História Mais Que Parceiros - Alimentando o Monstro

Haruki Haruno

Observo o furacão Sakura devorar uma pizza de camarão inteira. Enquanto toma o segundo copo de 300ml de refri. Ela está tão concentrada saboreando a comida que não diz nada, apenas faz sons de prazer a cada mordida.

Ela havia crescido, ganhado um pouco de corpo, mas ainda era magra de estatura pequena. Ela termina em tempo recorde enquanto me pergunto para aonde vai toda aquela comida.

Por fim ela senta pra trás, abre o primeiro botão - de três - do short jeans, passa a acariciar a pequeno volume estufado de sua barriga quase imperceptível, como se estivesse grávida. Suspira, mas logo solta um arroto que se acemelhava a de um caminhoneiro... que vergonha.

----Tá satisfeita monstro? ---- pergunto terminando de mastigar minha pizza.

Como uma criança contente, ela sorri mostrando suas duas covinhas e seus dentes brilhantes, isso a deixava mais infantil, não aparentando ser uma garota de quase 16 anos.

----- Tô.

----- E então? ----- começo ----- Porque está aqui ? A mãe e o pai sabem?

----- Sobre isso... ---- começa ela empilhando a louça suja, faço sinal para a garçonete. ----- Ahnn.... por onde eu começo... deixe me ver....

Dou um tapa na mesa, não muito alto, apenas para chamar -lhe a atenção. Ela se ajeita ao passar a mão na testa fazendo a aba do boné se erguer um pouco, mas o suficiente para que veja o corte em sua sobrancelha causando uma falha.

-----O que aconteceu no seu rosto? ---- pergunto começando a ficar nervoso. Ela passa a evitar meus olhos, parece envergonhada o que era algo raro para sua personalidade alegre e destemida. ---- Sakura... Eu não vou perguntar de novo.

Um suspiro cansado escapa de seus lábios e então ela tira o boné mostrando que o corte se estende em meia lua próximo a fonte de seu olho esquerdo. Pela cor do hematoma aconteceu a alguns dias.

----- Eu fui expulsa da escola por brigar, nosso pai descobriu e eu ganhei isso ---- diz apontando por próprio machucado ----- pelo meu péssimo comportamento e por ser uma filha despresivel que só traz vergonha para nossa família, segundo suas palavras.

Fecho em punho minhas mãos, tentando controlar a raiva que insiste em me assola. Sakura tinha uma aparência meiga e delicada, mesmo que seu espírito rebelde fosse totalmente ao avesso, ainda assim ela não era uma menina má para ganhar esse tipo de punição e eu sabia que provavelmente se ela erguesse a camisa teria mais hematomas em suas costas, pois era assim que Kizashi gostava de punir, com socos e chutes.

-----Nossa mãe sabe que está aqui? ---- pergunto.

-----Ela me deu seu endereço, junto de uma carta na qual passava minha tutela a você.

-----Como é? ---- pergunto sem acreditar que teria de ser responsável por outra pessoa.

-----Haruki... Eu sei que você mora num trailer e que eu não caberia lá com você. Por isso eu trouxe isso. ---- diz ela me estregando sua mochila.

-----O que tem ai dentro? ----- pergunto desconfiado.

-----Dinheiro.

Abro a bolsa e vejo maços de dinheiro envolta de roupas.

-----Aonde conseguiu isso? ---- pergunto sabendo que nossos pais jamais dariam uma quantia dessas a ela.

-----Não é roubado. Eu trabalhei pra conseguir ele.

Minha cabeça passa a latejar não querendo ouvir a resposta de minha próxima pergunta.

-----Pra quem você trabalhou?

----- Eu fiz uns corre pro Yoroi. Não fui descoberta e permitiu juntar essa grana. Eu juro.

----- Por Deus Sakura... Não se envolva mais nisso. Tem noção de quanto e perigoso.

-----Eu sei... se você me deixar ficar eu prometo que vou me comportar, eu arrumo a casa todos dias, procuro um emprego, faço até a sua comida... mas não me mande de volta.

Não á como ignorar o desespero em sua voz, fazendo eu me sentir culpado por ter ido embora e deixado ela com aquele crápula.

-----Tudo bem. Mas quero que você estude entendeu. Do resto eu cuido.

-----Certo.

Me levanto, pago nossa refeição e me dirijo até a minha motocicleta. Entrego o capacete a ela e subo. Vou direto para o trailer.

-----Eu preciso ir trabalhar. Você consegui ficar sozinha?

Ela faz que sim.

----- O jornal está em cima da cama. De uma olhada nos apartamentos e casas para alugar e marcaremos visitas para amanhã mesmo.

 Saio sentindo que uma bomba caiu sob minha cabeça. Adeus liberdade!