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História Link - Confusões


Escrita por: MKimjin e kimiejeon

Notas do Autor


Espero que gostem e boa leitura.

Capítulo 28 - Confusões


Fanfic / Fanfiction Link - Confusões

[Duas semanas depois]

JUNGKOOK ON

Depois que descobrimos da gravidez, Taehyung anda muito animado e protetor – até demais – da sua barriga. Apesar de que, às vezes ele fica me encarando treinar, com um rosto tedioso e invejoso, eu sei que ele vai se esforçar para manter o nosso filho bem.

Quando eu acordei, eu deixei o Tae dormindo, já que ele se levantou de madrugada porque estava se sentindo mal. Sendo assim, achei melhor deixa-lo descansando.

Eu estava na arena de treino com espadas, disputando uma luta amigável contra Kisu. Nós não éramos de ficar treinando juntos, mas depois daquele torneio de basquete, o nosso grupinho ficou mais unido, o que de fato era bom, porque um deles tinha um romance com um dos nossos e além do mais, fazer novos amigos nunca é demais.

Em meio ao treino, vi meu ômega aparecer na arquibancada. Dei um leve aceno para ele, o qual foi retribuído com má vontade. Ele devia estar no tédio mais uma vez. Pouco depois, meus olhos correram para o local que ele estava e infelizmente ele já tinha saído de lá.

– Jungkook e Kisu? – Ouvi a voz do diretor soando atrás de mim.

– Bom dia, mestre. – Eu e Kisu respondemos em uníssono.

– Preciso da ajuda de vocês. – Ele sorriu animado. – Acabaram de chegar umas surpresinhas para nós e preciso que me ajudem a aloca-los.

– Tudo bem. – Tirei minha máscara de proteção e embainhei minha espada.

– Ah, vamos logo. – Ele saiu andando de um jeito divertido, que eu nunca havia visto antes.

Caminhamos até o portão principal do alojamento, onde um caminhão enorme estava estacionado.

– Eu custei a conseguir desses para nós, mas enfim, chegaram. – Mais um sorriso enorme tomou conta do seu rosto, quando ele abriu o baú.

Confesso que fiquei um pouco estático ao ver que ali, continham cavalos das melhores e maiores raças. Os animais estavam muito bem cuidados, tinham crinas e rabos extremamente peludos e hidratados, os pelos dos animais brilhavam tanto, que pareciam estarem molhados.

– Uau. – Foi o que eu consegui dizer.

– Incrível. – Kisu falou no mesmo tom que eu.

– Gostaram? – O diretor entrou no caminhão, para começar a tirar os cavalos de lá. – Eles são todos mansinhos e pode não parecer, mas são novinhos.

– Pelo tamanho deles, eu podia jurar que eram adultos. – Arregalei os olhos.

– Eles não são filhotes, porque têm que aguentar servir de montaria, mas eles não são adultos. São adolescentes, posso dizer.

– Eles já têm nomes? – Kisu segurou as rédeas de um cavalo preto e o tirou do caminhão, enquanto eu fazia o mesmo com um marrom.

– Não e... – O mais velho mordeu o lábio. – Eu pensei em deixar o Tae escolher os nomes, já que ele não vai poder montar, enquanto não tiver o bebê.

– Nossa, é verdade. – Fiz uma careta. – Ele vai fazer uma manha...

– Então deixe ele tomar conta dos cavalos e andar devagar. Ele pode montar, só não pode correr. – O alfa de cabelos rosados comentou.

– Não sei se é bom fazer isso. – O diretor agora voltava com uma égua branca. – O Tae é igual criança. Se você der a ele um pote de doce, deixe que ele se lambuze e coma tudo. Se for para dar só uma colher, é melhor que nem dê.

– Concordo. – Falei.

– Sendo assim... – Kisu crispou os lábios. – Deixe ele escolher os nomes.

Nós continuamos o nosso trabalho, até esvaziarmos aquele caminhão, e outro chegar.

– Tem cinco cavalos em cada caminhão. – O diretor falou. – E são quatro caminhões, então o Tae terá que pensar em vinte nomes lindos para meus novos bebês.

– Por falar nisso, vocês já escolheram o nome do bebê de vocês? – Kisu me encarou, curioso.

– Ainda não. – Falei. – Até conversamos sobre alguma coisa, mas não chegamos a uma conclusão.

