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História Lost Minds - Broken Records Playing Over


Escrita por: paynedesire

Notas do Autor


Volteii!! Eu espero muitoooo que vocês gostem desse capítulo e daqui pra frente é tiro, porrada e bomba DE VERDADE HAHAHAHA Se preparem, porque a loucura vai começar

Boa leitura! Obrigada pelos comentários incríveis e pelos favoritos ♥♥

→ A música que dá nome à esse capítulo é Love The Way You Lie, essa parceria inesquecível entre Eminem e Rihanna, hino dos relacionamento disfuncionais hahahahah. Disco arranhado tocando repetidamente é uma das formas como Eminem tenta explicar a relação entre as duas pessoas da música, porque ela parece correr em círculos

Capítulo 10 - Broken Records Playing Over


Parte 09

Disco arranhado tocando repetidamente

 

Heráclito é conhecido como o filósofo do fogo, mas, ironicamente, a primeira coisa da qual eu me recordo sobre ele é que ele disse que ninguém pode se banhar duas vezes no mesmo rio, porque, na segunda vez, a água não será mais a mesma e tampouco o ser. Eu não mergulhei no lago na noite anterior, mas ainda assim ele parece um local completamente diferente agora que um segredo meu pertence a esse lugar. Sendo assim, serei eu, também, outro ser?

As folhas ainda têm a mesma cor, assim como as pedras têm a mesma textura e a água talvez esteja apenas mais fria, mas algo definitivamente está completamente diferente. Talvez seja apenas eu.

— Já é setembro, mas continua quente, que estranho. —Gracie resmunga, sentada ao meu lado, na mesma rocha da qual eu estive sentada horas antes, na madrugada.

— Por isso estamos aqui, aproveitando. —a atleta entre nós responde.

Cassandra está com seus óculos de coração clássicos, dentro do lago, junto de Emma. Estamos aproveitando os últimos dias do clima quente o suficiente para nos fazer desejar ficar com os dedos das mãos e dos pés enrugados de tanto ficarmos dentro da água. Lembro das pontas encharcadas do meu cabelo molhando os dedos das mãos tatuadas de Zayn, do barulho da água enquanto ele acariciava a minha língua com a sua e do arrepio percorrendo minha espinha enquanto ele descobria o que eu vestia por baixo da blusa: nada.

Instintivamente, como se quisesse fugir ou me esconder das memórias de eventos tão próximos que ainda estão frescas na minha mente a ponto de me fazer arrepiar, me coloco em pé na rocha aquecida pelo sol e pulo no lago, sentindo meu corpo imergindo na água fria e depois emergindo até a superfície. Mas as memórias ainda estão aqui.

— Vocês estão preparadas para o que eu tenho a dizer? —Cassie pergunta, atraindo a atenção para si. Ela tem algo importante para contar, mas eu já sei o que é desde quando ela me ligou, durante a madrugada, e me disse. — Eu saí com o Mike ontem, de carro, e aí ele estacionou em qualquer lugar e vocês sabem, certo? Uma coisa leva a outra e eu quis tanto, ah porra, eu quis tanto transar com ele.

— Você está fazendo mistério para contar que transou com Mike Morris? —Emma zomba.

— Não, queridinha. Ele não tinha camisinha em casa e por isso não quis transar. —revirando os olhos, Cassandra diz. — Mas tudo acabou maravilhosamente bem, porque quando eu cheguei em casa Justin estava furioso porque brigou com a namoradinha. Eles começaram a namorar há pouquíssimo tempo e já estão brigando, deve ser porque ele só pensa em mim.

— Cassandra, conta logo o que vocês fizeram, deixa de rodeios. —reclama.

— Nós transamos. —ela sorri.

Emma levanta as sobrancelhas e mesmo que Gracie esteja com seus óculos de sol Ray-ban, eu tenho certeza que seus olhos estão arregalados.

