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História Love Against Ideals - Green Eyes


Escrita por: UchihaAika

Notas do Autor


Oi gente :D

OBS: Acho que já falei isso antes, mas eu mudo algumas características físicas de alguns personagens para se adequarem à história. A mãe da Sakura é uma dessas. Ela tem o mesmo nome, no entanto, a aparência é diferente.
OBS²: Coloquei significados de alguns nomes nesse capítulo, e até mesmo um idioma mt viagem, mas TUDO INVENTADO POR MIM. Se vocês resolverem procurar qualquer coisa sobre isso no google, não vão encontrar, porque é tudo viagem da minha cabeça(inclusive o idioma, embora a palavra Kuss Blume venha do francês, se não me engano)
OBS³: Ignorem essa capa se quiserem, só achei que seria legal se vocês soubessem como MAIS OU MENOS eu imagino o olho de um Haruno. Detalhe: de um Haruno legítimo, e não os olhos citados nesse capítulo que o dão o título.
Apenas isso :D

Capítulo 25 - Green Eyes


Fanfic / Fanfiction Love Against Ideals - Green Eyes

 


 

Sasuke






 

Pelo menos ela não resolveu fugir no verão.

Era aquele tipo de pensamento que Sasuke Uchiha tinha como consolo. Pois se o sol sobre eles já estava escaldante mesmo com o leve frio do outono, ele não queria nem pensar como as coisas seriam se estivessem no calor exacerbado do verão de Smaragdus.

Ao oeste, as quatro grandes torres da enorme muralha de Castelo das Irmãs se erguiam, com as casas tortas e envelhecidas do pequeno vilarejo espalhadas ao seu redor.

Enquanto eles passavam entre o vilarejo, pessoas se curvavam ao rei, saudando-o das mais diversas maneiras. Embora aquilo devesse ser algo comum, não era tanto.

Quando a comitiva do rei saía das muralhas, as pessoas que viviam em Terra de Reis não se mostravam ao seu favor. Eram poucos os que o desejavam sorte, e estes poucos, desejaram também que ele finalizasse de uma vez por todas com a última Haruno quando a tivesse em mãos novamente. Aquilo foi algo que não saiu da cabeça de Sasuke durante todo o primeiro dia de viagem.

Se Madara estivesse ali, com certeza estaria apoiando aquela ideia, e talvez já tivesse colocado na cabeça de Fugaku que aquilo era o certo a se fazer. Por sorte, ele tinha permanecido em Castelo do Rei, juntamente com Itachi. Alguém precisava governar.

Com o rei, estavam Sasuke, Obito, e mais quatro cavaleiros da guarda real. Cinco cavaleiros tinham permanecido no castelo, a fim da proteção do conselho e da família real.

Durante aquele dia e meio de cavalgada, não tiveram qualquer informação sobre Sakura. Perguntavam para todos os viajantes que viam, para todas as pessoas dos vários vilarejos que tinham passado, mas ninguém vira absolutamente nada. Sasuke já começava a acreditar que estavam andando pelo caminho errado, por isso desabafou com seu pai. A resposta dele, foi um sorriso de canto.

–  Sasuke, eu nunca acreditei que a Sakura fosse uma pessoa burra. Ela é, na verdade, muito esperta e inteligente. E uma pessoa esperta e inteligente jamais fugiria pela Estrada do Rei, nesse lugar cheio de vilarejos, castelos e testemunhas.  –  Respondeu Fugaku.

–  Por que infernos estamos vindo por aqui, então?!  –  Perguntou, irritado. Queria achar Sakura e levá-la para sua proteção, assim ninguém poderia machucá-la como os adoradores de Fugaku pediam.

–  Várias estradas pequenas levam de Terra de Reis para Suna, mas apenas uma leva até vários outros lugares além de Suna, e o nome dela é Estrada do Rei. Se vamos fazer isso direito, precisamos ir parando de castelo em castelo, de vilarejo em vilarejo, até alcançar Suna.

–  Pai, não percebe que se seguirmos nesse ritmo jamais a encontraremos?! Ela terá tempo suficiente para fugir.

–  Fugir para onde, é a questão. Suna pode estar abrigando ela, mas se chegarmos lá, haverá pessoas que sabem sobre Sakura. Nem todos devem estar dispostos a cooperar com Gaara, se ele realmente está envolvido nisso.

Sasuke não acreditava em nada do que seu pai falava. Por vezes, tinha vontade de seguir os instintos mais parecidos com os de Madara que possuía e correr para Suna, tirando-a de lá de qualquer maneira, sem se importar com a guerra que poderia iniciar. Preciso trazer ela de volta antes que fique tarde demais para a sua vida.

Os moradores do pequeno vilarejo curvavam-se á presença do rei. Ali, eles eram fiéis aos Uchiha, pois agora além de tudo eram seus vassalos. Shisui Uchiha era o Senhor de Vale das Cerejeiras, e ele tinha feito bem para aquele local, apesar de tudo. E embora aquela região fosse distante do Vale, ainda era uma região de vassalagem, antigamente aos Harunos. Eles tinham uma área de terras imensurável.

