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História L'ultimo Ballo - Diciassette


Escrita por: lutteando

Notas do Autor


2° parte da maratona:
5/6 💕

>>Música do capítulo: Quiero verte sonreír – Ruggero Pasquarelli<< (seria recomendável que vocês escutassem quando ele começasse a cantar)

Capítulo 18 - Diciassette


Fanfic / Fanfiction L'ultimo Ballo - Diciassette

“Essa dor nunca passaria, a angústia sempre permaneceria presente.”


Londres, Inglaterra
Agosto de 2021

Matteo Balsano

Era muito difícil ter um clima ensolarado na Inglaterra, quase sempre era nublado, até mesmo no verão as chuvas se faziam presentes durante alguns dias. Por esse motivo, resolvemos dar um passeio por Londres, para conhecermos melhor a cidade.

Chegamos aqui há uns dois dias e eu não tive tempo para aproveitar, já que me preparava para a apresentação que ocorreria amanhã. Não sabia exatamente de que se tratava o evento, apenas recebi um convite para cantar nele e sem sombras de dúvidas eu não poderia recusar, seria uma grande oportunidade para começar a minha carreira como cantor.

Pensei bastante antes de escolher as duas canções que eu cantaria e ao final me decidi em cantar um cover de um artista inglês que eu admirava bastante, Ed Sheeran, a música escolhida foi Happier. E a outra música, eu optei por uma composição de minha própria autoria, e foi exatamente nessa segunda opção que eu fiquei em dúvida, não sabia se estava preparado para apresentar aquela canção ao mundo, mas ao final me decidi por ela mesma, quiero verte sonreír, minha música mais recente.

Andava calmamente pelas ruas coloridas de Notting Hill, tudo era muito lindo e bastante simples, o que tornava mais belo ainda. Eu, juntamente com o Gastón, a Nina e Ames, resolvemos conhecer um pouco daquele bairro que tanto ouvíamos falar e confesso que era ainda mais encantador do que as pessoas descreviam.

Caminhava lentamente observando atentamente cada tenda em busca de algo que prendesse a minha atenção, não que eu já não tenha escolhido algumas coisas, em minhas mãos carregava algumas lembrancinhas que iriam ficar de recordações e outras que eu iria presentear.

Estava tão distraído que não me dei conta que alguém virava-se em minha direção e só percebi quando um pequeno corpo chocou-se contra o meu, desequilibrando-se. Para não permitir a queda, envolvi meus braços em sua cintura prendendo o seu corpo ao meu. Suas mãos, que antes seguravam sacolas que agora estão no chão, foram de encontro ao meu peitoral e senti um calor em minha pele por baixo do tecido da camiseta no local onde foi tocado.

Levantei a cabeça para poder ver o rosto da pessoa e arfei exasperado, não podendo conter a surpresa que me atingiu ao ver de quem se tratava. Não podia ser, sem dúvidas eu deveria está alucinando novamente. Observei atentamente cada traço que desenhava o seu rosto e percebi que ainda tinha cada um guardado em minha mente.

Seus grandes e encantadores olhos verdes analisavam cada detalhe do meu rosto. Era capaz de sentir o seu coração batendo rapidamente contra o seu peito, tinha certeza que o meu estava da mesma forma, apenas não podia controlar aquela sensação. Parecia que as pessoas ao nosso redor desapareceram e só existia nós dois. Sentia como se uma energia nos rondasse e fizesse com que não tivéssemos a noção do que fazer.

Alguém chamando por ela fez nos fez despertar daquele transe e eu posicionei o seu corpo de uma maneira que ela ficasse firme e não corresse o risco de cair. Olhando-a agora de corpo todo, soltei um gemido estrangulado. Não conseguia acreditar, mas ela estava mais linda que antes, se é possível. Ela não tinha mais aquele corpo de menininha, isso é óbvio, suas curvas agora bem acentuadas e suas pernas torneadas. Puta merda, isso era demais para mim.