— Você está de brincadeira, certo? —Emma pergunta, mas Cassandra nega com a cabeça, mordendo o lábio e sorrindo. — Puta merda, Cassandra, ele tem namorada.

— Mas é de mim que ele gosta, o que eu posso fazer?

— Você pode não transar com ele. —Gracie responde, mesmo que Cass obviamente não espere por uma resposta.

— Ele foi um fofo. —Cassandra detalha. — Talvez porque ele pensou que estava tirando a minha virgindade, mas, de qualquer forma...

— Você é louca. —falo. — Vocês dois, na verdade.

— Eu sinto que nós dois estamos mais conectados do que nunca. E ele com certeza está apaixonado por mim. Eu só espero que ele use camisinha com a namorada dele porque se ela tiver uma doença ou algo assim eu poderia contrair e isso seria horrível!

Eu, Emma e Gracie nos entreolhamos.

— Você não usou camisinha? —Ems pergunta. Cassie diz que não. — Puta que pariu, Cassandra! Por quê?

— Eu já falei, porque ele pensa que tirou minha virgindade.

— Mesmo se você fosse virgem vocês deveriam ter usado camisinha. Não existe isso de que não é possível engravidar durante a primeira vez. —esclareço o que ela já deveria saber.

Gracie tá tão chocada que não consegue dizer uma só palavra sobre aquilo. Então, percebendo o clima que se instalou, ela começa a falar a sobre a peça da igreja na sexta-feira, mudando os rumos da conversa.

Mas eu não consigo prestar muita atenção. É difícil tirar da cabeça tudo o que aconteceu na noite anterior.

Às vezes você vê a pessoa, mas não a enxerga. Você vê o corpo, vê como se porta, como se veste, como aparenta, mas não enxerga o que a pessoa emana, o que ela provoca em você, não enxerga nada do que está por trás. Então, quando você percebe, o seu corpo e o dela estão enredados, assim como as suas línguas, e os seus dedos exploram os lugares do corpo do outro como se buscassem por algo ou quisessem memoriza-lo. O desejo cresce sem que você repare. Quando você o enxerga, já está lá.

E depois você se pergunta como não notou desde o início. A resposta é simples: toda vez é diferente. Você não quer uma pessoa da mesma maneira que quer outra, não deseja alguém agora como desejou outra meses atrás. Você aprende a lidar com os sentimentos quando já é tarde demais e, nesse ponto, precisa aprender com sentimentos novos porque uma outra pessoa chegou.

Eu sempre gostei das coisas erradas. Faz parte de mim, já aceitei. Eu me atraía pelos caras errados, os que me causavam problemas e os que tinham de mim algo do qual eu não me orgulhava. Mas, de um certo modo, todas as pessoas são assim, cada qual com seu erro insistente —que, muitas vezes, sob outra perspectiva, não é um erro. Cassandra continua apaixonada por Justin, Emma gosta de garotas e Gracie tem uma queda pelo professor. Eu me sinto atraída pelos desastres em potencial. Foi assim Kevin. Está sendo assim agora, com Zayn e todos os seus incontáveis segredos. Talvez eu nunca aprenda.

 

Na quarta-feira eu vou para a casa de Gracie para estudarmos juntas. Assim que eu chego, reconheço o carro do policial Diaz estacionado na frente da residência dos Benett.

Os dois estão no escritório do seu pai, Gracie me diz assim que eu chego, então precisamos estudar na cozinha porque se subíssemos para o seu quarto faríamos muito barulho para eles.

— E a sua mãe, onde está?

— Na Igreja, estão arrumando tudo para a peça de sexta. —me explica.

Gracie me espera com uma torta que ela teoricamente aprendeu na aula de culinária, mas dessa vez estava bem diferente dos cupcakes, que deram muito certo. A torta parece ter sido atropelada e tem gosto de barro.

— Tortas são difíceis. —a consolo, colocando nossos pratos na lava-louças.

