História Livros, Flores e Café - SuperCorp - Noite das Irmãs Danvers

Kara entra no seu apartamento um pouco depois que as luzes da cidade haviam acendido. Alex estava a caminho com a pizza. Seria uma noite das irmãs Danvers.

Ela estava tão impaciente que já havia até aberto a garrafa de vinho e a deixara sobre o balcão para oxigenar enquanto aguardava a irmã.

As taças sobre a mesa de centro indicavam que ela queria sentar no sofá para conversar.

Com tudo que podia ajeitado, ela foi para o banho. Estava cansada, estressada e sem cabeça para escolher qualquer filme. Ela precisava de seu pijama confortável e uma boa comida. E daí que era só segunda-feira? Ela tinha o direito de tomar um bom vinho e se esbaldar em pizza enquanto conta para a irmã que havia conhecido Lena Luthor.

Quando ela estava saindo do banho, Alex entrou no apartamento carregando uma caixa de pizza família. Algo estava errado com a ruiva também.

- Maninha, cheguei – anunciou Alex colocando a pizza no balcão e notando o vinho.

- Já vou, estou terminando o banho – Avisa Kara.

Alex retirou o casaco e os sapatos. O apartamento estava aquecido e o frio que veio após a chuva não incomodava. Ela foi até o quarto de Kara e pegou uma de suas calças de moletom que sempre ficavam ali para noites como essa e uma blusa macia. Ela queria estar confortável para conversar com a irmã.

Ouvindo o chuveiro sendo desligado, Alex tratou de pegar as taças e servir o vinho.

Kara vinha em sua direção no momento que ela deu uma golada na taça.

Kara viu aquilo e notou que algo estava muito errado.

Enchendo a taça novamente, Alex pegou a caixa de pizza e sua taça e caminhou para o sofá. Kara pegou seu vinho e seguiu a irmã.

Colocando as coisas sobre a mesa, Kara puxou a irmã para um abraço apertado antes de sentarem-se. Pelo visto, as duas tinham muito a falar.

Cada uma pegou um pedaço de pizza, mas ninguém fez menção de ligar a TV.

- Quem começa? – Pergunta Alex, notando que ambas precisavam falar.

- Pode começar, você trouxe a pizza – diz Kara. Ela podia esperar.

- Acredita em amor a primeira vista? – Indaga Alex e meio que sem saber por onde começar.  Ela estava insegura, mas nunca alguém mexeu tanto com ela.

- Claro, me apaixonei por Lena na hora que coloquei os olhos nela – Responde Kara, sincera.

- Não estou falando deste tipo de paixão por ídolo, Kara. Estou falando de paixão real. Que te faz ir a locais novos sem nem se dar conta, que te faz pensar na pessoa em cada momento do dia. Alguém que talvez seja possível, não um ídolo inalcançável. – Contraria Alex, sabendo muito bem do quanto a irmã idolatrava a rainha do YouTube de Nacional City.

- Acho que sim, Alex – confirma Kara, notando que o que seja que tenha acontecido, arrebatou sua irmã. – Vai me contar o que ouve? – Questiona pegando seu segundo pedaço de pizza da noite.

- Lembra aquele panfleto que te mostrei na nossa ultima noite de irmã? – Pergunta Alex e vê Kara acenar com a cabeça, confirmando. – Bem, eu não sei por que, mas de forma meio inconsciente fui lá hoje cedo “buscar” meu latte grátis. Eu nem queria um latte, eu só queria um expresso e ver se encontrava a dona do lugar novamente. Mas Kara, quando eu entrei lá, o lugar é perfeito e ela estava retirando brownies quentes do forno. O lugar é aconchegante, como uma cafeteria deveria ser. Se eu tiver que deduzir a personalidade dela pela decoração, ela é uma mulher sensível, mas centrada. Deve gostar de aconchego e provavelmente, maternal. – Divaga Alex, com alguns leves suspiros no meio – Eu nem pensei em perguntar sobre a filha dela. E ela nem cobrou pelo meu café e me deu um brownie. Ela parece ter uma história de vida complicada. Do tipo que já sofreu muito, como... – neste momento, Alex se interrompe hesitante.

