. — Levi sussurrou, embora não fosse a intenção sua voz sair baixa e rouca, ele o fez e acompanhou Eren corar mais ainda. — Está tudo bem?

Eren de repente pareceu tímido demais pensando em como as mãos grandes de Levi pegavam sua cintura ou como a voz grave dele causava arrepios em sua pele. Enquanto roçava a ponta das unhas na parte raspada da nuca do mais velho, Eren lembrou-se dos conselhos que Armin havia lhe dado horas atrás e seu coração se acelerou instantaneamente ao olhar para a boca fina em um tom rosa claro natural que Levi tinha; sua boca pareceu secar naquele momento e por isso passou a língua no lábio inferior para molhá-la e viu os olhos estreitos de Levi acompanharem o gesto e notou quando ele pareceu engolir seco logo após. 

Estava se sentindo quente novamente, o interior de suas coxas pareciam entrar em combustão, seu coração estava acelerado e seu estômago remexia de forma gostosa e ao se lembrar dos conselhos de Armin e seguir os sinais de seu corpo, inclinou a cabeça e captou os lábios de Levi em um beijo. 

Levi estava surpreso com a atitude de Eren, jamais pensou que o pequeno Jaeger o beijaria e aquilo o deixou sem reação no primeiro segundo; no entanto, ao sentir a boquinha molhada se mover atrapalhadamente contra a sua, jogou sua sanidade no lixo e gritou um foda-se para o lado da sua consciência que dizia que ele não deveria fazer aquilo. 

Sempre se pegou pensando em como era a textura daqueles lábios carnudinhos, em como seria a sensação de beijá-los e de tê-los em outros locais de seu corpo. Porra, aquilo era melhor do que tinha imaginado em seus pensamentos mais sujos. 

Uma voz ainda sussurrou em sua cabeça, dizendo que muito provavelmente Eren não havia beijado ninguém em sua vida e com esse pensamento — além do deleite em ser o primeiro a provar daqueles lábios — tentou reprimir os seus instintos de dom e iniciou um ósculo calmo, fazendo movimentos suaves e leves enquanto sentia Eren lhe corresponder e imitar o que estava fazendo aos poucos.

E que merda Eren aprender tão rápido como roçar os lábios ou então como usar a maldita língua quente e pequena. Nem Levi percebeu direito quando o beijo se tornou algo mais rápido, ou quando as mãos pequenas de Eren apertavam força sua camisa — a essa altura já amassada — ou iam até seus cabelos negros, puxando-os ou bagunçando-os. 

Arriscou, findando um beijo com uma mordida no lábio inferior de Eren, que arfou baixinho ofegante e não demorou mais que um segundo para emendar novamente as bocas e aproximar os corpos. 

Ah, sim. Levi estava a ponto de ficar doido, as mãos fortes apertavam a cintura por baixo do moletom, arranhando a pele e tentava, com muito custo, não apertar com mais força com medo de deixar alguma marca ou assustá-lo, mas isso não tinha indícios de acontecer, já que Eren estava com o peito colado no seu, as pernas pequenas já haviam circulado o seu corpo e estava sentado bem em cima do seu colo, ambos se esfregando e se estimulando no processo. 

“Foda-se essa merda toda!” Levi rosnou para si mesmo quando uma das mãos grandes saiu da cintura e foi para as coxas fartas, apertando ali com força, enquanto a outra foi até o cabelo, pegando uma quantidade generosa e puxando a cabeça rumo a sua boca, ouvindo ofegos e arfadas baixas que deixavam a sua mente nublada com o som do paraíso. 

Dessa vez foi Eren quem findou o beijo, mas com uma chupada seguida de uma lambida nada — mas nada — inocente no lábio inferior de Levi e como se aquilo fosse combustível para mais, somado com as mãos pequenas pegando com força nos seus fios pretos já bagunçados a essa altura, o Ackerman não resistiu e agarrou com força a bunda de Eren com as duas mãos, dedos passeando e tateando a carne gostosa e durinha, tinha certeza que a ponta deles estavam brancas e a bunda do mais novo marcada com a ponta dos seus cinco dígitos. 

