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História Lupus - Conflitos


Escrita por: beatsko

Notas do Autor


oi gente, demorei eu sei. tenho motivos, mas não vou ficar explanando aqui ;(
bom, esse cap eu gostei mais ou menos kkkkkkk

boa leitura

Capítulo 8 - Conflitos


Sakura estava desconfortável.  

Hinata e Naruto eram ótimos, de verdade. Tinham feito uma espécie de “tour” com ela pela pequena comunidade, rodeada de cabanas de madeira e chalés muito charmosos. Era quase uma vila, apesar das grandes árvores que sombreavam as casas. Era reconfortante, mas não parecia um lugar que a rosada viveria. Possuía um ar rústico e a lembrava de contos de fadas, não sabia o porquê. Caminharam por mais um tempo, seguindo uma espécie de trilha que os levaram para uma casa mais afastada das demais. 

— E aqui é a casa de Sasuke. Hinata vai te acomodar melhor, preciso resolver algo — disse Naruto com a sua atenção focada em seu celular. Algo dizia que era Sasuke.  

Sakura fitou o que seria a maior casa do lugar. Era quase uma mansão de madeira. Tinha uns três andares, varandas e janelas enormes. Era linda mesmo. Parecia aconchegante.  

— Claro, vai lá — retrucou a morena, dando um selinho demorado nele antes do loiro sumir de suas vistas, mas não antes de abrir um sorriso conhecedor para a rosada. Sakura se viu sorrindo também. Naruto era realmente legal.  

— Vocês se conhecem há muito tempo? — perguntou Sakura, observando como os olhos de Hinata eram claros. Tinha também notado um piercing em seu nariz, do tipo argolinha na narina direita. Hinata era bonita e diferente. Usava uma calça jeans furada e um suéter de lã azul marinho e simples. Tinha a fala mansa e isso a lembrava de sua professora da primeira série. Ino teria gostado dela.  

— Dois anos — ela respondeu, subindo as escadas de madeira para abrir a porta da casa de Sasuke. — Vem, vamos entrar. 

Dois anos? Ok, aquilo era pouco para se estar num casamento, na concepção de Sakura, mas nem todos pensavam como ela, óbvio. Suspirando, seguiu a morena pelo hall da casa, que era impressionante como suspeitava. Tudo era rústico, mas ao mesmo era classudo. Elementos como quadros, estátuas e espelhos condecoravam a casa de forma bonita, simples e limpa. O símbolo de leque também estava em todos os lugares. Entalhado, bordado e pintado. Era incrível. Sakura só tinha visto aquele tipo de casa em filmes ou séries.  

A sala era igualmente rústica e simples, mas o que deixou a rosada impressionada fora o grande quadro pintado acima da lareira. Um casal sério. A mulher possuía longos cabelos negros e olhos escuros como os do homem, que tinha o queixo quadrado e o semblante ríspido. A mulher a lembrava de Sasuke. Os olhos firmes e o nariz afilado eram quase iguais. 

— Você quer comer alguma coisa? Posso preparar algo. Naruto me disse que você é vegetariana? Sou vegana — disse Hinata, olhando para Sakura em expectativa e com um sorriso genuíno. 

— Eu estou bem. Obrigada — murmurou a rosada, sentando-se no sofá de couro preto da sala que entraram, sem rumo, na verdade. Não sabia o que dizer para ela. Geralmente a rosada não tinha dificuldade em fazer amizades, mas naquelas circunstâncias as coisas se complicavam um pouco. 

Ainda estava pensando na hostilidade visível do pessoal, e a morena parecia saber disso, porque ela se sentou ao lado de Sakura, com a feição carregada de compaixão. Os dedos pálidos pousaram no joelho da rosada que suspirou. A Haruno se perguntou se Hinata era como Sasuke ou supostamente como Naruto. Não tinha medo. Quer dizer ela era medrosa, mas Sakura tinha esse sentimento e essa confiança cega em Sasuke desde que se conheceram, não conseguia imaginá-lo a machucando, pelo menos não fisicamente. Aquilo era loucura, seu cérebro gritava.  

— Não se preocupe com isso. Eles vão se acostumar uma hora, comigo não foi diferente, sabia? 

A Haruno a olhou, curiosa e um pouco feliz com a confissão. Não sabia se era verdade, mas apreciou as palavras dela, de qualquer forma.  