Quando alcançaram aquelas muralhas gigantescas, encontraram a única porta levadiça de toda ela aberta. Era uma medida de segurança, sim, mas também era como matar a eles próprios. O construtor de Castelo das Irmãs devia considerar seu castelo tão inexpugnável quanto o Castelo das Cerejeiras.

Ao cruzarem a ponte após a porta levadiça, perceberam o largo fosso coberto de água entre a primeira e a segunda muralha. No exterior ele não aparecia. No topo de cada uma delas ardaves para até três cavaleiros caminharem juntos existiam, de tão grossas que eram as paredes.

Já no interior do pátio, encontraram o velho Senhor Kizashi, agraciado com o mesmo nome do antigo rei. Mas ele, sem dúvidas tinha sido chamado daquele jeito antes do pai de Sakura, pois devia ter no mínimo sessenta anos.

–  Vossa Graça, seja bem vindo ao meu humilde castelo.

E quando ele falava humilde, estava definindo exatamente o que Sasuke via. As únicas torres existentes eram as quatro da muralha, mas o castelo ali era pequeno e com o formato da flor Erysimum, que era o símbolo de seu estandarte. As pedras utilizadas em sua construção eram tão negras quanto as utilizadas na muralha, e seu jardim era pobre, repleto das flores erysimum e apenas elas.

–  Obrigada, Lorde Kizashi.

Havia uma história sobre aquele castelo, uma das poucas histórias que Sasuke sabia ser, ao menos em parte, verdadeira. Segundo à história, os Akiumi eram, inicialmente, bastardos Harunos, por isso terminavam com “umi”, de “Terumi”. O “aki” significava, no idioma de Freiheit, fortes, e o “umi” significava filhos. Mas aquilo era uma longa história, e não era o que Sasuke estava pensando no momento. Ele estava pensando em como o Lorde Pierk, nomeado Akiumi, construíra aquele castelo com a intenção de esconder suas quatro belas irmãs dos olhos externos. Ele era o único homem, e tinha um ciúme mortal das outras quatro. Segundo contavam, duas delas possuíam os lindos cabelos rosados dos Harunos, e as outras duas possuíam os olhos verdes vivos, e eram mais belas do que qualquer outra mulher Haruno original era naquele tempo.

As quatro torres receberam, cada uma, o nome das irmãs de Pierk. Por muitos anos ninguém viu aquelas mulheres, mas elas não se tornaram apenas uma lenda, porque havia criados no castelo que poderiam confirmar a veracidade daquelas infelizes quatro mulheres que viviam sem poder conhecer o mundo externo.

–  Como vocês devem conhecer, essas são as famosas quatro irmãs.  –  Ele apontou para as torres.  –  Torre Akianne, ao Norte. Torre Bellis, ao Sul. Torre Lissiande, ao Oeste; e por fim, torre Vicka, ao Leste. As quatro irmãs de Lorde Pierk.

A única beleza daquele castelo, era sua história, e também seus nomes. Os irmãos ganharam nomes do idioma de Freiheit da mãe, como forma de deixá-los ainda mais próximos aos Harunos. Ela não aceitava que após dar luz a cinco filhos do mesmo homem Haruno, ainda os visse sendo considerados bastardos. E naquele tempo, antes mesmo de a Terra das Quatro Estações tornar-se Smaragdus, os Harunos ainda davam nomes daquele idioma aos seus filhos. Inclusive a espada de Akira, o Conquistador, recebera nome daquele idioma.

Apenas após todas as terras se unirem no que hoje chamam de Smaragdus, que os nomes Harunos deixaram, completamente, de serem Freiheitianos.

–  Entrem, entrem! Temos muita comida, muita bebida, e ótimas camas a espera de cavaleiros cansados a serviço de nosso rei!

Então, eles seguiram o velho Lorde Kizashi para dentro de sua propriedade.

Por dentro, o castelo era escuro como por fora. A diferença era o mármore cinzento no chão e na grande escada de acesso ao segundo andar. As janelas eram imensas e apenas de vidro, sem venezianas, mas mesmo assim não garantiam muita claridade. A própria muralha era grande o suficiente para bloquear quase completamente a entrada do sol, o que fazia o castelo ser gélido e ventoso.

Alcançaram o salão principal, onde ao fundo, erguia-se uma grande cadeira de madeira ornamentada com as já conhecidas flores da Casa. Ao redor, fileiras de bancos estendiam-se, contidas por uma barra de madeira, o que fez Sasuke perceber que ali era onde aconteciam os julgamentos do vilarejo, quando algum crime ocorria.

–  Esse é o nosso salão da justiça. Mas dificilmente é usado, pois as pessoas desse vilarejo costumam ser bem calmas.

–  Percebemos isso ao chegar. É algo bom poder viver pacificamente.

–  É, mas paz em demasiado é sempre algo perigoso.  –  Disse Lorde Kizashi, e pela primeira vez Sasuke enxergou seus olhos. Eram verdes, quase como os de um Haruno, mas mais escuros.  –  Agora venha, Vossa Graça. Você e seus acompanhantes devem estar com fome, e os servos que Lorde Shisui nos fornece preparam uma fartura.

–  Há fartura nessa região?  –  Sasuke flagrou-se perguntando. A curiosidade por vezes falava mais alto que o bom senso.

