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História L'ultimo Ballo - Ventitré (Seconda Parte)


Escrita por: lutteando

Notas do Autor


>>Música do capítulo: I'll Make It Up To You – Imagine Dragons<<

Capítulo 24 - Ventitré (Seconda Parte)


Fanfic / Fanfiction L'ultimo Ballo - Ventitré (Seconda Parte)

“Eu entendo que o amor não escolhe a quem amar, de repente você simplesmente vai estar apaixonado por aquela pessoa e perguntando como isso aconteceu.”


Londres, Inglaterra
Agosto de 2021

Matteo Balsano

Eu sabia que a reação de Luna diante ao resultado dos seus exames seria de total pânico e pavor. Mas eu queria estar ao lado dela nesse momento, dizendo que tudo ficaria bem ao final e que eu estaria sempre junto, fazendo o impossível para ela não desistir do seu sonho. Era isso que eu estava fazendo agora, porque nada no mundo me fazia tão feliz quanto ver o seu sorriso, principalmente quando ele era por minha causa. E tenho a convicção que para isso acontecer, ela teria que enfrentar esse desafio e os seus medos.

Depois de longos minutos chorando, senti o corpo da minha menina delivery relaxando e percebi que ela havia finalmente dormido. Após um tempo, os pais dela acharam melhor saírem do quarto para que ela se acalmasse, a doutora antes de sair também, queria dar um sedativo a Luna para que ela dormisse, mas eu não deixei. Não queria que ela ficasse dependente desses analgésicos e só conseguisse dormir depois de tomar um.

Acomodei o seu corpo melhor no centro da cama e continuei sentado na beirada, passando levemente a mão por seu rosto que agora estava sereno e calmo, admirando a beleza que exalava dela. Mesmo dormindo, Luna era capaz de despertar todas as reações possíveis no meu corpo, olhando-a nesse instante me pergunto como consegui passar tanto tempo distante dela.

Leves batidas foram desferidas na porta pelo lado de fora e em seguida uma cabeleira loira entrou no quarto. Âmbar. Ainda continuava surpreso com a relação que se desenvolveu entre elas duas durante todos esses anos, eu conseguia ver nos olhos dela toda a sinceridade e preocupação pela morena que estava deitada ao meu lado. Depois de todo mal que ela causou as pessoas ao seu redor, e principalmente a si mesma, ela conseguiu libertar os demônios que existiam dentro de si e lutou para ser uma pessoa melhor. Fiquei sabendo que ela começou a namorar o Simón, admito que nunca imaginei os dois juntos como um casal, eles eram bem diferentes um do outro, mas olha só para mim, morro de amores por uma garota que é o oposto do que eu sou, entendia que o amor não escolhia a quem amar, de repente você simplesmente vai estar apaixonado por aquela pessoa e perguntando como isso aconteceu.

— Será que podemos conversar? — falou baixo para não acordar a Luna, percebi que ela estava um pouco desconcertada de novo, nunca pensei que a veria dessa forma. Eu apenas acenei positivamente com a cabeça, levantei da cama e depositei um beijo na testa de Luna antes de seguir junto com Âmbar para fora do quarto.

Ela pediu para que fossemos para um restaurante que viu do outro lado da rua, alegando que não se sentia bem em hospitais e que preferia comer e conversar em outro canto. Não me incomodei, apenas segui com ela até o local, só tive a noção da hora quando saímos de dentro do hospital e eu percebi que já escurecia. Chegando lá, pedimos nossas comidas e ficamos esperando em um completo silêncio. Minha barriga agradecia por eu ter sentado para comer uma comida de verdade, nos últimos três dias eu apenas beliscava algumas coisas sem realmente sentir fome, a única coisa que eu ingeria com frequência era o café bem forte que me mantinha acordado durante todo o tempo.

— Você precisa dormir. — Quebrou o silêncio. Desde que cheguei ao hospital não me olhei no espelho ou em qualquer objeto que reflete a imagem, então não sabia qual era o meu estado, mas tinha noção de que não era dos melhores, estava esgotado, minha única vontade era de deitar em uma cama e dormir. Tinha certeza que olheiras profundas se formaram abaixo dos meus olhos pelas últimas três noites mal dormidas.