— Não gostam de forasteiros? 

Hinata inclinou a cabeça, deixando seus longos cabelos caírem por seus ombros e fez uma careta. Seus olhos claros estreitaram e ela pareceu nostálgica por um tempo.  

— Mais ou menos, algo por aí. 

— Eu... eu preciso conversar com Sasuke. É o único que pode responder minhas perguntas.  

Hinata assentiu, parecendo saber daquilo tanto quanto Sakura. Elas ficaram se encarando por um tempo em um silêncio confortável. A morena a olhava, curiosa, como se a rosada fosse um bicho raro a ser estudado.  

— Você pode tomar um banho. Vou preparar algo para comermos, enquanto Sasuke não chega — disse Hinata, se levantando do sofá num rompante, assustando Sakura que até então estava perdida no semblante curioso da morena. — O quarto é lá em cima, primeira porta a direita.  

— Minha mala ficou no carro — sussurrou a rosada, levantando-se mesmo assim. 

— Acho que Sasuke vai trazê-la, não se preocupe. Acredito que tenha algo que possa servir em você no guarda-roupa lá em cima. 

Sakura assentiu ainda parecendo sem rumo e totalmente insegura de desbravar a casa sozinha. Sentia-se uma intrusa. A casa parecia a coisa mais pessoal que vira de Sasuke depois de todo esse tempo, parecia errado ficar lá sem ele. Estralou os dedos gelados e naquele momento sentiu mais falta de Ino do que qualquer outra coisa.  

Hinata se virou indo em direção às portas duplas que provavelmente levavam para a cozinha, mas a rosada a parou. 

— Obrigada, Hinata. De verdade.  

Queria falar mais coisa, mas sentiu sua garganta entalada e sentiu medo de chorar. Seria patético. Não conhecia a garota e com certeza aquilo seria constrangedor, no mínimo. 

— De nada, Sakura — respondeu a morena, abrindo um sorriso mais discreto que o do marido. — Vai ficar tudo bem. 

A Haruno suspirou e sorriu amarelo, não acreditando muito naquilo. 

Sakura sentou-se na beira da cama, ainda enrolada na toalha úmida. Seu cabelo pingava e seus olhos ardiam de lágrimas não derramadas. Tinha entrado num quarto que parecia ser de hóspedes, porque não achara nada pessoal ali. Tomou um banho quente na suíte e se deu ao luxo de demorar alguns minutos que não era do seu normal, e desde então estava sentada na cama. 

Estava há um tempo ali, talvez 20 minutos? 1 hora? Não sabia ao certo. Hinata não viera procurá-la e a Haruno estava se sentindo esgotada. Nem abrir o guarda-roupa para procurar algo que prestasse estava com vontade. Tirou o celular do bolso da sua calça jeans jogada na cama e viu as inúmeras mensagens que havia recebido. Ino, sua mãe, seu padrasto, até Mei.  

Estava ignorando o celular desde que saíra de Duluth. 

Ino parecia curiosa e preocupada, perguntando para ela se estava bem. Sua mãe estava brava, mas tinha parado de mandar mensagem há um dia atrás. Sakura não ficara surpresa. Seu padrasto a chamara de tudo menos de fofa e Mei parecia confusa. Sua ex-chefe era legal.  

A rosada só respondeu Ino com um curto “estou viva, te amo xoxo”.  

Estava tão absorta no celular que não viu a porta abrindo. O perfume familiar preencheu todos os seus sentidos e sua pele se arrepiou quase que instantaneamente. A Haruno bufou com a reação do seu corpo, odiando saber que esse traidor reconhecia Sasuke Uchiha antes de poder pôr os olhos nele.  

— Você não bateu na porta — disse ela, jogando o celular ao seu lado, vendo o moreno se prostrar na sua frente segurando uma bandeja de comida. 

Ele arqueou uma sobrancelha ébano, soltando um sorriso pequeno. O moreno se aproximou dela e colocou a bandeja em cima da cama king size. Sakura olhou para o prato de líquido verde — parecia sopa de couve —, um prato de quinoa com legumes, torradas e suco de laranja. Hum, seu estômago roncou na hora como se lembrasse apenas agora que ela era um ser humano e que tinha fome também.  

