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História Love Will Remember You - And it's killing me inside


Escrita por: jujuuuuuu

Notas do Autor


Preparem os lencinhos e os corações: cap destruidor à vista!

Boa leitura <3

Capítulo 14 - And it's killing me inside


Tudo o que eu menos queria era ter que levantar daquela cama em plena segunda feira fria e chuvosa que estava fazendo. Porém, eu tinha uma aula de matemática para encarar, não é mesmo? 

Assim que o despertador fez o incrível favor de me acordar,  levantei da cama e me dirigi ao banheiro. Tratei de lavar o rosto e escovar os dentes até que algo me fez parar - fazia tempo que a minha gengiva não sangrava e naquela manhã ela fez o favor de encher a minha boca de sangue.

Pra quê começar o dia bem, não é mesmo? 

Lavei bem a boca e passei um enxague bucal como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo e resolvi dar um trato naquela cara de morta que eu estava. Fazia tempo que o corretivo não conseguia mais cumprir muito bem o seu papel e naquele dia não foi diferente. Usei e abusei do rímel e fui me trocar, colocando uma calça jeans escura, botas/coturnos marrom escuros, camisa do uniforme de manga comprida e um casaco um pouco mais comprido (quase um sobretudo) que tinha um capuz e a mesma tonalidade das botas. Prendi meu cabelo num coque que permitia que alguns fios do meu cabelo caíssem, peguei a mochila e desci as escadas. 

Eu já estava sozinha em casa, mas mamãe deixou o café pronto em cima da mesa com um post it escrito "nós te amamos" na porta da geladeira. Sorri com aquilo.

Como fiquei enrolando para levantar, não pude me demorar enquanto comia, então tomei apenas uma xícara generosa de café quentinho e saí porta afora em direção ao estacionamento, agradecendo por a chuva ter diminuído ao ponto de ser apenas chuviscos. Por isso não precisei pegar o guarda-chuva, mas quando cheguei no estacionamento do colégio mais uma vez me peguei agradecendo naquele dia: se não fosse pela área coberta eu teria me encharcado, pois a chuva voltou com tudo no meio do caminho.

Fui reto para a sala depois de passar no meu armário, pois faltava pouco mais que 10min para a aula começar e, por incrível que pareça, não tinha ninguém lá. Era a primeira vez que aquilo acontecia. O que uma chuva não faz, hein produção? Aproveitei que estava sozinha e peguei o meu caderninho de composições. As apresentações seriam no sábado e eu ainda não tinha terminando a minha música. 

Comecei a me deixar levar pela letra que eu compunha e aos poucos a sala foi enchendo. As pessoas passavam por mim me cumprimentando e eu respondia sem prestar atenção, até que senti alguém parar em pé na minha frente, mas ignorei.

Essa mesma pessoa bateu a mão na mesa com força e me assustou de um jeito que quase caí da cadeira. Estava pronta para arrumar uma briga porque eu não sou obrigada a nada, porém vi que era Andrew. 

- Filho de uma puta - falei rindo pra ele, tentando me acalmar do quase ataque cardíaco.

- Caramba Sel, faz um tempão que tô aqui na sua frente, sua louca - ele falou dando um beijo em meu rosto. - Gente que compõe música é tudo louca, Deus me livre - ele falava enquanto ia para a sua mesa e as pessoas em seu caminho davam risada. 

Quando voltei-me para o meu caderninho encontrei o melhor sorriso do mundo no rosto do cara mais lindo do mundo que por sua vez estava sentado ao meu lado, encostado na parede da janela.

- Como chegou aí? - perguntei dando um selinho nele.

- É sério que você não viu? Eu passei pela sua frente. 

- Me desculpa, eu estava compondo. Sabe como é. 

- É, eu sei. - ele respondeu sorrindo e beijou o meu rosto, me aproximando dele. Em seguida o nosso professor chegou e já começou a matéria, atraindo todo o nosso foco para ele. 

O que eu mais gostava das aulas de matemática é que eu, embora seja uma espécie de projeto de artista, tenho um pé em exatas, então modéstia a parte eu me dou bem em aulas como essa, e Justin tinha o corpo inteiro em humanas, além de ser meio lerdo. Logo, eu tinha que ajudar ele e, literalmente, eu adorava fazer isso. Explicar para ele algo que o professor acabou explicar só que de um jeito diferente, e ver os seus olhos se iluminando porque finalmente tinha entendido não tinha preço.

Acho que se eu não estivesse no ramo musical, seria professora. Se bem que não tem artista maior que um professor, tem? O que é compor músicas ou cantar em um show comparado a ter que enfiar conhecimento na cabeça de um bando de gente desinteressada, afinal de contas?

