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História LoveSick - Capítulo 38 - Solitude


Escrita por: YukoTsu

Notas do Autor


eu sei que falei isso há uns 20 capítulos atrás, mas agr é serio: ta acabando galeraaaaaa

Capítulo 40 - Capítulo 38 - Solitude


Ria, e o mundo rirá com você.

Chore, e irá chorar sozinho.

Budo se lembra até hoje do dia em que essas palavras saíram da boca de Ayano. Mina Rai havia saído do clube e levado junto com ela a amizade que mantinham há anos. Estava se sentindo sozinho, abandonado, quando Ayano chegou para consolá-lo. Tanta coisa aconteceu depois disso, que mais parecia que havia acontecido em uma outra vida. Mesmo assim, ele ainda se lembra daquelas palavras.

Desde que se entende por gente, o conceito de “solidão” sempre lhe foi muito, mas muito assustador. Quando era menor, ele não possuía absolutamente nada. De repente, tudo o que ele tinha era o Taro. Então, Raibaru, Osana, Hanako, Mina Rai… Todos, de uma forma ou outra, acabaram por preencher o vazio em seu coração. E então, o mundo caiu. Pouco a pouco, Budo se afastou de cada um deles. Havia se tornado popular, mas estava mais sozinho do que nunca, mesmo que não tivesse se dado conta disso.

Foi quando Ayano apareceu.

Porém, naquela época, ele ainda não imaginava que iria perdê-la. Não tão cedo assim, não para o seu melhor amigo.

De novo, aquilo estava acontecendo de novo.

Aquilo não poderia ser verdade, de jeito nenhum. Talvez ele esteja enlouquecendo, perdeu o seu último fio de sanidade e estava imaginando coisas. Talvez ainda esteja traumatizado pelo seu passado com Raibaru e agora estava tendo um pesadelo com Ayano por causa disso.

Era isso o que ele queria dizer a si mesmo, mas Budo sabia que era real. A realidade machuca, a vida machuca e é agonizante.

Não aguentando o que via, ele saiu dali e foi correndo até o banheiro para vomitar.

A aula nunca demorou tanto para acabar.

Eram por volta de seis e meia, já havia anoitecido. Yuan estava sentado na sala ouvindo sua avó conversar com seus pais. Ligou a televisão a pedido dela, já que estava na hora da sua novela favorita. Colocou no canal específico, mas estava fora do ar. Decidiu conferir outro canal, mas também estava indisponível. Passou por uns cinco canais diferentes, todos com o mesmo sinal de interferência.

“Que estranho.”, pensou. “Nunca vi isso acontecer.”

De repente, Budo chega em casa. Yuan logo estranhou o fato dele ter aparecido totalmente calado, por ser algo que contrasta da personalidade dele.

-- Ooh, quem é esse rapaz disfarçado de dìdi? -- Yuan o provocou. -- O dìdi que eu conheço estaria berrando nos meus ouvidos.

Budo, que até então estava olhando para o chão, ergueu o olhar. Seus olhos estavam vermelhos e inchados.

-- Dì...di… -- Yuan sussurrou, assistindo Budo ir correndo em direção ao seu quarto e se trancando lá dentro enquanto sua avó, ao fundo, declarava aos prantos de que isso “foi culpa daquela garota”.

Budo se encostou na porta e se sentou no chão, soluçando. A sensação de traição só não era maior que a de abandono.

As colinas responderão ao seu canto, mas o seu suspiro se perderá no ar.

Ninguém irá rejeitar o seu vinho em néctar

Mas, sozinho, você precisará beber do fel da vida.

Seu celular tocou, indicando que havia recebido uma mensagem. Ayano logo lhe veio em mente, lhe dando um fio de esperança. Pegou o celular o mais rápido que pôde.

Raibaru Najimi escreveu:

“|ω;`)”

“(´ω`。) O coração da Rai-chan está em pedacinhos (´_`。) *sniff* É tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo…. Que horrível.”

“( ´・ω・) Mas o Budo-kun deve estar pior ainda. o(〃^▽^〃)o Então mesmo não estando bem Rai-chan vai dar o seu melhor para que ele melhore!!! (❁´◡`❁)

(〃´∀`〃)ε`●)chu♪”
 

Budo suspirou, condenando-se por ter sido tão iludido a pensar que realmente receberia uma mensagem da Ayano.

Apesar de que ele não pode deixar de abrir um sorrisinho enquanto respondia.