— Eu bati, Sakura. 

Ele tinha batido? Bom, ela não tinha escutado.  

— Obrigada por trazer a comida. Hinata já foi? — ela mudou de assunto, apertando a toalha contra si, esquecendo que não tinha se trocado.  

Sasuke ficou em silêncio por um tempo, suas mãos se escondendo nos bolsos da calça de moletom. Ele a sondava como se procurasse algo muito difícil de achar. Ela o olhou de volta, sentindo seu coração pular no peito.  

Sasuke era muito bonito para seu próprio bem. Os traços e o maxilar marcados davam um ar de realeza a ele, seu corpo formado de músculos magros como de um nadador era simplesmente incrível. Mas não era isso que fazia o moreno se destacar entre os demais. Ele exalava uma confiança e uma postura tão rara entre os homens — sim, Sasuke Uchiha era homem, não um garoto — que Sakura se sentia envergonhada por esses reles homens.  

— Sim — ele respondeu com a voz mais rouca que o normal. 

Ele parecia cansado, óbvio, mas também parecia mais leve, a tensão tinha saído dos seus ombros. Sasuke estava relaxado, não muito, mas estava. Talvez fosse o lugar, ele estava em seu habitat natural finalmente. Observou o mesmo caminhar em direção ao guarda roupa e suspirou.  

— Desculpa por não ter ficado com você. Tive que resolver alguns problemas, então não tive tempo de pegar suas coisas no carro — disse o moreno de forma concisa, vasculhando as roupas de costas para ela. 

Sakura ficou em silêncio, recusando-se a falar “tudo bem”. Ainda estava um pouco magoada com a hostilidade da família de Sasuke, mas o que ela poderia esperar, sinceramente? Mar de rosas, chá e abraços? Ela nunca fora realmente desejada por ninguém em seus 18 anos de vida, não seria agora que as coisas funcionariam, certo? A rosada também percebeu a facilidade da palavra “desculpa” que saiu dos lábios do Uchiha. Sasuke não era um cara de “desculpas”, mas nesses últimos dias ela já tinha escutado ele dizer aquilo pelo menos umas duas vezes.  

— Você pode vestir essa camiseta por enquanto se quiser. Vou pedir para alguém trazer suas coisas — Sasuke murmurou, virando-se para ela segurando uma camiseta branca simples. 

A rosada tentou dizer algo, mas nada saiu. O moreno a olhou ainda segurando a camiseta entre eles. Ele desceu o braço tatuado, franzindo o cenho. 

— O que foi? 

— O quê? 

— Você está com aquele olhar louco. 

— Que olhar louco, Sasuke? — perguntou a rosada, insultada e apertando a toalha em torno de si. 

Ele sorriu, mostrando os dentes perfeitos e brancos e a única covinha apareceu na bochecha esquerda. O Uchiha riu solene, os ombros largos se elevaram como se ele estivesse surpreso com algo. 

— Aquele que você tem quando faz merda.  

Sakura bufou, cruzando os braços, odiando que ele a conhecesse tão bem. Era injusto. Sakura sabia algumas manias de Sasuke — ele falava durante o sono de vez em quando e tinha um tique no maxilar quando se irritava com algo trivial —, sabia como era expressão do Uchiha quando ele estava gozando, sabia do sinal em forma do estado do Texas na coxa direita dele, sabia que talvez o único defeito do Uchiha era o dedão do pé, porque era realmente feio, também sabia que Sasuke amava Fleetwood Mac e Eagles. Sasuke também tinha uma paixão esquisita por filmes de ficção científica desconhecidos que ela detestava, mas que Sakura já fez o sacrifício de assistir alguns com eles no verão. Sasuke amava café amargo, mas tinha que ser café dos bons... bom, talvez conhecesse o homem no final das contas, mas não o essencial pelo visto. 

— Não fiz merda. Estou só me perguntando quando vamos ter a conversa. Você sabe do que estou falando. 

O sorriso sumiu do rosto do Uchiha e ela se sentiu um pouco culpada. Sasuke sorrindo era realmente bonito. 

— Coma e vista-se primeiro... quando terminar vamos conversar — murmurou ele, tirando as mãos do bolso e virando-se de costas para ela. 

— Sasuke... 

Mas ele já tinha ido embora. 

Sakura encarou o quadro e franziu o cenho.  