Não notou quando forçou Eren para cima da sua excitação, roçando a bunda farta em seu membro, ou quando a língua do mais novo se enroscou na sua de forma tão perfeita que sabia que seria seu mais novo vício, ou então quando seus dedos passearam livremente pelo rabo gostoso que Eren tinha, enfiando a calcinha de renda minúscula na meio das bandas e pegando todo o pedaço de pele disponível com força, impulsionando-o para cima, apenas para quicar em cima de seu pau que já estava duro. 

— Ah, papai… — Eren gemeu manhoso ao separar as bocas. 

Levi notou a expressão de completa bagunça que o mais novo se encontrava: estava ofegante, vermelho, cabelos longos bagunçados e a saliva que interligava a boca de ambos caiu, formando um rastro maravilhosamente erótico no canto da boca carnudinha que estava extremamente vermelha. 

Porra, seu pau latejou só com aquela cena. 

E como se sua consciência retornasse aos poucos enquanto encarava os olhos bicolores piscarem lentamente — como se estivesse em estado de torpor —, Levi caiu em si, retornando à realidade. Olhou para baixo, vendo a saia rosinha que Eren usava levantada, indicando o quão excitado ele havia ficado com aqueles beijos e se assustou ao notar o quão duro ele próprio estava com carícias tão superficiais. 

Suspirando fundo, tirou Eren de seu colo com delicadeza e o sentou na cama. 

— É melhor pararmos por aqui, eu preciso tomar um banho. 

Eren sequer disse nada, apenas confirmou com a cabeça e viu Levi se levantar após fazer um carinho pequeno em seu rosto e cabelo. 

Eren deitou-se, sentindo-se mais quente do que um dia já esteve. Algo incomodava dentro da sua calcinha minúscula e sabia bem o que era, abriu as pernas e os braços enquanto se deitava de barriga para cima, tentando assimilar tudo aquilo que estava acontecendo. 

As mãos de Levi não foram tão gentis como sempre eram. Elas o pegaram com força, intensidade, totalmente o oposto de quando ele o banhava ou o pegava no colo, elas o levantaram com força, apertaram sua carne e passaram por todo o seu corpo. 

Enquanto Eren tocava cada parte de seu corpo que Levi havia tocado, pensou em como havia gostado de ser pego daquela forma. O jeito que ele o beijou, o jeito que a língua quente e molhada de Levi invadia sua boca sem pudor algum, a forma que seus lábios foram mordidos e chupados, o jeito que ele havia pego em seu cabelo, ou agarrado sua cintura e apertado seu bumbum… Era diferente de tudo, era forte e agressivo, era intenso demais para ignorar e nesse momento Eren notou o quanto havia gostado daqueles toques. 

— Eu quero repetir isso mais vezes… — Ele sussurrou para si mesmo enquanto passava a ponta dos dedos nos próprios lábios, sentindo o gosto da boca de Levi ali. Suas roupas estavam impregnadas pelo perfume forte e caro que o Ackerman usava e sua pele levemente marcada pelos toques das mãos grandes. 

Era como se fosse totalmente de Levi, sem restrição alguma. 

Pensando em tudo isso, acabou pegando no sono. 

 

________

 

No outro dia Eren acordou com o celular tocando, era Armin avisando que estava a caminho para que tomassem café da manhã juntos. Animado com a presença do loiro, Eren espantou a preguiça pulando da cama, ignorando o fato de estar com as roupas do dia anterior e sozinho em sua cama. Não era comum, porém acontecia vez ou outra, então o Jaeger não estranhou.

Só teve tempo de escovar os dentes, lavar o rosto e fazer suas necessidades básicas antes de escutar a porta da frente se abrir. Já sabendo que era Armin, Eren sorriu feliz ao encontrar o loiro.

— Você parece feliz. — Armin comentou sugestivo, fazendo o mais baixo desviar os olhos e corar. — Acho que precisamos conversar.

Eren concordou com a cabeça.

— Vamos na cozinha. — Pegando na mão do loiro, foi puxando em direção ao cômodo citado sem prestar atenção na expressão surpresa dele.