Depois disso as coisas ficaram estranhas, claro que ficariam, foram quase quatro anos desde a última vez que nos vimos.

— Matteo, nós já... — Gastón chegou tocando em meu ombro e parou de falar no exato momento que os seus olhos encontraram com ela. Certeza que a minha expressão facial foi a mesma que a dele quando me dei conta de quem se tratava e de que aquilo não era um sonho. — Luna?

— Oi Gastón. —     Ela ficou desconfortável, isso era notável, eu também estava, é tanto que nem conseguia falar uma palavra sequer. — Então...é-é, foi um prazer rever vocês, adoraria ficar mais tempo e conversar, mas infelizmente eu não posso, tchau.

Ela pegou as sacolas que caíram no chão e segurou no braço do garoto que chamou por ela — quando ainda estávamos naquela situação que não conseguia definir ao certo se foi embaraçosa ou intensa — e foi andando para longe de onde estávamos. Por certo, consegui ouvir seu amigo falando um adoraria em tom zombeteiro, fazendo menção ao que ela disse antes de ir embora.

— Diga que não foi só eu que senti aquilo, juro como fiquei com tesão só com vocês dois se olhando. — Ignorei ao máximo aquele comentário desnecessário do Gastón. Ele sempre falava merda e daquela vez não seria diferente.

— Hey, estávamos esperando por vocês fazem uns quinze minutos, já vamos embora. O Gastón veio buscar o Matteo e se perdeu no meio do caminho foi? — Amélia apareceu com Nina a onde estávamos, zoando com a cara do Gastón.

— Que caras são essas? Parece que viram um monstro horrendo, principalmente o Matteo que...

— Luna! — Não deixei que ela concluísse a fala e consegui pronunciar alguma coisa desde que esbarrei com a Luna.

— O que a Luna tem a ver com isso tudo? — Nina perguntou confusa e arrumou a armação dos óculos melhor no seu rosto, para que não caísse.

— O Matteo esbarrou nela — Gastón falou e começamos a andar na direção da saída, para irmos embora.

— Como? Expliquem isso melhor. A Luna está aqui?

Ignorei completamente aquela conversa, não conseguia pensar direito. O que foi aquilo que aconteceu? Por que eu me senti daquela forma? Aquilo foi mais além de como eu me sentia na época que ficamos juntos. Não sei se foi o tempo que passamos sem nos ver que causou isso, talvez toda a saudade acumulada tivesse me feito sentir daquela maneira. Não conseguia definir tudo o que eu senti ao ter o seu corpo tão próximo do meu, foi uma mistura de emoções e sentimentos que eu nunca havia experimentado. Respirei fundo tentando aniquilar aqueles pensamentos da minha mente, meu foco deveria ser inteiramente na apresentação que aconteceria amanhã, não poderia me desconcentrar, aquela era uma grande oportunidade para lançar a minha carreira.

 

Terminei de me arrumar e tentava controlar o nervosismo que crescia em mim, sentia minhas mãos suadas e trêmulas. Sentei na cama com a cabeça levemente abaixada e fiquei um bom tempo olhando apenas para o chão, tentando colocar os meus pensamentos em ordem, tudo era uma enorme bagunça. Toda a coragem que eu sentia antigamente, nesse momento é exatamente nula, tinha que trazer aquele Matteo corajoso de volta, que era confiante de si mesmo e que sabia que era bom.

Eu sou bom. Na verdade eu sou excelente, sei disso. Não é tentando me gabar, porém sei do meu potencial e o quanto batalhei para chegar até aqui, se não fosse bom o suficiente não estaria prestes a fazer uma pequena apresentação com diversas pessoas importantes do ramo musical, que poderiam se interessar em assinar um contrato comigo.