A rosada percebeu que a casa era repleta de quadros quando enfim saiu do quarto. Não havia visto Sasuke em lugar nenhum, não que estivesse procurando também. Desceu as escadas de madeira com medo de fazer barulho, mas não adiantou de nada. Tudo rangia ali. Foi direto para a cozinha e se surpreendeu com a mesma. A cozinha era chique demais. Lavou a louça consciente da falta de roupas íntimas debaixo da camiseta, mas realmente não se importou. A casa parecia tão vazia. Suspeitou que só Sasuke vivia lá apesar do tamanho.  

Voltou para o andar de cima e parou para apreciar os quadros nas paredes. Sasuke não parecia gostar de arte, mas a quantidade de quadros pendurados na parede a fez duvidar disso, afinal. Ela gostava de arte, porque também amava moda e achava que as duas áreas conversavam entre si de alguma maneira, por isso reconheceu os diversos estilos artísticos nos quadros: abstrato, natureza morta, rococó, barroco... tinha de tudo. Interessante. 

Parou quando ouviu algo vindo da porta que ficava no fundo do corredor extenso. Mordiscou os lábios, tentada. Bom, o Uchiha tinha dito a ela que eles conversariam quando ela acabasse. Caminhou silenciosamente, ouvindo murmúrios detrás da porta de madeira. Sabia que era Sasuke, o barítono da sua voz era reconhecível em qualquer lugar. Engoliu em seco quando se deparou com a porta entreaberta a sua frente. Espiou e encontrou o moreno atrás de uma mesa de mogno, rabiscando alguma coisa em papéis, enquanto falava no telefone. 

Notou que ele estava sem camisa e seus cabelos estavam úmidos. Sakura molhou os lábios notando a secura dos mesmos. Sabia que espiar era errado, mas desconfiava seriamente que Sasuke sabia que ela estava ali. 

— Sim, entendo — ele murmurou, largando a caneta em cima da mesa e correndo os dedos pelos fios de cabelo bagunçados, parecendo irritado. O tique no maxilar estava lá. — Podemos conversar amanhã? Eu te ligo. 

A pessoa do outro lado da linha deve ter falado alguma coisa, mas Sasuke não se importou, desligando o celular na cara da mesma. Ouch. Grosso. Isso era outra coisa que Sakura sabia sobre o Uchiha: ele sabia ser grosso quando queria. Já havia recebido algumas patadas do mesmo quando o humor dele estava terrível, mas ele se desculpava nas raras ocasiões que isso tinha acontecido. Testemunhou outras grosserias vindas dele em Duluth também, mas as pessoas pediram por aquilo, sinceramente. 

— Você é péssima espiando, sabia? — perguntou ele com o olhar baixo.  

Sakura pulou, assustada com a voz de Sasuke. Sabia que ele sabia, mas mesmo assim... 

Ela abriu a porta e entrou, fechando a mesma atrás de si, sentindo os olhos dele percorrem sua pele a mostra. A camiseta era grande o suficiente para parecer mais do que um vestido já que ela não tinha muito tamanho. Caminhou até a poltrona de couro de frente para Sasuke, de repente mais nervosa do que nunca. Sentou-se sabendo que ele a ainda observava. 

— Estava conversando com quem? — perguntou ela, levando o dedão para boca pronta para roer as unhas pintadas de preto. 

— Um amigo. 

Sakura arqueou as sobrancelhas surpresa por ele ter respondido. Não foi uma resposta completa, mas foi algo. Olhou para os braços tatuados do moreno e franziu o cenho. Os dois braços eram fechados dos desenhos irreconhecíveis. Era bonito, mas ela não sabia o significado realmente. Podia ver o leque, o símbolo infame, entre os desenhos, mas era só isso. Às vezes pareciam algo como pinturas rupestres ou algo assim. Como se as tatuagens contassem uma história óbvia, mas não tão óbvia assim. 

— Por que não está surtando, Sakura? 

A pergunta a surpreendeu e ela olhou para o moreno que parecia... confuso?  

— Você queria que eu estivesse surtando?  

— Não, mas qualquer pessoa no seu lugar estaria. Não sei nem como você veio tão fácil comigo, sinceramente. 

A Haruno bufou. Ele estava reclamando de ela ter ido tão fácil? Qual era dele, afinal?  

