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História L'ultimo Ballo - Cinque


Escrita por: lutteando

Notas do Autor


>>Música do capítulo: Void – The Neighbourhood<<

Capítulo 6 - Cinque


Fanfic / Fanfiction L'ultimo Ballo - Cinque

“Esquecer a Luna é a ação mais difícil que eu tive que realizar em toda a minha vida”


Oxford, Inglaterra
Janeiro de 2018

Matteo Balsano

Há uma semana atrás eu vim morar na Inglaterra. As horas passavam lentamente, era como se no momento em que coloquei os pés naquele avião o tempo tivesse parado. Tentava seguir em frente removendo a Luna da minha cabeça, mas em cada canto que eu ia me lembrava dela.

Apenas agora começamos a desempacotar e arrumar tudo pelo apartamento. Era difícil fazer qualquer coisa com várias caixas espalhadas pelos cômodos, sem contar que não sabíamos onde estava nada, então todos os dias era uma luta diária para podermos achar algo.

A organização começou pela sala e cozinha, terminando no meu quarto. Não era muito grande, mas era o suficiente para mim, não precisava mais do que isso.

Comecei tirando minhas roupas da mala e arrumando no pequeno guarda roupas de mogno branco que tinha no cômodo. Depois de terminar as roupas fui tirar os meus pertences que estavam dentro das caixas. Quando faltava apenas uma eu já sabia o que tinha dentro, mas estava adiando este momento desde que cheguei aqui.

Aquela caixa estava repleta de lembranças da minha vida em Buenos Aires, eu só não sabia se naquele momento elas seriam boas ou ruins. Minha vontade era de simplesmente colocá-la no fundo do guarda roupas e nunca mais vê-la. Sendo que ao invés disso, eu permiti-me mergulhar pela última vez naquele mar de memórias.

Ali encontrava-se meus antigos patins preto e azul, os que eu usava sempre nas competições. Eles não passariam de recordações para mim de agora em diante, resolvi aposentá-los e comprei novos.

Peguei a caixinha média de madeira e apertei firmemente em minhas mãos, criando coragem para abri-la. Antes mesmo que eu a abrisse por completo, uma enxurrada de emoções já me inundavam. Havia várias fotos da Luna ou dela comigo. Fiz questão de revelar cada instante para a minha mente nunca ousar esquecer os momentos mais felizes que eu passei junto a minha menina delivery.

A primeira foto — que estava em cima de todas as outras — foi a que tiramos no telhado do prédio onde a Roller Band se apresentou. Tínhamos acabado de ganhar a intercontinental e eu tinha que correr para o aeroporto ao encontro dos meus pais que já me esperavam. Mas, eu não podia simplesmente ir sem me despedir da Luna, não sabia se iria voltar a vê-la, então tinha que o fazer pela última vez.

"Fazia dez minutos que estava com Luna em meus braços depois de nos beijarmos. Não conseguia explicar o que sentia naquele momento. Eu só sabia que era dela, inteiramente dela e nada no mundo mudaria isso, nada nunca seria capaz de fazer esse sentimento que mora dentro de mim morrer. Eu a amava.

Eu morria de medo de não retornar à Buenos Aires, meu coração apertava só em imaginar isso. Meu Deus, nunca fui tão dependente de uma pessoa durante toda a minha vida como sou dela. Era como o ar que respirava, se não tiver, morrerei.

— Por que você está aqui? — Ela afastou apenas alguns centímetros o seu corpo do meu para olhar em meus olhos enquanto fazia a pergunta.

— Como assim? — Não entendia o que ela de fato queria saber, então esperei que ela esclarecesse para poder sanar sua dúvida.

— Você deveria está dentro de um avião, mas não, você está aqui comigo. Eu não entendo. Por que você veio atrás de mim?

— Eu não podia ir para o outro lado do planeta sem me despedir da minha menina delivery. — Aquela explicação parecia não ser o suficiente. Nem para mim, tampouco para ela. — Eu não sei se irei voltar, nunca sei o que o meu futuro me reserva. Mas eu prometo que farei o possível para darmos certo, eu só... eu só não quero que você saia magoada por minha causa. Não consigo explicar o que sinto por você, mas posso lhe dar a certeza de que é algo forte.

