Andrew me carregou para uma montanha, estamos em uma caverna pequena mais acolhedora. Vejo-o andando vagarosamente em minha direção, até parar a alguns centímetros de mim e estender a mão.
- Quer ajuda? – Só agora me toco que estou esparramada no chão gelado da caverna úmida. Levanto meu olhar e encaro seus olhos fascinantes, mas me recuso a aceitar ajuda então apenas me levanto sozinha, ignorando-o. Sinto-me forte e competente o suficiente para não ferir meu orgulho mais do que já está agora.
- Consigo me levantar, não preciso de ajuda – Ele revira os olhos, e murmura “teimosa” antes de se afastar – O que aconteceu? Onde está Megan e Adam?
- Eles estão bem, conseguiram escapar por pouco, Lincohn pode ter muita sabedoria, mas não acrescenta em quase nada em uma guerra – Olho confusa para ele, sem entender o porque de ele falar guerra. Ainda não chegamos a esse ponto, chegamos?
- Estamos em guerra? – Pergunto com duvida e medo da resposta que poderia estar por vir.
- Pior que acabamos de começar uma – Tremo com essas palavras, sim de medo. Nunca entrei em uma briga, imagina em uma guerra – Não precisa temer você esta mais forte agora – Ergo as sobrancelhas para ele – Não notou nada de diferente em você? – Assenti para ele continuar – Depois que te encontrei no rio vermelho, percebi que você estava mudando, estava para se transformar, então tinha que te levar para algum lugar seguro – Ele abriu os braços, como se para dizer “cá estamos nós”.
Olhei para as minhas mãos e notei que estava pálida e fria, eu não estou com frio e aqui parece estar bem gelado, observo mais atentamente Andrew para ver se encontro vestígios de mentira. Não achei nenhum.
- E-eu não me sinto um monstro, eu não virei um monstro – Desnorteada eu corro em direção á saída da caverna, eu corro muito rápido e nem verifiquei onde estava indo e nem olhei como era a caverna, me arrependi por isso. A caverna era no alto de um penhasco só que virado para a ladeira onde certamente seria minha morte, correndo dou um grito agudo antes de pular da caverna ladeira abaixo sentiu uma sensação de adrenalina e confesso que foi ótimo. Cai com leveza no chão, me surpreendi com esse fato, olho para cima e vejo Andrew me olhando com um sorriso de canto satisfeito pelo meu desastre. Mostro o dedo do meio para ele, que só o faz aumentar mais ainda o seu sorriso.
Ele volta para a caverna e penso que ele vai ficar por lá mesmo, porém, logo ele dá impulso e se junta á mim no chão plano.
- Belo salto para uma recém-vampira – Dou meu primeiro sorriso sincero em semanas, passo a língua entre os lábios para umedecer a secura deles, mas uma ponta afiada dos meus dentes morde minha língua me fazendo arfar. Toco as presas com a ponta dos dedos e vejo como estão afiadas e brancas, se eu desse um sorriso com certeza ia dar um ótimo flash.
- Eu vou ser assim para sempre? – Pergunto já com os olhos marejados de desespero, se aquele foi meu primeiro sorriso sincero em semanas, eu estou quase chorando em semanas também, há uma linha tênue inútil entre a tristeza e felicidade.
Andrew apenas me olha e não se limita a falar qualquer coisa que possa me quebrar em pedaços, ele sai andando e claro o sigo mesmo sem saber em qual rumo estou indo.
Odeio quando ele se fecha assim e fica tão frio de uma hora á outra, como pode ser tão complicado decifrar sua história? Ele não falou nada para mim á praticamente 1 hora e isso está me mastigando e roendo por dentro.
- Érr... Onde estamos indo? – Receosa eu dou um passo para acompanhar ele na caminha, assim ficando do lado dele.
- Para Buried, onde está os outros – Disse se referindo a Megan e Adam.
- Ok e onde é isso? – Pergunto ironicamente, esse é o nome mais esquisito que já ouvi, parece até inventado por ele.
De repente começo a sentir uma secura na garganta e começo a tossir violentamente, e logo me dobro no chão me contorcendo em agonia, meu estomago embrulha em um nó e sinto minha garganta se fechando devagarinho, como se quisesse me torturar sem pressa e nem escrúpulos. Olho para Andrew em busca de saber se aquilo fazia parte da transformação.
- Precisamos de sangue, consegue se levantar? – Ele pergunta colocando meus braços em volta de seu pescoço.
- S-sim – Sussurro tão fraco que nem eu me ouvi direito. Fui me levantando devagar com ele me ajudando á sair do chão.
Saímos das montanhas e demos de cara com uma estrada onde alguns carros passavam. Um caminhão passou por nós e Andrew deu sinal para carona e estranhamente eles cederam e pararam aos poucos. Abaixaram a janela, e apareceram dois caminhoneiros barbudos e nojentos que mascavam chiclete e me olhavam com uma cara que me fez ter repulsa.
Eles acenaram abrindo á porta sem pudor nenhum, só tinha um banco disponível para nós dois, na hora que Andrew ia entrar comigo nos braços, eles negaram com a cabeça.
- Apenas á garota, você some daqui – O cara do volante falou com uma voz grossa e carregada de malicia.
- Vamos nós dois, pode caber ai – Andrew aponta para o banco – Eu não vou ir embora.
O cara que estava no banco do passageiro e que tinha uma estatura forte e gigante saiu do carro, ele tinha praticamente dois metros e era enorme comparado á Andrew. Fiquei alerta.
- A-p-e-n-a-s ela, você ainda não entendeu? – Ele soletrou ás palavras, fazendo uma cara assustadora e que só piorava mais com a cicatriz no meio da testa que atravessava o olho esquerdo.
- Não, eu não entendi – E foi ai que começou. Empurraram-me para o lado no momento que apontaram a arma para a cabeça de Andrew, só vi ele correr tão rápido que nem vi sua movimentação, só o som do vento cortado, ele jogou á arma que reconhecei ser um calibre vinte oito para bem longe, e aproveitou á surpresa dele para morder o pescoço exposto. Enquanto isso fui engatinhando até a arma e apontei para o motorista nojento que estava para correr da briga. Covarde.
- Pare ai se não juro que atiro na sua cabeça – Falo com a voz entrecortada.
Eu não sei me senti diferente apontando a arma para ele, me senti poderosa e no controle dessa maluquice bizarra, será que eu mudei apenas o físico, ou meu coração parou também de transmitir compaixão? Acho que ele se esqueceu de sentimentos, porque eu sei que teria total coragem de puxar o gatilho e matar ele. Acabar com uma vida não tão inocente.
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