–  Claro, meu príncipe. Há fartura onde as pessoas sabem trabalhar. Nas regiões próximas à Terra de Reis, e também em Suna, vivem um bando de preguiçosos que aprenderam tarde demais a cultivar uma plantação.  –  Ele revirou os olhos.  –  Temos comida de sobra para o resto do outono e também para o inverno.

Alcançaram então o salão de banquetes, e era estranho como havia bastante gente ali.

–  Vossa Graça, quero que conheça meus filhos. Esse é meu herdeiro, Azumi, e essa sua esposa, Hanako. Estes três são filhos dele, a pequena Mikoto, em honra de vossa adorável rainha, Kira, e Chikako. Aqui, meu outro filho, Norio, e sua esposa Amaya. Essas duas meninas são as filhas deles, Harumi e Tayuya. Esse é meu filho Chinatsu, e sua mais nova esposa Akane, grávida! Essa é minha filha Sakura, uma beleza, e sem noivo!  –  O Lorde então olhou para Sasuke, como se oferecesse a filha a ele. Ela era bonita, com olhos verdes como os do pai e cabelos loiros encaracolados. E além de tudo, carregava o mesmo nome dela.

Mas infelizmente não é esta a Sakura que procuro.

–  Esta, é minha filha Akianne, batizada em nome de nossa bela antepassada. Muitos dizem que possui a beleza dela também!  –  E mais uma vez olhou para Sasuke, e para o rei logo depois. Sem ser estúpido, sabia que o rei possuía dois filhos homens. Mas devia saber também que, infelizmente, o mais novo já estava comprometido.  –  E este, é o meu mais novo, Pierk! Será lendário como o nosso construtor! Essas, são as duas meninas mais novas, Naomi e Emi. Tenho mais quatro filhas mais velhas que já estão casadas, por isso não vivem mais aqui.

E ali, Sasuke percebeu que tinha perdido a conta de quantos filhos o Lorde tinha apresentado. Os três últimos eram tão novos que pareciam netos dele.

–  E por fim, minha adorável mais recente esposa, Riko.

Então, Sasuke entendeu. Assim como os filhos pareciam netos, a esposa parecia filha. Talvez fosse até mais nova que o primeiro filho apresentado. Mas o Lorde tinha bom gosto, não podia negar. Era uma mulher de longos cabelos castanhos encaracolados e olhos azuis como o mar, além de possuir ancas fortes o suficiente para gerar uma grande prole. Embora eu não veja motivos para aumentar ainda mais.

O jantar foi servido, acompanhado dos mais diversos tipos de bebidas, inclusive para quem não apreciasse a boa bebida fermentada. Apenas as crianças beberam os sucos de frutas, pois todos estavam sedentos por um bom vinho da melhor safra. O rei conversava assuntos políticos com o Lorde, mas Sasuke estava sem paciência para eles. Preferia se concentrar em seu cozido de carneiro com batatas, e também pensar no que Sakura estaria fazendo naquele exato momento.

Talvez deitada na areia olhando para as estrelas, na companhia de Lorde Gaara.

O pensamento trouxe uma raiva imensa. Virou a taça de vinho somente ao imaginá-los juntos, sorrindo um para o outro enquanto ele contava histórias sobre as glórias da quase extinta Casa Haruno. E depois, quando a noite chegasse, pediria para colocar um filho nela.

Não, isso jamais.

O gosto metálico de sangue fez Sasuke perceber que mordia as paredes internas das bochechas, tamanha a raiva que sentia com aquela possibilidade

Sakura nunca faria isso. Ela disse que me amava.

–  Certamente ela fugiu para iniciar uma guerra. Que outros motivos teria?  –  Sasuke saiu de seu transe a tempo suficiente de ouvir Lorde  dizer aquilo, certamente sobre Sakura.

–  Talvez o desejo de ser livre.  –  Respondeu. Então, todos os olhares da mesa voltaram-se para ele.

–  Realmente acredita nisto, meu bom príncipe?

–  Acredito. Sakura viveu sob nosso teto por anos, como se fôssemos da mesma família. Ela não declararia guerra contra nós.  –  O Lorde abriu um sorriso pequeno, que parecia até demonstrar pena.

–  Pobre filho da paz, nada sabe sobre aqueles cabelos cor-de-rosa e aqueles olhos vivos. Haruno sempre nasce com uma insciável sede por poder e mais poder, filho. Essa Sakura, talvez nem mesmo saiba o que é isso, mas o sangue sempre acaba correndo com maior força hora ou outra. Até que demorou para acontecer com ela.

–  Você não a conhece.

–  Não a conheço, mas conheço seu sangue.

–  E eu a conheço. Para mim, isso é suficiente.  –  Ela já estava irritado com aquela conversa.

–  Uma lebre somente a é se tiver carne vermelha.  –  Disse ele, e deu um sorriso amargo.

Sasuke não entendeu absolutamente nada do que ele quisera dizer com aquilo. Fugaku suspirou ao seu lado, para que apenas ele ouvisse, demonstrando seu descontentamento.

–  Meu Senhor, estamos cansados, se não se importa gostaríamos de ir até nossos aposentos.