— Eu gosto de gostar de você — ela falou baixinho, sua cabeça encostada em meu peito fez com que eu sentisse a vibração de sua voz. Ela mexia distraidamente nos botões da minha camisa e não olhava para o meu rosto.

Coloquei dois dedos em seu queixo levantando sua cabeça com delicadeza e fazendo com que ela olhasse em meus olhos. Suas bochechas estavam rosadas pela vergonha eminente que ela sentia. Ela era muito linda.

— Eu também, meu anjo. Eu também amo gostar de você."

Naquele telhado foi quando eu percebi meus verdadeiros sentimentos por Luna Valente. No começo pensava que era só uma atração passageira, ela era novata e eu, um mauricinho conquistador. Lá eu percebi que nada seria igual. Pela primeira vez em toda a minha vida eu estava amando.

Quando voltei para Buenos Aires, com as claras ordens do meu pai de que eu ia estudar diplomacia em Oxford, preferi manter distância dela, não queria que sofresse por minha causa e acreditava que se ela me odiasse tudo seria menos complicado. Equivoquei-me completamente, a cada vez que eu a via triste e abatida um pedaço do meu coração morria. Deveria ter feito tudo certo desde o início, enfrentado meu pai e falado dos meus sentimentos, lutado pelo amor da Luna, facilitaria tudo. Mas acreditava que ela foi alguém que entrou em minha vida para me mudar e me fazer acreditar no amor, nada mais.

— Ainda sofrendo pela Luna? — Gastón perguntou entrando no quarto sem ao menos bater na porta. Apesar de me aconselhar, ele sempre soltava uma piadinha sem graça a respeito do que aconteceu com a Luna.

— Espero um dia parar de sentir tanta saudades dela ou ao menos não sofrer mais por causa disso. — Sequei meu rosto que estava molhado com lágrimas que nem me dei conta que estavam sendo derramadas.

— Chega de sofrência, levanta essa bunda gorda daí e vamos dar uma volta por Oxford. Não conhecemos nada que não esse apartamento e o prédio da universidade, e olha que já estamos aqui faz uma semana.

Concordei com ele. Não tinha nenhuma vontade de sair, mas também não queria passar todos os dias dentro daquele prédio lamentando. Tinha que espairecer a mente.

Arrependi-me de sair de casa no exato momento em que senti as rajadas de vento baterem contra o meu rosto. Esse tempo na Inglaterra não era nenhuma novidade, na maior parte do ano a temporada era gélida. Então preferia passar a maior parte do tempo no quentinho dentro do apartamento.

Estávamos em pé segurando na barra de ferro do metrô, pois não tinha nenhum lugar disponível para sentarmos. Não seria um problema se a barra não estivesse tão gelada por causa do frio e os meus dedos não estivessem congelando. Maldita hora que esqueci de colocar luvas.

Estávamos indo para o Jardim Botânico de Oxford. Como não conhecíamos nada aqui, Gastón colocou no GPS para ele nos mostrar como chegar lá. Eu só espero que não nos percamos, vai ser realmente um puta azar se isso acontecer.

Sempre fui muito observador, enquanto olhava as pessoas saindo e entrando dentro daquele transporte eu me perguntava quantas não estavam passando por problemas no trabalho ou na faculdade, quantas não acabaram de perder alguém importante e que amava, outras sofriam por um amor não correspondido. Eu não era o único a colocar uma enorme camada de falsidade na cara para esconder o que sentia. Acho que é algo comum nos seres humanos, sempre colocando várias e várias camadas de uma falsa felicidade. A vida é deprimente.

"Última estação em 10 minutos", uma voz feminina falou pelos alto falantes. Eu agradeci mentalmente, não aguentava mais dar tantas voltas. Pelo menos na metade do percurso alguns assentos foram vagando e conseguimos sentar.

