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História Love Against Ideals - A man able to forgive


Escrita por: UchihaAika

Notas do Autor


Oi :3

Capítulo 46 - A man able to forgive


Hinata



 

Havia um rosto que Hinata não conhecia, mas adorava. Era estranho ela enxergar apenas o rosto, a pele lisa e pálida e os olhos… verdes. Eram sempre olhos verdes que apareciam, e nunca Hinata os entendia. Aqueles eram claros e brilhantes, puros, como os de um verdadeiro Haruno, mas pareciam enxergar além daquilo que realmente viam.

–  Quem é você?  –  Hinata perguntou. Era uma menina mas apenas seu rosto estava visível. Ela não abriu a boca para responder, apenas torceu os lábios em um sorriso amável. Foi quase automático o sorriso que ofereceu de volta para ela. Havia algo naquela menina, ela emanava suavidade e tranquilidade.

–  Luz.  –  Ela disse, depois de muito tempo, e então desapareceu entre a luz branca e cegante. Hinata precisou fechar os olhos de tão forte que era aquela claridade, e quando os abriu novamente, o ambiente era diferente. Tudo ao redor estava escuro ainda, mas ela enxergava Naruto perfeitamente, e havia lágrimas nos olhos dele.

–  É tão difícil…  –  Ele dizia, repetidas vezes, mas Hinata não conseguia se mover nem falar nada, apenas observar a dor nos olhos dele. Estranhamente, seu corpo não regia, mas seu coração doía o suficiente para fazer com que chorasse também. Quando a primeira lágrima tentou escapar, Hinata acordou.

Estava agora em um quarto pequeno. As janelas tinham sido bloqueadas por várias ripas de madeira, nenhuma réstia de luz de sol entrava por lá, e a porta era trancada pelo lado de fora. Hinata tinha uma cama com um pequeno colchão de palha e bastante cobertores, e uma mesa pequena e estreita onde eram postos seus alimentos, a água e os remédios que eram levados quase todos os dias. Além daquilo, apenas as paredes e as janelas fechadas faziam parte daquele pequeno cômodo escuro, e uma latrina pequena, em um canto mais retirado. Ao menos é um lugar quente.

–  Sonhou?

A voz de Mei preencheu todo o pequeno cômodo, e somente então Hinata pareceu acordar de verdade. Olhou para a mulher envelhecida e esfregou os olhos para poder enxergá-la melhor.

–  Sim. Eles não acabaram, Mei, você estava certa. Mas eu não entendi nada, apenas fiquei mais preocupada. Naruto estava chorando…

–  Em algum momento você vai entender isso. Eu não posso influenciar na sua interpretação, infelizmente. Quando sua sucessora nascer, você entenderá melhor.

–  Isso acontece de forma automática? Quero dizer, como você descobre o que pode ou não fazer e dizer?

–  Você apenas sabe. É como se os deuses te enviassem essa mensagem de uma maneira tão suave que você não a recebeu por completo, mas sabe que ela está ali.

Hinata franziu as sobrancelhas com aquela informação confusa. Tudo ainda era muito novo e diferente, muitas das coisas que Mei falava ela não tinha ideia de como poderiam acontecer. Mas sabia que um dia entenderia, caso viessem a ocorrer com ela.

–  Você falou sobre uma sucessora… como vou saber onde ela está?

–  Varia conforme o caso. Eu soube sobre você apenas quando estava próxima da minha morte, mas em alguns casos você enxerga a pessoa antes mesmo que ela nasça… ela já estará na barriga da mãe, pronta para vir ao mundo, mas ainda não estará no mundo.

–  Seu antecessor te viu quando?  –  Questionou Hinata. Tinha curiosidades sobre Mei Terumi que mesmo com o tempo que tinham passado juntas ainda não tinham sido saciadas.

–  Ele me viu apenas depois de morto, porque ele nunca conseguiu despertar o dom. Raiden Haruno se negava a acreditar nos deuses, e não acreditava em muitas coisas desde a morte de sua esposa.

–  Raiden Haruno? O avô de Sakura?

–  Sim. Ele era um profeta apenas em seu âmago, mas nunca deu espaço para esse lado dele, assim como muitos que o antecederam.

–  E como ele pôde te guiar, se ele nunca efetivamente foi um profeta?

Mei olhou para Hinata com olhos verdes e tristes.

