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História Love Will Remember You - Countdown to the inevitable


Escrita por: jujuuuuuu

Notas do Autor


Oi, gente linda <3

Boa leitura pra vocês! Espero que gostem :)))

Capítulo 12 - Countdown to the inevitable


Certamente eu já tive noites de sono melhores que aquela - se é que dá pra chamar assim, porque o que eu menos consegui fazer foi dormir. 

Não dava para simplesmente fechar os olhos e descansar. Eu não conseguia relaxar e sabia que isso era um grande problema porque qualquer um perceberia que algo errado não estava certo - e tudo o que eu menos queria naquele momento era ter que explicar ou contar alguma coisa pra alguém. Não estava pronta pra isso.

Eu já tinha perdido as contas de quantas vezes havia acordado (e tentei me aproveitar disso para compor), mas somente quando era umas 4h da manhã resolvi mandar uma mensagem pro Justin. Na verdade, um áudio.

- Ei, como foi o dia com o Chaz? Sei que mal nos falamos depois da aula, mas ambos estivemos ocupados (tu com o Chaz e eu com o meu sofá hahaha). Sei que está tarde também, na verdade quase cedo, mas eu não estou conseguindo dormir e, antes que tu fique preocupado, SIM eu estou bem. Só não estou tendo uma boa noite de sono, acho que isso é saudade de você. Enfim, espero que esteja tudo bem por aí, depois quero saber sobre como andam os ensaios e se Chaz está mandando bem mesmo. Também quero saber sobre a sua apresentação, mocinho. Nunca conversamos sobre isso - o que claramente não te dá o direito de saber da minha. Já estou avisando hahahahah. Até logo, meu amô. Beijão! 

Assim que enviei o áudio senti um nó na garganta e eu sabia que o choro viria logo em seguida, então tratei de fechar os olhos e me esforçar para pensar em coisas boas, em lembranças felizes e em todos os motivos que eu tinha para não encarar o que estava acontecendo como o fim do mundo. Era só uma fase, né? Só mais um de tantos obstáculos que somos obrigados a passar durante a vida, pois são eles que nos fortalecem e nos fazem evoluir. 

- Bom dia, querida - ouvi minha mãe dizer. Estava morta de sono e eu suspeitava que não era mais tarde que 7h. Abri os olhos, me espreguiçando, e encontrei a minha mãe ao meu lado na cama. 

Ela estava com a aparência péssima, bem diferente do que estávamos acostumados. Sra. Mandy sempre foi uma mulher elegante e bonita que cuidava de si e da sua saúde - surpreendendo a todos quando dizia que trabalhava com TI (porque a imagem que temos é de um cara gordinho, nerd, usando óculos e vivendo a vida em frente a um monitor. Sendo que, na verdade, não era bem assim). Então ver a minha mãe com olheiras e olhos fundos que denunciavam a sua preocupação era terrível para mim. Ainda mais porque era minha culpa. 

- Me desculpa - ela disse e seus olhos encheram de lágrimas. Ela estava sofrendo mais do que eu e isso não era justo. A abracei e senti que começou a chorar. 

- Ei, tudo bem. Não tem porque ficar assim, mãe. Eu não estou morrendo - falei tentando convencer mais a mim do que ela -. Eu só estou doente e vou precisar mais do que um analgésico pra cuidar disso. Não quero que encare como o fim do mundo - nem você nem o Jhow. Sei que estão tristes, sei que nenhum de nós queria isso, mas aconteceu e agora vamos ter que lidar com o fato. E eu vou precisar de vocês bem pra isso, tá bom? Eu preciso de vocês agora mais do que nunca. 

Confesso que me surpreendi com as minhas palavras. Foram sinceras e não foram pensadas. Era o que eu estava de fato sentindo e era bom poder falar isso pra ela, embora eu não conseguisse esboçar nenhuma reação - era como se essa capacidade tivesse sido tirada de mim no momento em que Jeremy me contou sobre o câncer. 

- Você tem razão - mamãe disse limpando os olhos e se afastando de mim. - Eu só precisava colocar pra fora, mas eu e seu irmão vamos te ajudar com isso. Eu prometo. Você não está sozinha - ela completou sorrindo para mim, embora estivessem claras as lágrimas prestes a cair de seus olhos. 

Ela pediu para que eu me trocasse e descesse para tomar o café o quanto antes, pois eu tinha aquele exame estranho pra fazer no hospital. Sendo assim, em meia hora nós já estávamos no mesmo caminho que fizemos na segunda feira daquela mesma semana e subitamente o medo de aquilo se tornar uma rotina me tomou. 

Novamente fiquei aguardando enquanto mamãe cuidava da minha ficha de atendimento. Eu esperava que a gente fosse precisar ficar esperando um tempo, mas antes mesmo que minha mãe pudesse se sentar ao meu lado o doutor Jeremy nos chamou em uma das portas que se encontravam naquele enorme corredor. 

- Bom dia, meninas - ele cumprimentou tentando nos deixar mais a vontade enquanto nos dirigimos para dentro da sala -. Como está se sentindo hoje, Sel?