–  Mas é claro, Vossa Graça. SAKURA! Leve-os até os aposentos a eles reservados!

–  Sim, pai.  –  A menina Sakura levantou timidamente de sua cadeira, e pronunciou uma quase inaudível “siga-me, Vossa Graça”, antes de seguir o caminho até as escadas que levavam ao segundo andar do castelo.

–  Precisa conter sua língua, Sasuke.  –  Disse Fugaku, em um tom baixo para que a tal Sakura não os escutasse. O barulho das armaduras dos cavaleiros da Guarda Real ajudava naquilo.  –  Confia em Sakura, eu sei disso. Mas e se estiver errado?

Aquilo fez o sangue de Sasuke Uchiha ferver.

–  Eu não estou errado! Sete infernos! Eu sei que Sakura jamais faria isso!

–  Mas e se ela fizer, Sasuke? Você não sabe o que se passa na cabeça de nenhuma pessoa, filho. Um príncipe, tanto quanto um rei, precisa saber disso.  –  Ele não queria ouvir. Sakura era diferente das outras pessoas. Sakura o amava, e voltaria para ele, tinha certeza. E então, protegeria-a, levaria-a sempre consigo onde quer que fosse, para que nunca mais fugisse.

–  E o que ele quis dizer com aquilo, afinal?  –  Perguntou, referindo-se à última frase dita pelo Lorde.

–  Uma antiga frase da Casa Uchiha, do tempo em que as guerras entre nós e os Harunos eram mais acirradas. Referiam-se à sede de poder dos Harunos. Assim como uma lebre só a é caso possua carne vermelha, um Haruno só o é se tem sede por poder desde nascença.

Aquela frase incomodou Sasuke de uma maneira estranha. Ninguém costumava criar ditados em vão, mas mesmo assim… Sakura nunca demonstrara tal sede por poder.

–  Que coisa estúpida.  –  Disse. Antes que o rei respondesse, a outra Sakura o indicou o quarto que ele dividiria com Obito e mais dois cavaleiros da guarda real. Sasuke dividiria com os outros dois. Não por falta de espaço, mas por questões de segurança, embora Sasuke não tivesse qualquer dúvida que Lorde Kizashi estava completamente ao seu lado.

Seguiu com os outros dois cavaleiros até o quarto ao lado. Eles entraram, e quando Sasuke foi seguir seus passos teve seu braço segurado por uma mão pequena e frágil.

–  Meu príncipe.  –  Ela disse, com as bochechas arredondadas extremamente coradas, sem qualquer coragem de olhá-lo nos olhos.  –  Meu pai… Quero dizer, eu… Se Vossa Alteza quiser qualquer coisa, como alguém pa-para dividir a cama, e-eu… Eu posso ficar aqui e realizar seus desejos.

Ele devia esperar por aquilo. Lorde Kizashi não parecia querer deixar uma oportunidade como aquela passar. E isso fazia Sasuke ter ainda mais certeza de sua lealdade, embora fosse algo ridículo.

–  Não.  –  Ele não conseguia chamá-la pelo nome, mesmo que tentasse. Para ele, existia apenas uma Sakura.  –  Vá para seu quarto, e diga ao seu pai que eu sou um homem comprometido, não devo trair a confiança de minha futura esposa. Ela escolheu a mim ao invés de meu irmão mais velho por motivos óbvios, e não posso fazê-la se arrepender disso.

Usou a desculpa de Hinata pois seria a mais bem aceita por aquele Lorde, embora já não tivesse a preocupação de manter sua boa reputação há um bom tempo. Sakura era a sua única preocupação. A Sakura real, e não aquela ali.

É outra a Sakura que procuro, e que preciso também.







 

O Estalajadeiro



 

 

Aquela mulher era estranha.

Ela parecia ter um sorriso levemente zombeteiro no rosto mesmo quando estava séria, e seus lábios pareciam sempre úmidos e levemente coloridos de rosa. Era bela como poucas que o estalajadeiro já tinha visto, em todos os anos que vivera ali na fronteira Har’Uch. E tinha visto muitas, Harunos, Uchihas, bastardas, de nascimento nobre ou pobre.

–  Então vai me dizer que nunca realmente conheceu um profeta Haruno?  –  Perguntou ela, dessa vez sorrindo de verdade. Tomou um gole de hidromel e manteve o copo entre os dedos, movendo-o circularmente.

–  Senhora, eu sou velho, sim, mas não a tal ponto. Profetas não existem há quanto tempo?  –  Disse. Deu uma gargalhada, e ela o acompanhou.

–  Meu senhor devia saber que existia um profeta em cada geração daquela extinta família, não sabe?

Pela primeira vez o estalajadeiro olhou fixamente em seus estranhos olhos verdes. Lembrava algumas Senhoras Haruno que já tinham passado por ali vez ou outra, mas naquela região era algo comum olhos parecidos com os da já extinta casa. 

–  Segundo ao que a história conta, não é um em cada geração.

–  A história mente muitas vezes.  –  Ela tomou outro gole.  –  Eu conheço um pouco de tudo, meu bom senhor, e digo-lhe, existe um a cada geração. Mas as pessoas precisam de mais fé, e a fé é algo que sempre falta para a grande maioria.