–  Raiden morreu quando eu já era uma menina moça, e então os deuses permitiram que ele conhecesse a verdade e fosse um mensageiro dela. Ele nunca teve experiência com aquilo, mas ele sabia que era real.

Hinata jamais imaginaria que aquilo era verdade se fosse outra pessoa a contar. Mei era confiável, ela sabia que não mentia, e por isso tinha cada vez mais e mais perguntas.

–  Por que se, vendo tantas coisas, você demorou tanto para ver a mim em particular? Seria melhor que tivesse me visto antes, e me guiado desde o começo…

–  Não, Hinata. O melhor nem sempre o que você pensa. Muitas vezes os deuses dão o dom a alguém que ainda é duvidoso, alguém que eles não sabem se será capaz de suportar a carga de ser um profeta. Não é algo simples, como muitos pensam. É por isso que eles aguardam o momento propício para levar o antecessor ao sucessor, o levam apenas no momento em que percebem que tanto o antecessor quanto o sucessor estão preparados. Em alguns casos, como o meu, o antecessor é desnecessário, pois aquele que vai tomar o posto foi capaz de aprender tudo sozinho. E nos casos em que o sucessor é visto pelo antecessor quando está na barriga da mãe, é porque os deuses já o enviaram preparado. Esse geralmente é o caso de profetas capazes de ver muito além, aqueles que criam as profecias. Eles têm um poder que não é muito possível de se medir. Eu, ou você, vemos coisas de nossa realidade. Esses, que já nascem prontos, veem um futuro distante e impensável.

Hinata ficava encantada cada vez que ouvia um pouco mais sobre aquela história. Às vezes não conseguia compreender por que justamente ela, tão fisicamente fraca, tinha sido selecionada para viver aquela realidade complexa e incrível.

–  É tudo tão estranho… eu tive uma visão hoje…  –  Hinata parou de falar quando ouviu barulho de chaves na fechadura de sua porta. Quando ela se abriu, um dos guardas apareceu, com uma carranca de irritação.

–  Com quem você tanto conversa?!  –  Gritou ele. Hinata sentiu a respiração mais pesada e olhou para Mei… ela já não estava mais ali.

Eu estava falando sozinha, disse para si mesma, e sairei como a louca da situação novamente.

–  Com ninguém.  –  Respondeu, precisando fazer certa força para dizer aquela mentira. Já não bastava a humilhação de estar presa em um cubículo e abandonada, precisava ser vista como louca por todos. Mas é necessário. Não devo me importar com o que eles pensam.

O guarda irritou-se ainda mais, e esbravejou:

–  Cale sua boca, então! Pare de falar sozinha feito uma louca!

Após suas palavras rudes, ele bateu a porta com força e voltou a trancá-la. Hinata soltou o ar que, involuntariamente, manteve preso no peito, e jogou-se na cama de palhas. O teto não dizia nada, e exatamente por isso, em certos momentos ele era a melhor coisa a ser observada. Hinata perguntou-se se era dia ou noite, e se sairia dali para tomar sol. Não sobreviverei caso não o faça.





 

Ino



 

Quando acordava, ainda pensava que tudo tinha sido um pesadelo. Mas quando percebia que tudo era parte da realidade, a culpa a assolava novamente e ela chorava mais um pouco antes de finalmente criar coragem para levantar da cama.

“Não se sinta culpada”, Sakura dissera, “se existe alguma parcela de culpa, ela é minha. Fui eu quem os chamou para o nosso lado, e foi a mim que Deidara apoiou”. Mas ela devia saber que isso não seria suficiente… eu ainda sou culpada. Ele estava aqui por minha causa. Ino sabia que seria diferente caso Sakura tivesse chegado lá sem ela. Poderia conseguir a lealdade de Inoichi, porém, seria uma tarefa muito mais árdua, que demandaria muito mais tato e muito mais tempo por parte da rainha. Portanto, a culpa era de Ino, mesmo que indiretamente.

Agora, ela caminhava pelo pátio do castelo das cerejeiras, que era talvez o pátio com o mais belo jardim que já tinha visto, embora estivesse parcialmente destruído. Havia trilhas de arbustos e calçadas de pedras coloridas, relva rasa e verde como os olhos de Sakura, flores variadas, além de grandes árvores de cerejeiras em diversos lugares. Em nenhum castelo havia tantas árvores de cerejeiras.

