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História Máfia Dragon Cry - Capítulo 14


Escrita por: Faire-chan

Notas do Autor


Feliz 2024 leitores. Sei que sumi, mas não desistam de mim! E atendendo aos pedidos veio capítulo como presente das festas de final de ano! Ainda essa semana posto mais 2 capítulos ♡

Capítulo 14 - Capítulo 14


Sede da Dragon Cry em Magnólia, Fiore.


Juvia sentia os cristais de Etherano na mão, eles pareciam uma extensão da sua pele, nem frios nem quentes, perfeitos. Um era azul escuro, como o fundo do mar. O outro era mais cristalino, igual uma piscina. Os outros dois eram cinzas-azulados, como o céu em dias de chuva forte. Ela adorava como eles pareciam mágicos, a sensação era tão indescritível quanto.

Ela levantou os olhos para o bar, estava cercada de pessoas, mas ninguém prestava atenção nela. Todas estavam bebendo, rindo ou transando com alguém. Não pareciam ter problemas ou sentirem um vazio enorme no peito. Ela sorriu com o pensamento sombrio quebrando um punhado dos cristais antes de joga-los na boca.

Alguns minutos se passaram e ela tinha aquela mesma sensação entorpecente de que tudo estava bem. Que o mundo não começaria a rachar, que seu peito era leve como um passarinho voando.

- Você está com uma cara esquisita.

Juvia precisa piscar algumas vezes para voltar a realidade, mexendo seu corpo o mínimo possível para avistar Cana Alberona.

Ela era uma figura formidável, com roupas curtas e elegantes, era impossível ignora-la. Os cabelos longos e sedosos combinavam com a pele parda brilhante e os lábios vermelhos. O broche no seu peito, uma rosa vermelha, combinava com o de outras mulheres no bar, a única diferença era o padrão de cor invertido. O fundo era de um rubi vibrante enquanto a flor era uma sombra preta delicada.

Mas por trás de toda sua beleza e sensualidade havia algo profundo. Seus olhos possuíam a malícia e a escuridão de todos que estavam na Mafia.

Como sempre, Cana estava bêbada e segurava um copo cheio de um líquido transparente, que com certeza não era água. Ela lhe lançou um sorriso falso e desconcertante, e apoiou os braços no balcão, seus seios apertados contra a mesa. Aquilo chamou a atenção de algumas pessoas, e Juvia sabia que Cana tinha consciência de que sua aparência era uma arma.

A azulada estreitou os olhos. Não gostava de Cana e não queria lidar com ela agora. Já havia perdido as contas de quantas brigas tiveram. A bêbada nnunca havia lhe perdoado por quebrar a garrafa de vinho antigo (presente de Natsu) em sua cabeça.

E mesmo assim, Juvia sentia que ela era uma das únicas que entendia sobre o vazio em seu peito.

- A vida só anda uma merda. – Juvia sussurra, pensando que suas palavras tivessem sido abafadas pela música alta.

- Eu pensei que estaria feliz, ja que sua irmã voltou. – apesar do tom afetado que ela sempre usava Juvia podia ver a curiosidade em seus olhos. 

Ela estava feliz. Mais do que isso estava aliviada. Mas mesmo assim...

Não sabia explicar. 

Por muito tempo a única coisa que a manteve em pé foi a ideia de resgastar Lucy. De retribuir para sua irmã tudo que ela fez. Pensou que quando isso acontecesse o vazio iria embora, mas não foi. 

Juvia se sentia perdida como sempre.

Juvia apenas ficou em silencio, apertando mais cristais no seu bolso, sabendo que tinha que ser cautelosa quando usava Etherano em público.

Afinal era proibido para o Círculo manter qualquer tipo de vício. 

- Estou radiante. – a fala saiu arrastada. Juvia fechou os dentes sobre a língua, tentando sentir alguma coisa, mas ela estava dormente, sangue inundou sua boca, mas o gosto metálico parecia doce.

– O que foi? Pensou que sua irmã ia querer brincar de casinha depois da Torre? – Cana diz de maneira rude. Juvia pensou em soca-la, mas seu cérebro estava lento. 

- Você não tem nada melhor para fazer? – Juvia cuspiu para ela, mas não estava com raiva. Na verdade, não sentia nada.

Cana parecia prestes a responder mas então toda a leveza foi levada do seu rosto. Soltando uma serie de xingamentos, ela se levantou como um furacão e foi até outra mulher que possuía o mesmo broche no peito.

Juvia estreitou os olhos, mas sua visão estava embaçada, não conseguia reconhecer quem era. Mas podia ver como ela estava encolhida, os braços apertados em volta do peito, como se estivesse se protegendo. O batom vermelho que pintava seus lábios carnudos estava manchado e os cabelos apontavam para todos os lados.