–  Eu acredito nos Deuses com veemência, e nunca conheci ninguém que não acredite.  –  Ele pensou, buscando lembrança em sua mente.  –  Exceto o antigo rei Raiden.

Ela se debruçou sobre o balcão, olhando no fundo dos olhos do estalajadeiro. Seu decote também chamou a atenção, devia confessar, mas havia qualquer coisa de incrível em seus olhos que o prendia ali.

–  Às vezes a questão não é apenas ter fé nos deuses, e sim em si mesmo, e na humanidade. E aí é que se encontra o grande problema, senhor. Seres humanos que não acreditam em si mesmos, não conseguem acreditar nos outros. Mas muitos que acreditam em si mesmos, perdem a capacidade de acreditar nos outros, porque o ser humano é traiçoeiro como uma víbora.

Então, ela secou seu copo de hidromel, e o estalajadeiro continuou tentando entender o que ela queria dizer com aquelas palavras misturadas.

–  Você, que vive aqui nessa fronteira, não sente falta da Casa Haruno?  –  Perguntou ela. E era uma pergunta difícil de ser respondida.

–  Todos sentimos, minha Senhora. Quem não ficava encantado ao enxergar aqueles cabelos, e aqueles olhos? Eram parecidos com os seus, inclusive.  –  Com aquela constatação, ela riu, e retirou o capuz deixando os cabelos castanhos e lisos soltos para quem quisesse ver.  –  Mas não sentimos falta em alguns aspectos… Essa fronteira sofreu por gerações com as guerras entre os Harunos, e os Uchihas. Esta estalagem, mesmo sem erguer qualquer bandeira, sempre acabava prejudicada. Sentimos falta deles, sim, mas temos paz, e isso é o que nos importa aqui. Talvez para o povo de Terra de Reis, do sul, e do norte, seja diferente, mas nós aqui desejamos apenas paz. Somos um povo destruído. Basta olhar para a fachada de minha estalagem e perceber que as consequências perduram até hoje.

A estalagem era marcada por riscos de espadas em toda a sua parede de madeira, onde era possível um homem alcançar. De um lado, os círculos do estandarte Haruno eram desenhados, no outro, os leques Uchihas. Ele nunca tomara partido, nem seus antepassados, mas os grande Lordes e capitães de guerra sempre quiseram fazer com que tomassem. Mas aquelas marcas jamais seriam retiradas. Eram história em relevo, palpável, algo memorável.

–  Sim, é algo bem doloroso.  –  Disse ela, alisando os longos cabelos.  –  Mas me pergunto: se os Harunos voltassem ao poder e trouxessem a paz com eles? Talvez até pudessem fazer isso junto aos Uchihas.

Então foi a vez do estalajadeiro rir, até sua barriga doer e o ar lhe faltar. Aquilo era uma piada para quem passara a vida presenciando as consequências da rivalidade monstruosa e inexplicável entre as duas Casas.

–  Isso, somente nas canções e histórias criadas para donzelas bobas, minha senhora. Uchiha e Haruno não dividem o mesmo espaço, são como gato e rato.

–  Então o que me diz sobre Sakura Haruno, vivendo sob teto Uchiha? Tem funcionado, não tem?

Tinha funcionado, pelo menos até o momento. Nunca houve qualquer notícia sobre a filha do cruel rei Kizashi, apenas que ela estava protegida dentro das muralhas de Castelo do Rei, e que assim continuaria até sua morte, sem poder reproduzir e assim espalhar seu poderoso e temido sangue. O eslajadeiro estava prestes a concordar, quando o cavaleiro bêbado interveio:

–  Me desculpe a intromissão, senhor, e bela senhora, mas ouvi perfeitamente vossa conversa. Não posso deixar de questionar se ainda não ouviram sobre Sakura Haruno.

A menina está morta, e os Harunos se foram, pensou, com uma estranha angústia. Enquanto Sakura Haruno estivesse viva, o estalajadeiro mantinha acesa a esperança de encontrar aqueles olhos e aqueles cabelos em qualquer lugar, pelo menos durante uma última vez.

–  Não ouvi nada, Sor. Já não sei meu amigo estalajadeiro.  –  Disse a mulher, com sua voz cantada.

–  Eu também não, mas posso imaginar o que seja.  –  Disse. O cavaleiro olhou-o nos olhos, e sorriu de canto.

–  Acredito então que eu vá surpreendê-lo com a notícia então, senhor. Venho de Terra de Reis, e lá não se fala n’outra coisa. Sakura Haruno fugiu do Castelo do Rei, e também da Terra de Reis. Ninguém a encontra em lugar algum, mas o rei saiu com uma pequena comitiva à procura dela. Dizem que ela saiu durante a noite na pele de sua tigresa, para que assim ninguém a reconhecesse. Parece que ela tem poderes, e pode fundir seu corpo ao da tigresa, então as duas estão à solta por Smaragdus. Comentam que ela vingará sua família, e fará os usurpadores beberem do próprio sangue antes de matá-los como fizeram com seus semelhantes.