— Eu estou bem, não é como se eu sentisse tanto sono assim. — Aquilo era mentira, meu corpo clamava por um longo descanso, mas eu tinha que permanecer acordado, pela Luna. — E também eu cochilei diversas vezes nesses dias.

— Naquela poltrona desconfortável? Matteo conta outra, suas feições faciais denotam todo o cansaço que você deve estar sentindo, e eu digo cansaço físico e psicológico. Você está abatido e com enormes olheiras — falou debochadamente. E por mais que ela tenha usado esse tom, percebia que não era com a mesma conotação que usava antes, havia preocupação também,

— Eu não quero deixar a Luna sozinha, tenho medo do que possa acontecer. — fui sincero. Comecei a mexer as mãos tentando controlar o meu nervosismo e liberar o meu medo.

— Não precisa ter medo, Luna não vai ficar sozinha, tem muitas pessoas que se importam com ela e que não vão deixar isso acontecer. — Esticou sua mão e pousou em cima da minha que estava apoiada na mesa. — E outra, ela com certeza não iria querer te ver nessa situação. — Soltei uma risada nasalada.

— Conta outra, ela deve me odiar por tudo que eu causei. — Olhei para o lado tentando segurar as lágrimas que queriam cair, não aguentava aquela dor e não queria chorar na frente de tanta gente.

— Claro que não, confesso que no começo ela tentou sim te odiar, ficava a todo instante repetindo que você era um babaca idiota que destruiu os sentimentos dela — disse com um pequeno sorriso nos lábios. — Como se fosse possível controlar os sentimentos. Ela nunca deixou de te amar Matteo, e com o tempo ela entendeu os motivos que levaram você a fazer o que fez.

Balancei a cabeça positivamente, não acreditando muito naquilo. Não havia motivos, eu apenas fui um babaca. Não queria criar esperanças em algo que nunca mais poderia voltar a acontecer, eu voltaria sim a lutar pelo amor da Luna, apenas não sabia se teria êxito nessa tentativa.

— Mas indo para o motivo que me fez te chamar para conversar. — Arrumou sua postura na cadeira, ficando ereta e olhando fixamente para mim. — Olha, eu não tenho dúvidas do amor que você sente pela Luna, nem do que ela sente por você, percebi isso desde a primeira vez que os vi juntos, apenas era egoísta demais para admitir que havia te perdido. Mas, eu também vi o quando minha prima ficou destruída com a sua ida e eu não quero vê-la passando por essa situação novamente, principalmente no estado em que se encontra. Eu também causei muitos danos a ela e me arrependo amargamente — sua voz falhou um pouco e eu percebi que ela queria chorar, acreditava que isso tinha relação com o que aconteceu entre ela e a Luna um pouco antes da loira ser internada em uma clínica especializada em saúde mental. — Matteo, ela precisa de você mais que tudo e eu sei que é o único capaz de ajudá-la agora, então me promete que não vai decepcioná-la mais uma vez? — perguntou.

— Eu prometo, Âmbar. Não sei como consegui conviver por tanto tempo com o peso da culpa por tê-la machucado tanto. — Na verdade eu não fazia aquela promessa para a loira, eu fazia para mim. Algo dentro de mim dizia que isso mudaria muita coisa para melhor.

Quando nossa janta chegou, deixamos um pouco aquele assunto de lado, apenas falamos coisas banais, como por exemplo a comida dali ser muito boa. A conversa com a Âmbar fluiu naturalmente e o clima foi agradável durante todo o tempo, talvez ela realmente tenha se tornado uma pessoa melhor.

Um mês havia se passado desde o acidente da Luna, ela passou apenas a primeira semana no hospital em Londres, logo em seguida recebeu alta e voltou para Buenos Aires com os pais. Queria ter ido junto com ela, mas simplesmente não podia, não agora. Tive que retornar a Oxford para completar o curso e receber o diploma. Âmbar disse que foi melhor assim, a Luna ainda estava desestabilizada com tudo que aconteceu e precisava de um tempo.