Eu estava ajudando Justin, Demi e Camilla numa lista de exercícios que o professor passou para fixação de conteúdo quando alguém bateu na porta, a abrindo em seguida. Era uma inspetora.

- Com licença, professor - ela disse e o mesmo assentiu para ela, dando permissão para continuar. - A mãe da senhorita Selena Gomez veio buscá-la para ir embora. 

Senti todos os olhares em cima de mim. 

Lembra do lance sobre ser um avestruz? Ainda tá valendo.

A inspetora saiu, mas deixou a porta aberta - um indicativo claro de que era para eu guardar as minhas coisas e ir pra fora. E assim eu fiz. Deixei o meu material do armário com Justin e a minha chave também, para ele guardar para mim. Estava nervosa, tremendo, então ele me ajudou a colocar o resto das coisas na mochila. 

- Ei, o que foi? Tá tudo bem? Sabe porque ela veio de buscar? - ele perguntou com a voz serena e baixa para me acalmar. 

- Não, não faço ideia. Só que pra ela ter feito isso, algo importante deve ter acontecido. - respondi um pouco mais controlada, sussurrando de volta. Dei um beijo rápido nele e me despedi de quem estava por perto e do professor com um tchau baixinho.

Quando saí para o corredor avistei a minha mãe inquieta ao final dele, perto da porta que dava para o pátio. Fui em sua direção quase correndo.

- O que aconteceu? - perguntei a ela que tentava a todo custo controlar o nervosismo nítido em sua expressão. 

- O dr. Jeremy me ligou há pouco, disse que o resultado do seu exame já está pronto e que é pra eu e você irmos até o consultório dele no departamento de oncologia do hospital. 

Imediatamente fiquei tensa. Assenti para ela e fomos as duas para o carro, pegando em seguida o caminho para o hospital novamente em menos de uma semana. Não trocamos uma palavra durante o percurso, diga-se de passagem. 

Era quase 9h30 quando chegamos ao nossos (infeliz) destino, fazendo o "check in" na portaria do hospital e seguindo para o 3° andar dos 8 que haviam naquele lugar. Os minutos dentro do elevador se arrastavam e mamãe me abraçou de lado, meio sem jeito, enquanto eles passavam.

Assim que o elevador se abriu, fomos recepcionadas por uma sala extremamente límpida, com um balcão de atendimento ao fundo, televisão, sofás e até aquelas mesinhas com café e tudo mais. No fundo, ao lado esquerdo, dava pra ver que tinha um corredor onde eu julgava ser as salas para tratamento e tudo mais. 

Eu fiquei sentada em uma das várias poltronas que haviam ali enquanto mamãe foi falar com a mulher no balcão - provavelmente a recepcionista. Estava prestes a pegar uma revista para olhar quando uma mulher apareceu do corredor com uma criança que devia ter um 10 anos que tinha um lenço na cabeça e uma expressão de exaustão clara. Uma sensação ruim me tomou e eu lembrei do pouco que sabia sobre a quimioterapia: queda da imunidade, dos pelos, perda de peso, anemia, náusea, vômitos, depressão. Em seguida me veio um nó na garganta que estava se tornando comum para mim - eu provavelmente teria que passar por aquilo também. 

Quis chorar. 

- Filha? Vamos? - mamãe me chamou num sorriso falso na entrada do corredor. 

Segui ela em silêncio e fomos até quase o fim do enorme corredor. Quando chegamos a uma porta que tinha o número 3 minha mãe bateu duas vezes levemente na mesma e em seguida a abriu. Havia um Jeremy com sorriso mais falso que o da minha mãe sentado atrás de uma mesa e com o tradicional jaleco branco que as pessoas da área da saúde usam. Ele se levantou para nos cumprimentar e em seguida indicou as duas cadeiras em frente a mesa dele. Nos sentamos todos cada um em seus respectivos lugares.

- Bom, como vocês já sabem, seu exame ficou pronto, querida. 

- E? - eu perguntei, assumindo a defensiva como se fosse ele o meu agressor ali, quando na verdade o meu próprio corpo estava me fazendo de vítima.

- E aí que eu vou ser direito - ele falou rapidamente, tomando fôlego. 

- Diga logo, doutor. - minha mãe quase implorou a ele.