-x-

Quando entrou em casa, Matsuda estava com um péssimo pressentimento. Havia conversado com a tal garota misteriosa e não foi do jeito que ele imaginou, aquele diálogo só atiçou e o deixou mais com mais dúvidas.

Olhou para dentro da sacola que ela havia lhe dado, que continha alguns fios de cabelo da Aishi e um relatório de autópsia.

Suspirou, não queria nem imaginar como ela conseguiu aquilo. Decidiu ir até seu quarto, onde ficava o computador, para ler o documento e depois digitalizá-lo. Não queria correr o risco de perder uma preciosidade daquelas. Se sentou na cadeira e começou a ler.

“Relatório de Autópsia

Paciente: Oka Ruto”

Oka Ruto, Matsuda se lembra desse nome. Foi do caso de uma estudante da Akademi que cometeu suicídio após ter suas fotos íntimas vazadas alguns meses atrás.

Deu uma breve lida na introdução, onde foi alegado que ela não possuía responsáveis legais: sua mãe faleceu anos antes e seu pai estava marcado como desaparecido. Ao avançar mais a leitura, foram registrados sinais de abuso sexual e cortes profundos por todo o seu corpo, sendo uns mais antigos que outros. O comentário do médico supõe que isso provavelmente ocorreu a devido a um possível transtorno mental causado pelos abusos, mas também não excluiu o fato dela ter participado de cultos pagãos de atividades duvidosas como uma explicação adicional.

Aos poucos Matsuda foi ligando os pontos: Oka Ruto sofria abuso do pai e ele tinha certeza de que Ayano soube daquilo. O que lhe deixava em dúvida era que as fotos vazadas eram reais.

“Por que uma garota que sofre abuso tiraria fotos íntimas de si mesma?”

Enquanto lia, seus olhos pararam na parte que de fato lhe interessava:

“Causa da morte: Asfixia por enforcamento

Asfixia causada pelo laço de tamanho médio, tanto por obstrução respiratória quanto pela obstrução das artérias. Sinais de resistência foram encontrados.”

A princípio, não se surpreendeu de forma alguma. A morte por enforcamento pode ser resultado das mais variadas causas, tudo dependendo do tamanho da corda, a forma como o nó foi dado, o peso e tamanho da pessoa. Além de atuar sobre diversos órgãos. E a resistência à morte é algo comum, um reflexo dos instintos humanos pela sobrevivência.

Mau humorado, Matsuda já ia se perguntar do motivo daquela garota ter lhe dado um relatório que pouco lhe serviria. Até que percebeu que estava sendo burro em não juntar todos os fatos. Primeiramente, por quê alguém iria à escola para se matar?

Não somente isso, mas algumas informações não se encaixavam. Se lembrou de quando trabalhou para a retirada de corpos ao Aokigahara, foram tantos casos de enforcamento que sabia de có os motivos que levam o enforcado à morte:

Se a corda for muito curta, a pessoa morre pela obstrução da passagem de ar e a compressão dos nervos e artérias, impedindo que o sangue leve oxigênio ao cérebro.

Por outro lado, se o tamanho da corda for proporcional ao corpo, há a ruptura das vértebras e da medula espinhal. Em outras palavras, o pescoço se quebra.

E, pelo tamanho da corda usada -- que era perfeitamente proporcional ao corpo dela, o que chega a ser muito estranho -- o pescoço da Oka Ruto deveria ter se quebrado no mesmo instante, o que pararia a função respiratória. A asfixia se daria pelo deslocamento das vértebras, e não pela compressão dos nervos e artérias.

A menos que ela não tenha se enforcado em pé. A menos que, por algum acaso, ela tenha sido pendurada depois de morta.

O que significa que aquilo não foi um suicídio.

Oka Ruto foi assassinada, estrangulada pela corda e depois enforcada.

Um frio percorreu por todo o corpo de Touta ao perceber aquela verdade. Se sentia ainda pior pelo fato de que os médicos provavelmente perceberam aquilo e mesmo assim relataram como suicídio, como se já não bastasse os problemas na polícia e na mídia.

Precisava ligar para o jornalista. Desde que conseguiu o seu contato, Matsuda vem separado os primeiros minutos das suas ligações para informá-lo de cada progresso que tem feito. Os dois discutem e refletem sobre as novas informações e pensam juntos em uma resposta apropriada. A última vez foi quando ele descobriu amostras de dna nas unhas da Osana, sendo provavelmente de quando ela tentou lutar contra o assassino antes de ser morta. Quando Matsuda lhe contou sobre, pôde ouvir o jornalista cair em prantos de alívio. Agora que tem os fios de cabelo da Ayano, poderia pedir para que fizessem uma pesquisa para saber se o dna é compatível com o que foi encontrado na Najimi.