Os dois se acomodaram no balcão da cozinha, de costas para a porta. Armin observou Eren com atenção por alguns segundos em silêncio, seus olhos azuis lendo atentamente os sinais não tão sutis do Jaeger. Eren provavelmente tinha acabado de acordar, o que não era novidade, a surpresa mesmo era ver o garoto com roupas amassadas, afinal, Armin já conhecia a rotina matutina de Eren e Levi o suficiente para saber que sempre haveria um banho ou uma troca durante as manhãs. Outro ponto que lhe surpreendeu foi Eren estar tão animado e alegre que pegou em sua mão sem qualquer receio, antes o contato físico sempre parecia forçado e receoso, contudo desta vez Eren parecia bem com isso.

— Você seguiu os meus conselhos? — Armin perguntou ansiosamente, deixando a sutileza para outro momento. — Todos eles?

Eren ficou adoravelmente vermelho, mordendo os lábios e juntando as mãos na frente do corpo enquanto lembrava das coisas que aconteceram no dia anterior, mais especificamente à noite.

— Não todos. — Respondeu timidamente. — Mas eu fiz uma coisa.

Armin se ajeitou ansiosamente em seu lugar, a boca se abrindo em expectativa.

— Com o senhor Levi? — Eren concordou com a cabeça, prendendo novamente o lábio inferior entre os dentes.

— Ele chegou e estava bonito e… cheiroso. — Enquanto falava, Eren tombou a cabeça para o lado, a franja tampando parte de seus olhos. — E estar no colo dele foi bom, como sempre, mas… me lembrei do que você disse, sobre beijar.

Armin concordou em silêncio, lembrava-se das explicações e conselhos que deu para Eren no dia anterior e uma delas foi sobre a importância e intimidade que um beijo tinha.

— Ele te beijou? — O loiro não se aguentou, quase pulando de seu lugar, um sorriso enorme despontando em sua boca.

— Não. — Eren ignorou a forma como os ombros do loiro murcharam. — Eu beijei ele.

A expressão do Arlert foi cômica, a boca pequena abriu e fechou como se ele fosse um peixinho tentando respirar, Eren achou fofo, rindo da reação do mais velho sem disfarçar.

— Você está falando sério? Como isso... aconteceu? Eu pensei que você nunca-

— Foi a primeira vez, eu não sabia como falar as coisas que você me contou. — Encolheu os ombros, lembrando-se da forma como ficou envergonhado estando frente a frente com o homem, naquele momento Levi pareceu o senhor Ackerman intimidador que tanto falavam. — Então eu encostei minha boca com a dele.

— E?

— Ele fez o que você me disse, mas só até uma parte.

— O senhor Ackerman te beijou. — Armin ainda estava surpreso, focado naquela informação e em choque demais para escutar o resto. — Oh meu Deus, vocês transaram?!

Armin agora estava assustado, e se seus conselhos foram longe demais e ele acabou influenciando Eren a fazer o que não queria? O moreno não tinha falado se estava pronto ou não para começar uma vida sexual, Eren parecia ainda estar tentando entender que ele tinha direito a viver livremente para se preocupar com outras coisas.

— Não! — Eren praticamente gritou de volta. — Ele não enfiou o pênis dele em mim, ele só apertou o meu bumbum e enfiou a língua na minha boca.

Enquanto falava, Eren parecia totalmente obstinado, determinação brilhando em seus olhos enquanto seus lábios moviam sem que desse permissão antes que pudesse evitar, já estava falando demais, tampando a própria boca para evitar que revelasse demais a Armin, as bochechas voltando a ficar vermelhas.

— E você gostou? — Armin agora sorria maliciosamente, a preocupação anterior se desfazendo e aliviando o coração apertado.

Ainda com a mão na boca, lentamente Eren concordou com a cabeça, conseguindo ficar ainda mais vermelho, dessa vez suas orelhas e colo acompanhando. Armin riu da timidez do outro, logo sendo acompanhado por Eren e sem que percebessem, a conversa continuou, focada em outros assuntos.