É isso, estava pronto. Abotoei o paletó e caminhei em direção a porta para sair do quarto. Entrei no elevador e apertei o botão do saguão, esfreguei uma mão na outra e respirei fundo, não permitindo que nenhum pensamento negativo invadisse minha mente e fizesse-me dar meia volta e ficasse trancado no quarto com medo. Era isso, não deveria ter medo de errar, todas as pessoas erram, deveria ter medo de não tentar, pois não existe maior fracasso que esse.

Encontrei com Gastón, Nina e Amelia sentados no saguão me esperando, eles iriam como meus acompanhantes. Nada melhor que bons amigos para lhe apoiar nesses momentos, fico imensamente feliz por tê-los comigo agora. Seguimos para a frente do hotel e o motorista já nos esperava.

A conversa durante todo o percurso foi bastante descontraída, falamos de tudo um pouco, sempre tentando manter o assunto longe de uma certa pessoa que desde ontem estava mexendo com a minha cabeça mais do que normalmente já mexia. Não demorou muito para chegarmos no salão onde acontecia o evento, para ser sincero não me lembrava do que se tratava, é muito provável que o produtor que falou comigo tenha dito e talvez eu não tenha prestado muita atenção por estar eufórico demais com o convite.

— Matteo Balsano! — saudou-me Marcus assim que eu coloquei os pés dentro do salão, passando o braço por cima dos meus ombros. — Preciso te apresentar a algumas pessoas importantes desse ramo, sem dúvidas a maioria delas irão se interessar em investir na sua carreira. Você é um diamante bruto menino.

Como o Marcus havia dito, realmente conheci diversos empresários que poderiam futuramente se interessar em tratar da minha futura carreira profissional no campo musical. Após um tempo, descobri que aquele evento tratava-se de algo relacionado à patinação artística, onde diversos patinadores conhecidos mundialmente estariam presentes.

Iria fazer uma hora desde que eu cheguei naquele lugar, Marcus veio contar-me que apenas esperava algumas pessoas importantes que tiveram um imprevisto e por esse motivo se atrasaram. Varri meus olhos pelo local e fiquei petrificado assim que visualizei uma figura de estatura mediana com um vestido longo na cor de um rosa claro que entrava em uma sincronia perfeita com sua pele branquinha, seus cabelos estavam completamente lisos e presos em um rabo de cavalo no alto de sua cabeça. Ela estava simplesmente deslumbrante. Podia sentir as batidas do meu coração mais aceleradas e minhas pernas um pouco trêmulas.

Quem me visse naquela situação poderia jurar que eu era um adolescente que acabou de se apaixonar por uma garota a primeira vista e que por estar nervoso não sabia como reagir. Talvez fosse verdade, caso eu já não a amasse mais que tudo desde os meus dezessete anos, e caso eu não tivesse sido um moleque covarde que a decepcionou mais que qualquer outra pessoa.

— Encantadora, não é mesmo? — Marcus falou chegando ao meu lado e não deixando que eu respondesse, pois começou a caminhar, levando-me junto até onde ela estava. Não conseguia dizer nada, era como se um bolo de algo invisível tivesse se formado em minha garganta, impossibilitando a minha fala.

— Matteo, essa é a Luna. Luna, esse é o Matteo — apresentou-nos assim que paramos em frente a ela, sem ao menos cogitar a possibilidade de que já nos conhecíamos. Também seria impossível saber daquilo, são poucas as pessoas que tinham conhecimento sobre o meu passado com ela, preferia manter guardado a sete chaves tudo o que vivemos juntos, talvez até mesmo para tentar superar e esquecer a sua ausência.

— Já nos conhecemos. — Reuni coragem de um canto desconhecido para conseguir dizer aqueles poucas palavras.

— Isso é ótimo, vou deixar vocês a sós para poderem conversar melhor. — Não, não faça isso, fique e não me deixe aqui com ela, era o que eu queria dizer. Mas não consegui e já era tarde demais, pois ele afastou-se e saiu animado para conversar com outras pessoas.

