História Magical Blood - Segunda temporada - Mudanças

2023 - 1 anos depois

Alvo abriu os olhos, sonolento. Estava no sofá da sala d’A Toca. A noite anterior tinha sido a ultima antes do dia de todos voltarem para casa antes das aulas começarem e por isso ele tinha ficado até tarde conversando com sua irmã, Lilian, e seus primos, Rose, Louis, Hugo e Lucy.

Lembrando disso ele olhou para os lados e notou que apenas ele e Lilian tinham dormido na sala. Sua irmã estava encolhida no sofá ao lado, com os cabelos ruivos cobrindo todo seu rosto. Os outros deviam ter ido para seus quartos.

Alvo estava na duvida entre continuar dormindo ali ou ir para sua cama, mas o barulho da porta da frente o assustou.

Alguém tinha entrado ou saído da casa.

Ele se levantou depressa, já com sua varinha na mão. Seu coração estava acelerado. Era cedo demais até para seus avós já terem acordado.

Com a varinha erguida em sua frente ele correu até a entrada. Já tinha 17 anos e não hesitaria em estuporar quem quer que fosse.

Ao chegar à porta a viu fechada e deduziu que a pessoa deveria estar do lado de fora.

Quando abriu a porta, notou que já era quase de manhã, o céu começava a clarear. Assim que pisou do lado de fora, se xingou mentalmente ao notar que estava descalço, mas não tinha tempo para se preocupar com isso. Ele deu a volta na casa, até chegar perto da garagem de seu avô, tudo estava muito silencioso, o que não o ajudava a ficar mais calmo.

Porém, ao chegar ao lado da garagem, respirou aliviado ao ver uma garota ruiva sentada na grama, olhando para uma montanha distante d’A Toca.

Alvo se sentou ao lado dela, e por algum motivo a garota não se assustou. Sua atenção estava toda na montanha e no céu que começava a se tornar azul claro e laranja.

Ele deduziu que ela não se assustou porque ela sabia que era ele. Rose Weasley sempre sabia de tudo. De um jeito assustador.

- Não ta meio cedo pra você estar aqui fora? – ele perguntou.

Rose tirou os olhos do céu para olhá-lo. Seu rosto estava sério.

- Estava sem sono...

- Preocupada com alguma coisa?

Rose suspirou, desviando os olhos dele e voltando a olhar para a paisagem.

- Essa é a ultima vez que passamos as férias aqui n'A Toca – ela disse triste.

- É isso que está te incomodando? – ele perguntou e ela assentiu parecendo chateada com a ideia – Eu entendo, também vou sentir falta disso.

- Depois que nos formarmos tudo vai mudar...

Alvo franziu a testa.

- Como assim?

- Durante sete anos passamos nossas férias aqui, nos vendo praticamente o dia todo. Então as férias acabavam e íamos pra Hogwarts onde eu via vocês todos os dias. Eu gosto disso, gosto de como somos próximos. Mas não sei por quanto tempo vai ser assim....a casa está se esvaziando rápido demais...

Rose estava certa. A maioria dos primos já havia se formado. Teddy, Victória, Fred, Molly, Dominique, Tiago e Roxanne. Nessas ultimas férias a casa estava mais vazia e silenciosa, se não fosse pelas visitas de Tiago e Luke em alguns finais de semana, provavelmente aquelas férias teriam sido as mais entediantes que eles já tiveram.

E logo seria a vez de Rose e Alvo de se despedirem dos dias n’A Toca. Em uma semana começariam o 7º e ultimo ano em Hogwarts. Depois disso a vida adulta realmente começaria.

Pensativo ele se virou para a prima e suspirou ao notar o que estava prestes a acontecer. Alvo sabia o que estava por vir: O nariz de Rose estava levemente vermelho, ela apertava as mãos uma na outra aflita e seu queixo tremia. Ele sabia o que aconteceria a seguir.

O rosto de Rose foi tomado pelas lágrimas.

Ele sorriu carinhosamente e a abraçou, passando o braço em volta dos seus ombros.