Nenhum dos dois percebeu Hanji parada na porta; a mão na maçaneta, os olhos apertados em preocupação e a expressão fechada. Tão silenciosamente quanto entrou, Hanji saiu, andando diretamente para o quarto do chefe.

Foi surpreendente encontrar Levi apenas em uma calça de moletom e sentado na cama, os cotovelos apoiados nas coxas e as mãos enfiadas entre os fios escuros, bagunçando ainda mais o cabelo já desarrumado.

— Você está horrível. — Hanji falou se encostando na porta após fechá-la, inicialmente Levi não fez nenhum movimento para olhar em sua direção.

— Foda-se quatro olhos de merda.

— Eu passei pela cozinha e o Eren estava lá com o Armin. — Levi estremeceu ao citar o nome do mais novo, porém não se mexeu da posição que estava. — E eu escutei uma conversa muito interessante sobre beijos entre um homem de trinta anos e um garotinho adorável de dezoito.

Dessa vez houve movimento, erguendo os olhos e revelando suas olheiras fundas, exatamente iguais às que carregava antes de conhecer Eren, fitou Hanji com clara irritação.

— Não me lembro de você ser moralista, Zoe.

— Eu não sou. — Cruzou os braços depois de tirar os óculos, uma pose séria já conhecida pelo Ackerman que nunca teve tal atitude direcionada a si. — Isso é verdade?

Sustentou o olhar de chumbo, esperando pacientemente por uma resposta sincera, que não demorou a vir:

— Sim. — Desistindo, Levi voltou a encarar o chão, parecendo de repente pequeno e frágil, sua aura dominante e amedrontadora – ao qual Hanji nunca foi afetada – não estava lá.

— Eu entendo que o Eren é adorável, lindo e todo fofo e inocente, isso é atraente, não vou ser hipócrita, mas… — Suspirou, ignorando o olhar possessivo do outro. — Ele ainda está descobrindo o mundo, Levi, e mesmo que seja difícil, você precisa resistir até que Eren esteja pronto, ele não pode se envolver com você sem conquistar nenhuma independência.

Levi piscou, não fazendo nenhum movimento que indicasse alguma resposta de sua parte. O Ackerman sabia de tudo que estava ouvindo, a culpa assolou sua consciência durante toda a noite e mesmo que fosse errado, não conseguia esquecer do gosto de Eren, da sua pele macia e dos sons agradáveis que fazia sem perceber.

E não só isso, havia o sorriso sincero e aberto, os olhos diferentes e brilhantes que acrescentavam ainda mais beleza ao rosto bonito. Os risinhos fora de hora sempre soavam lindamente e o afeto desmedido deixava uma sensação quente e confortável que não se lembrava sentir há muito tempo.

Até mesmo seus lençóis cheiravam a Eren e Levi não sabia como poderia se culpar mais.

— Eu quero protegê-lo. — Ressaltou. — Não quero tirar vantagem dele, Eren é importante para mim e as coisas acabaram chegando nesse ponto, mas eu não quero me afastar, não posso fazer isso, Hanji.

— Você está envolvido! — Boquiaberta, Hanji descruzou os braços, sua preocupação só aumentando. — Eren não consegue nem escolher as próprias roupas, é você quem as escolhe e separa todos os dias, ele ainda tem dificuldades em comer sozinho, fica esperando por você, entende isso, Levi? Se envolver com o Eren agora só vai gerar dependência emocional, eu nunca te vi tão apegado a alguém e não quero que nenhum dos dois se machuque. Você precisa tomar cuidado, não seja precipitado.

Em silêncio, Levi encarou a parede enquanto a subordinada e amiga continuava a falar.

— Eu apoio vocês dois juntos, Eren te faz bem, só… tenha paciência, ok? Ele precisa aprender a ser independente e entender que os pais não estão mais aqui, Eren precisa se livrar das repreensões que colocaram em cima dele antes de tentar um relacionamento. 

Levi prestou atenção nas palavras, porém não deu nenhuma resposta direta a Hanji, voltando então sua atenção para o chão. Antes de ir dormir tinha ido ver Eren e Deus, ele estava perfeito dormindo e relaxado daquele jeito, seu peito tinha aquecido com a imagem e por um segundo o Ackerman se esqueceu da culpa que o consumia.

