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História London Eye - Sole.


Escrita por: annyclass01

Notas do Autor


Parabéns, @LehMin! Muita paz e bençãos e muito YoonSeok na sua vida!
História dedicada a ela com muito amor e sofrimento - risos.

Capítulo 1 - Sole.


Fanfic / Fanfiction London Eye - Sole.

 

Eu amava o sol. Mesmo sendo prejudicial a minha pele deveras caucásia, não pensava duas vezes antes de me afundar em sua alta calidez e ternura numa tarde quente de uma quinta-feira qualquer.

 

Mas a paixão por essa estrela, em nada se comparava ao amor que possuía pelo sol que fazia dupla comigo nas aulas de matemática avançada que o curso puxado de arquitetura nos fornecia. Esse que se chamava Hoseok e detinha como sobrenome Jung.

 

Eu e o mais novo nos aproximamos de forma repentina demais, no entanto, essa rapidez não causara danos a mim e nem a ele, visto que, diferentemente das relações que surgem do nada, a nossa tinha algum futuro. Era sólida, repleta de sonhos também concretos e de uma parceria que nunca havíamos encontrado em outro alguém.

 

Ficamos naquela de "amizade colorida" por longos três semestres, até que um dia, repletos de maturidade, nos sentamos de frente, com nossos rostos fixados no alheio e confidenciamos sentimentos que, graças aos céus, eram recíprocos.

 

Daí em diante, fomos devagar, com uma passada de cada vez. Era um segredo só nosso, mas isso não nos impedia de proporcionar caricias um ao outro em público, afinal, para todos éramos apenas dois amigos extremamente próximos e carinhosos um com o outro. Então, estava tudo bem.

 

Gostava quando sua mão quentinha acarinhava a lateral de minha face ou quando seus dedos longos se dirigiam a minha cintura para uma ação mais ousada. No entanto, custamos a passar daquilo. Foram necessários quase dois anos para que proporcionássemos ao outro prazer de verdade. Mas valera muito a pena, pois ali, descobrimos juntos o quanto nosso sentimento era grande. Não foi sexo, foi a prova de que nosso amor era real, que ele sempre estaria ali para cuidar de mim.

 

Quando faltavam apenas dois meses para, finalmente, estarmos com nosso diploma em mãos, consegui um estágio que me proporcionaria uma carreira firme no futuro. Seok também estava conseguindo se fixar numa empresa de ramo semelhante. Para quem conhecesse nossas conquistas, logo pensaria que nós estávamos realizados.

 

Mas ainda não nos parecia suficiente.

 

E foi com esse pensamento que cometemos o maior erro de nossas vidas.                       

 

Estávamos em dois mil e onze e nada daquilo seria aceito abertamente como acredito que esteja nos dias atuais. Éramos assumidamente gays um para o outro, mas para a sociedade não passávamos de dois caras que só estavam ocupados demais com os estudos e por isso não pegavam uma garota ou outra por aí.

 

Doía, porque ninguém namora tendo o objetivo de dar fim ao relacionamento na semana seguinte. E, caramba! Nós queríamos casar, adotar uma criança - ou duas -, ter um animal de estimação e uma casa bonita. Desde já sonhávamos com uma família perfeita, a nossa.

 

E, com esse desejo se tornando cada vez mais intenso, tivemos nossa primeira idéia de louco, a qual também fora a última, afinal, não contávamos com a recusa e tamanha repulsa de nossos próprios familiares.

 

Nunca havia apanhado e descobri o quanto a mão de papai poderia ser pesada quando ela fora de encontro a minha bochecha assim que apresentei o Jung como meu parceiro. A algia da surra que levei dele assim que conseguira colocar Seok pra fora de nossa casa, em nada se comparara a dor que a notícia que chegara até mim dois dias depois, proporcionara.

 

Meu irmão mais novo, cego pela homofobia, adentrara meu quarto - onde eu, um adulto de vinte e dois anos, estava sendo trancafiado como um adolescente inconseqüente para não sair dali direto para a casa de Hoseok - com um sorriso zombeteiro nos lábios, logo ditando a seguinte frase:

 

- Seu namoradinho foi para longe e agora você aprende a ser um homem de verdade.

 

Sem compreender onde queria chegar, pedi clareza e que me dissesse de uma vez por todas o que era aquela história do outro ter ido para longe. E foi ali que senti meu mundo desabar.

 

Eu deveria saber que seus pais tomariam medidas muito mais drásticas em relação àquela história, tanto que foi por isso que falamos com os meus primeiro, visando um apoio a mais para quando fossemos dialogar com os Jung, porém todo o controle fugira de nossas mãos de forma insana.