— Por quê? Quer que eu vá embora? — balbuciou a rosada na defensiva, notando o tom incrédulo do Uchiha. 

— Eu não disse isso — respondeu Sasuke, passando a mão pelo rosto. 

— Não, mas sei que as pessoas não gostaram de mim. Talvez você tenha mudado de ideia sobre eu ficar com você... — Sakura ofereceu a ideia, arranhando o pescoço, sentindo-se desconfortável. 

— Jamais — murmurou ele parecendo convicto do que dizia. Os olhos negros nunca deixaram os verdes dela. Sakura notou que ele não negou que as pessoas não gostaram dela. Aquilo deixou um gosto amargo em sua boca. — Você pertence... pertence ao meu lado, Sakura.  

A rosada riu, porque aquilo era patético. O que diabos aquilo significava?  

— Bom, de qualquer forma eu não ficarei por muito tempo, certo? Quando as coisas se acalmarem para o seu lado eu posso ir embora daqui. 

Sasuke ficou em silêncio com o cenho franzido. Os olhos escuros piscaram parecendo processar as palavras dela, e então um leque de emoções cintilaram nas feições bonitas do moreno. Raiva, frustração e dor. Dor. Como se alguém tivesse arrancado o siso do Uchiha e enfiado uma faca em seu estômago ao mesmo tempo. 

— O que foi? — perguntou Sakura tentando soar indiferente. 

A ideia parecia terrível, mas gostou de machucá-lo um pouco. A noite no motel a beira de estrada parecia distante agora. Sasuke tinha dito aquelas palavras bonitas, e talvez ela o perdoasse, mas as coisas não voltariam ao que eram normalmente. 

— Eu te pedi desculpas por ter ido embora, Sakura — ele disse como se aquilo fosse a solução de todos os problemas. 

— Sim, Sasuke, e eu o perdoo. Quer dizer não tínhamos nada sério, você não me devia nenhuma explicação... acho que fiquei chateada por não ter recebido pelo menos um adeus, mas entendo. Está tudo bem. Agora você está com problemas, eu vi coisas que não devia ter visto e você precisa me manter por perto por um tempo. Isso é compreensível, podemos fazer isso, certo? Bom, vamos fazer isso e quando tudo acabar eu vou embora. Vamos seguir nossos caminhos, você como um chefe disso aqui e eu como uma estudante de moda em outro estado. Tudo certo, sem ressentimentos — Sakura tentou soar pragmática, mas sua voz tremia. 

Um silêncio estranho predominou o escritório e a rosada encarou o Uchiha que estava com uma sobrancelha arqueada daquele jeito pretensioso dele. 

— Você está muito louca de achar que isso realmente vai acontecer. 

— Não entendo, não tem nada que me ligue aqui, Sasuke — vociferou Sakura se levantando da poltrona, irritada que parecia estupidamente pequena perante a ele. Em pé talvez suas palavras tivessem mais efeito. 

— Como assim não tem nada que te ligue aqui? Eu sou o quê? E nós? — bradou o Uchiha se levantando da sua grande poltrona também.  

Sakura bufou vendo o torso bem trabalhado do moreno. A barriga sarada e o peitoral bem definido fizeram ela gaguejar com algumas palavras. Sasuke era construído em cima daqueles músculos magros e magníficos que fariam qualquer uma gaguejar. 

— “Nós” não existe, você sabe disso! Isso... eu e você... é tudo inviável. 

Sasuke recuou um passo como se tivesse levado um soco e ela também, pronta para sair dali, mas ele se recuperou mais rápido do que ela, correndo e a puxando pelo pulso suavemente, mas firme. 

— Você tem medo de mim? — balbuciou o Uchiha com os olhos estreitos e uma carranca presente em suas feições, como se a pergunta o ferisse fisicamente.  

Ela sabia do que ele estava falando. Medo dele. Medo do lobo. Sakura engoliu em seco e sabia que não podia mentir. A verdade também era absurda.  

— Não, Sasuke. Eu não tenho medo de você, do que você é, seja lá o que é... 