Aquilo fez um arrepio percorrer todo o corpo do estalajadeiro. Seria possível que os deuses tinham jogado todo o poder de toda uma geração de Harunos sobre a pequena princesa, para que ela vingasse o seu sangue protegido? Porque todos sabiam que os deuses nutriam um carinho especial pelos Harunos, e somente por isso eles eram tão poderosos.

–  Então, realmente...  –  Não sabia o que a mulher estava querendo dizer, mas enxergava nitidamente o largo sorriso dela e o brilho incessante em seus olhos verdes vivos.

Como os de um Haruno. Será possível?

Se a menina podia trocar de pele, era completamente possível. Talvez a pele fosse outra e os olhos sempre fossem os mesmos.

–  Senhora… És Sakura Haruno?  –  Questionou, sentindo outro arrepio. Já tinha perdido o controle sobre o próprio corpo, permanecendo com a boca escancarada em surpresa. 

A mulher riu com deleite, largando uma moeda de ouro sobre o balcão.

–  Suas companhias foram agradáveis, senhor estalajadeiro, sor. Mas eu tenho compromissos inadiáveis. Até logo, porque se for possível, prometo que volto. Adorei esta estalagem.

Após aquelas palavras ela saiu caminhando, em um passo que parecia uma dança suave e bonita, cheia de um charme e uma beleza dignos de um Haruno, assim como seus olhos.

–  Ela era Sakura Haruno disfarçada. Quem mais seria?! Sakura Haruno tem o dom de entrar na pele da tigresa, por que não na pele de um humano?!  –  Disse o cavaleiro. O estalajadeiro não saberia explicar se sua voz era extasiada ou apavorada.

Mas ele tinha razão no que dizia.

–  Era ela, sor. Durante toda a nossa conversa, falamos apenas sobre a Casa Haruno, e sobre os profetas… Que os deuses me castiguem se eu estiver errado, mas aquela era Sakura Haruno.








 

Sakura





 

Pela primeira vez desde que saíra de Terra de Reis, Sakura tirou Kuss Blume da bainha.

Encontrou o aço negro com relevos estranhos que pareciam chamas, mas devido à sua opacidade, eram chamas sem brilho. Os dois gumes eram maiores do que realmente pareciam quando a espada estava embainhada, e ela possuía um grande peso, como se tivesse mais conteúdo do que realmente aparentava.

A empunhadura com fitas de couro vermelho como o sangue representava muito bem seu estandarte escarlate. A guarda, era reta até certo ponto, depois derramava-se para baixo em grossas linhas pontudas que pareciam dentes de tigres. E por fim, no pomo, a lasca de esmeralda em forma de losango, representando toda a paixão de Akira por aquela pedra. Sakura sentia um imenso orgulho somente em observá-la.

Estava no final do grande corredor do local onde ficava seu quarto. Era um corredor entre algumas torres que ela não sabia quais eram, pois embora estivesse em Suna há dois dias, não tinha se adaptado completamente àquele castelo que mais parecia um grande labirinto.

Ali, onde estava, havia uma imensa janela e uma pequena sacada com uma mureta onde ela podia sentar. Era alto, obviamente, mas era aconchegante. O vento frio do deserto noturno soprava ali com suavidade, e ela tinha uma visão privilegiada da lua e das estrelas. Podia enxergar também a areia do deserto se estendendo como um grande mar amarelo, sendo formada e reformada pelo vento como ondas marinhas. A lua dava claridade suficiente para lhe proporcionar aquela visão esplêndida.

–  Vossa Graça.  

Virou, esperando encontrar Jiraiya, e ali estava ele, com um sorriso que dificilmente desaparecia daquele rosto.

–  Sor Jiraiya.  –  Disse, com a voz tão suave quanto o vento que soprava. O cavaleiro sentou à sua frente na mureta, observando Kuss Blume em suas mãos.

–  É uma incrível espada. Lembro-me de vê-la nas mãos de seu avô, sendo muito bem utilizada.

–  Conhecendo diversos tipos de sangue também, acredito.  –  Falou,  e ouviu o riso de Jiraiya.

–  É para isso que são feitas as espadas.

–  Tem razão, Sor. Por vezes esqueço que ela veio para as minhas mãos com a intenção de conhecer outros tipos de sangue ainda. Talvez de alguns ela até goste.

–  Kuss Blume adora sangue, Vossa Graça. É como se ele desse vida à ela, e não morte. Já conheceu alguma vez uma espada que não enferruja? Muitos dizem que ela perdeu o brilho, mas isto não é verdade. Ela sempre foi assim, opaca, negra como obsidiana, sem qualquer brilho… Ninguém sabe como foi forjada, e se não sabem isso, tampouco sabem quem a forjou. O que sabem é que kuss blume não morre, assim como o sangue Haruno.

Aquilo deu a Sakura uma terrível ideia, que fez seu corpo estremecer.

–  Talvez tenha sido lavada no próprio sangue Haruno.  –  Surpreendeu-se falando. Jiraiya riu.

–  É uma das diversas lendas ao seu respeito.

Sakura então observou o céu. Lembrou dos olhos de Sasuke automaticamente, tão negros quando aquele céu, caso não houvesse nele a lua, nem as estrelas. Desejou extremamente que fosse ele quem estivesse ao seu lado, e a abraçasse até tudo aquilo passar.