— Um dia eu chego lá. —ela dá de ombros, cabisbaixa, organizando os livros em cima da mesa. — Eu preciso ir bem nessa prova de história.

— Quer fazer bonito para o Sr. Finn? —cochicho, rindo. Gracie me repreende, negando com a cabeça freneticamente. — Você o encheu de perguntas sobre a matéria na segunda-feira, ele deve estar com altas expectativas sobre a sua nota.

— Não tem graça, Adele.

— Para mim tem. —sorrio. — Quero dizer, só é engraçado enquanto é apenas brincadeira, porque se aquele velho realmente der em cima de você vai ser muito assustador.

Sento-me ao seu lado à mesa, abrindo o meu caderno para que possamos estudar as poucas anotações que eu fiz nas aulas.

Depois de menos de uma hora de estudo, o pai de Gracie entra na cozinha acompanhado de Diaz e ambos se dirigem até a bancada da cozinha onde está a torta horrível de Gracie.  Então cada um deles se serve de um pedaço enorme da torta.

— Como vai, Adele? —o pai de Gracie pergunta.

— Bem, obrigada, e o senhor?

— Ótimo.

Diaz não diz nada, apenas me cumprimenta com um aceno de cabeça, enquanto passa a mão pelo bigode.

Os pais de Gracie sempre gostaram de mim, mas ambos, e com uma menção especial para o Sr. Benett, começaram a me olhar diferente depois que eu fui o álibi de Zayn.

— Sorte sua que ninguém ficou sabendo quem foi o álibi daquele cara, do contrário a cidade inteira estaria falando sobre isso. —Gracie comenta assim que ficamos sozinhas de novo na cozinha. — O que tinha na sua cabeça quando você concordou em sair para um encontro com ele?

— Esquece isso. —resmungo.

— O policial Diaz está sempre aqui em casa desde o ocorrido. Eles estão atrás da pessoa que está atrás disso.

 — Vamos focar nos estudos.

 

No dia seguinte, véspera da peça de Gracie e algumas horas depois da prova de história que segurou Cassandra na sala até o último minuto restante, devido a sua total inclinação intelectual para as matérias de exatas, eu só queria uma boa noite de sono.

Mas isso só seria possível depois que eu voltasse para casa, afinal, jantaríamos na casa dos meus avós. Então, logo depois de sair da casa de Cassie, assim que nós duas concluímos nossos trabalhos de filosofia, eu dirigi até a minha casa, cheguei direto ao banho e depois de vestida entrei no carro de papai com ele e Andrew.  

— Precisamos abastecer. —meu pai reclama, dobrando a rua em direção ao posto de combustível. Àquele posto de combustível.

Meu pai estaciona em frente à terceira bomba e tira da carteira uma nota que paga gasolina o suficiente para enchermos o tanque e então entrega-a para Andy,

— Você vai lá. —ele diz, passando o dinheiro para mim. — Você é a mais nova.

Reviro os olhos e passo a mão pelos cabelos, ajeitando-os minimamente já que, considerando que Zayn é o dono do posto e veio para Oaks Field por causa dele, é provável que ele esteja aqui. Caminho até a loja de conveniência e empurro a porta de vidro. Mas é um homem, de boné e camiseta do posto, que está no caixa.

— Boa tarde, —falo. — vou abastecer na bomba três.

— Certo. —ele responde.

Especifico como será o abastecimento e também que o tanque será cheio, então deixo o dinheiro na bancada do caixa. O homem de boné libera a bomba e eu deixo a loja, indo em direção ao carro.

Insiro a bomba no tanque do carro e aperto a trava, ouvindo meu pai e meu irmão conversando, dentro do carro, sobre o treino de boxe de Andrew e sobre uma luta, no sábado à noite, na capital.

— O que? —eu pergunto. — Nós vamos à Fargo no sábado? Por que não me avisaram?

— Você vai ficar. —Andrew explica.

— Me desculpe, filha, —diz o meu pai. — a van já está cheia, Andrew e outro cara da academia vão lutar e só era permitido um familiar.