Saímos do metrô e seguimos para olhar um dos grandes mapas que mostravam todas as estações. Buscava desesperadamente por Rose Lane mas não encontrava nada. Ótimo, além de estar morrendo de frio, estávamos perdido. Eu vou matar Gastón.

— Gastón, diga por favor que você sabe onde estamos. — Estava enfurecido. Não deveria ter confiado em Gastón e no seu ridículo senso de direção.

— Claro, claro que sei onde estamos, não pense que estamos perdidos — ele disse olhando fixamente para o mapa em busca de saber qual era a nossa localização. — Olha aqui, estamos em Woodstock — falou apontando para o lugar marcado.

— Ótimo gênio, fico feliz que você saiba ler um mapa. Agora descobriu que não estamos na estação certa. — Estava irritado e exausto faz dias, e descontava todo a minha decepção nele. — Desculpa, você não tem culpa de termos parado na estação errada. Calma... tem sim, foi você quem me arrastou para fora do conforto do apartamento e pegou o metrô errado. Realmente, a culpa é toda sua.

— Hey, calminha hermano, eu não sabia que esse metrô não parava em Rose Lane. Você tá muito estressadinho ultimamente, tem que relaxar.

Apenas bufei e revirei os olhos, continuando na busca por algum segurança, para perguntar como faríamos para chegar a Rose Lane. Encontrei um e ele me instruiu o que fazer para voltarmos a estação.

Segui todas as instruções me passadas e finalmente chegamos ao nosso destino. Caminhávamos em silêncio pelas ruas, acompanhando as diversas pessoas que apesar do frio aproveitavam o dia sem chuva da Inglaterra.

O Jardim era simplesmente deslumbrante, agora entendia porque as pessoas gostavam tanto de ir ali. A paz que aquele lugar transmitia era enorme, sentia todos os músculos do meu corpo relaxados só em entrar lá.

— Agora você já pode me contar o que está acontecendo com você — Gastón perguntou, enquanto nos sentávamos em um banco de madeira perto de uma fonte. — Eu sei que você tá assim por causa da Luna, mas quero que você me conte o que sente.

— É mais difícil do que eu pensava. — Ele olhava para mim esperando que eu continuasse. — Esquecer a Luna é a ação mais difícil que eu tive que realizar em toda a minha vida — estava devastado, e tinha total consciência disso.

— Ninguém nunca disse que seria fácil. Você está com esse sentimento de perda porque a Luna já fazia parte do que você é. Possa ser que um dia isso tenha um fim, mas possa ser que talvez, esse sentimento viva com você até o fim da sua vida.

— Eu sei, eu sei. Mas é que... eu penso nela todo o tempo, meus pensamentos sempre acabam na Luna. Ela está em todos os lugares.

— É tão ruim assim?

— Você nem imagina — um suspiro alto e desolado saiu de minha boca. — Eu não consigo me concentrar em nada. Desde o momento que eu vi a Luna abraçado ao Simón na praia, e todos os acontecimentos que sucederam a isso, minha mente tornou-se uma confusão, de pensamentos e de sentimentos. — Não conseguia acreditar que em apenas alguns dias tudo isso aconteceu. Era demasiado surreal.

— E o que você vai fazer em relação a isso? Como vai ser agora? — perguntou. Nas últimas semanas era essa mesma pergunta que eu me fazia todos os dias "o que vai acontecer?".

— Eu vou seguir minha vida Gastón, apesar da dor, eu sei que o melhor foi cortar laços com a Luna e manter distância dela. Também sei o quão difícil está sendo fazer isso, mas eu não iria conseguir mais suportar, a Luna não me ama como eu a amo, ela buscava em mim algo que não existia, que não era real. Ela queria que eu me transformasse em alguém que ela pudesse amar.

Gastón apenas balançou a cabeça afirmando. Ele podia acreditar que aquilo não era verdade, mas não iria discutir comigo.

— Eu nunca esquecerei a menina delivery, por mais que eu tente, é impossível. Eu sinto coisas inexplicáveis por aquela garota, Luna é muito importante para mim e eu quero que ela seja feliz. Ela sempre terá um lugar especial no meu coração. Sempre vou amá-la.

 


Notas Finais




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