História Ligados Pela Liberdade (Imagine Ten) - Tudo Está Perfeito

Jeno parou o carro na frente da casa de Jaemin e o desligou, deitando a cabeça no volante enquanto recuperava o ar. Tinha pensado muito. Esse era o seu problema, sempre pensava muito. Não queria terminar com Jaemin, e depois de conversar com S/n por mensagem, teve certeza de que não precisava. Mas ainda tinha dúvidas sobre o que o Na queria e respeitaria a decisão dele.

‘’Concentre-se primeiro em se desculpar’’, lembrou das palavras de S/n.

Ele se curvou e olhou para a janela do quarto de Jaemin, ainda criando coragem. 

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Jaemin conhecia aquele barulho muito bem. Às vezes achava que até delirava, pois ouvia a risada de Jeno do nada e o barulho do seu carro. Mas daquela vez não era apenas sua cabeça. Ele olhou pela cortina e Jeno realmente estava ali.

Secou as lágrimas e foi até a frente da sua casa para falar com ele pois sabia que precisavam conversar, apesar de estar muito mal. Na verdade, não ligava mais se Jeno não tinha lhe contado que estava pensando em ir embora, o que lhe machucava era o fato de ele ir embora. Não sabia se conseguiria conviver com a saudade. 

Jaemin abriu o portão de sua casa e foi até o carro, enquanto Jeno ainda juntava coragem para sair do veículo e apertar a campainha. O mais velho viu o namorado se aproximar e destravou a porta para ele, que entrou no carro, o encarando tristemente. Jeno sentiu como se uma estaca tivesse atravessado seu peito assim que notou os olhos vermelhos do Na e as bolsas inchadas embaixo deles, de tanto chorar. Ele tinha decidido dar algumas horas para se acalmarem e pensar melhor em tudo, mas no momento estava completamente arrependido, pensando que devia ter ido atrás de Jaemin no instante em que ele saiu de sua casa. 

-Nana, me desculpa… - Falou com a voz embargada - Eu… Eu juro que ia te contar, jamais iria esconder isso. Eu só estava esperando para ter certeza. 

-Certeza de que você quer ir? Ou certeza de que vai conseguir entrar na Universidade? - Jaemin riu irônico - Porque é óbvio que você vai conseguir. Conheço sua família melhor do que você e não tem nada que eles não consigam.

-Eu posso te explicar. Mas primeiro vamos sair daqui para conversarmos melhor.

Jeno ligou o carro e dirigiu silenciosamente até uma das saídas da cidade, onde havia pouco movimento. Os dois não se falaram o caminho todo e Jaemin olhava pela janela, totalmente sem esperanças, sentindo como se seu mundo estivesse prestes a acabar. Queria apenas abraçar Jeno e implorar para que ele não fosse. 

O Lee desligou o carro e se virou para encarar Jaemin, que já estava com os olhos aguados.

-Nana… Por favor. Não fica triste. Eu te amo muito, odeio te ver assim. Sei que eu sou um idiota, porque eu sempre digo para mim mesmo que não vou fazer você chorar, e olha só… - Respirou fundo, tentando controlar o turbilhão de emoções que estava sentindo. Sentia seu peito pesar cada vez mais - Me desculpa por não ter dito nada antes. Eu ia te contar, juro que só estava esperando. De qualquer forma… - Jeno respirou fundo - Você sabe que eu sempre quis estudar na Universidade de Tóquio, e agora eu tenho chances. Vou me sentir culpado e ingrato se eu não aproveitar essa oportunidade. E não, eu não tenho certeza se vou entrar, eu estou estudando mas ainda assim eu perdi um ano. Só estava esperando eu ter certeza… De que eu realmente vou, caso eu seja aceito. Porque… Não posso mentir que você me prende aqui. Não quero ficar longe de você. 

Jaemin deixou uma lágrima correr pelo seu rosto, enquanto via Jeno ficar cada vez mais agoniado. Pensar que ficaria sem ele doía mais do que qualquer coisa.

-Nana… - Jeno engoliu em seco, encarando suas próprias mãos. Dizer aquilo era difícil e tudo ficava ainda pior com Jaemin chorando - Há grandes chances de eu ir para lá, e acho que vou aceitar se eu conseguir uma vaga. Mas… Não quero que a gente termine. Vou entender se você quiser, eu escondi uma coisa de você, sou muito egoísta e seria ainda mais egoísta obrigar você a ficar comigo num relacionamento a distância, mas por favor… - Engoliu em seco novamente, fechando os olhos e tentando, em vão, não chorar - Não termina comigo. Eu te amo muito.

Jeno escondeu o rosto entre as mãos enquanto chorava. Só ele sabia o quanto amava Jaemin e o quanto não queria perdê-lo. O mais novo puxou Jeno para seus braços e o envolveu, deixando suas lágrimas caírem livremente também. Jamais terminaria com ele, nem sob ameaça.