Ela não conseguiu terminar o que estava dizendo, porque o moreno a segurou pela nuca e chocou seus lábios nos dela. O beijo foi duro e bagunçado como se os dois tivessem provando pontos diferentes em uma briga. Sasuke se abaixou e Sakura ficou nas pontas dos pés, sentindo sua pele formigar. Dentes e línguas pra todo lado. Era um beijo sôfrego, quase triste, mas completo e certo. Oh, Deus, era certo sim. Encaixava de uma forma única e aquecia o peito de Sakura como nunca antes. 

A forma que as mãos do Uchiha abaixaram e tocaram a cintura da rosada a fez se encolher sobre o seu toque, porque ainda era do mesmo jeito de antes, como se ela fosse quebrável, como se a Haruno fosse a coisa mais preciosa do mundo, como se ela fosse amada e que qualquer toque poderia fazê-la sumir como papel molhado. Sakura odiava aquele sentimento, porque sabia que era tudo falso. Ela não era a coisa mais preciosa do mundo para Sasuke. 

O beijo foi interrompido por ele. O Uchiha olhou para trás em direção a grande janela do escritório como se estivesse escutando algo. Ela piscou não entendendo nada e não escutando nada também, mas ele logo a fitou de novo. As pupilas estavam claramente dilatadas, os lábios estavam vermelhos e as narinas alargadas. 

— Fique aqui — murmurou ele antes de se afastar dela, deixando uma sensação de frio na rosada. 

— Sasuke, o que aconteceu? — perguntou vendo-o abrir a porta do escritório. 

— Fique aqui, Sakura. 

E então ele se foi, só que dessa vez ela não demorou para ir atrás.  

Não estava preparada para a cena que encontrou em frente à casa. Todos estavam ali. A multidão que há algumas horas atrás estava esperando Sasuke voltar para a casa agora estava amontoada na frente deles. A rosada não encontrou Naruto nem Hinata na multidão. 

O que era aquilo?  

Sasuke estava evidentemente tenso. O velho que cuspira na neve e que fora o mais hostil dali liderava a multidão, pelo visto. A tensão era óbvia. Sakura ficou atrás do moreno, notando os ombros largos e musculosos retesados. Os punhos se enrolaram e a rosada apostou que ele estava fazendo aquele tique com o maxilar, mesmo não podendo vê-lo de frente.  

— O que houve, Danzou? — perguntou Sasuke, atirando um olhar seco e mortal em direção ao velho. 

Sakura recuou um passo, apreciando sua altura naquele momento — ela estava camuflada atrás do Uchiha — e assustada com o tom de voz do rapaz. Ele estava realmente puto. Não havia palavra melhor para descrevê-lo. 

O velho, Danzou, não pareceu amuado pela pergunta e pelo tom de Sasuke, mas a multidão teve uma reação diferente. Entreolharam-se entre si com os ombros curvados. A valentia tinha evaporado apenas com uma pergunta. Sakura notou que Naruto tinha chegado ao lado de Hinata, ofegantes. Os olhos azuis do loiro iam e viam no velho, na multidão e em Sasuke. A Haruno percebeu que aquilo era sério porque nunca vira aquele olhar tão intenso no Uzumaki antes. Hinata estava séria também, olhando para Danzou com um olhar indecifrável. 

— Ela aconteceu, Sasuke! — rugiu o velho dando passos para se aproximar do moreno e apontando o dedo indicador para a rosada atrás do mesmo. — Como você teve a coragem de trazer essa desgraça entre nós? Desonrando Fugaku? Itachi? Como teve coragem de fazer isso? De tomá-la como sua?  

Sakura engoliu em seco, confirmando suas suspeitas. Realmente a odiavam. O porquê? Não sabia mesmo. Não tinha a menor ideia. Será que era por ela ser humana? Parecia provável, mas Naruto não parecia odiá-la. Se arrependeu de ter brigado com Sasuke, devia ter começado o interrogatório.  

— Danzou, cale a boca. Vamos, você tem que esfriar a cabeça — murmurou Naruto, parecendo o mediador da situação e tentando apaziguar os ânimos do velho, aproximando-se do mesmo e erguendo os braços. A rosada notou que um dos braços do rapaz — o esquerdo — era tatuado com desenhos semelhantes dos de Sasuke. Mas ao contrário do moreno, Naruto tinha apenas um braço tatuado. 

O Uzumaki jogou um olhar lívido em direção ao Uchiha, e então Sakura notou que o loiro estava apaziguando Sasuke na verdade.  