A muralha, os portões e algumas partes de torres estavam sendo consertadas, mas aquilo demandava tempo e muito dinheiro. Tinham encontrado tesouros dos antigos moradores que serviriam por um longo tempo. Jiraiya inclusive tinha contratado uma companhia de mercenários que vivia pela região, e eles tinham chegado naquele dia. Mas o ouro e a prata logo acabariam, ele dizia, e precisavam ter cuidado.

Ino não sabia como aquelas informações ainda entravam em sua cabeça. Ela aproveitava ao máximo os momentos de solidão para pensar em Deidara, lembrar do sorriso que sempre recebia dele, e acabava pensando também em seu pai, sobre o quanto ele parecia abatido e infeliz. Se houvesse algo que eu fosse capaz de fazer por ele… Mas ainda temia. Estavam mais próximos antes da morte de Deidara, mas ver Inoichi desolado era tão novo que ela não sabia como reagir naquelas situações. Deidara saberia. E então, acabou derramando lágrimas novamente com aquele pensamento.

–  Ino?

Meu nome… soa tão estranho na voz dele.

Ergueu o rosto que escondia entre os joelhos para enxergar Lorde Gaara. Ela estava sentada no chão sob a sombra de uma cerejeira, e ele agora estava em pé diante dela.

–  Gaara.  –  Respondeu, mas sua voz estava triste e abatida, nunca a mesma.

Ele sentou ao seu lado sobre a relva rasa, e então olhou para ela novamente. Ino não queria conversar. Ela queria apenas ficar sozinha com a própria dor a todo o momento. Porém, aquilo era algo que não conseguia dizer para Gaara, principalmente quando olhava nos bonitos olhos dele. Olhos que tinham chamado sua atenção desde a primeira vez em que o vira, quando ainda era uma criança que a detestava.

–  Eu ouvi sobre sua perda.  –  Disse ele. Ino mordeu o lábio inferior, nervosa, sem saber o que dizer. Perdas eram dolorosas demais para deixarem palavras, elas apenas levavam tudo consigo, tudo.

–  Eu sinto muito.  –  Ele continuou. Ino sentiu os olhos marejarem novamente.  –  Eu acho que sei como se sente, porque eu perdi meus pais. Eu sei que em momentos como esse ninguém quer escutar nada então…

Gaara suspirou, e fechou rapidamente os olhos verdes. Estendeu a mão esquerda, que estava no outro lado do corpo. Entre seus dedos havia uma flor branca e repleta de pétalas, assemelhava-se a uma rosa, mas era ainda mais bela e robusta.

–  Em Suna nós costumamos abraçar uma pessoa próxima quando queremos confortá-la, mas não sabia se eu devia fazer isso com você, que é do norte. Essa flor representa vida. E ela é o que nós sempre entregamos para alguém em um momento difícil como esse, para que a pessoa se lembre que embora a morte tenha alcançado alguns, ainda existe vida, e a vida é para ser vivida. Aquele que morre quer que você continue a sua.

Ino sentia-se tão perplexa com aquele pequeno ato que por alguns segundos ficou sem se mover, e sem falar qualquer coisa. Lembrava-se do inicial desprezo por ela ser do norte, e de como aquilo vinha mudando. Desde quando? E por quê? Timidamente, ela levou a mão até a flor branca.

–  Obrigada.  –  Falou, sendo aquilo o máximo que conseguia pronunciar.

–  Espero que entenda a mensagem.  –  Ele falou, e não esperou muito para levantar e sair dali, como se nunca tivesse chegado. Ino ainda demorou para voltar à realidade. Levou a flor até o nariz para sentir seu perfume, e ele era tão suave quanto o ar que respirava. Representa vida.

Talvez fosse uma boa ideia levar uma flor daquelas a Inoichi.

Mas descartou completamente a ideia ao lembrar que era um costume sulino, e talvez por isso não agradasse ao pai. Resolveu apenas ir vê-lo, saber se ele tinha algo a dizer, embora nunca tivesse.

O trajeto até o pavilhão que ele ocupava no interior das muralhas era longo, mas Ino não demorou muito para avistar o grande pavilhão com o estandarte nortista no topo do mastro central. Adentrou o ambiente escuro com cautela, e avistou o pai deitado em sua cama. Aproximou-se dele com passos suaves.