Todos os dias, Sakura tinha sonhos ruins com o dia da morte de sua família. Na maioria dos sonhos, enxergava Sasuke também sem cabeça, e o corpo de Mikoto ao fundo. No lugar onde Fugaku costumava estar com sua enorme espada decapitando seu pai Kizashi, era ela quem estava, com Kuss Blume pingando sangue, e seu rosto, cabelo, mãos e roupas manchados daquele escarlate vivo. Então em uma poça d’água, ela enxergava o reflexo daquele rosto que devia ser seu, e percebia que ela era, na verdade, Fugaku, na fila para ser decapitado por ela. Gritava até reconhecer que até mesmo a voz não a pertencia, e afogava-se no próprio sangue de tanto gritar.

–  Sabe, Sor, tenho tido sonhos horríveis durante meu sono. Por isso, passo boa parte do tempo aqui, pensando sobre como as coisas ocorrerão. Eu nunca desejei derramar sangue inocente, mas quando estamos prestes a iniciar uma guerra, precisamos saber o quanto isso é inevitável.

–  Os pesadelos a atormentarão enquanto for uma rainha, Vossa Graça.  –  Disse ele. Sakura engoliu em seco.  –  Sabe quem me disse isso? Um sábio rei com o nome de Raiden Haruno. Eu era jovem demais para saber qualquer coisa, mas ele sempre teva carinho por mim.

–  Meu avô.  –  Disse, sentindo um sorriso brincar em seus lábios com as lembranças que tinha de seu avô. Ele era envelhecido, com os longos cabelos lilases quase completamente trocados pelos brancos, mas com o flamejante verde nos olhos. Ele a segurava no colo e a chamava de pequeno coelho, pois era muito veloz e possuía dentes grandes. Ino e Naruto riam dos apelidos dados por aquele rei que tinha simplesmente sido posto para trás.

–  Sim, seu avô. Ele era um homem incrível, Sakura. E você me lembra muito ele.

–  Lembro? Por quê?!  –  Perguntou, surpresa. Já tinha ouvido, em momentos de raiva, pessoas dizerem que ela parecia com seu pai. Mas sabia que aquilo era apenas resultado de ânimos exaltados. Embora amasse o pai, ser como ele nunca foi algo que desejasse. No entanto, ser parecida com o avô era uma comparação mais agradável.

–  Ele era preocupado com toda a Smaragdus, com as pessoas. Mas acima de tudo possuía um grande amor por toda a sua família e o seu sangue. A única coisa que Raiden não amava, eram Uchihas. Mas isso é algo que qualquer Haruno cresce aprendendo, assim como Uchihas crescem aprendendo a não amar Harunos. Além disso, era determinado também, sabia o que queria fazer. O único problema dele era a falta de fé nos deuses, desde a morte de sua esposa.

Sakura conhecia a história da morte de sua avó. Ela estava grávida do segundo filho, mas teve um sangramento e o perdeu. Após aquilo, não teve mais forças para continuar a vida.

Diziam que seu avô passara sete dias e sete noites no septo pedindo pela sanidade de sua esposa, para que ela recobrasse o desejo de permanecer viva. No entanto, na noite após sua saída do septo, a esposa jogou-se do topo da Torre do Rei, morrendo no mesmo instante. Desde então ele negava a existência de qualquer deus que não fosse a consciência humana.

–  Conheço a história. E devo confessar que me sinto muito mais aliviada em parecer com meu avô do que com meu pai.  –  Disse, sorrindo.

–  Deve sentir, realmente. Seu avô era calmo e centrado. Ele me contava histórias de conquistas da Casa Haruno, e dizia que eu seria um grande homem… Bem, ele parecia estar errado.  –  Jiraiya riu.  –  Meu pai era mestre de armas antes de mim, e ele era apenas um cidadão da região norte de Terra de Reis, não possuía qualquer nobreza no sangue. Mas seu avô recebia a mim, um simples garoto, e me tratava quase como tratava a filha dele, após seu nascimento.

–  Ele era realmente uma boa pessoa.

–  E mesmo boas pessoas cometem erros. Seu avô sempre foi muito cuidadoso para não cometer nenhum, mas quando pensava que estava evitando um grande erro, acabou cometendo-o por completo.  –  Aquilo chamou especialmente a atenção de Sakura. Diante da palavra erro, lembrou-se imediatamente de Sasuke, de como tinha amado aquele homem, e de como tinha o abandonado.

–  Como assim?  –   Questionou, embora já tivesse quase certeza da resposta.

–  Ele procurava um bom marido para Mebuki minuciosamente, evitando homens que não merecessem ser maridos da rainha, homens que ele tinha certeza de que não permitiriam que ela exercesse seu poder. Por isso, procurou apenas dentro da própria família, nos Harunos do Vale. E por ironia, foi justamente lá que ele encontrou o homem que impediu Mebuki completamente de exercer seu poder, além de ser também o homem que fez aquilo que auxiliou na quase completa extinção da Casa.