Jeno abraçou o menor e os dois ficaram assim por alguns minutos. Jeno não queria perder Jaemin, e Jaemin não queria perder Jeno.

-Nono… - O mais novo se afastou minimamente dele, secando suas lágrimas - Eu desculpo você. 

-O que…

-Shh, eu desculpo você. Eu sei que você ia me contar…

-Claro que eu ia, eu jamais ia deixar o ano todo se passar sem aproveitar ele com você…

-Hey, calma - Jaemin segurou o rosto de Jeno entre as mãos, vendo que ele estava desesperado - Eu sei disso. Mas eu não quero que você vá embora. Não quero ficar longe de você.

-Eu também…

-Mas eu sei o quanto você quer isso, e acho que deveria ir. Você não pediu minha opinião, mas não precisa se preocupar comigo. Vou me sentir culpado se você não for por causa da gente.

-Não se sinta culpado - Jeno secou suas lágrimas - Você não tem culpa de nada. 

-Eu sei, mas… Quero que saiba que eu te apoio. 

Se tinha uma coisa que Jeno sabia em sua vida, essa coisa era que Jaemin o apoiava em tudo, mesmo quando nem eram próximos. Às vezes achava até mesmo injusto o quanto Jaemin era compreensivo consigo. 

-E eu não te acho egoísta. Não é egoísmo pensar no seu futuro.

-Taeyong me disse a mesma coisa…

-Pois é. E você é incrível, merece aproveitar tudo  - Jaemin sorriu tristemente - Não vou terminar com você.

Jeno encarou os olhos do Na, surpreso. Jurava que seu relacionamento fosse acabar. 

-Ah não ser que você queira, claro…

-Nunca, jamais - Jeno abraçou Jaemin, se sentindo aliviado - Não quero terminar com você - O soltou e segurou suas mãos - Olha, podemos fazer dar certo. O Japão não é tão longe assim, são apenas duas horas e meia de voo. Eu vou estar aqui todos os feriados, eu posso estudar no avião, eu fico sem dormir, faço qualquer coisa. Até posso ajudar você estudar, se for preciso.

-Ok - Jaemin riu do quanto Jeno parecia estar falando sério. ELe sabia que ia sofrer futuramente com a saudade, mas pelo menos havia uma luz no fim do túnel - Nós vamos dar um jeito. 

-Posso até mesmo vir alguns finais de semana. Taeyong não ia ligar se eu usasse o jato da família.

-Tenho certeza que não - Jaemin segurou a nuca de Jeno e colou sua testa na dele, fechando seus olhos. Mesmo sabendo que não terminariam, já começava a sofrer por pensar que não o veria mais todos os dias no próximo ano. Que não iam morar juntos num apê perto da faculdade. Que não sairia mais de carro com ele pela cidade e que não passariam mais no drive thru para pegar a comida favorita deles - Vou sentir muito sua falta. De verdade.

-Eu também vou sentir a sua … - Jeno disse num tom nostálgico. 

-Você não vai estar aqui pra me ensinar a dirigir - Falou de maneira triste. Se lembrou que o Lee tinha prometido que o ensinaria. 

-Mas eu posso te ensinar esse ano - Jeno se afastou e o encarou - Podemos achar algum lugar. Taeyong me levou na fazenda do Jaehyun, talvez eu possa pedir para ele, sei lá. 

-Sério? - Jaemin sabia o quanto Jeno odiava pedir favores.

-Sim. Eu te ensino esse ano, e no ano que vem, quando você tirar sua carteira de motorista, vai me levar para passear quando eu vier no feriado.

-Sim - Jaemin sorriu novamente - Prometo não causar um acidente.

-Ainda bem que você vai ser médico - Jeno riu e puxou Jaemin para perto de si, ajeitando ele sem seu colo - Nana… 

-Oi…

-Você está bem?

-Sim - Jaemin abraçou a cintura do namorado e deitou a cabeça no colo dele - Nós estamos juntos e vamos ficar juntos, está tudo bem. 

-Hmm. Você tinha falado sobre planos… Você fez planos? Digo, pra gente?

-Sim - Jaemin sorriu fraco, encarando o nada - Eu ia alugar um apartamento perto da faculdade e ia te chamar para morar comigo. Você ia cozinhar para mim e iríamos juntos todos os dias para a aula. 

-É um bom plano - Jeno sorriu, fazendo carinho no cabelo do Na. O Lee unca tinha sido uma pessoa de fazer planos e muito menos de planejar o futuro, pois sua vida sempre foi muito incerta. Mas agora, depois de se apaixonar por Jaemin, tudo isso tinha mudado. Queria incluí-lo em todos os planos que fosse obrigado a fazer. Faria planos apenas por ele - Será que… Você poderia me convidar depois que terminar a faculdade? Podemos dividir o aluguel e eu posso cozinhar pra você. Acho que podemos até comprar nossa própria casa… 

Jaemin se levantou e o encarou, surpreso. Ou era audacioso demais, ou aquilo realmente tinha sido um quase pedido de casamento. 