Ele não queria controlar e manipular Eren, se aproveitar da inocência e ingenuidade do garoto para se envolver com ele e mesmo que soubesse que essa não era sua intenção, Levi sentia que estava levando alguma vantagem, mesmo que tenha sido Eren quem iniciou o beijo.

O celular do Jaeger estava vibrando e tocando na mesa de cabeceira e Levi se aproximou apenas para que o barulho parasse antes que o acordasse, nas notificações apareciam mensagens de Armin, História e Marco.

O último foi uma surpresa esquisita, pois lembrava-se de ter sido gentil com o submisso a ponto de pegá-lo no colo, coisa que até então apenas o jovem de olhos diferentes tinha experimentado, tudo porque os olhos castanhos inocentes e brilhantes e a pele morena lembravam-no de Eren.

Sacudindo a cabeça, foi até às configurações para desligar a internet, mas acabou se distraindo do objetivo quando percebeu a foto de fundo no celular do mais novo. Um cavalete com a imagem de fundo reproduzida no papel, tão perfeitamente pintado e profundo que Levi se viu curioso, abrindo a galeria para descobrir que eram fotos que o próprio Eren tinha tirado e em uma delas, estava o Jaeger, de costas segurando um pincel, a pintura de antes pela metade.

Levi não sabia quem tinha tirado a foto e não se incomodou com isso, focando sua atenção na habilidade do mais novo, Eren pintava muito bem. Devolveu o celular para o móvel e silenciosamente saiu do quarto, tudo para passar a noite em claro e sozinho em sua cama.

De volta para o presente, Levi levantou os olhos, sua fragilidade anterior sumindo enquanto uma ideia surgia em sua mente. Quando começou a falar, Hanji soube que o assunto anterior estava encerrado.

— Preciso que você faça uma coisa, é importante. — E em sua pose de chefe, levantou da cama, indo se trocar enquanto passava as informações para a mulher no quarto.

 

________

 

Armin estava preparando o café da manhã, a conversa tinha se findado quando o loiro começou a se concentrar nos bolinhos de chuva que preparava, enrolando a massa macia nas mãos com habilidade. Eren estava quase hipnotizado, observando o loiro cozinhar com curiosidade.

O Arlert estava um pouco preocupado, ele como todo mundo queria ver Eren se libertando das ideias distorcidas de seus pais e ficava muito feliz com os pequenos passos que ele estava dando e por isso, inicialmente não viu problema em explicar e aconselhar o mais novo sobre sexo e intimidade, na hora pareceu certo.

Porém ali, observando Eren todo curioso e ingênuo, Armin não conseguia evitar se sentir culpado, ele não tinha pensado que estaria influenciando Eren ao invés de ensinar e agora o Jaeger pode ter feito algo que se arrependeria no futuro.

— Armin? — A voz doce chamou o loiro de volta para a realidade. — O que você está fazendo?

— Hum? Bolinho de chuva, minha mãe fazia quando eu era criança. — Apontou para os ingredientes. — Vai farinha, açúcar, leite e ovos, assim como nas panquecas, só que em uma proporção diferente.

Fez uma bolinha perfeita com a massa, mostrando a Eren.

— Posso fazer no formato que eu quiser e então frito submerso em óleo. 

— Legal. — Eren disse levemente acanhado. — E você poderia… hum… me ensinar?

— O que? — Armin quase pulou com o pedido, ficando totalmente boquiaberto.

— Me ensinar a cozinhar. — Eren explicou, apertando as mãos na saia. — É que eu gostaria de fazer as coisas um pouco sozinho, entende? Cozinhar o que eu gosto sem precisar pedir para você ou para o papai, digo, senhor Levi. 

Eren estava terrivelmente envergonhado, quase como se pedir algo como isso fosse um absurdo.

— O senhor Levi me ensinou a fazer panquecas, mas eu queria fazer outras coisas também.

Relaxando os ombros, Armin abriu um grande sorriso, esticando a mão suja de farinha até o nariz arrebitado de Eren. 