–  Todos cometemos erros, não é mesmo? Alguns são fatais.  –  Disse ela, pensando se alguma vez já teria cometido um erro tão grande, mesmo sem perceber. Fugir do Castelo poderia ser um erro fatal, ou não. Amanhã começarei a descobrir.

–  Exato. Alguns não são apenas fatais, mas também são dolorosos e corroem qualquer pessoa. Dizem que o plano inicial, era matar a todos, inclusive à você, antes de Kizashi, para que ele enxergasse tudo. Mas como todos sabem, Fugaku intimidou-se diante da figura de uma criança inocente. No entanto, Kizashi ainda viu muitas pessoas importantes para ele morrendo. Viu sua mãe, seu irmão mais velho e sua irmã mais nova, e todos aqueles que viviam no Vale e no Castelo do Rei. Viu Mebuki, e isso com certeza o corroeu, embora a vida deles fosse cheia de buracos, espinhos e até sangue. Kizashi amava Mebuki, apesar de ser bruto com ela.

–  Eu nunca gostei de pensar que ele talvez algum dia tenha sido bruto com ela.  –  Falou Sakura. Sua mãe era tão doce e linda, com aqueles longos cabelos rosados e aqueles olhos tão verdes, ela não entendia como qualquer pessoa podia fazer mal a ela. Não entendia como Fugaku conseguira cortar a cabeça de uma pessoa tão amável.

–  É o que todos dizem. E devo confessar, Vossa Graça, por vezes eu ouvia o choro agoniante dela durante a noite. E era sempre muito difícil não poder fazer nada para ajudá-la, ela era como minha irmã mais nova.

–  Por que ela chorava, Sor? Apenas por agressões, ou ela era infeliz? Ninguém nunca me disse se algum dia ela amou meu pai.  –   Jiraiya mirou as próprias mãos naquele instante, franzindo levemente as sobrancelhas, como se não gostasse das lembranças que tinha.

–  Mebuki amava apenas Akane, a natureza, e você, Sakura.  –  Disse ele.

–  Acredito então que ela tenha sofrido bastante.

–  Sim, ela sofreu muito. Eu nunca esquecerei de como foi difícil ver alguém como Mebuki infeliz.  –  Ela viu que ele era sincero no que dizia.  –  Você tem uma vantagem sobre sua mãe, Sakura: Pode escolher livremente com quem vai casar e dar seguimento a sua linhagem. Lembre-se dessa conversa quando for escolher seu rei, e escolha com cuidado, alguém que você confie, e se possível, ame. Se não amar, que seja alguém que você saiba que com o tempo poderá aprender a amar. Não pense só em você, mas no reino também. Assim como não pense somente no reino, mas em você também.

Pela primeira vez desde sua fuga, Sakura pensou naquilo. Porque para dar continuidade a sua linhagem, era lógico que ela precisaria de um marido, mas o que poderia fazer diante de seu amor por justamente aquele que não poderia sê-lo? As coisas ficavam mais difíceis a cada respiração.

Contudo, ela estava preparada para aquilo. Ao menos devia estar. Fugira de Castelo de Reis aceitando por completo a ideia de que nunca seria de Sasuke, e ele nunca seria seu, agora bastava aceitar que teria que ser de outro, e aceitar este outro para ser seu. Havia muitos homens bons em Smaragdus, não era uma tarefa tão difícil encontrar um digno de ser seu rei. Ela conseguiria, tinha certeza. Era uma Haruno, e alcançar seu trono era o mais importante.

–  Eu sei, Jiraiya. E estou completamente preparada para isso.  –  Respondeu.

–  Espero que esteja mesmo. Porque a partir de amanhã, a parte mais difícil de nossa jornada se inicia, Sakura. A parte em que você terá que convencê-los de que é realmente merecedora do trono em questão, e não como seu pai.

–  Estou preparada para isso também, acredite. Eu nasci para isso, Jiraiya. Não preciso treinar, porque tudo flui naturalmente. O trono no Castelo do Rei pertence apenas a mim, e não a usurpadores.

Surpreendeu até a si mesma com aquelas palavras. Mas as noites de reflexão sobre a mureta, com o auxílio do fresco vento do deserto noturno, serviram de alguma coisa afinal. Sentia-se ainda mais preparada do que estava quando saíra de Terra de Reis.

Os únicos pesos que ainda existiam em sua consciência possuíam nome: Sasuke, Mikoto e Itachi. Eles eram a parte mais difícil, e talvez até a parte impossível. Futuramente, Sakura descobriria se existia em si a coragem de matá-los, ou se continuava sendo alguém que, apesar de eles serem Uchihas, os amava como se fossem sua família.

Viu o cavaleiro sorrir com aquelas simples palavras, e sorriu de volta. Descobriu também naquele tempo, que precisava, mais do que qualquer coisa, passar confiança àqueles que a acompanhavam, porque eles precisavam de maior confirmação que ela. Eles estavam pondo suas vidas em risco por ela, e isso era algo que Sakura jamais esqueceria.

 


Notas Finais


Por enquanto é isso...
E CHESSUS, só agora que eu vi como esse capítulo ficou enorme :o
Desculpa por fazer vocês lerem essa coisa toda D:
Até mais, e não me xinguem, pelamor :*


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