– Se precisarem de ajuda, podemos fazer uma festinha aqui, quando descobrirmos o sexo do bebê, para fazermos uma votação de nomes. Podemos pedir sugestão, ou podemos apenas dar as opções e as pessoas votam. O que acham?

– Eu acho uma boa ideia. É uma ótima maneira de deixar todos do alojamento participando dessa paternidade. – Sorri.

Continuamos tirando os cavalos dos caminhões, até que o último foi esvaziado. Depois de desembarcarmos todo mundo, nós os levamos para uma área do alojamento, que foi reformada a pouco tempo, e agora eu descobri o motivo da reforma.

O espaço era grande o suficiente para acomodar todos os cavalos. Tinha o celeiro logo ao fundo e na frente, algo como se fosse o quintal dos animais, se estendia em inúmeros metros, deixando com que todos eles ficassem confortáveis.

– Eu vou chamar o Tae. – Sorri terno. – Ele vai adorar ver isso e vai ficar mais feliz ainda, quando souber que todos os nomes, serão dados por ele.

– Isso mesmo, vá chama-lo. – O diretor me deu dois tapinhas nas costas, sorrindo com minha empolgação.

Assenti e saí correndo, na direção da casa, onde provavelmente, ele estaria.

TAEHYUNG ON

Eu definitivamente, estava estressado. Jungkook se levantou cedo hoje, nem me deu bom dia e desapareceu. Ele vem me deixando sozinho, desde o dia em que descobrimos da gravidez, mas sempre que ele acorda antes de mim, ele me dá um beijo e pergunta se eu estou bem, antes de fugir para a arena, tal coisa que ele nem se deu o trabalho de fazer hoje.

Eu me levantei me sentindo meio tonto, provavelmente por estar com fome, já que depois de duas semanas, essa noite eu voltei com os enjoos e confesso que foram terríveis.

Tomei um banho rápido, saí do quarto e comi uma maçã, que a Ji Yoon me deu, dizendo que tinha acabado de fazê-la. Incrivelmente, a maçã me caiu super bem e eu consegui comê-la sem me sentir mal. Como sempre, eu desconfiei que Jungkook pudesse estar na arena, então eu fui até lá e, não deu outra; meu alfa estava treinando com o Kisu.

Desci alguns degraus e me sentei na arquibancada, onde ele rapidamente me viu e acenou. Simples assim, ele acenou para mim. Não veio me ver, não perguntou se eu estava bem... nada. Apenas um aceno, para me mostrar que estava me vendo.

Não sei dizer se são meus hormônios que estão fazendo isso, mas devo admitir que estou ficando muito chateado com ele, por ver que minha presença já não tem mais importância na sua vida. No dia que a Dra. Park nos contou sobre a gravidez, ele ficou muito feliz e animado, mas parece que se arrependeu, porque foi só aquele dia.

Eu me senti triste e abandonado. Eu não queria brigar e nem ficar me fazendo de ômega manhoso, então, eu decidi sair rapidamente e buscar um saquinho de pipocas para comermos depois que ele terminasse o treino; mas quando eu voltei, ele não estava mais lá.

Uma vontade de chorar se fez presente em mim, e eu fitei minha barriga, imaginando que meu filho estava vendo tudo aquilo.

– Seu pai está se afastando de nós. – Sussurrei e respirei fundo, me colocando a caminhar de volta para a casa.

No meio do caminho, vi Baekhyun sentado no mesmo lugar que eu estava o vendo ultimamente, treinando tiro ao alvo com um estilingue. Eu fiquei curioso e acabei me sentando numa pedra um pouco mais afastada, para ver como ele estava fazendo aquilo, já que antes, sua única vocação era controlar o vento.

Baek atirava um total de 10 pedrinhas. Depois disso, ele se levantava com dificuldade, por conta da falta de ar, e caminhava lentamente até o alvo, onde ele se agachava e catava pedra por pedra.

Fiquei de longe, observando esse mesmo processo, que se repetiu por mais três vezes. Na terceira vez, em que ele estava voltando para o local, seu olhar se encontrou com o meu e ele sorriu tímido, dando um tchauzinho rápido. Respondi com um aceno e decidi me levantar e caminhar até ele. Quando eu cheguei perto, o alfa semicerrou os olhos por conta da claridade e levantou seu olhar para mim.