— É claro que ensino, vem cá, vou te explicar o básico. — E com paciência, Armin explicou sobre ingredientes, misturas, utensílios e segurança ao mexer no fogão. Eren estava feliz com toda a explicação e o loiro aliviado, pois diferente do que achou minutos atrás, Eren estava sim pronto para fazer escolhas, ele estava começando a ser independente e mesmo com sua preocupação anterior, sentia que ficaria tudo bem, Eren era mais forte do que qualquer um podia imaginar.

Naquele tempo que perderam, Eren aprendeu a fazer macarrão, arroz, bife, legumes ao vapor e claro, os bolinhos de chuva.

Os de Armin estavam em um prato, perfeitamente redondos, crocantes por fora e macios por dentro; estes os dois foram comendo enquanto trabalhavam na aula de culinária de Eren, enquanto os bolinhos de Eren tinham um formato meio estranho, eram achatados e com vários tentáculos saindo de dentro.

Apesar disso, Eren estava feliz com o que fez, um sorriso brilhante que nunca saía de seu rosto e um sentimento de realização até então desconhecido se espalhando por todo seu corpo, Eren se sentiu incrível e para Armin foi ótimo testemunhar cada segundo disso.

— Você quer comer agora? Aposto que estão gostosos. — Armin sugeriu, porém Eren negou, corando levemente antes de falar.

— Será que posso guardar para o senhor Levi? Eu queria que ele visse o que eu fiz.

— Você não precisa perguntar, eles são seus, acho a ideia perfeita. — E com um aceno, os dois começaram a limpar a bagunça que fizeram. Já conhecendo o dono da casa, sabiam que nenhuma sujeira seria suportada, principalmente na área onde todos comiam.

Não perceberam Levi entrando na cozinha e enquanto coçava a garganta para anunciar sua chegada, os olhos cinzentos focaram no prato com algo não identificável sobre o balcão de café da manhã.

— Papai! — Eren secou as mãos antes de se aproximar com seu lindo sorriso estampado no rosto, fazendo a decisão de Levi em ignorar os últimos acontecimentos ser muito mais dolorosa e difícil. Se afastar parecia péssimo, porém no momento parecia a melhor opção para o bem dos dois.

Abaixou a cabeça para dar atenção ao garoto sorridente, esperando que ele começasse a tagarelar como sempre fazia, porém foi surpreendido por um beijo leve em seus lábios, dado por um Eren nem um pouco afetado e que já estava com os braços levantados, esperando ser erguido.

Desnorteado, o Ackerman pegou o menor no colo, depositando seu corpo sobre o balcão e ao lado da comida esquisita no prato.

— Olha o que eu fiz, eu mesmo cozinhei esses bolinhos, papai. — Com um sorriso ainda maior, Eren pegou o prato, mostrando sua comida sem forma definida para o mais velho. Os olhos bicolores brilhavam muito enquanto o garoto claramente esperava por uma opinião.

Eren tinha cozinhado e queria sua opinião, ele se importava com sua opinião e por mais bobo que parecesse, Levi não conseguiu evitar que seu coração acelerasse e um sorriso pequeno surgisse com a imagem a sua frente.

Sem sua permissão, as palavras de Isabel e Hanji estavam martelando em sua mente.

Tanto ele, quanto as duas mulheres, haviam subestimado o garoto. Eren estava dando pequenos porém importantes passos em direção a sua individualidade, saindo sozinho, socializando, vivendo e enquanto eles estavam se preocupando com a dependência do garoto, Eren estava lutando por si mesmo, mesmo que não percebesse e de forma automática e natural. 

Eles se encararam intensamente, Eren com o prato erguido, esperando por uma resposta e Levi perdido demais em pensamentos para notar o mundo ao redor, havia apenas ele e Eren.

— Papai? Não vai comer? — A expressão preocupada de Eren derreteu o coração do mais velho, que pegou um dos bolinhos sem olhar, escolhendo morder sem dar atenção à aparência duvidosa.

Mastigou lentamente sem fazer questão de desviar seus olhos de Eren, que encarou de volta com expectativas.