— Você está linda. — Elogiei-a depois de um tempo em silêncio.

— Você também está deslumbrante. — Tinha a sensação que sua voz aveludada preencheu todo o ambiente e um arrepio subiu por minha coluna.

Pronto, apenas isso foi dito, após, ambos permaneceram em silêncio, não sabíamos o que dizer e nem como dizer. Era tão constrangedor, pensar que um dia já fomos tão próximos e que nunca faltava assunto entre nós, e agora parecíamos dois desconhecidos que tinham vergonha de falar algo para não causar uma má impressão na outra pessoa.

Meus olhos estavam concentrados no chão abaixo dos meus pés, mas não tinha coragem para encarar aqueles olhos verdes que sempre me encantaram, tinha medo de encontrar neles algum tipo de acusação, o que seria muito comum. Nunca pensei que seria assim, em minha cabeça quando eu a reencontrasse, pediria desculpas cara a cara por todos os sentimentos de tristeza e dor que eu a fiz sentir, pensava que apenas assim seria capaz de me libertar do passado e seguir minha vida sem o peso da culpa que me acompanha durante todos esses anos.

Porém, com isso finalmente acontecendo, eu perdia até a capacidade de respirar normalmente, por esse motivo puxava o ar para os meus pulmões com uma frequência maior do que a que era acostumado, tentando fazer com que eu não tivesse um ataque de pânico em meio a festa. Levantei a cabeça e reuni forças para conseguir olhá-la, seu olhar passeava por todo o salão, mas em nenhum momento encontravam-se com os meus, ela estava tão desconcertada quanto eu.

Seus dentes mordiscavam o seu lábio inferior, conotando o seu claro nervosismo. Isso não mudou, sempre que brigávamos ela ficava da mesma forma, desconfortável e sem nem querer olhar para mim. Ela abria e fechava a boca diversas vezes buscando por ar e suas mãos eram friccionadas nas laterais do seu corpo, tentando conter o suor que emanava delas.

— Aceita dançar? — perguntei por impulso quando uma música lenta começou a tocar.

É sério isso Matteo? Onde estava a minha cabeça para eu fazer essa proposta? Eu não conseguia nem ficar no mesmo ambiente que ela sem respirar ofegante, imagina tê-la tão perto de mim e com minhas mãos passeando por aquele corpo que eu tanto senti falta. Ela olhava por todo o local ao nosso redor, cogitando a possibilidade de aceitar ou não a minha proposta. Estava torcendo que a sua resposta fosse um não. Enganei-me novamente.

— Claro. — Colocou sua pequena mão sobre a minha, aceitando o convite para a dança.

Sentia a palma da mão que ela tocava queimando, como se estivesse sido posta sobre carvão quente. A mão livre eu pousei em sua cintura e ela colocou a sua em cima do meu ombro esquerdo. Nos movíamos em um ritmo lento, como a música pedia. Em nenhum momento os seus olhos encontraram os meus, permaneceram focados em meu peitoral. Eu por outro lado, não consegui desviar o olhar de seu rosto, admirá-la sempre foi algo que eu fazia com frequência e, apesar dos anos que passaram e dos problemas, concluo que esse hábito não mudou.

Queria falar da carta que ela me escreveu e dos e-mails que eu a enviei, mas não sabia como abordar aquele assunto, falar sobre o nosso passado era algo delicado para nós dois, ao contrário do que eu havia pensado.

— Luna, eu... — Minha voz saiu fraca e era como se algo impedisse que eu continuasse falando. Pela primeira vez durante toda aquela dança seus olhos encontraram com os meus e senti como se naquele momento tudo que eu construí longe dela desmoronasse, que voltamos ao passado, no exato momento onde agora eu faria tudo diferente.