— Não vou me acalmar coisa nenhuma! Quero ela fora daqui. QUEREMOS ELA FORA DAQUI! ESSA IMUNDA, VAGABUNDA! — berrou Danzou, arrastando os pés descalços na neve e desviando das mãos pacificadoras de Naruto que bufou alto, parecendo resignado. 

Sakura arqueou as sobrancelhas, não sabendo o motivo do ódio. Qualquer pessoa estaria ofendida, mas a rosada estava tão surpresa que não deu nem tempo e energia para aquilo. A Haruno olhou para o moreno, notando que ele estava estranhamente calmo. Estreitou os olhos para a mudança rápida de reação do Uchiha. Naruto olhou para ele também e deu um passo para trás, afastando-se de Danzou que ainda gritava impropérios, provocando a multidão para fazer o mesmo. Ninguém mexeu um dedo. Danzou parecia mais irritado. 

Sasuke desceu as escadas de madeira lentamente, a postura ainda calma. As costas musculosas e levemente pálidas contraíram como se ele estivesse segurando algo em seus braços. Os cabelos negros sopravam com o vento gélido. Sakura tinha achado o momento uma cena de cinema. 

Ele caminhou solenemente até o velho e parou. A diferença de altura era desconcertante. Só os ombros do moreno sombreavam Danzou que parou de gritar imediatamente para encarar o rapaz. Sakura piscou um segundo e, então, a mão de Sasuke estava enrolada no pescoço do velho que gritou assustado. Viu as veias do braço tatuado do Uchiha e sentiu um pouco de pena de Danzou. Quase o parou.  

— O que você disse? — indagou o Uchiha com a voz rouca carregada de sentimentos que a rosada não podia descrever. 

Danzou não teve tempo de sequer responder — nem podia... os olhos esbugalhados e o rosto vermelho denunciavam aquilo — e, então, ele estava no chão. Sasuke jogou o corpo mole do velho como se fosse apenas um pedaço de merda, como se não pesasse nada. 

Desmaiado? Morto? Sakura não sabia responder. Arfou, vendo o Uchiha se elevar ao velho caído aos seus pés. Danzou não se mexera e caiu na neve de forma esquisita, com a cabeça voltada para outra direção. Estava morto? Sasuke matou um idoso com apenas uma mão? Ele não pareceu fazer nenhuma força, além de segurar o velho alguns centímetros do chão.  

— Alguém aqui pensa como Danzou? — vociferou o rapaz para a multidão, sua família. Os ombros retesaram novamente e Sakura daria um milhão de dólares para poder ver a expressão de Sasuke. Pelos rostos das pessoas não estava muito amigável. 

Cabeças sacudiam negativamente, murmúrios de “não” eram ecoados e passos vacilantes foram escutados. A Haruno engoliu em seco.  

— Sakura é minha marcada, minha destinada. Se alguém desrespeitá-la, machucá-la ou tocar num fio de cabelo sem a permissão dela, eu vou ter que tomar medidas que ninguém aqui vai gostar. Eu não sou Fugaku, muito menos Itachi — bradou Sasuke num tom de voz imperturbado como se não tivesse acabado de machucar uma pessoa. — Eu não sou paciente como eles, vocês sabem disso. Eu fui claro? 

As pessoas manearam as cabeças, não parecendo amedrontadas, mas talvez admiradas. A rosada abriu a boca com as palavras de Sasuke. Marcada. Oh, ela estava realmente cheia de perguntas. O moreno virou-se e a rosada deu um passo para trás, vendo o semblante impassível e os olhos carmesins brilhando em direção a ela, queimando sua pele e desestabilizando a rosada por completo.   

Ficou tão perdida naquela imensidão vermelha que nem viu quando Naruto chutou as pernas de Danzou, confirmando que sim, ele estava morto.  


Notas Finais


danzou bosta seca em todo lugar mesmo pessoal kkkkkkkkkkkkkk
bom, algumas peguntas serão respondidas mais pra frente, quem sabe já no próximo cap, né?
sasuke machão alfa q delicia amo ainnn fodiiiiii

bom amei os comentários, vou ver se consigo responder, vcs são uns amores. estou viva tá? kkkk lavem as mãos, fiquem em casa e deixem a opinião de vcs dessa bosta beijos


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