— É bom. — Estava muito doce e um pouco borrachudo, mas Levi não se atreveu a decepcionar o pequeno e ansioso garoto que brilhou de felicidade com o elogio, transformando-se em uma visão agradável demais para desviar.

— Você gostou mesmo? — Eren segurou nos bíceps de Levi, puxando-o para mais perto.

— Sim, eu gostei dos seus bolinhos. — Tentou não sorrir com a felicidade alheia. — Mesmo que alguns deles pareçam filhotes de ratos e aranhas.

Rindo, Eren tentou fazer biquinho e soar magoado, porém não conseguiu, suas bochechas coradas inchando com o sorriso que voltou a se formar.

— Hey, eles não parecem essas coisas, eu quis fazer sol e estrelas, como o céu. 

— ETs também vivem no céu. — Provocou, deliciando-se com o riso suave de Eren. — Nem você pode negar isso.

— Talvez. — Eren respondeu com um bico, cruzando os braços e virando o rosto apenas para que suas bochechas fossem beliscadas pelas mãos grandes de Levi. — Papai! — Reclamou, balançando as pernas, mas Levi não desistiu da brincadeira, segurando a carne gordinha de seu rosto entre os dedos.

Um riso rouco escapou do Ackerman, acompanhando Eren e tão entretidos um no outro, não perceberam que Armin não estava mais ali.

 

________

 

Alguns dias se passaram, Eren e Levi não repetiram o ocorrido dos beijos novamente — na verdade não tiveram tempo para isso —, mas a rotina ainda estava confortável para ambos, mesmo que a correria ultimamente estivesse tomando um tempo maior por parte do Ackerman. 

Eren acordava aos poucos naquele dia, sendo incomodado pelos raios de sol invadindo seu quarto através das grandes janelas que o apartamento possuía. 

Abrindo os olhos aos poucos, sentou-se na cama e espreguiçou-se, já conseguindo ouvir a voz escandalosa de Hanji ao longe e deu um risinho com isso. Resolveu que levantaria e tomaria um banho para ficar mais disposto durante o dia, antes de dormir na noite passada havia planejado ir até o parque para pintar já que Armin estaria ocupado com questões da faculdade. 

Entrou no banheiro e colocou a banheira para encher e enquanto isso voltou no quarto para escolher alguma roupa para vestir, demorando longos minutos para fazer a escolha da vez: uma camiseta de veludo azul e uma saia de pregas branca com meias de renda nos pés. Após se olhar no espelho, se imaginando naquelas roupas e fazendo uma aprovação mental, caminhou para o banheiro para se banhar e fazer sua higiene pessoal. 

Era raro aquilo acontecer, escolher suas próprias roupas e banhar-se, mas talvez devesse parar de depender tanto assim de Levi. Claro que ele era gentil e não parecia se importar com coisas daquele tipo, mas ultimamente ele andava tão ocupado que pensou que tudo o que pudesse fazer para não cansá-lo mais do que ele estava, o faria. 

Colocando uma música no celular e deixando-o em cima da pia, entrou na banheira e começou o seu banho enquanto cantarolava baixinho ao som da playlist que havia montado recentemente. Gostava de quando Levi o banhava, mas descobriu que banhos solitários eram melhores do que imaginou, relaxava mais e o acalmava de uma forma nova. Gostava de curtir esse momento a sós, além disso, estar sozinho não estava mais se tornando tão melancólico como antes; ainda sentia falta dos pais e quando parava para pensar nisso o peito apertava de uma forma dolorosa demais, mas sentia que estava conseguindo superar aos poucos tudo o que havia acontecido. 

Após sair do banho, secar e pentear os cabelos, passar seus cremes e vestir-se, resolveu que sairia do quarto para tomar café; porém, se surpreendeu quando encontrou Levi no corredor e ao que tudo indicava, ele estava esperando-o — o que era raro —, por isso não conseguiu evitar o sorriso. 

— Bom dia, papai. — Eren sorriu grande. 

— Bom dia. — Levi sorriu sem mostrar os dentes, surpreso ao notar que Eren estava trocado e de banho tomado; o menor estava se aproximando quando Hanji apareceu no corredor animada. 