- Oh, Rosie, nós ainda nem fomos pra Hogwarts, relaxe – ele sorriu, tentando confortá-la – Acabamos de fazer 17 anos, sei que vamos ir para uma nova fase em breve, mas não é como se todos já fôssemos velhos e estivéssemos casados e com filhos.

- Merlin! – ela choramingou - Logo todos estarão casados e com filhos! - disse num soluço que fez seu corpo tremer.

- Não! Claro que não - Alvo disse depressa.

- Não? Teddy e Victória em poucos meses vão ter o primeiro filho, Tiago e Dominique já moram juntos! E, Merlin, Luke até pediu Roxy em casamento!

- É...ninguém esperava por essa.

- Logo todos estarão casados e vamos nos afastar cada vez mais, cada um com a sua família até que serei velha e meus natais serão apenas com Scorpius e nossos quatro filhos.

Mas ao dizer isso o pensamento de Rose pareceu voar longe, ela baixou, preocupada, seus olhos para seu colo, e algum pensamento a fez chorar ainda mais.

- Meu Deus! Você realmente planeja ter quatro filhos? Scorpius sabe disso? – Alvo tentou animá-la, mas não adiantou. Nos últimos dias ela realmente estava estranha, algo a incomodava e Alvo sentia que ela não estava contando algo para ele.

- Não quero que nada mude! – Ela enterrou o rosto nas mãos - Quero natais barulhentos e com brigas sem motivo! A vovó brigando com a gente enquanto o vovô fingi que concorda com ela! Quero sentar na mesa no jantar com um numero absurdo de pessoas! Quero conversas até tarde no quarto das garotas e...principalmente, quero poder estar com você, Alice e... Scorpius todos os dias na escola! Porque eu não imagino como seria minha vida sem ter vocês comigo sempre.

- Rosie...- Ele apertou o abraço e ela enterrou seu rosto em seu ombro – Você está sendo dramática. Nós sempre estaremos com você! Sempre!

-Promete?

- Claro que sim! Além do mais, eu sou seu primo, esqueceu? Mesmo que você não queira, nós sempre nos viríamos pelos menos em algum casamento da família, sabe?- Ela riu- Depois de 17 anos sendo minha melhor amiga...você realmente acha que existe alguma possibilidade de algum dia nos afastarmos? - ele riu

- É, é um medo idiota, desculpa – ela respondeu, secando as lagrimas com a manga do seu pijama.

- E tenho certeza que Alice diria a mesma coisa. Ela te considera uma irmã! E Scorpius...- ele ia dizer, mas franziu a testa ao perceber que o sorriso de Rose voltou a sumir, mas decidiu continuar – Scorpius não se afastaria de você por nada nesse mundo, eu sei disso.

Rose deu um sorriso triste.

- É...eu também sei disso.

Alvo tirou o braço dos ombros dela e a olhou atentamente.

- Tem mais alguma coisa te preocupando...

Ela o olhou, confusa.

- O que?

- É, está quieta, chorosa e tem se isolado no quarto mais do que o normal. Scorpius concorda comigo, disse que você só mandou uma carta para ele essa semana, o que é estranho porque você é a maluca das cartas.

Rose soltou uma risada fraca, que para Alvo pareceu forçada.

- Estou bem, sério. Só estou chateada por ser nosso ultimo ano e também tenho estudado muito. Decidi adiantar meus estudos para as N.I.E.Ms, agora como monitora-chefe eu vou ter o dobro de trabalho e ainda tenho os treinos de quadribol...Não terei tempo para nada esse ano...E sei que vou precisar ajudar você nos estudos já que como capitão do time você só vai focar nisso – ela sorriu bem humorada para ele.

Alvo não acreditava que era realmente só isso, mas Rose era esperta, qualquer que fosse o problema ela saberia lidar, e o contaria quando estivesse pronta.

Por isso, decidiu retribuir o sorriso.

- Vou copiar todas as suas tarefas.

- Não, você realmente precisa estudar, as N.I.E.Ms vão definir seu futuro, Al!

Alvo revirou os olhos. Lá estava Rose voltando ao normal.