Inoichi estava acostumado a receber Ino. Ela ia até ali todos os dias, ao menos uma vez. O estado emocional dela podia não ser dos melhores, mas ela ainda tinha condições de viver, e de agir. Inoichi, entretanto, estava definhando. Ele nunca falava, nunca reagia, apenas fazia aquilo que ino pedia. Ela escovava os cabelos dele, ajudava-o a se alimentar, mas ele nunca pronunciava palavras, e Ino não tentava fazer com que pronunciasse. Ela sabia o quanto era desejável ficar silencioso naqueles momentos, e o pai ainda estava assimilando o ocorrido. Seu dever como filha era cuidar dele, providenciar o necessário para que sobrevivesse.

Ele estava acordado, e observava o nada no alto do pavilhão. Ino abaixou-se ao seu lado e retirou o cabelo de sua testa.

–  Pai,  –  chamou  –  sua refeição espera.

Ela não costumava tratá-lo daquela maneira antes, mas tinha sido como se uma tempestade assolasse suas vidas, e tudo mudasse de uma hora para outra. Inoichi virou a cabeça aos poucos e encontrou os olhos de Ino com os seus verdes, que logo marejaram. Era como se ele visse Deidara nela.

–  Venha, eu o ajudo.  –  Ela chamou novamente, segurando a mão dele. Inoichi levantou o corpo quase de maneira automática, e em passos lentos caminhou até a mesa de madeira, onde havia pão, queijo e algumas frutas silvestres acompanhados de água. Ino ajudou ele a se sentar sobre o banco diante da mesa, e então sentou no outro, que estava do outro lado.

–  É melhor você comer, para não ficar fraco.

Os olhos dele voltaram-separa a sua direção novamente, quase como duas órbitas vazias. Mas repentinamente encheram-se de lágrimas, e Ino sentiu vontade de chorar também. Talvez eu prefira a pedra de gelo a esse homem que estou vendo agora.

–  Já estou tão fraco que não tenho mais utilidade.  –  Respondeu ele, com a voz perdida em um abismo de dor. Ino abaixou o olhar para que não chorasse, rezando para que sua voz não soasse triste:

–  Você tem. Você ainda é meu pai.  –  Disse, e mordeu o lábio para segurar as lágrimas.

–  Que pai incrível. Desprezei você, e nunca disse ao meu primogênito… eu nunca disse a ele que o amava. Agora não posso mais dizer.

O rosto de Inoichi estava banhado por um rio de lágrimas, e o de Ino não ficou atrás ao ouvir aquilo. Ele tinha sentimentos. Quando a camada de gelo derretia, ele se mostrava quente, como a mãe de Ino tinha dito. Ele amava como qualquer ser humano era capaz de amar. Mas precisava de algo tão triste para demonstrar, talvez tarde demais.

–  Você pode. Ele está com os deuses, e suas cinzas estão em todos os cantos. Ele te ouve, e te enxerga, e ele sabe.

–  Eu queria ter certeza disso. Não acredito em nenhuma dessas conversas. Queria apenas meu filho aqui.

Ino sentia um aperto no peito. Era a primeira vez que Inoichi falava tanto, e suas palavras carregavam uma carga de dor que a alcançava e penetrava seu corpo como diversas agulhas.

–  Ele não vai voltar, pai. Eu também o queria mas… ele não vai…  –  Ino soluçou  –  você precisa entender.

–  E você também. Precisa entender que eu vou viver o resto de minha vida com essa culpa.

Ino alcançou a mão de seu pai sobre a mesa. Talvez eu saiba como se sente melhor do que imagina. Inoichi a olhou nos olhos, com ternura pela primeira vez.

–  Eu sou a culpada. Quem além de mim seria? Entrei em sua casa, fiz com que Aika e Deidara desejassem que vocês estivessem aqui. Se eu não tivesse feito isso vocês estariam vivos, em paz, em Rochedo Branco. Ninguém além de mim tem culpa.

Era doloroso admitir a verdade, mas necessário. Ela não podia permitir que outra pessoa tomasse a responsabilidade por algo que apenas ela tinha feito, principalmente uma pessoa que sofria tanto, e demonstrava uma fragilidade que Ino jamais imaginaria ver. Não sabia se amava seu pai, mas era terrível vê-lo daquela maneira. Era desagradável perceber que quando sua armadura de gelo despencava não sobrava nada além de um desacreditado pedaço do homem que ele mostrava ser.