- Como você? – Completa Kara, sabendo que em quem a irmã estava pensando.  – Alex, se você acha que tem potencial, por que não a convidou para sair?

- Eu fiquei em pânico. Quem ia querer algo com uma médica que nem tem tempo para trocar de roupa entre os plantões às vezes? – Indaga Alex, totalmente insegura.

- Alex, se essa mulher que te encantou assim, acho que deve tentar – Fala Kara, deixando a taça sobre a mesa e pegando na mão da irmã. Alex olha para o gesto e seus olhos ficam marejados.

- Mas...

- Nem pense em tudo que Maggie lhe disse. Nós duas sabemos que não era para ser, ela tinha a vida dela como policial, ela escolheu ir embora para Washington quando passou no concurso. Ela escolheu deixar você, não pelo seu trabalho. – Consola Kara, puxando Alex para seus braços e a aconchegando. – Vocês não tinham futuro no momento que ela deixou claro que ela não queria filhos. Você sonha em ser mãe antes mesmo de sonhar em ser médica. E hoje, você não pega mais tantos plantões. Não foi sua culpa que a Dra Sara resolveu ir para o Afeganistão bem quando vocês estavam enfrentando essa fase. Você só assumiu mais plantões até Winn assumir o lugar de Sara. E quando ele fez, você voltou a reduzir o ritmo. Acha mesmo que ninguém vai entender que as vezes seu trabalho vai te tirar da cama de madrugada? Alex, você é uma médica. Uma cirurgiã pediátrica. Emergências acontecem. Senão fossem emergências, nunca teria conhecido Maggie ou esta nova mulher. Crianças se machucam. – Explica Kara, sensata.

- Kara, eu não sei – diz Alex, ainda insegura.

- Alex, Maggie te amava, mas amava mais a carreira e não queria filhos. Não tinha como vocês resolverem esse impasse.

- Mas como eu vou ser mãe se eu estou sempre atendendo emergências?

- Alex, quantas vezes você deixou de estar comigo, de estar com nossa mãe ou de estar com qualquer amigo que precisou de você no ultimo ano? – Questiona Kara, já sabendo a resposta.

- Poucas, mas...

- Sem mas Alex, você tem uma vida agitada, mas esta sempre presente. Você tem sua vida, como qualquer médico. Já tem dois anos que Maggie se foi. Ela esta feliz no FBI ou CIA, sei lá. E você merece ser feliz.

- Oh Kara, eu te amo, maninha. – Declara Alex, abraçando a irmã mais forte. Suas lagrimas tinham cessado e agora ela tinha um leve sorriso

- Eu também te amo, Alex. Mas agora, me conta quem é essa Srta Arias que te arrebatou tanto?

- Eu nem sei direito. Ela é linda, cabelos castanhos e olhos tão serenos. A pele dela parece ser macia e sedosa como pêssego e os lábios estavam vermelhos. Muito tentadores. Ela tem mãos bonitas e minha altura. E a voz, ela me prendeu totalmente minha atenção, é suave, gostosa de ouvir – declara Alex, sonhadora. – E ela parece ser uma boa mãe. A filha, Ruby a olhava com tanto amor. E ela acalmava a garota como a mamãe fazia com a gente.

- Ela é seu pacote completo. Então Alex, amanhã você tem uma missão: Convidar esta mulher para sair e depois me contar tudo nos detalhes. – Decreta Kara, feliz de ver a irmã novamente se interessando por alguém.

- OK, eu posso até fazer isso. Mas só sexta-feira. Eu preciso me preparar para isso. Não posso entrar lá do nada e perguntar: “Oi, te achei doce e gostosa e quero saber se você quer sair comigo pra jantar?” – fala Alex, dando risada com Kara.

- Não mesmo, ela vai sair correndo – gargalha Kara. – Acho que você devia só pedir pra sair com ela e fazer isso amanhã. Vai que ela aceita e ai você já pode a chamar para sair esse final de semana. Vamos Alex, você esta suspirando por ela.

- Tudo bem, vou pensar. Sem pressão. – Pede Alex – Mas agora, me diga, o que aconteceu para você ficar tão abalada hoje? – Indaga Alex, mudando de assunto.