- No final você vai acabar me emprestando, você sabe disso – ele provocou. Rose ia responder algo quando Alvo a interrompeu e se levantou da grama, estendendo a mão para ela para que também se levantasse – Apenas vamos comer, ok? Estou faminto!

Sem soltar a mão dela e sem dizer mais nada ele fez com que aparatassem na cozinha.

- Merlin, Alvo! – ela soltou assustada quando pararam ao lado do fogão. Rose teve que se apoiar na pia para se recuperar do susto.

Na mesma hora, a senhora Weasley apareceu com seu robe por cima do pijama e olhou feio para eles.

- Acordados há essa hora? – A avó perguntou, olhando desconfiada principalmente para Alvo – E quantas vezes já disse para não aparatarem aqui dentro? Podem acabar se machucando! Só porque passaram no teste de aparatação não significa que não podem mais usar as pernas.

- Bom dia para você também, vó – Alvo disse rindo, recebendo uma cotovelada de Rose.

....

Uma semana depois o grande dia finalmente havia chegado. 1º de setembro, o embarque na estação King Cross.

O trem como sempre estava lotado, e depois de muito procurar Alvo tinha finalmente conseguido encontrar um vagão vazio para dividir com Lilian, Hugo e Scorpius.

Scorpius olhava mal humorado para fora da janela, enquanto o trem passava por uma grande vegetação. O garoto tinha crescido muito e estava bem mais alto que Alvo agora. Não que isso fosse difícil de se conseguir já que até Hugo era mais alto que ele desde o ano anterior. Na verdade Hugo era maior do que qualquer um naquele vagão.

Além disso, Scorpius já usava as vestes da Grifinória, como sempre usando a gravata da pior maneira possível, e mantinha os pés em cima do banco, aparentemente sem vontade de falar com qualquer um ali. E Alvo sabia que isso era por causa de Rose que mal o cumprimentou e correu para a cabine dos monitores. Ela usou a desculpa de que por ser monitora-chefe precisava preparar tudo antes dos outros monitores chegarem, mas Alvo também era monitor e sabia que isso tinha sido um pouco exagerado, ele não era monitor-chefe como ela, mas sabia que ela não precisava correr tanto ao ponto de não conseguir cumprimentar o namorado que não via a quase 2 semanas.

Era sempre bom rever Scorpius, eram melhores amigos e durante as férias tentaram se ver o máximo possível. Talvez fosse estranho admitir, mas Scorpius era uma das coisas de Hogwarts que Alvo mais sentia falta durante as férias. Alvo decidiu que nunca admitiria isso em voz alta.

Mas com o mal humor que se instalou em Scorpius por causa de Rose, era impossível conversarem. Não que Alvo estivesse muito melhor. Já que Alice não havia aparecido ainda. Porém ele não estava realmente preocupado, imaginava que por ser capitã da Lufa-Lufa a garota deveria estar falando com seu time em algum vagão.

Ele sabia bem disso porque agora também era capitão.

Lembrar disso o vez sorrir orgulhoso, porém, foi tirado de seus pensamento quando ouviu Lilian dizer:

- Huguinho, você não vai atrás da Spencer Fretcher? – Lilian provocou o primo, dando risada maldosa.

O rosto do garoto ficou vermelho instantaneamente.

- Cala a boca, Lilian!

- O que tem ela? – Alvo se virou para eles, interessado.

- Não ficou sabendo? – Lilian se inclinou para o irmão, com um sorriso imenso.

Hugo se jogou em cima dela para tentar tampar a boca da prima com a mão e mantê-la calada.

- Lilian!

- Spencer e Huguinho... – ela tentou continuar.

Lilian, Alvo e até Scorpius davam risada, enquanto Hugo estava raivoso.

- Se falar alguma coisa eu conto para eles sobre você e aquele trouxa! – Hugo disparou, a ameaçando.

Foi a vez de Lilian, apavorada e de olhos arregalados, tampar a boca dele com a mão.

- Trouxa?! – Alvo parou de rir e se virou surpreso para a irmã.

Scorpius tirou os pés do banco e se aproximou, igualmente surpreso.