“Ele vai ficar tão feliz!” Touta pensou enquanto digitava o número em seu celular, sorrindo de orelha e orelha.

Mas ninguém atendeu.

Conferiu o relógio. Já era de manhã nos Estados Unidos, horário esse que o Buroka costumava acordar. Tentou ligar de novo, assumindo que ele talvez estivesse ocupado preparando o café da manhã ou se arrumando. Mas, novamente, sem resposta. Tentou umas três vezes seguidas, sem sucesso.

Aquilo já estava o preocupando.

Decidiu então ligar o seu computador e, enquanto digitalizava o relatório da Oka, foi abrir o seu e-mail para verificar se o jornalista não tinha deixado nada por lá. Não havia nada de novo. Até que ele se lembrou da conversa que teve com a garota ruiva mais cedo: “cheque a caixa de spams”.

Foi o que ele fez, quando se deparou com os inúmeros emails dela. O mais recente datava do dia anterior, se tratava de um recibo de depósito.

… Na conta de Ryoba Aishi, feito pelo próprio CEO da Saikou Corp.

E aquilo não ocorreu uma única vez, mas sim várias. Durante anos e anos. Não somente isso, mas também localizações, registros de passagens aéreas, ligações telefônicas. Era como se cada passo de Ryoba estivesse, de uma forma ou outra, ligada à ele. Ela se encontrava com o seu chefe com mais frequência do que com os próprios pais.

Matsuda engoliu um seco, pensando o que diabos tudo aquilo significava. Mesmo que, no fundo, já sabia do que se tratava.

Quando, de repente, a sua caixa de mensagens sinalizou um novo e-mail, também da tal garota.

“Ryoba Aishi voltou ao Japão, ela conseguiu o que queria. O jornalista está morto.”

Aquilo lhe acertou como um tiro. Repetia mentalmente que aquilo não era verdade, um mal entendido, “não”, “isso não pode estar acontecendo”.

Mas aconteceu, ele sabia disso. Ele sempre teve ciência de que a probabilidade dele ser assassinado pela Ryoba era altíssima, só não esperava que fosse agora, justo agora que tudo estava indo tão bem.

Nessas semanas em que conversou com ele, Matsuda pôde conhecer um homem tão diferente do que a mídia dizia. Kyudosha Buroka era um homem amargurado e solitário, de fato. Mas, conforme os dias foram passando, ter alguém para conversar o fazia voltar a ser aquele homem aspirante que costumava a ser na década de 80. Antes de se envolver com Ryoba Aishi, antes de conhecer sua esposa e, em seguida, perdê-la. Antes de conhecer a dor da solidão.

Mas agora ele estava morto.

Matsuda levou as duas mãos ao rosto, arrasado. O misto de ódio e luto fizeram com que algumas lágrimas caíssem. Condenou-se, pensando que se tivesse apresentado todas aquelas provas à imprensa, tudo poderia ter sido diferente. A mídia estaria encurralada e não poderiam se negar a investigar o caso mais a fundo com tantas provas concretas. Ao menos assim o jornalista estaria a salvo, vivendo bem no Japão, talvez em um cargo alto. Poderiam até mesmo estar trabalhando juntos.

Mas aquilo era inútil, pensar em todas aquelas possibilidades era inútil. Já estava bem claro de que, se Matsuda ousasse revelar tudo aquilo antes da hora, sua vida seria transformada no próprio inferno e teria o mesmo destino que o Buroka. Tinha uma esposa e uma filha para sustentar, correr aquele risco lhe era inviável.

“Onde foi que eu me meti?”

-x-

Info-chan desligou o seu computador e, tateando a parede em meio a escuridão, procurou pelo interruptor e acendeu a luz. Aquilo lhe ardeu os olhos, sempre odiou a claridade.  Já eram sete na noite e precisava ir para casa. Foi até a saída de emergência, como sempre faz. Por mais que aquilo já fizesse parte da sua rotina, o ar puro ainda lhe estranhava.

Ela pegou o seu celular, procurando pelo contato de Megami Saikou. Demorou dois toques até ser atendida.

-- Alô?

-- Meu pai morreu nas mãos da mãe de uma das minhas clientes. -- Info-chan começou a falar enquanto caminhava pela rua escura. A pressa de voltar para casa era nula. Sempre foi, na verdade. Mas dessa vez, estava se sentindo diferente. Um tanto perdida. -- Isso não é… Curioso?