— Que ótimo. —ironizo, retirando a bomba no tanque e retornando à loja de conveniência para pegar o troco.

Mais uma vez empurro a porta e, simultaneamente, uma porta atrás do caixa é aberta. E lá está ele, usando calça jeans rasgada e uma camiseta preta estampada.

Zayn resmunga alguma coisa para o homem que havia me atendido anteriormente, enquanto eu caminho em direção ao caixa e, logo depois disso, o cara se dirige até as prateleiras de salgadinhos, organizando as embalagens.

— Que coincidência. —ele diz, brincando com uma caneta preta entre os dedos.

A cédula que eu havia deixado no balcão continua no mesmo lugar.

— Não muita, você trabalha aqui. 

— Louis me disse que viu você saindo da casa daquela sua amiga, a bêbada.

— Em primeiro lugar, o nome dela é Cassandra e ela não está sempre bêbada, você que deu o azar de só ter visto ela nesse estado. E, segundo, você está mandando seus amigos me vigiarem, Zayn?

Ele sorriu, com a língua entre os dentes, como se eu tivesse dito algo estúpido ou engraçado

— Talvez. —ele levanta os ombros, ainda com o sorriso sacana no rosto.

— Engraçadinho. Pode me dar meu troco? Meu pai e meu irmão estão me esperando no carro.

— O que você vai fazer na sexta? —Zayn pergunta, ignorando o que eu havia acabado de dizer.

— Tenho compromisso com uma amiga.

— E que compromisso?

— Não é da sua conta. —respondo.

— Acho que eu tinha esquecido como você pode ser difícil. —ele diz, mas eu não sei identificar se ele realmente está reclamando ou não.

— Eu vou assistir à uma peça da igreja, é isso o que eu vou fazer. —abro o jogo. — Por quê?

— Me manda uma mensagem quando acabar.

— Eu não tenho como mandar uma mensagem porque eu não tenho o seu número. —falo, lembrando-me do cigarro queimando por inteiro. — Eu coloquei fora aquele seu cigarro, como você já deve ter imaginado.

Zayn retira a tampa da caneta e escreve a sequência de números na cédula que eu pretendia usar para pagar pela gasolina. Depois a dobra ao meio e se curva sobre o balcão, colocando o dinheiro dentro do bolso direito da minha calça jeans.

— Agora você tem. —sussurra.

O barulho da porta abrindo soa nos meus ouvidos, indicando que alguém acaba de entrar na loja e então eu me lembro que estou aqui há bem mais tempo do que deveria. Zayn pisca o olho e eu mexo a cabeça de um lado para o outro antes de dar as costas a ele e voltar para o carro.

— O que aconteceu? Você demorou.

— Deu um problema no computador, sei lá. —invento uma desculpa esfarrapada e meu pai espera o troco. — Posso ficar com o troco? —preciso perguntar, porque não há nenhum.

— Só dessa vez. —ele acelera o carro.

 

Purê de abóbora, espinafre, frango grelhado e, de sobremesa, uma torta milhares de vezes melhor do que a feita por Gracie. Esse foi o jantar. E tudo isso regado a muitas perguntas: sobre a universidade, para Andy, e sobre meu comportamento, para o meu pai.

Meus avós poderiam, se quisessem, perguntar para mim sobre a minha vida. Mas não querem, porque pensam sobre mim o mesmo que pensaram a vida inteira sobre a minha mãe: que somos inconsequentes e incapazes de cuidarmos de nós mesmas.

— Adelaide tem se metido em problemas ultimamente, filho. —diz vovó, ao meu pai, enquanto vovô mostra para mim e Andrew sua mais nova arma: uma carabina com a coronha em madeira.

— Eu não me meti em nenhum problema. —me defendo.

Vovó seca os pratos com um guardanapo rosa bebê e o meu avô limpa as armas, explicando os detalhes sobre elas.