– Ei Tae. – Falou simples, antes de voltar a separar as pedrinhas ao seu lado. – Como vocês estão? – Apontou para a minha barriga.

– Ah, estamos bem. – Respondi num tom baixo. – Posso me sentar com você?

– Se o seu alfa não for me bater por estar sentado ao seu lado, pode sim.

– Ah, então você tem medo do Jungkook? – Brinquei e me sentei.

– Não chega a ser medo. – Pegou uma pedrinha e ficou rodando-a entre os dedos. – Mas eu sei bem que eu não aguento brigar com ninguém. – Suspirou com dificuldade. – Não consigo nem respirar, quem dirá brigar com um lúpus, não é? – Sorriu sem graça e atirou a primeira pedrinha.

– Jungkook não vai brigar com você. – Falei baixo, enquanto fitava o estilingue em sua mão. – Ele nem está ligando muito para mim. É provável que ele nem me veja aqui.

– Eu não vou entrar em detalhe sobre isso com você, para evitar que ele pense que eu estou abusando do título “ombro amigo” para ficar perto de você.

– Mas eu precisava de um ombro amigo... – Falei manhoso.

– Tenho certeza de que o Yoongi dá conta disso.

– Então tá...

– Olha, Tae... – Ele mordeu o lábio e me olhou. – Eu não quero ser rude, mas eu não quero que seu alfa brigue contigo por minha causa. Eu já fiz muita merda com você e acho que você não merece ser tratado assim. Seu alfa é estúpido, assim como eu era; e para chegar aqui e fazer um escândalo, não custa.

– Ele não é estúpido, só quer me proteger. – Resmunguei.

– É até irônico ouvir você falando isso, sabe? O Kim Taehyung que era meu amigo era tão independente e valente. Nunca aceitaria ser protegido por um alfa. Agora você me diz que ele quer te proteger, sendo que há minutos atrás, disse que ele não está ligando para você.

– Eu sei que é confuso, eu também queria entender. – Fitei o saquinho de pipoca na minha mão e o abri. – Aceita?

O alfa me olhou desconfiado, e eu resolvi comer um pouquinho da pipoca, para ele ver que eu não tinha a envenenado.

– Não tem veneno. – Brinquei.

– Não foi nisso que eu pensei. – Ele sorriu e pegou as pipocas. – Pensei no fato de que você sabe que eu adoro pipocas e no fato de que isso poderá ser mais um motivo para levar uma surra do Jungkook.

– Eu não vou deixar ele te bater. – Falei simples.

– Agradeço. – Sorriu.

– Agora você precisa de um ômega para te defender. – Falei num tom zombeteiro e isso fez com que ele soltasse uma risada, que o causou falta de ar. – Desculpe... – Falei sem graça, ao vê-lo segurar a camisa e apertar com força, fazendo uma careta de dor, enquanto puxava o ar.

– Não... tudo bem. Eu sei que não posso exagerar na risada.

– E eu não posso te fazer sorrir. – Crispei os lábios e voltei a encarar o objeto na sua mão. – Onde você conseguiu isso?

– Ah, fui eu que fiz. – Baek levantou de leve o estilingue. – Peguei uma madeira forte, a envolvi com tecido e tiras de couro, para não entrar farpa na minha mão, enquanto eu o segurasse, e prendi elástico nas extremidades.

– Ficou legal. Você é talentoso. Posso? – Estiquei a mão e ele me entregou o objeto, para que eu pudesse ver.

– Pode tentar atirar uma, se quiser. – Ele me entregou uma das pedrinhas e eu sorri sugestivo.

– Não deve ser difícil. – Falei. – Eu tenho boa mira. – Me virei para frente do alvo e posicionei a pedrinha no elástico, antes de atirar e falhar grotescamente. – Não acredito. – Resmunguei.

– Não é igual arco e flecha, Tae. – Ele deu risadinhas contidas e mordeu o lábio inferior, antes de fazer uma careta de dor.

– Deixa eu ver como você faz? – Lhe devolvi o estilingue e percebi a facilidade com que o mais velho atirava as pedrinhas bem no centro do alvo. – Parece ser fácil... – Franzi a sobrancelha.

– Depois que treinamos, fica fácil mesmo. – Baek me entregou o estilingue e se apoiou para ficar de pé.

– Onde você vai?