Megami não respondeu. Apesar de que, pelo grunhido que soltou, estava claramente alterada.

-- Sim, sim. Muito curioso… -- Info-chan continuou falando, mais para si mesma do que para ela. -- Não só curioso, mas também muito… Interessante.

Do outro lado da linha, Saikou pôde ouvir a risada de Info-chan cada vez mais alta e descontrolada. Megami finalizou a ligação, olhando atordoada para o seu celular. Perguntou-se se tudo aquilo realmente valia a pena, se aquele “pacto” que fez com a Info-chan realmente foi o certo a se fazer.

Sacudiu a cabeça. Já estava feito, não adiantava olhar para trás agora.

-- Me desculpe, era uma ligação importante. -- Ela falou, se virando para a pessoa sentada ao seu lado na mesa. Estava em um encontro à luz do luar que foi marcado não por ela, mas pelo seu próprio pai. Uma tentativa falha de tentar juntá-la com alguém realmente importante. Tinha cabelos loiros ondulados, um batom vermelho em seus lábios bem desenhados, ombros largos; mas que ficavam muito bem naquele vestido cinza. Linda.

… Uma pena que era só o Kaga de peruca.

-- Não se preocupe, minha retina mais parece estar brincando com o meu nervo óptico, fazendo o meu cérebro simplesmente entrar em choque com tanta beleza. Mesmo falando ao telefone, é como se estivesse ao lado da própria Afrodite. -- Aquela voz grossa nada combinava com a aparência feminina.

Megami tomou um gole do vinho que havia acabado de ser servido, estava desconfortável por inúmeros motivos.

-- Ah, mas os meus cálculos também estão me fazendo realizar que existem algumas feições de desconforto em sua bela face. -- Ele aproximou o seu rosto do dela que, por reflexo, se afastou. -- Algum problema?

“Vários”.

-- Hm, não é nada… São só preocupações com a escola.

Kaga Kusha envolveu o seu braço os ombros dela, trazendo-a para mais perto. Megami só queria sair correndo dali.

-- Oh, sim. Eu consigo simular mentalmente o quão abalada você deve estar se sentindo diante de tanta barbárie.

-- Se você encostar em mim de novo, eu juro que vou pular corda usando a sua medula espinhal. -- Foi tudo o que ela conseguiu responder. Ter um homem em uma distância tão curta de seu corpo fazia seu corpo inteiro tremer.

Ele riu.

-- Ah, a família Saikou sempre sendo tão sádica e impiedosa. Não é atoa que são líderes por natureza.

Megami revirou os olhos e suspirou, exausta daquilo tudo.

-- Mas, voltando ao assunto, você realmente parece desconcertada. Eu não consigo deixar de me preocupar em ver a minha futura esposa, assistente n° 0001 codinome Durga-MS800 e mãe dos meus futuros herdeiros em um estado como esse.

-- … Eu não sou a sua assistente, e que droga de codinome é esse?

-- Meu QI de 260 está me revelando que você está usando suas técnicas de persuasão para fazer com que o assunto mude de rumo, Durga-MS800. Guarde toda essa energia para quando eu conseguir a dominação mundial.

Megami levou uma mão ao rosto.

-- Dominação mundial, é?... -- Ela respirou fundo. Olhou para o céu estrelado, pensando sobre tudo o que já passou até agora. -- As vezes parece que você fala sobre isso de uma forma não-irônica.

-- Ironia não faz parte do meu dicionário mental. Tudo o que eu falo possui um percentual de razão que tende ao infinito. -- Ele cerrou o punho, rindo de forma insana. -- Com as minhas próprias mãos eu farei qualquer coisa para transformar o mundo em minha própria utopia.

-- Faria mesmo qualquer coisa? -- Megami tomou mais um gole do vinho. -- Kusha-san, quais são os limites de “qualquer coisa”?

Kaga se virou para ela, abrindo um sorriso enorme com aquela pergunta.

-- Parece que a minha assistente Durga-MS800 finalmente se libertou das correntes do orgulho e está enfim cultivando o interesse pelo meu plano de dominação mundial. -- Seus olhos azuis brilhavam. -- Se quiser, podemos passar a noite inteira aqui simulando situações onde eu, o grandioso Pai do Universo, o Messias do novo milênio, enfrento as mais variadas situações. Dessa forma você poderá ver que o melhor caminho será ao meu lado, como ardentes amantes que usarão da sua união para--

-- Já entendi. -- Megami o interrompeu.Sabia que, se quisesse ter alguma interação decente, teria que entrar no jogo dele. -- Hm… Então, numa situação hipotética, o que você faria caso estivesse procurando por… Vingança?