- Não sei exatamente. Eu deveria estar com medo desse exame?

- Não, nós não o faremos sem ter certeza de que esteja anestesiada. O máximo que pode sentir é um leve desconforto na região e só - ele me garantiu. Decidi que era uma boa confiar nele.

Junto de Jeremy haviam mais três pessoas na sala que provavelmente faziam parte da equipe de oncologia dele - uma mulher e dois homens; todos deviam estar na faixa dos 30 anos. Fui super bem atendida por todos eles. 

A mulher (que se chamava Lucy) levou-me até uma divisão da sala para vestir uma daquelas roupas de hospital - tipo umas camisolas verde água "super sexys". A única diferença é que nessa havia uma abertura na região em que seria feito o exame. Em seguida, Lucy me levou até a maca onde me deitei de lado. Eles recomendaram que eu apoiasse os joelhos no peito, inclinasse o pescoço em ao tórax e, se julgasse necessário, abraçasse minhas pernas para não correr o risco de sair daquela posição, pois era importante para que o exame fosse bem sucedido.

- Sel, nós vamos começar a aplicação da anestesia. Você ficará acordada, naturalmente, então se sentir qualquer desconforto, dor, ou qualquer outro sintoma não se mexa. Tem que nos avisar com a boca, seja gritando ou simplesmente pedindo para parar. É importante que você fique completamente imóvel, tá bom? Não vai durar 5 minutos. 

Eu apenas assenti e pedi para que a minha mãe ficasse perto de mim - e teria dado a mão para ela segurar, mas achei melhor abraçar minhas pernas mesmo. Senti uma picada e uma dor pequenininha quando a anestesia foi aplicada e em poucos segundos parei de sentir a parte de baixo das minhas costas. Confesso que era uma sensação estranha.

Comecei a ficar tensa e nervosa. Confiava neles, principalmente em Jeremy, mas estava morrendo de medo da ideia de uma agulha entrar dentro das minhas costas. Comecei a tremer e eles perceberam.

- Filha, fique calma - mamãe pediu quase tão nervosa quanto eu.

- Querida, é importante que relaxe para que a região não fique dolorida depois - adverteu um dos caras da equipe gentilmente.

Eu não queria fazer isso, mas era a única forma de me acalmar - comecei a cantarolar a música que Justin havia feito para mim. Cantava baixinho, mas sabia que todos ali estavam me ouvindo. De qualquer forma, aos poucos fui relaxando e eles resolveram que era a hora de iniciar o exame. 

Sabe quando alguém perfura a sua pele mas você não sente? Provavelmente não, né. E eu fiquei imaginando o quanto doeria sem a anestesia, pois a agulha não parecia fina, não. Pensei que não ia parar de entrar dentro de mim e quando parou senti uma pressão bem desconfortável - era o Jeremy sugando o líquido da minha espinha. Quando retiraram a agulha a sensação foi estranha, mas o alívio era maior que tudo. Pediram para que eu relaxasse a musculatura aos poucos, ficando deitada normalmente ali. Precisei esperar mais 10min depois que o exame foi finalizado pra ver se estava tudo bem e se eu não ia precisar fazer de novo.

- Vocês estão liberadas - Jeremy veio até nós depois dos 10 minutos em que fiquei de repouso -. É possível que você sinta tonturas por causa do exame, assim como dor na região do exame e dores de cabeça - ele disse se voltando para mim -. Se achar necessário, pode tomar os analgésicos que está acostumada a tomar para aliviar a dor, mas o essencial é que faça repouso o resto do dia. 

- E quando teremos o resultado? - minha mãe questionou ansiosa.

- Eu ligo assim que souber. Vamos avaliar o mais rápido possível, então espero que segunda ao fim da tarde a gente já tenha as respostas que precisamos para começar a cuidar da nossa britânica - disse Jeremy sorrindo como se aquilo fosse a coisa mais comum do mundo. E na verdade era, pelo menos pra ele que trabalha com pacientes diagnosticados com câncer há muitos anos. 

Agradecemos a equipe toda e nos despedimos, indo em seguida para o carro. 

- O que acha de passarmos naquele café perto da empresa para comer alguma coisa? Sempre buscam lanche da tarde para nós de lá e eu tenho certeza que vai gostar do café deles - minha mãe convidou assim que pegamos o caminho para voltar para casa. Assenti para ela sorrindo.

A verdade era que eu já estava começando a ficar com dor e aquilo precisava melhorar, pois eu pretendia passar a tarde com Justin e ele não podia desconfiar de nada.

Chegamos no café que mamãe falou rapidamente e só quando senti o cheiro de pães fresquinhos percebi que estava com fome. Eu pedi um café expresso com chantilly e um croissant de frango enquanto mamãe preferiu um suco de laranja com uma empada de palmito. 