Desde o dia que saímos para ter aquela conversa, não deixamos de nos falar. Durante essas três semanas que estive longe da menina delivery, ela me deixou a par de todas as informações sobre como ela estava. Segundo os relatos da loira, Luna continuava abatida e não saía do quarto para quase nada, a maioria das vezes preferia fazer as refeições lá mesmo. Comentou que o psicólogo preferiu fazer as consultas na mansão mesmo, alegando que seria melhor para a Luna, já que não teria tanto desgaste emocional. O único momento que ela saiu de casa foi para fazer os exames com o oftalmologista.

Olhava para os envelopes em minhas mãos, neles continham o meu futuro e eu teria que tomar uma decisão. Daqui três dias era a cerimônia de formatura e eu diria para a minha família qual futuro iria seguir, eles ainda não sabiam sobre as propostas que eu havia recebido para gravar minha música. As pessoas ao meu redor diziam que o melhor seria eu permanecer na Inglaterra, alegando que o meu futuro seria mais certo se o fizesse assim. Sendo que naquela situação, a minha única opção se resumia em uma garota de olhos verdes que eu sentia a necessidade de ajudar.

 

A cerimônia tinha acabado de encerrar e eu já havia recebido meu diploma. Agora estava indo cumprimentar meus pais e alguns familiares para receber as famosas felicitações. Não tinha ânimo para festa ou essas coisas, então muito a contra gosto aceitei ir comemorar com a minha família em um restaurante. Gastón, Nina e Amelia também iriam conosco.

Eu viajaria para a Argentina no dia seguinte, já que fiz de tudo para comprar uma passagem para o primeiro vôo depois da formatura. Percebi que meu pai ficou surpreso e um pouco desgostoso com a minha decisão de começar agora a traçar minha carreira, ele acreditava que eu fosse trabalhar em um escritório assim que saísse da faculdade, mas não disse nada a respeito, na verdade não tinha o que fazer. Eu era maior de idade e podia muito bem tomar minhas decisões e ele já havia percebido isso desde o momento que decidi me jogar de vez no meu sonho de ser um cantor.

Minha mãe ofereceu o apartamento que eles tinham em Buenos Aires para que eu ficasse lá, no começo eu recusei, já que tinha um pouco de dinheiro guardado no banco, fruto do trabalho que eu arranjei em uma oficina no último ano. Mas era da dona Giovanna que estávamos falando e ela não aceitaria um não como resposta, então de tanto insistir, acabei aceitando a proposta da minha mãe.

Fiquei no restaurante até quase uma da madrugada, quando meus parentes decidiram que já estava na hora de irmos embora, eu agradeci mentalmente por isso. Agora terminava de pegar todas as minhas coisas, quase caindo de tanto sono, já que fui dormir super tarde e a noite de sono não foi uma das melhores, pois estava ansioso para retornar a Buenos Aires. Desde que vim morar na Inglaterra, nunca pensei que um dia voltaria para a Argentina, mas ficou claro que nem sempre nosso futuro será traçado pelos planos que tínhamos no passado.

Despedi-me de Gastón com a promessa de que nada estragaria nossa amizade, e que sempre nos veríamos. E algo em mim dizia que isso era verdade. Gastón é a pessoa que sempre esteve ao meu lado apesar de todas as minhas decisões erradas e era estranho imaginar que de agora em diante não conviveria todo o tempo com as suas piadas sem graça. Amelia me fez prometer que não iria esquecê-la e que manteríamos contato mesmo com a distância, não precisava nem pedir. Também me despedi da Nina e disse que falaria a Luna que ela sentia saudades e desejava melhoras, como ela havia pedido.

Minha família não passou muito tempo aqui, acreditava que a essa hora já deveriam estar pousando em solo italiano.

Entrei no táxi e peguei meu celular para enviar uma mensagem à Âmbar:

"Estou indo para o aeroporto agora, quando chegar aí mando uma mensagem avisando."

Enviei e poucos minutos depois a tela acendeu indicando a chegada de uma nova mensagem.

"Está atrasado príncipe encantado... Na verdade tá mais para sapo kkkk."

Soltei uma gargalhada com a mensagem dela e voltei a guardar o celular no bolso.

Cheguei no aeroporto, e realizei o check in um pouco nas pressas porque meu voo sairia em breve. Depois de feito, segui para a sala de embarque e em poucos minutos o voo foi anunciado.