-- Ooh, vingança! -- Ele mais uma vez soltou aquele riso maligno, chamando a atenção das pessoas ao redor. -- O número de possibilidades é infinito, os nossos atos são, por regra, dependentes do ambiente ao nosso redor.

-- Suponhamos que nós dois tenhamos conseguido dominar o mundo, ou seja lá o que for. -- Megami o olhava firmemente. -- E nós somos claramente dependentes um do outro, como um yin yang. Nenhum dos dois conseguiria manter a ordem mundial sozinho.

-- Essa é uma ideia bem romântica.~

-- Mas, por algum acaso, organizações de todos os cantos do mundo tentaram nos derrubar, usando todo o seu poder e dinheiro para manipular os outros e, de repente… Eu sou capturada. Não, pior, sou assassinada. O que você faria, Kusha-san?

Um silêncio se fez entre os dois. Megami estava rezando para que viesse uma resposta coerente vinda dele, ao menos dessa vez.

Kaga estava um tanto impressionado, reproduzia todo aquele universo hipotético em mente. Sabia que aquilo não era nada mais que um paralelo à alguma situação que ela estava sofrendo, mas aquilo estava sendo muito, mas muito divertido. Seu sorriso só aumentou.

-- Ao realizar que a minha amada Durga-MS800 não pertence mais a esse mundo, eu provavelmente entraria num estado profundo de luto. No entanto, eu faria o possível para não demonstrar isso às organizações inimigas. Pelo contrário, por trás de um novo codinome, eu tentaria me infiltrar nas bases inimigas e oferecê-los o melhor que eu posso, para só então destruí-los aos poucos.

-- Em outras palavras… Usaria uma outra identidade e se aproximaria deles para depois traí-los. -- Ele confirmou com a cabeça. -- Os arrastaria para o fundo do poço junto com você, para então se reerguer…

-- Exatamente.

-- Mas, dentro dessas organizações existem pessoas inocentes. Pessoas que não sabem de nada, mas que mesmo assim acabariam prejudicadas. Você faria mesmo sabendo disso?

-- Um bom governante sempre deve procurar seguir a moral, isso não significa que não possa infringi-la caso seja necessário.

“Mas no seu caso isso não é nem um pouco necessário”, ela pensou. “Muito menos no da Info-chan…”

Demorou todos esses meses para que Megami conseguisse entender o motivo da Info-chan ser quem ela é, e fazer as coisas que faz. Mas, quando ela enfim percebeu, olhou aquilo como uma faísca de esperança resolver todo esse caso da família Aishi.

Toda aquela situação tinha proporções grandes demais para se resumir somente à Ayano, Info-chan estava atrás de mais pessoas. E, por mais que odiasse admitir, Megami compactuava com a revolta dela. Esse foi o único motivo pelo qual decidiu contatá-la: pois percebeu que não conseguiria sair daquele ciclo sem fim sozinha. Iria ficar correndo atrás da Ayano igual gato e rato e não chegaria a lugar algum, isso porque não é somente a família Aishi que está por trás disso tudo.

E essa era a sua última esperança. “Última” porque, se der um passo em falso, sua carreira e vida estariam correndo um sério risco.

-- Minha nossa, eu falei tanto que meu batom já está desbotando. -- Kaga comentou enquanto se olhava no reflexo do espelho de bolso. -- Como eu poderei seduzi-la nesse estado? Com licença, preciso retocar para estar o mais feminina o possível.

Megami permaneceu sentada, observando-o se afastar em direção ao banheiro mais próximo.

“Mas eu consigo ver a sua barba crescendo…”  Ela pensou, já aproveitando o momento livre para pegar o celular.

 

Osoro Shidesu escreveu:

Onde você tá?

Megami Saikou escreveu:

No momento estou em um jantar romântico com uma loira fenomenal.

Megami Saikou enviou uma foto.

Osoro Shidesu escreveu:

!!!

Quem é a vadia??

………. Espera.

Mas o que

Eita porra.
 

Megami teve que se esforçar muito para não rir ali mesmo, visto que Kaga já estava voltando. Momentos como esse a faziam lembrar que o que estava fazendo valeria a pena. A sensação de solidão mais parecia um pesadelo distante, quase nula.
 


Notas Finais




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