Mas era impossível, infelizmente não existia uma máquina do tempo que me fizesse retornar ao passado e mudar todo o meu destino. Nada mudaria, esse incômodo presente entre nós dois não sumiria. A culpa presente dentro de mim e que me atormenta a cada dia, não iria evaporar. A chance que tínhamos de mudar algo entre nós ficou no passado, nada mais seria igual, permaneceríamos apenas com as memórias de que algo bom em algum momento da nossa história aconteceu. Porque aconteceu, tudo que eu vivi com ela foi aprendizado e tudo que eu vivi longe dela também, todos os erros e acertos que me acompanharam neste caminho.

Ela esperava que eu continuasse o que eu tinha para dizer.

Eu também esperava que eu falasse algo. Mas nada saiu.

— Matteo, você vai se apresentar agora. — Amélia chegou ao meu lado e com isso a Luna afastou-se de mim bruscamente e olhou para a minha amiga como se estivesse pedindo desculpas por aquilo. Estranhei. Não sabia se agradecia a Ames por ter me tirado daquela situação constrangedora ou se a amaldiçoava por ter me feito perder a chance de falar todo o sentimento de culpa que estava dentro de mim, para a Luna.

Saí andando para longe dela e a Ames entrelaçou o braço no meu. Ela estava apenas esperando nos afastarmos um pouco para perguntar o que sucedeu ali com a Luna, não sabia o que dizer, pois nem eu mesmo conseguia entender ao certo o que aconteceu.

Um. Dois. Três. Dito e feito.

— Matteo, o que foi aquilo no meio da pista?

— Não sei do que você está falando, estávamos apenas dançando. — Eu era horrível em dissimular e ela sabia perfeitamente disso. Então tinha consciência de que não me livraria dela e de suas perguntas insistentes.

— Apenas dançavam? — perguntou em tom de deboche, enquanto soltava uma risada nasalada. — Matteo, aquilo não é apenas dançar, eu percebi como vocês se olhavam e pode ter certeza que não fui apenas eu, todas as pessoas ao redor também perceberam e agora estão comentando. A maneira que vocês encaravam-se, nunca vi duas pessoas se olhando com tanta intensidade, é fato que ambos estavam desconfortáveis, mas existia algo a mais, algo que liga vocês dois e que é inegável.

Claro que existia e claro que eu senti a mesma coisa, é como se nada dentro de mim houvesse mudado. Como se nada dentro dela houvesse mudado. Mas mudou, dentro de mim o sentimento prevalente era a culpa, apesar de todo o amor que eu ainda sentia por ela.

Não queria argumentar sobre aquilo com ela, então pedi que ela deixasse-me ali sozinho, para poder colocar os pensamentos em ordem antes de subir no pequeno palco que havia sido montado no meio do salão. Escorei minhas costas na parede e inspirei profundamente , tentando manter meus pensamentos claros e focados na música. Falhei.

Alguns minutos depois, um homem veio me chamar, avisando que tudo estava pronto para que eu entrasse. Saudei a todos com um boa noite e logo em seguida comecei a cantar. Colocava todos os meus sentimentos na canção. Ao final, suspirei aliviado. Mas o problema não tinha acabado, nem sequer havia começado.

O problema viria agora. Iria cantar uma música de minha composição, onde todas as palavras escritas falavam dos meus sentimentos por ela, cada nota, cada melodia, cada estrofe, tudo foi pensando nela. Sem nenhuma exceção. Prostrei-me no centro, onde encontrava-se um pedestal com o microfone já preso à ele. Aproximei-me lentamente e as primeiras notas começaram a serem tocadas.

>>MUSIC ON<<

Não posso evitar

Eu não deixo de pensar em você

E as noites são frias se você não está

Não posso entender

Como você não percebeu

Como eu penso em você não é normal

A primeira estrofe saiu em um tom um pouco baixo e rouco, eu não conseguia fixar meu olhar nas pessoas ao meu redor. Porém tomei coragem e levantei a cabeça, por instinto a olhei, e o castanho dos meus olhos voltou a se perder no verde dos seus.