 

Quis chorar e chorei, muito, por dias a fio. Não estava nem um pouco animado para voltar a universidade e preencher minha mente com cálculos e desenhos que apenas me lembrariam dele. Tudo remeteria a Hoseok. Desde sua carteira vazia ao lado da minha, até os traços que eu seria obrigado a fazer.

 

Àquela altura, o mais novo deveria estar apreciando a belíssima Londres em uma das cabines da enorme London Eye, a roda gigante que estava no topo da minha lista de monumentos que um deveria conhecer - junto à si.                       

 

Havia se passado dois longos anos desde o ocorrido. A tristeza me tomara para si de forma tão avassaladora que acreditei fielmente na possibilidade de ser abraçado por uma depressão, mas, graças aos céus fui capaz de me manter firme e forte.

 

Ainda morava com meus pais e, ao contrário do que uma minoria que pensava apenas em si estando em situações como aquela, não os virei às costas. Continuava na mesma empresa e, pouco a pouco, ia fazendo meu nome ali. Tornando-me bem sucedido e sempre ajudando nas despesas de casa de bom grado.

 

E tudo continuaria daquela forma, naquela mesmice que me fornecia uma segurança imensa. Continuaria. Isso se ele não houvesse voltado ainda mais bonito, mais maduro. Porém, com a mesma essência que permitira que eu o reconhecesse a alguns bons metros de distância, separado de mim apenas por um maldito semáforo que resolvera sinalizar a luz verde num momento inoportuno demais.

 

Mas eu não me importei. Assim que seus olhos grandes me alcançaram e em minha direção fora lançado um sorriso largo o suficiente para expor todos os seus dentes, corri para si. Corri para seu corpo, para aquele sorriso, por sua quentura. No entanto, nunca imaginaria que fosse impossível concretizar aquela ação.

 

Não fui capaz de notar se sua expressão mudou ou se chamara por mim quando algo grande se chocara contra meu corpo. Fiquei momentaneamente surdo pelo som das buzinas enlouquecidas ao mesmo tempo em que eu era arremessado para longe e minhas costas se encontravam com o asfalto molhado por conta das neblinas recentes.                       

 

Depois daquela pancada, eu dormi um pouco, no entanto, me sentia tão leve que era como se houvesse apagado por longos dias. Assustei-me quando abri as pálpebras e me deparei com um cenário completamente branco, tão vazio que minhas passadas ecoavam pelo ambiente e fazia minha respiração parecer imensamente alta ao ponto de perturbar a vizinhança.

 

Andei por certo tempo e acabei por ficar ainda mais perturbado ao dar de cara com aquela roda gigante que preenchia alguns de meus sonhos, deixando-me maravilhado, mas muito assustado também.

 

Talvez, eu não houvesse acordado. Talvez fosse só um sonho.

 

Mas não.

 

Custei a entender o que ocorria ali e apenas parei para refletir e consegui, de fato, entender, quando escutei mamãe e Jihoon chorando enquanto pediam para que eu acordasse. Seu choro era alto e meu coração ficava cada vez mais apertado por não enxergá-los e, muito menos, fazer o que eles pediam.

 

Acordar.

 

Ah, chorei tanto, tanto! Só o Jung sabia o quanto odiava ficar sozinho e eu nunca estive tão só quanto naquele momento. Pra piorar, não conseguia dormir para que o tempo passasse com mais rapidez e nem me distrair para afastar a agonia, já que nada havia ali.

 

Mas, de qualquer forma, o tempo parecia estar correndo de maneira diferente no "mundo lá fora". Pelas conversas que eu escutava, Seok deixava de comer, porque não queria sair do meu lado e meu pai não estava bem mentalmente após saber que seu primogênito estava à beira do precipício.

 

Quis não ter entendido aquilo.

 

Eu também estava fadado e tudo só piorou quando Hoseok fizera aquele pedido inesperado de forma grandiosamente calma:

 

- Aceita se casar comigo?

 

Gritei em afirmativa, mas ele não me escutava, pois apenas chorava alto e reclamava aos gritos o porquê de não respondê-lo. O porquê de não voltar pra si e lhe deixar ver o negro bonito de meus orbes outra vez. Droga! Eu queria saber também. E como queria!

 

Era e, mesmo  depois de - segundo eles - um ano e sete meses, ainda é doloroso o ouvir e não poder responder todas as súplicas que faz para que eu volte quando, na verdade, nunca saí de seu lado. E, mesmo que permaneça dormindo nessa cama fria de hospital, ainda estava ali.

 

De corpo e alma.

 

E coração.

 

E, quem sabe? Se eu voltar a abrir os olhos, nós possamos ir, desta vez juntos, até Londres e apreciar a bela cidade do topo de uma das cabines da grande London Eye - aí, do lado de fora.

 


Notas Finais


Felicidades, gatona! <3


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