- Você ta namorando um trouxa?! – Ele perguntou.

- Parabéns, Hugo! - Lilian se virou furiosa para o primo.

Alvo ainda estava em choque, mas ao seu lado Scorpius começou a rir.

- Merlin! O avô de vocês vai ficar tão animado!

- Só nos beijamos uma vez, não nos casamos, calma – Lilian retrucou.

Alvo a olhou preocupado.

- Você contou para ele que nós...

- Não! – ela respondeu imediatamente - Não contei que somos bruxos, é claro!

- Pensei que você estava com o Corner – Scorpius disse a ela.

- Eu estava...mas ele era muito meloso.

- Mas como você conheceu o trouxa...quer dizer...qual o nome dele? – Alvo perguntou, ainda surpreso com a nova informação.

- Jason – ela respondeu – Nos conhecemos nas férias de natal. Eu, Louis e Hugo fomos visitar a Barbara. O pai dela é trouxa e eu acabei conhecendo esse primo dela. Nos falamos quase todos os dias por cartas...ele achou muito legal o fato de eu ter um coruja de estimação que leva cartas...nem desconfiou – Lilian deu risada.

- Ele é legal – Hugo disse a Alvo.

- Por favor, não conte nada para Tiago – Lilian pediu receosa - Mamãe e Papai sabem, mas eu não estou com paciência para aguentar Tiago e Luke agindo como malucos por causa disso. Vão querer interrogar a família inteiro do Jason.

- Ok... – Alvo disse sem saber muito bem o que fazer – Não se preocupe. Só tome cuidado, ok? Ouvi dizer que eles tem coisas perigosas...um dia desses ouvi Duda, o primo do papai, falar que o filho dele se machucou com um tal de grampeador! Vai saber que tipo de coisas perigosas eles tem por ai.  

Lilian assentiu, preocupada com o que ele havia falado.

- Bem... – Alvo continuou, sem jeito. Estava preocupado já que conhecia poucos trouxas além dos poucos parentes de seu pai, mas achou melhor confiar em Lilian nisso - Então...me fala um pouco sobre Hugo e a Spencer.

Lilian riu alto, enquanto Hugo quase morria de vergonha e Scorpius soltava uma risada fraca e voltava sua atenção para a janela.

...

A viagem foi rápida e até meio entediante. Ele teve que dar uma passada rápida na sala dos monitores com Hugo para ouvir as mesmas recomendações de todos os anos, mas logo pôde voltar para seu vagão.  Depois disso Hugo realmente foi atrás de Spencer, aparentemente eles estavam trocando cartas fazia algumas semanas e tinham se beijado em alguma festa da Grifinória no ano anterior. Alvo deveria ter desconfiado porque o primo estava de muito bom humor ultimamente. Scorpius finalmente tinha melhorado depois que Rose apareceu e parecia ter voltado ao normal, depois disso o casal passou a viagem inteira se agarrando do lado de fora do vagão. Por isso Alvo e Lilian passaram o resto do dia comendo doces e conversando.

Quando Rose apareceu, com os lábios mais vermelhos do que o normal, avisando que já estavam quase chegando, Lilian e Alvo se arrumaram.

Assim que saíram do vagão, Alvo sorriu. Alice finalmente estava ali conversando com Scorpius e Rose. Seus cabelos estavam bem mais loiros desde o começo do verão, depois que ela os pintou e eles desciam em belas ondas por cima do seu ombro.

Fazia um mês que não se viam, porque como sempre ela havia viajado para a casa de parentes da sua mãe durante agosto. Por isso ele sentia seu coração acelerar agora que finalmente a estava vendo. Tinha sentido tanta saudade dela.

Alice se virou para ele assim que o viu se aproximar.

Alvo esperava que ela o cumprimentasse como sempre fazia quando se viam depois de tanto tempo, se jogando em seus braços, o abraçando o mais forte que conseguia e lhe dando o beijo que ele tinha esperado o mês inteiro.

Mas dessa vez algo estava diferente.

Alice o olhava séria, apreensiva.

- Preciso falar com você, Alvo.