Porém tenho medo de pensar

Que você não vai se apaixonar

E que me diga para te esquecer

Que é complicado de tentar

Sentia todos os meus medos e inseguranças evaporando de meu corpo enquanto a olhava. Em momento algum consegui desviar, até tentava disfarçar e olhava para outro ponto por alguns milésimos de segundo, não queria que as pessoas inventassem algo que não existia. Mas não durava muito, já que logo em seguida voltava a encarar seus olhos.

Quero te ver sorrir

Quero te ver junto a mim

Não posso, já não quero

Não é fácil ocultar meus medos

Quero te ver sorrir

Quero te ver junto a mim

Não posso, já não quero

Não é fácil aceitar que eu não te tenho

Que não te tenho

Era essa a verdade, por mais que eu tivesse tentado, nada mudaria o que eu sentia aqui dentro de mim, não importava quanto tempo tenha passado, aquele era o sentimento mais puro e verdadeiro que eu já senti e nada no mundo faria com que ele sumisse. Eu importava-me com ela, sempre me importei, o seu sorriso era o motivo do meu sorriso. E pensar que nunca mais a terei para mim dói, dói ter a certeza que eu nunca mais serei o motivo dos seus sorrisos, e olhar para ela no exato momento em que canto isso, fez com que a dor aumentasse de uma forma absurda.

Pouco a pouco, passa o tempo

E você tem muitas lembranças que não te deixam esquecer

Que não deixam de doer

Mas eu te prometo

Junto a você cumprir seus sonhos

E ao acordar

Voltar a se apaixonar

>>MUSIC OFF<<

Todo o tempo que passou, todas as lembranças que ficaram para trás, nada faria eu esquecê-la e sei que ela sentia a mesma coisa, se fosse diferente ela não teria ficado tão nervosa ao ter que dançar comigo, ou até em ficar no mesmo ambiente que eu. Cada memória, cada momento, era tudo doloroso demais e por mais que eu tentasse, essa dor nunca passaria, a angústia sempre permaneceria presente.

A música chegou ao seu final e meus olhos continuaram focados em sua direção. Conseguia sentir o seu nervosismo de longe, vi seus olhos marejados e amaldiçoei-me mentalmente por tê-la feito chorar novamente. Seu corpo virou-se na direção contrária da que eu estava e começou a caminhar para fora do salão. Acompanhei todo o seu trajeto com o olhar, até ela entrar em um corredor e eu perdê-la de vista.

Agradeci ao público ali presente e sem pressa alguma retirei-me do palco. Não queria chamar mais a atenção das pessoas, precisava conversar a sós com ela, pedir desculpas cara a cara como sempre desejei. Segui na mesma direção que ela foi e tomei cuidado para que ninguém percebesse para onde eu estava indo.

O corredor era bastante extenso e não havia muitas portas, a grande parte das paredes eram decoradas com pinturas renascentistas e romancistas. Quase chegando ao final do corredor, avistei uma porta semiaberta e caminhei naquela direção. Sem fazer muito alarde, lentamente fui empurrando a porta e encontrei a Luna de costas para mim enquanto gesticulava freneticamente com as mãos e murmurava algo que eu não conseguia entender.

— Podemos conversar? — Por a sala estar praticamente vazia, minha voz propagou-se e saiu mais alta do que eu esperava.

Seu corpo sobressaltou-se pelo susto e rapidamente ela virou em minha direção. Senti meu coração sendo transformado em pó com a visão que eu tive dela chorando. Fui transportado para o exato momento onde tivemos a nossa primeira e última noite juntos, o dia que eu a deixei para trás, que eu a fiz sofrer. E tanto agora quando naquele dia, seu rosto era banhado por lágrimas.

Naquele momento eu não tinha o controle das minhas ações. Lentamente fui aproximando meu corpo do seu até o instante em que não tinha mais para onde ir, já que suas costas foram de encontro à parede.