- Eu paguei o maior mico da minha vida, hoje – Dramatiza Kara, totalmente envergonhada. – Um cara pediu para eu levar umas flores numa cobertura esnobe. Pelo menos eu pensava assim. Ele gastou uns duzentos dólares, então não tinha como recusar. Achei até que ele estava tentando se desculpar por esquecer aniversário ou alguma traição. Mas quando cheguei na portaria, demoraram muito para me deixar levar as flores (Nia não pode ir) e quando deixaram, mandaram eu sair logo depois do serviço. Eu achei que ia encontrar a Sra Spheer lá – Kara conta, com raiva da idéia de Lena ser casada –, mas quem abriu a porta foi Lena Luthor – solta Kara fazendo Alex levar às mãos a boca para esconder a surpresa. Ela sabia da paixão da irmã pela Youtuber e sabia quer não era só admiração. Sua irmã arrastava um verdadeiro bonde por aquela mulher.

- E o que você fez? – Pergunta Alex.

- Eu me atrapalhei toda, gaguejei, errei o que ia falar e tudo isso em tipo, dois segundos. Então dei as flores pra ela e sai correndo. Só deu tempo de ouvir que é Srta Luthor e não Sra Spheer. Foi humilhante Alex. Ela é tão linda, tem olhos verdes brilhantes, lábios super beijáveis e por Rao, como ela é gostosa – conta Kara, totalmente vermelha. – Tudo que eu queria era que ela olhasse pra mim como ela olha para os livros dela. Eu queria entrar e conversar com ela naquele sofá. Eu queria provar os lábios dela. Quando eu tava voltando para a floricultura, eu entendi o motivo do porteiro ter sido tão rígido. Eu também seria para proteger aquela preciosidade.

- Bem, agora você sabe o endereço. – Pensa Alex.

- Mas não posso entrar – Critica Kara.

- Mas pode enviar as flores que esta criando para ela. Quem sabe ela goste? – Sugere Alex.

Kara pela primeira vez sorri. As plumérias estavam prontas. Seu tom diferente estava surpreendentemente lindas. E ela as criou pensando em Lena.

- As plumérias estão lindas, Alex. Eu mexi com elas hoje e deram  certo – conta Kara, retirando o celular do bolso e mostrando a irmã as fotos.

- Realmente, estão perfeitas para um buquê – concorda Alex, admirada com o trabalho da irmã. – Mas falando sério, já faz tempo que Mike se foi e você também se fechou para o mundo. Sei que arrasta um bonde por Lena, mas isso também não é saudável. O que acha de dar uma chance para algum encontro? Winn adoraria sair com você – especula Alex.

- Sabe que adoro Winn, mas ele é apenas um grande amigo. – Diz Kara, ela adorava o rapaz desde que ele e Alex cursaram a faculdade juntos, mas ele não fazia o tipo dela. Ele era como um irmão mais velho, assim como Alex. E ela sabia que por mais que a irmã falasse que ele queria algo a mais, ele ainda continuava apaixonado pela ex-mulher.

- Já pensou em tentar esses aplicativos de namoro, então?

- Nem vem, não vou sair com desconhecidos que só querem transar. – Recusa Kara, cruzando os braços na frente do peito e desalojando Alex completamente.

- Eu não disse que você deve sair pra transar, só sugeri que você aproveite o seu tempo de solteira conhecendo pessoas. Vai que encontra alguma interessante?

- Vou pensar, Alex. Vou pensar. Mas só farei isso depois que tiver um encontro marcado com a barista – Fala Kara, invertendo o jogo.

- Quer apostar que essa semana eu marco o encontro? – Questiona Alex, ela era muito competitiva.

- Apostado, dez dólares que você não consegue convidar ela até quarta.

- Pois bem, apostado – Concorda Alex apertando a mão da irmã e vendo-a sorrir muito abertamente. Ela havia caído no truque de Kara. – Ora sua pirralha – Fala Alex partindo para cima da irmã e lhe fazendo cócegas. Ao que Kara gargalha.

Lá fora, a chuva havia retornado. Os trovões encobriam os sons agitados da cidade e os clarões dos relâmpagos iluminavam as ruas vazias de Nacional City.

Continua...