— Vou usar para caçar. —ele diz. — Segure, Adele, pesa pouco mais do que quatro quilos.

A arma tem um metro de comprimento e é, de fato, muito bonita.

Eu sei um pouco sobre armas e isso se deve ao fato de que meu avô ensinou um bocado para mim e Andrew. Eu sei atirar com pistola e com revolver, sei o básico do funcionamento delas, mas bem menos do que meu avô e Andy.

— Por isso que ela cresceu assim. —minha avó repreende vovô. — Ensine ao Andy sobre armas e eu ensino Adelaide a cuidar da casa, é assim que as coisas funcionam.

Uma troca de olhares de canto de olho entre meu irmão e eu são o suficiente para que nós dois tenhamos que segurar a risada. Minha avó exala conservadorismo, tanto que chega a ser patético.

Felizmente, meus avós vão bem cedo para a cama, então antes das dez horas já estávamos em casa.

 

Emma está com seus cabelos compridos e lisos presos em um rabo de cavalo, usa um vestido canelado soltinho e sandálias, e está sentada ao meu lado no banco da igreja.

— Essa é a coisa mais horrorosa que eu já vesti. —ela sussurra.

— Tudo fica bem em você.

Eu estou usando minha saia jeans mais comportada —não que eu ache que Deus se incomodaria se eu vestisse algo mais curto, mas com certeza os frequentadores da igreja sim e os meus ombros e colo à mostra são o suficiente — e uma camiseta de alcinhas, porque o calor é quase insuportável. E mesmo que esteja quente, os relâmpagos que iluminam o céu indicam que a chuva cairá a qualquer momento.

Não demora para Cassandra chegar, mas sem aquele sorriso enorme de sempre, dessa vez ela tem os olhos avermelhados e os cílios molhados.

— Eu odeio ele. —Cassie cochicha, abrindo espaço entre eu e Emma e sentando-se entre nós duas.

— O que foi dessa vez?

— O treino foi péssimo. Todos os treinos têm sido péssimos desde o início dessa droga de semana. Eu queria conversar com ele, mas ele disse que não tinha tempo para mim e depois despejou mais um monte de merdas na minha cabeça.

A senhora sentada no banco à nossa frente lança sobre nós um olhar de julgamento, por cima do ombro, ao ouvir o que Cassandra falou.

Cassie não precisa dar detalhes, sabemos muito bem que ele é Justin. E outra coisa da qual eu e Emma sabemos muito bem, mas que parece não ser tão claro assim para Cassandra, é que Justin não está apaixonado. Nem agora, nem antes.

— Amiga, você precisa...

— Não. —Cassandra corta Emma. — Eu sei do que eu preciso.

Tendo dito isso, ela remexe-se e retira do bolso da saia o seu celular. E leva poucos segundos para que uma mensagem seja enviada para Mike Morris.

— Você é rápida. —eu preciso.

Pouco tempo depois a peça começa. É uma encenação sobre como Deus não nos deixa cair nos pecados mundanos e como todas as coisas ruins que acontecem na nossa vida têm um bom propósito por trás.

A mãe de Gracie, sentada no primeiro banco, filma tudo. Alguns outros pais dos adolescentes do grupo jovem fazem o mesmo que ela. Imagino o que acontecerá com todas essas filmagens, todas essas recordações. Se os pais que as estão gravando agora assistirão daqui a alguns anos, pensando em como os filhos cresceram rápido. Ou se serão assistidas pelos filhos de Gracie. Ou se vão virar apenas arquivos em cartões de memória e pendrives, perdidos em caixas de papelão no sótão.  