Em nenhum momento eu conseguia desviar o meu olhar do seu, ela também não. Apenas com aquele olhar conseguíamos dizer tudo o que sentíamos, por mais que existisse a negação, aqueles sentimentos que nos rondavam não precisavam de explicações ou de palavras para serem expostos.

Levei minha mão ao seu rosto enxugando cada lágrima que descia dos seus olhos. Por mais que eu tentasse, não conseguia me controlar, comecei a distribuir beijos por toda a extensão das suas bochechas, tentando transferir para mim através disso, toda a dor que ela sentia.

— Você não imagina o quanto eu quero te beijar agora. — Minha voz saiu como um sussurro. Nossos rostos estavam muito perto. Sentia a tensão que emanava de seu corpo quando eu disse aquela frase. — Mas não vou. Porque eu sei que você não quer e eu não vou te forçar, sei que nada entre nós dois .mudará

Minhas mãos permaneceram uma em cada lado do seu rosto e eu acariciava suas bochechas com os polegares, ela suspirou profundamente com o contato de nossas peles. Suas mãos que estavam imóveis ao lado do seu corpo, subiram lentamente por meus braços até chegar em minha nuca, onde ela puxava os poucos fios de cabelo que tinham ali e arranhava a pele abaixo de suas mãos.

— Eu não deveria fazer isso, você também não. Só irá piorar a situação. — Sua voz era ofegante e quase que inaudível.

Antes que eu pudesse raciocinar diante as suas palavras, meu rosto foi impulsionado para baixo e nossas bocas roçaram delicadamente. Passei a língua por seu lábio inferior e depositei uma mordida no local. Os minutos se passaram e permanecemos naquela mesma posição, apenas sentindo a respiração um do outro.

Não aguentava mais, acabei com qualquer espaço que existia entre nossas bocas e puxei o seu rosto na mesma direção que o meu. O beijo não era calmo, era necessitado, urgente. Nossas bocas moviam-se com pressa, tentando buscar uma saída para toda aquela confusão. Sabíamos que não era a melhor maneira de esclarecermos todos os erros do passado, aquela ação iria apenas piorar o que já não estava bom. Mas naquele momento eu não dava importância para isso, apenas queria sentir o sabor doce dos seus lábios mais uma vez, queria sentir a maciez deles nos meus.

Ela agarrava fortemente a minha nuca enquanto impulsionava o seu corpo para cima, fazendo nossos corpos ficarem ainda mais próximos. Minhas mãos que estavam em seu rosto desceram por seu corpo, alisando cada pedaço de pele sob elas até chegar em sua bunda, onde deixei um leve apertão, o que fez nossas intimidades roçarem e ela gemer com a boca ainda colada na minha.

Não conseguia pensar direito no que acontecia ali, até que suas pequenas mãos foram de encontro ao meu peitoral, afastando bruscamente o seu corpo do meu, acabando com aquele momento. Nossos rostos continuavam perigosamente perto, nossas respirações ofegantes misturavam-se uma com a outra. Abri meus olhos, que haviam permanecidos fechados e arfei com a visão que estava a minha frente.

Luna mantinha as suas pálpebras fechadas e sua cabeça pendia para trás tendo a parede como apoio. Seus lábios carnudos estavam vermelhos e inchados por conta do beijo e permaneciam semiabertos, tentando absorver uma maior quantidade de oxigênio para regularizar a respiração. Meus olhos caíram para o seu busto e engoli em seco, seus seios subiam e desciam em uma velocidade constante. Mexi em minha cueca para tentar esconder a ereção que se formava. Essa garota era malditamente perfeita.

Lentamente, ela foi abrindo seus olhos, temendo o que pudesse encontrar diante deles. Ao ter seus olhos verdes cravados nos meus, vi uma mistura de medo com algo mais que eu não conseguia identificar.

— Matteo, o que estamos fazendo?


Notas Finais




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