Um segundo depois Cana marchava até o outro lado do bar, em direção a um homem alto e musculoso, com a boca vermelha de batom e completamente bêbado. Ele não tinha ideia do que estava por vim.

Juvia consegue sorrir sentindo seus lábios formigando. Quando a briga começou, arrastando metade do bar junto, ela olhou para os cristais cinzas-azulados que lhe lembravam vagamente alguma coisa. 

A cor lhe remetia a risadas e alguma espécie de felicidade. Algo bom que ela havia estragado. Aquilo fez seu coração doer e bater de forma descompassada, e Juvia só pode imaginar que era mais uma lembrança ruim.

Para fugir daquele sensação de solidão que parecia cobrir sua pele, como uma camada de gelo, ela enfiou os outros dois cristais na boca e mastigou devagar, deixando os pedaços no meio da língua, e sentiu aos poucos o mundo se afastar dela.

Odiava aquilo. Com todas as suas forças.

Se levantando, ela caminhou em passos vacilantes até as escadas, agradecendo que todos estavam ocupados demais para encara-la. Não gostava nem de imaginar o que Natsu faria se soubesse. Dessa forma, o melhor era ir para o quarto e ficar quieta, duvidava que qualquer pessoa fosse lhe incomodar, ela não era do tipo sociável de qualquer jeito.

Um segundo depois o mundo pareceu se reduzir a sua cabeça.

Juvia sentia como se cada parte sua estivesse presa por um corda, formando um nó enorme em seu peito. E agora era como se estivesse prestes a ver esse nó se desfazer.

- Gray – ela sussurrou colocando a mão no coração, ela sentia o pulsar em seus ouvidos, de tão forte e rápido que o órgão batia.

Desespero atingiu seu sistema um segundo depois. Sabia que algo ruim estava para acontecer, mas não sabia dizer o que. Então, Juvia se focou apenas em encontrar Gray, não imaginava que podia fazer mais nada.

Ela se sentia embaixo d’água, não podia respirar e nem enxergar direto. Ela tentou puxar o ar, porém sabia que seus pulmões haviam entrado em falência. Já estava na máfia a tempo suficiente para saber o que estava acontecendo e a ideia não a deixou apavorada como deveria.

Ela encontrou a maçaneta de Gray e girou, dando passos cambaleantes para dentro. Ouviu seu nome ser gritado antes de cair na escuridão.

Xxx

Erza não gostava da Câmara de Tortura. Tudo lá parecia errado e, se fosse sincera, assustador. Havia apenas uma luz, que iluminava a mesa em que ela estava apoiada, e deixava todo o resto da sala para imaginação. Uma tática eficiente para amedrontar até o mais forte dos espíritos, porque nada era tão aterrorizante quanto a imaginação humana.

Como já lhe era um lugar conhecido, sabia que nas paredes haviam as mais variadas ferramentas de tortura e carrinhos elétricos para ideias mais criativas (nas palavras de Gajeel).

Falando no torturador, ele havia acabado de se afastar do Renegado, dando tempo para que o cérebro do homem registrasse a dor. Os gritos e súplicas sempre ficavam na sua cabeça.

Ela não conseguia dormir por dias.

Gray como o maldito bastardo que era havia ido embora. Ele tinha o hábito de subir para o quarto para organizar o seu dia e ter um pouco de diversão. Sempre se gabava que o cargo de VP exigia muito planejamento e dedicação. Mas todos sabiam que ele ia atrás de sexo e esquecimento.

O que significava que o trabalho sujo era deles. Mas o que podia fazer? Reclamar? Desobedecer? O VP era bem ameaçador quando queria, se bem que eles nunca haviam brigado por causa da hierarquia. Era natural na máfia que as palavras do Mestre e do VP fossem incontestáveis. Mesmo que os dois sempre reunissem o Circulo antes de tomar uma decisão.

O tempo sempre parecia mais lento e insuportável naquela sala escura e fedida.

O renegado estava perto de quebrar, ela sabia disso pelo olhar desesperado e cansado dele. Um ponto específico onde a pessoa percebia que a morte era melhor do que a dor. Ela odiava essa parte do trabalho. A de machucar outro ser humano para conseguir o que queria. De verdade. Mas não se importava de fazê-lo. Tinha certeza que a Torre Paraíso havia partido algo em si também, talvez tivesse arrancado aquele limite do que era certo e errado.

Porém sabia que afetava Gajeel, por mais que ele tivesse construído a sua volta uma muralha impenetrável, Erza podia ver como ele odiava ter que torturar os outros. Mas o que ele podia fazer? O Redfox foi criado para isso, literalmente. Não sabia muito do passado dele, mas sabia que assim como Natsu ele foi iniciado muito cedo na máfia.