— Eren! Bom dia! Tudo bem? — Ela parecia eufórica enquanto ajeitava o óculos no rosto. 

— Bom dia, Hanji. Estou bem e você? — Ele sorriu sendo simpático. 

— Estou ótima! Agora eu preciso que venha comigo e com o senhor de mal com a vida aqui. — Ela mexia as mãos de forma agitada, abraçando os dois pelo pescoço e guiando-os até um dos vários quartos de hóspedes inutilizados. 

— Hanji? — Eren arqueou as sobrancelhas quando a viu abrir a porta e a surpresa que teve o deixou sem palavras. 

Os olhos adentrando o cômodo pequeno, viu ali diversos cavaletes e quadros, inclusive alguns que havia pintado na casa Jaeger. Havia algumas paletas novinhas e várias tintas e conhecedor como era, sabia que eram as mais caras do mercado. Havia uma variedade grande de pincéis também, além de aventais e luvas de diferentes cores.

Era um ateliê novinho em folha, algumas coisas ali estavam novas e outras eram suas anteriormente. Seu coração se encheu de gratidão, sem saber como agradecer por aquilo. Foi inevitável os olhos bicolores não se encherem de lágrimas diante tudo aquilo, como não achar que Levi era gentil quando não parava de surpreendê-lo com as mais belas coisas?

— Isso… é para mim? — Ele virou-se para os dois que estavam na porta enquanto havia andado e parado no meio do cômodo. 

— Um passarinho me contou que você gosta de pintar quadros, então só fiz as honras. — Hanji piscou um olho, fazendo um sinal com a cabeça para o Ackerman e Eren entendeu, assentindo com um sorriso verdadeiro e sincero. 

Hanji havia sido a mulher louca que havia o resgatado junto de Levi e mesmo que nunca tivesse dado abertura o suficiente, ela havia conseguido conquistar um espaço em seu coração com suas palavras animadas e seu jeito agitado e contagiante. Nunca parou para ver o que ela havia feito — até aquele momento — por si e isso o fez sentir algo novo florescer dentro de si, como se algo desabrochasse aos poucos e no ritmo certo. 

Inesperadamente suas pernas cobertas pelas meias de renda transparentes se moveram em direção à Hanji e seus braços se abriram, apenas para envolver o corpo da mulher em um abraço caloroso e sincero. 

— Obrigado, muito obrigado… — Ele sussurrou baixinho para ela, sentindo os braços da morena circularem seus ombros, retribuindo o abraço. 

Hanji e Levi estavam surpresos, aquela era a primeira vez que viam Eren tocar em alguém como tocava o Ackerman e a palavra “obrigado” era sussurrada como um mantra baixinho, sendo abafada já que o rosto estava enterrado no tronco da mulher. 

— Pequeno, não precisa agradecer. — Hanji falou depois de um tempo. — Vamos fazer o que pudermos para vermos um sorriso nesse rosto lindo. — Ela apertou as bochechas rosadas com os dedos, arrancando um risinho do Jaeger. 

Eren virou-se para o Ackerman, vendo-o sorrir minimamente com a cena bem ao seu lado e soltou-se de Hanji, indo até ele, deixando um selinho nos lábios finos de forma automática, abraçando-o em seguida. 

— Obrigado por tudo que faz por mim, papai. — Eren sussurrou, sentindo um carinho nas suas bochechas e nos seus cabelos. 

Hanji observou a interação dos dois com um sorriso no rosto, vê-los juntos como um casal era adorável, mas a última conversa que teve com o Ackerman ainda martelava em sua cabeça. 

Levi dava carinhos para Eren e não conseguiu evitar que um sorriso brotasse em seu rosto, ver o pequeno Jaeger feliz abastecia suas energias e renovava suas forças. Naquele exato momento ele soube que mesmo se quisesse, não conseguiria se afastar, não mais. 

Eren já o tinha na palma da mão, mesmo que ele sequer se desse conta disso.

 


Notas Finais


o beijo finalmente saiu AMEM
a vontade que tenho é de apertar esse eren e cadelar pelo levi, nao tem como SOS
esperamos vocês nos próximos capítulos!


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