– Pegar as pedrinhas de volta.

– Não, deixe que eu pego. – Falei rápido.

– Não Tae. Você não pode ficar fazendo esforço por conta do bebê. – Ele ficou de pé e já saiu andando.

Mais atrás, sentado sobre a grama, a cena que se passava na minha frente me deixava nervoso e o pior... eu sabia que podia ajuda-lo. Baekhyun, meu velho amigo dava passos lentos, entre uma pedrinha e outra; se agachando com dificuldade para pegá-las.

Eu sei que aquilo era puro castigo por ele ter agido como um idiota e ter tentado me matar. Mas aí eu lembro das vezes que ele sempre esteve ao meu lado... sempre. Nunca me deixava sozinho, por mais que me irritasse a sua presença excessiva, ele cuidava de mim, mesmo eu não aceitando ajuda.

Cheguei a me colocar no seu lugar, pensando se caso aparecesse um ômega nesse alojamento, e Jungkook se apaixonasse por ele. Eu ficaria péssimo, com raiva, rancoroso, triste e... talvez eu quisesse atacar esse ômega, como no dia em que eu taquei fogo na garota folgada, ou atacar o próprio Jungkook, fazendo o mesmo sofrer por me fazer sofrer.

O amor nos deixa cegos, independente se for pelo lado negativo ou positivo.

Mas não deixa de ser amor.

– No que você tanto pensa? – Baek se aproximou de mim e voltou a se sentar. – Por que seus olhos estão cheios de água? Você está passando mal? Quer que eu te leve para a enfermaria? Quer que eu chame o Jungk... – Eu o calei, ao envolvê-lo com meus braços, dando-lhe um abraço desajeitado, com medo de machucá-lo ainda mais. – Tae, o que foi?

– Desculpa? – Sussurrei. – Desculpa por nunca ter dado valor a sua amizade...

– Você dava valor sim. Do seu jeito, mas dava. – Respondeu no mesmo tom. – Não fique assim, pode fazer mal para você e para o bebê. – Suas mãos afagavam minhas costas de leve, tentando me confortar.

E ele estava conseguindo.

JUNGKOOK ON

Eu estava caminhando de volta para a casa, louco para contar a novidade sobre os cavalos para o Tae. Continuei meu caminho, sorrindo igual a um bobo, quando uma cena fez meu sorriso sumir, meus dentes cerrarem e eu já senti meus olhos ficando vermelhos, ao que meus punhos se firmaram ao lado do meu corpo.

Taehyung estava nos braços do Baekhyun.

Andei até eles, fazendo minha presença ser completamente notada e pela primeira vez, vi Taehyung se encolher por causa dela. Mas ele se encolheu ainda no abraço do alfa, que o abraçou mais forte.

– Mas que droga está acontecendo aqui? – Cuspi as palavras, antes de puxar o ômega para mais perto de mim.

– Ai, Jungkook, isso dói.

– Cuidado com ele. – O outro alfa falou assustado e tentou segurar o Tae, o que foi demais para mim.

– Tire as mãos do meu ômega. – Falei alto, fazendo-o se encolher também.

– Jungkook, me solta. – Tae me olhava assustado, enquanto eu agarrava o braço dele. – Você está me machucando.

– Jeon, não o machuque. – Baekhyun falou mais uma vez.

– E quem é você para me dizer o que eu posso ou não fazer com o meu ômega? – Esbravejei. – Você é um merda. Um imbecil que mal consegue respirar e acha que pode tomar o ômega dos outros.

– Não fale isso. – Kim gritou ao meu lado e eu o encarei, incrédulo. – Ele não fez nada.

– Você o deixou contra mim? – Lancei aquele olhar mortal para o alfa, que me encarou assustado. – Eu vou te matar.

– Você não vai fazer nada com ele. – Taehyung conseguiu se soltar de mim. – Para com isso. Deixa de ser idiota. Por que está reivindicando o seu ômega, se desde que você descobriu sobre a gravidez, você não liga mais para mim?

– Isso não é verdade. – Falei sério.

– Como não é verdade, Jungkook? Você nem fica mais perto de mim. Eu nuca vi você se dedicar tanto aos treinos, como está agora. Mal, mal conversa comigo e quase nunca pergunta como está o seu filho. – Os olhos do Kim se encheram de água e minha raiva foi se transformando em tristeza.