Minha mãe costumava filmar minhas apresentações de ginástica também, embora desejasse que eu deixasse de me contentar com isso e começasse a almejar ser uma líder de torcida. Por causa da faculdade, ela dizia, assim é mais fácil de conseguir uma bolsa, mas nunca foi o que eu realmente quis. Depois de um tempo ela parou de dar tanta atenção, estava ocupada planejando o que mais tarde ficaríamos sabendo que era sua fuga. Quero dizer, ela pediu o divórcio e avisou que estava indo embora. Mas organizou tudo por baixo dos panos. Foda-se. Eu faria o mesmo, se pudesse ir embora. E sobre tudo o que ela filmou e fotografou eu tenho certeza do destino que tomou: lixo no sótão.

 

Mesmo depois que a peça terminou, eu, Emma e Cassandra ficamos na igreja para esperar que Gracie terminasse de se trocar para parabenizá-la e, caso fosse necessário, ajudar ela e o restante do grupo jovem a arrumarem o local.

— Você estava ótima! —falo, abraçando a loira.

— Vocês gostaram? —ela sorri, animada, e nós assentimos. — Com o dinheiro que cobramos a entrada vamos conseguir pintar toda a igreja, vai ser maravilhoso!

— Que bom! —Emma diz. — Vocês vão precisar de ajuda, Gracie?

— Não, vamos organizar apenas o necessário por aqui e o restante vamos deixar para amanhã pela manhã. Não se preocupem, podem ir para a casa descansar.

— Nos vemos amanhã? —Cassandra sugere e nós concordamos com a cabeça. — Certo. Parabéns, Graciezinha. Até amanhã.

Cassie deixa um beijo na bochecha de Gracie e nós nos despedimos dela, caminhando juntas até a saída da igreja.

— Cass, você vai para a casa de Mike? —ela assente, respondendo à pergunta de Emma. — Ok. Meus pais estão me esperando no carro, você quer carona, Adele?

Antes de aceitar eu me lembro do número que uma vez esteve em um cigarro, depois numa cédula e que agora já faz parte da minha agenda telefônica desde que eu tive oportunidade de salva-lo no meu celular. Então recuso.

— Não, meu pai vai vir me buscar. Mas obrigada, de qualquer forma.

— Tudo bem. Nos vemos amanhã, garotas, tchau! —Emma se despede, acenando e depois caminhando até o carro novo dos seus pais.

— O pai da Emma finalmente comprou um carro. —falo. — Aquela caminhonete não estava dando mais.

— Sinto em informar, mas a caminhonete ficou somente para Emma agora. —Cassandra ri. — Você não vai ligar para o seu pai vir te buscar?

— Ah, sim, claro.

Tiro o celular do bolso da minha calça e procuro, nos contatos, da maneira mais discreta possível, pelo número de Zayn. Então clico para discar e aguardo que ele atenda.

E não é que você me ligou mesmo? —ele diz, assim que atende, depois de três toques.

— Oi, pai. —falo, me sentindo estúpida. Ele ri do outro lado da linha.

Pai? Se isso for algum fetiche, saiba que eu acho muito estranho. —Zayn continua rindo.

— A peça já acabou. Eu estou na frente da igreja com Cassie, então não precisa ter pressa para me buscar.

Ah, claro, você está fingindo que está falando com o seu pai. Espero que seja uma boa mentirosa.

Enquanto eu falo ao telefone, Cassandra me encara, de braços cruzados. Provavelmente ansiosa para poder escapar e encontrar com Mike.

— Certo, você já está vindo. Vou dizer a ela que não precisa esperá-lo comigo, então.

Cassie arqueia as sobrancelhas, fazendo um sinal com as mãos para que eu espere.

— Pede para ele buscar você em outro lugar. —ela pede. — Na frente daquele bar entre a casa de Mike e a minha, lembra?

Claro que eu me lembro. Foi o bar onde eu vi Zayn pela primeira vez.

— Você pode me buscar naquele bar, perto da casa de Cassie?

Aquele bar onde eu vi você dando um soco em um cara? —Zayn continua dando risada. — Posso.

— É, vamos tomar um refrigerante. —invento.

Aposto que sim. —ele ironiza. — Em quinze minutos eu chego lá.