Sentiu, atônita, a mão do pai em seu rosto com certo zelo que jamais imaginara vir dele. Talvez sua expressão tenha parecido ainda mais estarrecida ao enxergar um meio sorriso, quase imperceptível, no rosto do pai.

–  Você é tão igual a Deidara e sua mãe. Você é apenas amor, e nada além disso.  –  Ele afagou seu rosto, e quase sem querer, Ino aconchegou-se na mão dele para sentir o carinho paterno que nunca tivera. Talvez o mais paterno de toda sua vida fosse o bagunçar de cabelos que Jiraiya a proporcionava sempre que acertava uma flecha no alvo. Aquilo, naquele momento, era tão novo e surpreendente que ela apenas sentiu vontade de chorar.

–  Como pode, Ino? Como pode querer se culpar por isso?

Derramou uma lágrima.

–  Eu apenas não vejo outro culpado além de mim. Eu sou, eu…

–  Você não é. Você faz isso porque não quer que ninguém sinta culpa, porque ama a todos… até a mim que te desprezei por motivos grosseiros. Você não tem culpa nenhuma, criança. Você em algum pouco tempo demonstrou a Deidara mais amor do que eu em todos os anos, e você o fez feliz… quando penso nisso me pergunto como posso ter desprezado alguém como você.

Inoichi levantou de seu banco e veio até Ino. A puxou pelo braço com certa delicadeza para então envolvê-la, pela primeira vez na vida, em um abraço, forte e brando. Ino apenas não segurou mais suas lágrimas, e envolveu o pai com seus braços magricelos, soluçando ao pensar o que Deidara estaria pensando ao ver aquilo. Eu praticamente posso vê-lo aqui sorrindo, irmão… eu posso vê-lo.

–  Você é minha filha, e um motivo para se orgulhar.

–  Obrigada.  –  Disse Ino, gaguejando entre soluços.

Jiraiya, a figura mais próxima de um pai que possuía, nunca a tinha abraçado. E jamais imaginara que Inoichi seria capaz de abraçá-la também, não esperaria aquilo nem anos à frente. Mas no momento em que estava, apenas queria permanecer nos braços de seu pai, descobrindo que ele não era apenas o Lorde de Gelo, mas sim um homem capaz de amar, e capaz de perdoar.




 

Naruto




 

Quando lembrava de Ino, tinha vontade de ir até ela novamente e abraçá-la para que se sentisse bem. Era sua melhor amiga também, como sua irmã, e ele não suportava vê-la sofrendo tanto. Já tinha visto Sakura chorar por perder pessoas para a morte, e agora via Ino também. Ver qualquer uma das duas sofrendo era suficientemente difícil para ele.

–  Você vai mesmo permanecer o dia inteiro olhando através da janela?  –  Questionou Jiraiya. Naruto virou-se para ele com as sobrancelhas estreitas.

–  E se eu for?  –  Desafiou.

–  Se você for, é um inútil. Temos uma companhia de mercenários ao nosso favor agora, mas isso não é tudo. Os Uchihas provavelmente devem estar chegando, e nossas defesas estão debilitadas. Vamos precisar sair do castelo para atacá-los e então, tudo vai ser mais difícil…

–  Vamos expulsá-los.  –  Naruto disse, convicto. Jiraiya não pareceu muito feliz com aquilo.

–  Garoto, você acha que está lidando com um torneio de justas?! Isso é uma guerra!

–  Eu sei.  –  Naruto respondeu, olhando para aquele que tinha como pai.  –  Vimos isso muito bem, não é?

–  Sim…  –  Jiraiya admitiu, debruçando-se ao lado de Naruto sobre o parapeito da janela, e com certa tristeza ao lembrar daquilo.  –  Sabe o que lembrei naquele momento? Eu nunca tinha visto Ino chorar. Pelo menos não um choro de sofrimento como aquele.

Ao parar para pensar, Naruto percebeu que Jiraiya tinha razão. Vira Ino chorar apenas na infância, quando ainda choravam por qualquer pequeno machucado no joelho. Depois disso ela sempre carregava um sorriso no rosto para todos, não importava quem eram, ou de onde vinham.