– E isso é motivo para você correr para os braços desse aqui? – Apontei para o outro, com desdém. – Ao invés de você procurar o seu alfa, você corre para ele?

– Eu fui te procurar, Jeon. Te procurei na hora em que você estava treinando com o Kisu e só me deu um tchauzinho sem vontade alguma. Te procurei quando eu fui levar pipoca para a gente comer, mas você havia sumido. – Tae deu um chute num saquinho que estava no chão e espalhou um tanto de pipoquinhas coloridas pela grama. – Você está fugindo de mim.

– Eu não... eu não fugi de você. Eu...

– Jungkook? – Ouvi Baekhyun me chamar, com um tom de voz calmo. – Você está machucando ele.

Quando olhei para baixo, vi que eu tinha voltado a segurar o pulso do ômega e o apertava com força excessiva. Taehyung já chorava desesperadamente e eu me senti o pior alfa do universo.

Eu sentia raiva, muita raiva e muita tristeza. Isso não era bom.

Dei um arranco forte na mão do Kim e o soltei, saindo correndo dali.

Eu precisava me acalmar.

BAEKHYUN ON

Jungkook saiu correndo e deixou Taehyung ali, completamente desamparado e aos prantos. O ômega voltou a se sentar no chão e pegou uma das pipocas, fitando-a com tristeza.

– Não fique assim. – Sem pensar que aquele imbecil pudesse voltar e fazer outro escândalo, eu o envolvi com os braços e passei a acariciar seus cabelos. – Obrigado por me defender.

– O que ele está se tornando?

– Deixe seu alfa para lá. Pense no seu filho e em como ficar assim pode prejudica-lo.

– Eu sou um idiota. – Tae resmungou. – Eu nunca deveria ter me apaixonado.

– Não diga isso. – Sussurrei. – Ele vai te pedir desculpas. Isso foi só um surto.

– Por que você tentou me matar, Baek? – Ele falou de uma vez. – As coisas poderiam ser tão mais fáceis agora.

– Eu também surtei, Tae. Te ver com ele me deixou completamente louco e eu não queria aceitar que tinha te perdido para ele. Desde o início, eu soube que Jungkook era impulsivo e estúpido. Ele não te merece.

– E quem me merece?

– Ninguém. – Fui sincero. – Não existe um alfa nesse mundo que mereça alguém como você. Doce, amigo, puro, inteligente, sincero, forte, determinado... Eu cheguei a pensar que o Jeon pudesse ser esse alfa, já que você o escolheu. Mas já vi que me enganei.

– Será que eu também posso ter me enganado? – Perguntou choroso, e eu senti um nó se formar na minha garganta.

– Você sabe o que escolheu. – Respondi. Mas na verdade, a minha real resposta era “eu espero que você não tenha se enganado”.

Corri meus olhos pela grama e fitei as pipocas espalhadas pela mesma. Imediatamente, me veio na cabeça o fato de que ele não havia feito aquelas pipocas para mim, o que me deixou um pouco chateado – confesso.

Mesmo com o ômega abraçado a mim – coisa que sempre me fez bem – eu comecei a ter uma sensação estranha; uma sensação como se eu estivesse sendo embalado a vácuo. Minhas mãos começaram a tremer e eu não puxava o ar com facilidade.

– Baek? – Ouvi a voz baixinha do ômega, mas minhas vistas escureceram e eu caí deitado na grama.

**

Acordei com uma luz forte na minha cara e me dei conta de que estava na enfermaria.

– Ah, você acordou. – A Dra. Park me olhava carrancuda. – Está querendo morrer, Baekhyun?

– O que aconteceu? – Perguntei, fraco.

– O que aconteceu? – Ela repetiu a pergunta e fez um rolinho, com os papéis que trazia nas mãos, antes de batê-los na minha testa. – Você esqueceu de vir fazer seu controle diário e seu sangue já tinha 88% de gás carbônico, seu maluco.

– Ah, me desculpe. – Resmunguei. – Mas seu eu morrer, não vou fazer falta para ninguém mesmo. Não se preocupe comigo.

– Você fará falta para mim. – Ela cochichou e me ajudou a me sentar na maca. – Mas se isso não importa... – Levantou a sobrancelha e caminhou até a porta, dando permissão para alguém entrar e a mesma sair.

– Tae? – Falei.