- Chega, por favor, eu vou contar. – ele diz quase sem voz com o rosto molhado pelas lágrimas e catarro.

- Ótima escolha. – Erza diz, e quase não reconhece sua própria voz, tão fria e maldosa. – Onde está o Doutor?

- Eu não sei! – ele choramingou, a cabeça tombando para frente. Gajeel deu um passo ameaçador em sua direção. – Eu juro! Ninguém sabe onde ele está! Parece que o Doutor irritou os chefoes da Torre Paraíso. Se ele for esperto não vai aparecer nunca mais.

- O que mais? – Gajeel quase rosna, rodando uma faca pequena em sua mão, que parecia um abridor de cartas. Os olhos do renegado se fixam na lâmina e ele estremece, gaguejando as últimas palavras.

- Dizem que armaram para ele! Depois que a Mafia Dragon Cry começaram a roubar a carga da Torre, eles precisavam de mais pessoas. Foi aí que Os Sádicos começaram a se envolver. Eles são traficantes de pessoas. As coisas ficaram feias, a líder e o Doutor brigaram. Como retaliação ela mandou uma espiã para investigar o Doutor e algo que ela descobriu colocou a cabeça dele a prêmio.

- Então essa líder dos Sádicos sabe onde o Doutor está? – Erza perguntou confusa.

O renegado piscou devagar, lutando para manter a consciência.

- Não sei. Uns dizem que o Doutor fugiu antes que a espiã o dedurasse. Outros dizem que a espiã não conseguiu sair da Torre. E alguns acreditam que o Doutor já está morto a muito tempo. Mas o que todos concordam é que a líder dos Sádicos esta envolvida.

- É onde eu encontro essa mulher adorável? – Erza pergunta se inclinando para frente, buscando lucidez nos olhos do homem. Eles se encararam por um segundo, antes dele tremer de medo e desviar o olhar.

- Ninguém sabe quem ela é – ele sussurra parecendo perceber que a morte estava próxima. As palavras saem com alívio. – Dizem que é uma pessoa pública importante. Eu já disse tudo o que eu sei! Eu juro! Eu só quero que isso acabe!

Ele fungou uma vez, tentando manter o mínimo de dignidade. Gajeel e Erza se entreolharam, tinham que esperar a decisão de Natsu. Eles se levantam e começam a sair.

- Não! Não vão embora! Não me deixem aqui! Me mata! Por favor! Me mata! – ele gritava tentando sair das correntes, os olhos arregalados, os dentes manchados de sangue.

Já não havia mais sanidade em sua cabeça.

Os dois saírem sem olhar para trás.

Erza não podia deixar de pensar que tudo parecia um grande jogo, em que todas as ações iriam contribuir com um final grandioso, se ele era bom ou mal Erza não tinha ideia. Mas sabia que terminaria onde tudo começou: a Torre Paraíso.

Xxx

Juvia acordou. Sua boca estava seca como um deserto e a cabeça latejava, mas ela conseguia se mexer. Conseguia agitar os dedos dos pés e das mãos, e reconheceu o cheiro dos lençóis bem o suficiente para o saber que estava em sua própria cama e em segurança. 

As pálpebras estavam pesadas enquanto Juvia abria os olhos, piscando para afastar a visão embaçada que permanecia. O corpo todo doía, como se ela tivesse sido atropelada por um caminhão, mas o efeito do Ethernano havia passado. Ela olhou para a esquerda, como se soubesse, mesmo durante o sono, onde ele estava.

Gray cochilava na poltrona, os braços e as pernas espalhados, a cabeça para trás, expondo o peitoral e a coluna forte que era seu pescoço. Dali ela podia enxergar a tatuagem no interior do braço que Juvia conhecia de cor: “Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você”.

A frase completa era de Nietzsche: "Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro..." Juvia não podia deixar de entender a ironia naquilo. 

- Gray - ela chamou, com a voz rouca. Ele acordou imediatamente e ficou alerta, inclinando-se para a direção de Juvia como se ela fosse desaparecer.

Xxx

Foi uma das noites mais longa da vida de Gray. Cada segundo se passara com uma clareza horrível, cada segundo agonizante enquanto Juvia estava deitada ali no chão do quarto, o peito não se mexia, parada como se estivesse...

Então o VP perdeu a cabeça. Perdeu completamente. Não existia qualquer pensamento em sua mente além de um pânico histérico quando ele se jogou ao lado dela e começou a reanimá-la. E, de repente, o pânico se dissipou o suficiente para que Gray se lembrasse do que aquilo significava: drogas. 