–  Isso é verdade. Talvez esse seja o motivo pelo qual ainda me sinto triste ao lembrar dela.

–  Sim.

Jiraiya pôs uma mão sobre o ombro de Naruto:

–  Mas estamos em uma guerra. Veremos pessoas mortas, e pessoas sofrendo por essas pessoas mortas, pois isso faz parte. E isso também é o que determina se temos ou não força para sobreviver.

Era estranho para Naruto ver Jiraiya tão sério, mas vinha se acostumando nos últimos tempos. Ainda existiam os momentos de descontração que eram tão típicos entre eles, mas a seriedade predominava quase sempre, pois os assuntos de guerra eram importantes. Quando eles findavam, iniciavam as tristezas sobre os soldados mortos. E nessa última batalha tinham sido muitos. As baixas nunca tinham sido tantas antes, e pela primeira vez o exército ficou enfraquecido, até a chegada da companhia de mercenários que agora se instalava no pátio.

–  É verdade.  –  Disse ele. Permaneceu mais algum tempo com Jiraiya por ali, o sol ainda estava alto quando saiu para procurar por Minato e Kushina. Precisava dividir seu tempo entre várias coisas, e aquilo se tornava cansativo. Tinha ido ver Hinata apenas uma vez após a chegada em Castelo das Cerejeiras, e aquilo o incomodava. Ela era a que mais precisava dele, pois estava sozinha.

O castelo das cerejeiras tinha muitos quartos, e muitos aposentos que poderiam servir como quartos caso necessário. Naruto tinha conseguido reservar um daqueles para Kushina, para que ela permanecesse confortável, e enquanto caminhava pelo pavilhão principal para chegar até a escada que levava até sua mãe, passou por dois guardas.

–  Estou dizendo, ela fez de novo! E quando perguntei com quem falava ela olhou para a parede, como se procurasse por alguém… acho que aquela menina é amaldiçoada!  –  Comentava um dos dois. Naruto parou diante deles.

–  De quem você está falando?  –  Questionou. O rapaz pareceu bastante assustado quando o viu ali, prestou uma reverência rápida.

–  Hinata Hyuuga, meu senhor. Ela anda falando com as paredes, está cada vez mais louca!

Naruto não sabia o que havia de errado, mas devia haver algo. Cada vez mais guardas comentavam aquele tipo de coisa, e não apenas os guardas noturnos, mas de diversos horários. Ele não gostava nem um pouco de saber que Hinata estava sendo difamada por eles, mas e se houvesse algo de verdadeiro naquilo? Se ela realmente estivesse enlouquecendo? Afinal, era frágil como porcelana e vinha passando muito tempo sozinha, isolada do mundo.

Quase que de repente, Naruto decidiu que mudaria o caminho. Não iria mais para o quarto de sua mãe, e sim para o pequeno quartinho onde Hinata estava presa. Tinham separado cada um conforme o risco. Hinata, a irmã, a septã e a avó estavam  em quartos tão pequenos quanto celas no topo de uma torre. Já o pai dela, a tia, e vários outros que poderiam ser considerados prisioneiros de risco eram mantidos nas masmorras úmidas e escuras. As janelas dos quartos no topo da torre tinham sido lacradas, para evitar tentativas de fugas desesperadas ou mesmo suicídio.

Naruto iniciou a subida cansativa das escadas, que serpenteavam por uma torre de cinco pavimentos. Quando estava no segundo pavimento, parou repentinamente ao escutar um toque do berrante. Esperou por alguns segundos e logo veio o próximo. Dois toques… o castelo será atacado!

Não pôde continuar seu caminho até Hinata. Aquilo sinalizava nada além de que os Uchihas estavam subindo a montanha, e eles tinham pouco tempo para estarem prontos a sua espera antes que alcançassem o castelo. Com a ajuda de um jovem escudeiro ele vestiu sua armadura, apressado. Aquela seria uma das batalhas mais importantes, e talvez mais difícil. As defesas do castelo estavam danificadas, e por isso, se deixassem os Uchihas passarem, tudo estaria perdido. Teríamos perdido tantos homens por nada… Deixá-los passar não é uma opção.


 


Notas Finais


Então pessoal, acho que vou jogar uma pequena bomba por aqui no próximo capítulo... HSAUIHSAIUSAH
E espero que tenham lido com atenção, existem pistas importantes nesse capítulo.
Até mais :*


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