– Você quer me matar de susto? – Ele fez um bico. – Você ficou aqui por três horas.

– Isso explica a minha fome. – Sorri. – Não almocei.

– Idiota. – Sussurrou e ficou reparando meus braços, que continham marcas roxas. – O que é isso?

– Quando há concentração de gás carbônico no meu organismo, eu começo a desenvolver manchas roxas e não sei porquê.

– Que estranho. – Ele franziu o cenho.

– Você está aqui desde aquela hora? – Perguntei e ele negou com a cabeça. – Imaginei.

– Mas eu saí para fazer duas coisas importantes.

– E o que foi?

– Olha... – Tae enfiou a mão numa bolsinha que ele trazia pendurada no ombro e tirou um estilingue novinho para mim. – Eu conheço muitas pessoas aqui com o dom em artesanato. Não é para substituir o seu, mas é só um presente.

– Obrigado. – Sorri, satisfeito.

– Também tem isso. – Me entregou um saquinho com inúmeras pedrinhas. – Aí você não vai precisar de se levantar para recolhê-las a cada dez tiros.

– Obrigado, Tae. É um ótimo presente.

– E já que eu fiz o favor de espalhar as outras, fiz novas para você. – Dessa vez ele tirou outro saquinho de pipocas da bolsa e me deu.

– Fez para mim?

– Foi. Como forma de agradecimento.

– Estão muito gostosas. – Falei de boca cheia e fitei o ômega me encarando de um jeito triste. – O que aconteceu? Jungkook brigou com você de novo? – Perguntei e ele negou com a cabeça várias vezes. – O que foi, então.

– Você quase morreu nos meus braços e isso tudo que está acontecendo com você, é por minha causa... – Ele voltou a chorar e tampou o rosto com as mãos.

– Ei, não foi sua culpa. Foi minha culpa. É o meu castigo. – Dei-lhe um chute extremamente leve na perna, o que fez ele voltar a me encarar. – Não chore, por favor. Gosto daquele ômega valentão que eu vivia tentando defender.

– Tudo bem, me desculpe. – Falou simples e secou as lágrimas bem rápido.

– Isso aí. – Sorri, com a boca cheia de pipoca.

– Eu posso fazer uma coisa? – Tae fitou meus olhos e eu confesso que gelei com a pergunta.

– Depende. – Falei sério. – Vai colocar minha vida em risco?

– Deixa de ser bobo. – Ele conseguiu soltar uma risada e caminhou para o outro lado da maca, ficando nas minhas costas.

– Que vai fazer aí?

– Xiu. – Foi o que ele disse.

– Tae?

– Baek...

– Tae?

– Fique quieto. – Falou simples e enfiou as mãos pela parte aberta da camisola da enfermaria.

– O que está fazendo?

– Você fica todo roxo?

– Tae?

– Ah, não importa. – Abriu suas duas mãos e as colocou sobre minha pele. Virei um pouco a cabeça e vi o ômega com os olhos fechados, apoiado nas minhas costas.

De repente, uma dor insuportável começou a se fazer presente e eu agarrei os lençóis da cama.

– Taehyung? – Resmunguei entredentes, enquanto minha voz saí fraca e chorosa. – Tae, isso dói... – A dor foi se intensificando, ao mesmo tempo em que eu sentia o ômega me apertar mais forte e o ar entrar com mais facilidade nos meus pulmões.

A sensação de alívio começou a tomar conta do meu ser, no momento em que eu consegui respirar fundo depois de tanto tempo. A dor foi diminuindo e eu conseguia respirar como antes.

Senti uma lágrima descer do meu olho direito e afrouxei o aperto no lençol.

– Você consegue respirar? – Ele sussurrou. – Direito?

– Consigo. – Inspirei fundo e expirei, percebendo que tal ato não me deixou com falta de ar. – Você me curou. – Me virei para ele e vi que sua expressão era de cansaço.

– Foi difícil, mas sim. – Sorriu. – Você me deixou cansado.

– Obrigado. – Soltei uma gargalhada. – Obrigado. – O puxei pelo braço e o abracei forte, mas com cuidado para não machucá-lo e nem machucar o bebê.

– Você não merece passar por isso. – Falou simples.

“E nem você.” – Pensei. “Mas eu ainda te amo”


Notas Finais


Twitter: @kimiejeon
Beijos.


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