Ela voltou a respirar, alto e ruidoso. Seu corpo inteiro tremia. Precisava de ajuda. Sua boca ficou seca, e as palmas molhadas.

Ela estava respirando. Viva.

Tudo daí em diante havia se tornado uma série de etapas: convocar Wendy discretamente; ameaçar a jovem e talentosa médica em treinamento (ou a mais próxima disso quando Grandine não estava) para que ficasse de boca fechada e fizesse algo; enrolar Juvia no próprio cobertor para que parasse de tremer; pegá-la no colo e carregá-la para seu quarto (onde apenas o Mestre ou um suicida iria sem avisar); berrar ordens para Wendy; e finalmente, segurar a jovem na cama enquanto forçavam-lhe os remédios pela garganta até que ela engasgasse.

Então, ele passou horas amparando-a enquanto vomitava, segurando seus cabelos. Quando Juvia finalmente caiu em sono profundo, Gray se sentou ao lado dela, e relaxou.

- Você está acordada – disse ele, a voz um murmúrio sombrio, misturada à preocupação. – Como está se sentindo?

Juvia olhou para si mesma; estava com um pijama de mangas longas e sentia o cheiro do sabonete de pinho impregnado em seu corpo. Apenas mover a cabeça fazia o mundo girar. 

- Melhor impossível. – respondeu com um meio sorriso, olhando para o teto do quarto.

Gray apoiou a cabeça nas mãos, deixando os cotovelos sobre os joelhos, trincou os dentes e respirou fundo. Engolindo sua escuridão para baixo. Não precisava ter um surto agora, mas a vontade de bater em sua cabeça até que finalmente criasse juízo era enorme demais para apenas ignorar. 

- Antes que diga qualquer outra coisa, apenas responda isto: onde conseguiu essa droga? - Um lampejo dos dentes, um brilho de ódio naqueles olhos pretos-azulados. 

As entranhas de Juvia se reviravam à memória, mas ela ficou quieta.

- Muito bem – falou o VP, ficando de pé. – Vou avisar Natsu sobre você.

- Não! – ela só não gritou pois sentia sua língua inchada e estranha. – Você sabe o que ele vai fazer!

Os ombros dele ficaram tensos, e começou a tremer com uma raiva mal contida.

- Então, é com isso que você esta preocupada? Seu lugar no Círculo?

Juvia ficou quieta a cabeça parecia prestes a explodir. 

- Com o que mais eu me preocuparia? - ela perguntou amargurada, o encarando profundamente. 

Gray agarrou uma estátua de pedra que havia sobre a cabeceira de Juvia e arremessou contra a parede. Os fragmentos se espalharam pelo chão enquanto Gray tentava normalizar sua respiração.

Passando as mãos pelos cabelos, ele começou a andar de um lado para o outro por um momento, então se virou e apontou para ela. 

- Sabe qual era seu estado quando apareceu aqui?!

- Já estive pior. - ela assegurou, tentando manter sua postura

 Um olhar inexpressivo. 

- Você estava morta, Juvia! Seu coração parou. - ele acusou incrédulo com a estupidez dela. 

- Eu estou bem agora. - ela encarou o teto ao ver os olhos dele. 

- Não! Não está! - ele gritou e se virou de costas, como se não suportasse encara-la. 

- Isso não é da sua maldita conta. - ela rebateu franzindo a testa com a dor em sua cabeça. 

- O inferno que não é! - a feição dele estava congelada em puro ódio. - Você caiu morta na minha porta! E eu sou a porra do seu VP! 

Ela ficou calada e suspirou. 

- Você não pode falar para o Natsu. - Juvia pediu, a voz saindo mais frágil do que ela imaginava. 

- Me dê um bom motivo. - ele pediu desacreditado. 

- Isso é tudo que eu tenho. - ela sussurrou, se perguntando se ele ouviu. 

Ele soltou um suspiro longo e negou com a cabeça.

- Não vou falar nada. - ele disse ainda de costas, sua voz transmitia algo que Juvia não podia entender. - Se você parar. Posso te ajudar com isso. 

Juvia fez uma careta horrorosa, não estava disposta a dar o braço a torcer. 

- Não preciso dos seus conselhos e não preciso da sua preocupação. - ela desdenha e sua voz carrega algo venenoso. - E, definitivamente, não preciso de você.

O corpo dele fica todo tenso, como se ele estivesse prestes a gritar e quebrar tudo, mas ele apenas caminha rapidamente para a porta. Ele a abre com violência, como se estivesse prestes a arranca-la das dobradiças, e para. 

- Você está muito bem sozinha. - ele diz e vai embora sem olhar para trás.




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