- As notícias não são boas. Na verdade são bem piores do que eu esperava. O exame revelou que o seu câncer é classificado como leucemia mielóide aguda, uma forma extremamente agressiva da doença, o que significa que sim, está em um estágio bem avançado. Eu refiz o exame esperando que estivesse enganado, mas infelizmente isso não aconteceu. Nós vamos começar com os ciclos de quimioterapia assim que a sua internação for concluída, e isso precisa acontecer o mais rápido possível. Porém, considerando o estado em que chegou, é quase impossível que a gente consiga te curar só com o tratamento, por mais agressiva que seja a quimioterapia. Então eu sugiro que seja iniciado o quanto antes um processo de exames nos familiares e amigos o mais rápido possível em busca de compatibilidade para um transplante de medula óssea. Caso contrário, vai ser difícil que você consiga mais que um ano e alguns meses de vida. - ele soltou tudo, e eu senti o peso de cada uma de suas palavras - Sinto muito.

Minha mãe chorava ao meu lado, Jeremy tentava a acalmar e pediu um copo de água com açúcar para a sua recepcionista. E eu? Eu não conseguia expressar nada. Via tudo acontecer ao meu redor em câmera lenta. Não sentia nada. 

- Mandy, posso ficar um minuto a sós com a sua filha? - ouvi o doutor pedir.

Mamãe assentiu e saiu da sala acompanhada pela atenciosa recepcionista. Devia estar acostumada com aquilo, coitada.

Jeremy, assim que encostou a porta, sentou na cadeira ao meu lado em que mamãe estava sentada segundos atrás, se virando para mim. Ele apoiou os cotovelos nos joelhos e ficou em silêncio, esperando que eu olhasse para ele. Segundos se passaram e ele manteve a mesma postura assim como eu, então decidi que era melhor me virar para ele e acabar logo com aquilo.

- Eu acabei de te dar uma notícia e você não vai falar nada? - ele questionou. Parecia preocupado.

- O que você quer que eu diga? Quer que eu agradeça por me dizer que estou morrendo? Isso não vai acontecer, sinto muito - falei ironicamente para ele sem demonstrar sentimento algum.

Ele respirou fundo antes de continuar. Pelo visto não estava acostumado com aquele tipo de reação.

- Olha, eu lido com pessoas na mesma situação que você desde quando nem sonhavas em nascer ainda. Eu escolhi trabalhar com isso porque sentia que devia ajudar as pessoas e que queria mostrar a elas que sempre há esperança. Sim, eu já vi muita gente morrer, mas também já vi tantos milagres acontecerem ao longo de todos esses anos. Eu sei o que está passando pela sua cabeça. Sei que acha que vai morrer, ou que é impossível encontrar alguém compatível contigo ao ponto de poder ser um doador. Sei que está pensando nos efeitos colaterais do tratamento e nas possíveis complicações que o mesmo vai te trazer. Sei porque é assim que todos se sentem no início e não tem problema algum. É natural. É necessário até eu diria. Mas saiba que enquanto mantiver a ideia de que se curar não é uma opção, jamais vai conseguir que algum tratamento dê certo pra você, mesmo que seja o melhor do mundo. Então, se nunca foi otimista, esse é o momento. Mesmo quando tudo estiver dando errado, mesmo nos dias mais difíceis ou nos que a única vontade que você tenha seja a de morrer só para poder acabar com isso de uma vez. Se agarre a alguma fé, seja ela qual for, e faça dela a sua âncora. O seu ponto de estabilidade. Você vai precisar disso e as pessoas ao seu redor vão precisar também, porque todos nós vamos sofrer e encarar essa luta juntos, está bem? Você não está sozinha, Sel. Você não está morrendo. Só está precisando lutar contra um inimigo que no final das contas veio só para te deixar mais forte. Você vai ver. 

Apenas percebi que as lágrimas escorriam dos meus olhos quando ele terminou de falar, tão emocionado quanto eu. 

Provavelmente eu era a primeira paciente que tinha algum vínculo com ele e que ele ia sofrer mais que o normal junto. Nem tanto por eu ser a sua nora, embora eu já visse nele uma certa figura paterna, mas por causa de Justin que sem dúvidas seria diretamente afetado. Pensar nele fez com que todas as barreiras que eu havia criado e mantido firmes desde que descobri sobre a doença desmoronassem. Comecei a chorar desesperadamente. Eu tremia na cadeira e logo o doutor se aproximou de mim e eu o abracei desejando que fosse o meu pai. 

(...) Sinto-me um fósforo prestes a ser aceso dentro de uma caixinha com vários outros que serão queimados junto comigo. E serão queimados injustamente.


Notas Finais


:(((((

Beijo, gente. Tô triste com esse cap. Até mais <3


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