-Você… - Jaemin não conseguia raciocinar direito - Nós vamos morar juntos?

-Se você quiser… Eu gostei muito do seu plano. Mas você vai ter que me aguentar até virar um velho gagá. 

Jaemin puxou o rosto de Jeno e colocou seus lábios nos dele. Tudo o que mais queria era ouvir e ter certeza de que ficariam juntos para sempre.

-Eu quero. Quero muito!

-Tudo bem - Jeno sorriu - Você vai esperar por mim?

-Claro que eu vou. Espero mil anos se for preciso!

-Eu também, Nana - Beijou a testa do mais novo, aliviado por terem se resolvido e por saber que ainda ficariam juntos , mesmo que distantes por um período de tempo. E até que esse tempo chegasse, pretendia aproveitar cada segundo ao lado do amor de sua vida - O que acha de passarmos no drive thru e darmos uma volta na cidade? 

-Acho perfeito.

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Chittaphon fechou a porta do quarto  e tirou sua roupa, enquanto S/n estava no banheiro tirando sua maquiagem. Ele espiou pelo quarto e a viu de costas, passando um produto no rosto enquanto se olhava no espelho, concentrada, usando apenas uma lingerie preta. Apesar de amar o corpo dela, não foi tesão que sentiu. Foi paz.

Aquela era uma cena tão comum agora em sua rotina, mas ainda assim não tinha se acostumado. Sempre se surpreendia com coisas tão normais, e se perguntava se isso era apenas um traço de sua personalidade, ou se era S/n que causava isso nele. 

Seus amigos tinham acabado de ir embora de sua casa que ele dividia com a sua família. Se lembrou que há exatamente um ano, estava em uma festa com seus amigos, ao mesmo tempo que se preparava para casar com S/n dali duas semanas. Naquela época, não imaginava que um dia iria dividir a cama com ela, muito menos qu teriam filhos. Ela parecia ser tão diferente de si e tão igual ao irmão, que chegou a pensar que a convivência seria impossível. Mas não demorou para perceber que S/n tinha todas as qualidades que ele achava que faltavam em si mesmo. E agora estava ali, parado, completamente apaixonado. Achava que era sorte já eram casados, mas naquele momento pensou que se não fossem, ela certamente seria a garota que ele levaria para para receber a bênção de um monge e ter uma cerimônia ao pôr do Sol em Bali.  

 Chittaphon pegou seu celular em cima da cama e tirou uma foto dela. Queria registrar aquele momento. 

-Está tirando fotos minhas, Chittaphon? - S/n olhou para ele através do espelho enquanto tirava seus brincos.

-Estou registrando sua bunda. Vai que eu preciso dessa foto uma hora - Ele riu com malícia, guardando o celular na cabeceira da cama. 

-Se você algum dia vazar isso…

-Não estava falando disso, que tipo de pessoa acha que eu sou? - Ele puxou o edredom e se deitou na cama. 

S/n entendeu finalmente o que ele quis dizer com ‘’vai que eu preciso dessa foto uma hora’’ e riu, virando os olhos.  

-Acho que você é uma pessoa muito pervertida - Falou, voltando para o quarto. Ela puxou o edredom e se deitou do outro lado da cama -  Sua cara de anjinho não engana. 

-Eu sei que engana - Chittaphon se aproximou dela com um sorriso no rosto. 

Os dois ficaram se encarando por alguns segundos até que ele suavizou seu sorriso. S/n começou a acariciar os cabelos dele, ainda concentrada  em seu rosto perfeito.

-Está pensando em quê? - Perguntou.

-Nada demais - Chittaphon respondeu calmamente - Só estou muito feliz.

-Está mesmo?

-Sim. Tudo está perfeito. Quer dizer, ainda tem algumas coisas que eu quero, mas deitado aqui com você, com o nosso filho no quarto do lado, depois de ter passado um tempo com os meus amigos… Eu me sinto a pessoa mais feliz do mundo. 

S/n sentiu as borboletas dançando em seu estômago. Mesmo depois de quase um ano convivendo com Chittaphon, ainda sentia aquela mesma sensação da primeira vez, quando nem mesmo tinha percebido que estava apaixonada por ele.  

-O que foi?

-Nada - S/n sorriu - Só estou apaixonada.

-Espero que seja por mim, porque temos um filho agora - Ten aproximou seu rosto do dela e distribuiu selinhos pelos seus lábios macios. Em seguida, deslizou as mãos pela cintura de S/n, puxando o quadril dela para mais perto do seu até que se tocassem. Suas mãos em volta da cintura dela eram suaves, mas S/n notou que ele estava ofegante. Conhecia muito bem o corpo de Ten para saber que ele estava com tesão.