— Quinze minutos, então. —concordo. — Tchau.

Afasto o celular da orelha e finalizo a ligação.

— Que ligação demorada. —Cassandra resmunga. — Vamos lá, tenho algo para nós.

Sem saber do que se trata, caminho com Cassie até o tal bar, mas antes de entrarmos ela me puxa para o beco entre o bar e um outro estabelecimento. Um trovão nos faz pular de susto e o céu se ilumina com o relâmpago. 

— Olha o que eu tenho para nós. —ela sorri, enfiando a mão dentro da blusa e por baixo do top. Um cigarro. — Justin tira todo o conteúdo dos cigarros e coloca maconha dentro, acho que ele pensa que se o pai dele encontrar ele não vai perceber.

Tendo dito isso, ela pega do bolso um isqueiro e acende o baseado improvisado. Depois de duas puxadas, ela me oferece.

— Você precisar ir com calma. —pego cigarro e repito o que ela havia acabado de fazer.

— Eu não estou fumando crack, Adele, é só maconha. —ela ri, tentando se esquivar do que eu disse. — Pensa pelo lado bom, pelo menos eu não estou bêbada e vomitando.

— Espero que possa dizer isso na próxima festa também.

Cassandra me mostra a língua, depois me passa o baseado mais uma vez e entre conversas sobre Mike e reclamações sobre Justin, ela termina com o cigarro. Entramos no bar logo em seguida e compramos chicletes de cereja.

— Seu pai já está chegando? —Cassandra pergunta, olhando seu celular. — Mike já me mandou três mensagens.

Passo os olhos pela rua, encontrando o Landau preto impecável estacionado perto da esquina.

— Sim. —respondo. — Pode ir, juro. Vou ficar bem aqui.

— Até amanhã, Adele. —ela sorri. —Amo você.

— Também amo você. Se cuida.

Cassandra acena e sai. Eu espero até que ela vire a esquina e desapareça de vista e só então caminho até o carro de Zayn.

— Peça da igreja? —ele pergunta, quando eu entrei no carro.

— É, qual o problema?

— Porra, por que você está sempre na defensiva? Você é assim com todo mundo ou só comigo?

— Com todo mundo, não se sinta tão especial. —provoco. 

Zayn passa a língua pelos lábios, esticando o braço e segurando forte o meu rosto, fazendo com que eu vire o rosto para ele. Seus dedos pressionam as minhas bochechas, impulsionando meus lábios levemente para frente. Então finalmente gruda a sua boca na minha, afastando os lábios um do outro para que nossas línguas possam se encontrar.

Ele solta meu rosto, levando a mão até a minha nuca e agarrando os fios de cabelo. Os pelos do meu corpo se arrepiam e denunciam o que ele consegue fazer comigo apenas me beijando. 

— O que você estava fazendo na igreja, de verdade? —ele pergunta, curioso, quando paramos de nos beijar. 

— Minha amiga Gracie é do grupo jovem da igreja e nós fomos prestigia-la.

— Gracie Benett? A filha do policial?

— Isso. —respondp. — Como você sabe?

— Cidade pequena, Adele, todo mundo sabe. E você está cheirando à maconha, e também tem gosto de maconha e cereja. 

— O que?

— Isso mesmo que eu disse. —ele ri, ligando o carro de dando partida. — Você está chapada? 

— Não. —falo. — Não mesmo, eu fumei só um pouquinho. E, além disso, você não é meu pai. 

— Pouco mais de quinze minutos atrás eu era, —brinca. — mas, de qualquer forma, alguém precisa dizer isso a você: fica de olhos bem abertos, principalmente se você pretende continuar aprontando por aí.

— Você acha que eu sou burra? 

— Para de falar assim comigo, porra. —eu reviro os olhos diante seu resmungo. 