A viagem foi longa e cansativa, mas felizmente consegui descansar durante quase todo o percurso, acordei apenas uma vez para ir ao banheiro e aproveitei para comer alguma coisa, já que desde que tinha saído de casa não ingeri nenhum alimento. Depois de pegar minhas malas fui até a entrada do aeroporto para conseguir um táxi, o que demorou bastante, pois o fluxo de gente ali naquele horário era muito grande, mas assim que entramos em um, suspirei aliviado, rezando para que não demorasse muito até o apartamento dos meus pais.

Enviei outra mensagem a Âmbar avisando que havia chegado, como disse que faria. E ela respondeu dizendo que o melhor era eu ir apenas amanhã por hoje estar exausto, iria contrariar. Meus planos eram jogar as bagagens no apartamento e seguir para a mansão Benson. Mas a seguinte mensagem dela me fez apenas enviar um "okay" concordando com aquilo. Segundo a loira, apesar de ter perdido a visão, a Luna conseguia perceber se você estivesse cansado ou não, então ela iria pensar que eu estava ali apenas por obrigação.

Acordei no dia seguinte e percebi que já era quase meio dia, surpreendi-me ao constatar que havia dormido calmamente sem nenhum sonho ruim durante a noite, como vinha acontecendo constantemente nas últimas semanas. Iria até a casa da Luna de tarde, após o almoço, então tratei logo de tomar um banho para não me atrasar. Estava ansioso. Como eu acordei tarde, decidi pedir delivery de uma lasanha.

Lavei a louça que não era muita e guardei tudo.

Meu pai havia deixado um carro aqui em Buenos Aires, para não precisar ficar alugando toda vez que vinha para cá. E eu agradeci por de três em três meses ele mandar uma pessoa levar o carro para o oficina fazer uma revisão geral, o que significava que ele estava funcionando perfeitamente.

Parei o carro em frente a mansão que eu conhecia muito bem e enviei uma mensagem para que a Âmbar pudesse vir abrir o portão. Não queria apertar a campainha por estar com vergonha dos pais da Luna, não sabia o que eles pensavam sobre mim, nem sobre a situação toda. Mas eu tinha a certeza que eu não era uma das pessoas mais querida para eles e eu compreendia isso, principalmente depois de tudo que eu fiz para a filha deles. Suspirei quando vi Âmbar abrindo o portão e entrei, estacionando o carro ali na frente.

Saí e cumprimentei a loira com um breve abraço antes de entrarmos na casa.

— Com licença. Boa tarde senhora Valente — saudei a mãe da Luna que estava sentada no sofá lendo alguma coisa. Suspirei em pensamento, agradecendo por ser apenas ela ali sem o senhor Valente.

— Boa tarde, Matteo. E pode me chamar apenas de Mônica. — Ela sorria confortavelmente e veio em minha direção, depositando um beijo em cada lado da minha bochecha, sorri levemente com aquela recepção. — Veio visitar a Luna? Espera aqui que eu vou avisá-la da sua visita.

— Senh... Mônica. Eu acho melhor eu aparecer de surpresa. Conheço a Luna e sem dúvidas ela vai dizer que não quer receber ninguém. — Ela sorriu e balançou a cabeça confirmando que seria daquela maneira que eu disse.

Indicou-me onde ficava o quarto e eu segui até lá. Escorei o meu corpo no batente da porta que estava semi aberta e passei longos minutos apenas admirando a garota ali deitada na cama. Sufoquei um suspiro e bati levemente na porta, fazendo ela levantar abruptamente o corpo e mexer a cabeça em todas as direções. Abri mais a porta e adentrei no quarto.

— Quem está aí? — perguntou alarmada.

— Oi menina delivery. — Tossi algumas vezes, tentando fazer minha voz sair sem que parecesse que eu estava engasgado. — Como você está?

— Você não tem mais o direito de me chamar assim. — Apesar de sua fala não ter passado de um sussurro, sua voz saiu bastante irritada. — O que você quer aqui?

Aquelas suas palavras frias me fizeram engolir em seco e quase sair correndo para fora dali. Mas eu não faria isso. Havia feito uma promessa de que estaria ao seu lado ajudando-a a superar esse obstáculo. E eu cumpriria minha promessa.


Notas Finais




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