Nos sentamos em uma das mesas que havia por ali - era um lugar rústico com uma pegada meio clássica. Lugares assim sempre me lembravam de Londres, o que me deixava extremamente nostálgica. Eu e mamãe conversávamos animadamente sobre assuntos banais e o clima estava tranquilo, como se a gente não estivesse voltando do hospital para fazer um exame estranho porque a filha dela estava com leucemia. Até que mamãe conseguiu estragar tudo: 

- Sei que vai ficar brava comigo, mas eu tomei a liberdade de ligar para o seu pai ontem depois que você foi dormir - ela disse já esperando uma péssima reação de mim.

- Você fez o que? - questionei levemente alterada. Eu não podia acreditar naquilo.

- Olha, eu sei que está ressentida com ele ainda, o que não faz sentido nenhum porque até eu já o perdoei e ficar remoendo o que aconteceu não vai te fazer bem. Ele é o seu pai, Sel. Ele tem o direito de saber. 

- Ele tinha o direito de ligar pra saber se eu estava viva, mas eu não me lembro exatamente quando foi a última vez que ele se deu o trabalho de me mandar nem que fosse um e-mail pra saber disso. Então não, ele não tem que saber de nada. Porque ele não se importa. 

Depois disso o assunto morreu pra mim e ela percebeu que não ia conseguir me fazer escutar o que ele disse a ela. Pedimos a conta e fomos para casa apenas. 

Ela ia almoçar comigo e iria para a empresa só depois que Justin viesse para a nossa casa - parece que a possibilidade de eu ficar sozinha tinha sido completamente vetada. Não que eu me importasse se essa companhia fosse o meu namorado. Nós comemos um estrogonofe de frango maravilhoso que fizemos juntas e cerca de 20min depois Justin chegou.

- Bom, agora eu posso ir trabalhar tranquila. Beijo, crianças! Juízo hein - mamãe mandou um beijo no ar e foi correndo para o carro, provavelmente atrasada e mais uma vez era por minha culpa.

- Por que sua mãe foi trabalhar só agora? - questionou Justin beijando minha bochecha. Eu odiava ter que mentir pra ele. 

- Ela disse que não precisava ir hoje cedo e preferiu ficar comigo. Ela está preocupada e tal - falei me virando para ele no sofá. 

Fiquei o observando. Estava tão lindo, mesmo que não estivesse usando nada demais. Eu estava com tanta saudade dele e não fazia nem 24h que a gente havia se visto. Subitamente o abracei, deixando Justin surpreso com a minha reação, mas ele me abraçou sem pensar e eu juro que poderia ficar daquele jeito para sempre. 

Mais uma vez senti o nó na garganta e engoli fundo tentando afastar aquela sensação.

Nós passamos o resto do dia extremamente conectados um ao outro. Ele me contou sobre como foi o dia no Chaz super animado, dizendo que provavelmente faria uma participação durante a apresentação dele no dia do evento no colégio. Me contou sobre a amizade deles que eu descobri ser de infância e o fato de que os dois não guardavam segredos, o que significa que Chaz contou ao Bieber que queria me pegar antes de descobrir que ele estava afim de mim e vice versa. Rimos horores imaginando como seria o casal chalena e chegamos a conclusão de que realmente não existia ninguém mais perfeito pra mim do que ele, assim como não havia mais ninguém no mundo que ele quisesse sem ser eu.

Em contra partida, dividi com ele minhas experiências em Londres. Contei sobre os amigos que eu tinha lá e que todos haviam concordado que era melhor não manter muito contato para que fosse menos dolorido depois de dizer adeus - afinal a probabilidade de a gente se ver de novo era mínima.

Nós assistimos episódios de House MD, comemos pipoca e brigadeiro. Até dormir a gente dormiu, pois colocamos um colchão no chão na sala, então foi impossível não se entregar ao sono. As coisas esquentaram também, em vários momentos, mas o exame que fiz de manhã estava me incomodando e o tempo todo me lembrava que devia manter repouso, então eu jogava um balde de água fria na gente dizendo que não estava bem para aquilo hoje - o que era verdade. 

Justin ficou para jantar com a gente naquele sábado. Minha mãe chegou por volta das 20h acompanhada de meu irmão e de uma pizza tamanho família de margherita e quatro queijos. Nos esbaldamos com toda aquela pizza e ao final da janta eu jurava que ia explodir. 

Tirando a manhã incomum e o incômodo que ela me rendeu o restante do dia, foi um sábado como outro qualquer e eu aproveitei o máximo aquilo, pois sabia que mais cedo ou mais tarde as coisas ficariam mais complicada na minha vida e na de todos os que vivem a minha volta. 

Pela primeira vez eu entendi como Hazel Lancaster se sentiu de fato em A Culpa é das Estrelas: eu era uma bomba, assim como ela. E não era preciso que eu "explodisse" para afetar as pessoas que queriam o meu bem: bastava o sofrimento inevitável relacionado à minha contagem regressiva. E pior do que saber que essas pessoas sofreriam por minha causa era o fato de que eu não podia fazer nada para mudar isso. Nada.


Notas Finais


Contem pra mim o que estão achando <3
Beijoooo e até a próxima!!!


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