Um celular começa a tocar. Mas não é o meu e o som não vem do celular de Zayn, que está no banco, entre nós dois. Após soltar alguns palavrões ele encosta o carro e enfia o braço embaixo do banco, tirando de lá aquele mesmo aparelho antigo que estava no porta-luvas quando saímos para jantar. 

— Por que caralhos esse celular tá escondido embaixo do banco? —pergunto, estranhando demais aquela situação.

— Deve ter caído. —ele murmura, olhando a tela pequena.

Zayn aperta em um botão e atende o celular. 

— O que foi? —ele pergunta, impaciente. — Eles o quê? Puta que pariu, a gente resolveu isso no início da semana, porra. O que? Que merda do caralho. Não sai daí, eu já tô indo. 

— Está tudo bem? —questiono, quando ele desliga o celular, enfiando-o no porta-luvas e apertando fundo no acelerador, fazendo o carro cantar pneu.

— Vou deixar você em casa.

 — Ah? 

— Vou deixar você em casa, caralho. 

Sendo o babaca que no fundo eu sei que ele é, Zayn esbraveja. E devido a imprudência com que ele dirige, chegamos na esquina da minha casa em pouquíssimo tempo.

— Eu não tenho nada a ver com os seus problemas. —falo. 

— Adele, só desce dessa merda de carro. Eu não tenho tempo para discutir, tenho coisas importantes para resolver. 

— Você é um filho da puta, grosso e insuportável.

Abro a porta do carro e saio, batendo-a logo em seguida. Caminho até a minha casa e assim que coloco os pés na sala, encontro meu pai, Andrew e Liam, o cara que luta com meu irmão, assistindo televisão. E, claro, estavam assistindo à alguma luta. 

— Oi, gente. —os cumprimento e eles fizeram o mesmo depois. — Pai, vou subir para o meu quarto, tenho dever de casa.

Desejo boa noite e subo as escadas, trancando a porta do meu quarto atrás de mim. Jogo o celular em cima da cama e me livro dos tênis e da minha roupa, vestindo pijamas. Ouço duas batidas na porta. 

— Adele, quer assistir alguma coisa na televisão? —é Andrew. 

— Não, vou dormir. A televisão é toda sua e do seu amigo.

— Ele precisou ir embora, alguém ligou para ele, acho que foi alguma garota. 

— Tanto faz, eu vou dormir. —respondo. 

— Beleza, mas se quiser descer, vou estar assistindo algum filme. 

Ouço seus passos se afastando no corredor, apago a luz do meu quarto e deito na cama. Fecho os olhos e tento dormir, irritada. Mas uma notificação chama minha atenção para o meu celular e, involuntariamente, eu desejo que seja ele se desculpando. Mas não é. 

É Kevin. 

 

❝Agora eu sei que dissemos coisas, fizemos coisas que não tínhamos a intenção de fazer e nós voltamos para os mesmos padrões, mesma rotina, mas seu temperamento é tão ruim quanto o meu, você é igual a mim. Mas quando se trata de amor, você é tão cego.

Talvez o nosso relacionamento não seja tão louco quanto parece. Talvez seja isso que acontece quando um tornado encontra um vulcão.❞ 

Eminem ft. Rihanna — Love The Way You Lie

 

 


Notas Finais


O que acharam?
Kevin citado 2 vezes durante esse capítulo e a explicação sobre a treta dele com a Adele está mais próxima do que nunca esteve hihihi
Espero muitooooo que tenham gostado, perdoem qualquer erro e espero vê-las nos comentários!

Xoxo ♥♥♥

Vou deixar aqui o link de algumas fanfics das minhas amigas, caso vcs estejam procurando fanfics novas e de qualidade hihi
https://www.spiritfanfiction.com/historia/desejo-infernal-18442847
https://www.spiritfanfiction.com/historia/olivia-19145650
https://www.spiritfanfiction.com/historia/unapologetic-18349751
https://www.spiritfanfiction.com/historia/the-price-of-happiness-20849180
https://www.spiritfanfiction.com/historia/twisted-crown--zm-20217275


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