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História Mais Uma Chance - Dramione - O Necessário


Escrita por: MillaLyra8 e Smel

Notas do Autor


Boa leitura! <3

Capítulo 16 - O Necessário


Draco

 

Estava tudo pronto. 

Olhando para as duas malas sobre a minha cama, tentei evitar o vazio que ameaçava espalhar, tendo a origem no meu peito. Até mesmo Lilah, deitada no chão com o focinho sob as patas, parecia não querer ir. Mas tínhamos que partir. Dessa vez, não era uma questão de guerra de egos. Meu senso de justiça era maior do que minha vontade de irritar Hermione. 

— Está na hora, Lilah. — Me levantei da única cadeira do quarto, olhando ao redor pela última vez. Havia uma blusa de Hermione largada na cama e um sutiã pendurado na cabeceira. Seus objetos estavam espalhados sobre todas as superfícies que lhe pertenciam, e novamente eu me lembrei de sua letra elegante na lista de gastos. Era por causa daquela lista que eu continuava ali, sentado e a espera dela por mais de quinze minutos. Eu sabia que a conversa que eu estava prestes a iniciar era perigosa, difícil e, provavelmente, acabaria em gritos. No entanto, eu precisava ao menos tentar. 

A porta do quarto abriu e Hermione entrou, sua cabeça baixa, os livros entre seus braços e fones nos seus ouvidos. Parecia apressada, o rosto corado por ter caminhado depressa. Quando viu as duas malas, parou imediatamente, confusa. E quando me viu no meio do quarto, olhando para ela, Hermione ficou imediatamente apreensiva. Colocou seus livros sobre a escrivaninha lentamente, os olhos nunca desviando dos meus. Parecia quase assustada, como se pensasse que eu estivesse prestes a expulsá-la de lá. 

— O que é isso? — Perguntou cuidadosamente, acenando para as minhas malas. Engoli em seco, escolhendo a melhor forma de começar aquela conversa. 

— Estou me mudando. — Murmurei, pigarreando em seguida e esfregando a nuca. — Vou morar em um apartamento pequeno perto do Campus. Mas não se preocupe, paguei por esse quarto até o fim do semestre. Pode aproveitá-lo sozinha. 

Hermione arregalou sutilmente os olhos, os lábios se moveram sem que nenhum som soasse. Ela piscou, desviando os olhos. 

— Ah… — Sussurrou, mordendo o lábio por um segundo. — Então… Boa sorte no novo apartamento. 

— Obrigado. — Porra, por que era tão difícil simplesmente falar? Lutei para colocar as palavras para fora, mas elas pareciam presas a minha língua. Apenas depois de alguns segundos constrangedores foi que consegui dizê-las. — Soube sobre sua vó. Eu queria…

— Soube? — Seus olhos dispararam até mim, mostrando toda a tensão. — Como “soube”?

— Isso importa?

— Claro que importa. Não quero que minha vida seja motivo de fofoca por aí. Muito menos com você.

— Não fiz “fofoca”, Granger. — Rolei os olhos. — Pode me deixar falar por um segundo? — Ela ergueu o queixo, cruzando os braços. Suspirei. — Ok, vou falar rápido. Liguei para um médico que é diretor de um hospital aqui da cidade. Falei a ele sobre sua avó, que ela estava doente e não tinha uma situação financeira onde poderia pagar os melhores tratamentos. Não citei seu nome ou o nome dela, então não se preocupe. Ele ofereceu uma consulta e uma vaga em um programa de acompanhamento médico gratuito para poucas pessoas que precisam disso. Tudo o que você precisa fazer é…

— Você está brincando comigo? — O rosto de Hermione tinha perdido a cor, os olhos tão furiosos que não consegui continuar a falar. — Está usando a minha vó para esfregar seu dinheiro na minha cara? 

— Não é o meu dinheiro. — Murmurei, desconfortável. — Não é nem o da minha família. É um programa…

— Não preciso de você. — Ela me interrompeu bruscamente. — Não preciso da porra da sua ajuda. Eu sei cuidar da minha família. Muito obrigada. 

Sempre orgulhosa demais. E eu sequer podia reclamar, porque era da mesma forma. Meus ombros desabaram, meus olhos grudados novamente nas malas. 

— Certo. — Sussurrei, caminhando até elas e segurando-as pelas alças. — Então adeus, Granger. Venha, Dalilah. 

Lilah ganiu baixinho, saindo da cama e indo até Hermione, esfregando o focinho na sua perna. Parecendo surpresa, Hermione afagou Lilah nas orelhas, os olhos pareciam marejados quando ela os desviou para o outro lado. Arrastei as malas para fora do quarto. 

— Venha, menina. — Chamei novamente, esperando até Dalilah me acompanhar. Olhei Hermione, de costas para mim, os braços ainda cruzados, e então fechei a porta. 

 

-x-

 

Não era um lugar luxuoso ou grande, mas eu gostei do meu novo apartamento. Havia uma cama confortável, tv e videogame, um sofá largo,uma cozinha prática e um banheiro agradável. Era só disso que eu precisava. 

Espalhado no sofá, com Lilah passeando pela casa nova e explorando novos lugares onde poderia se esconder quando rasgasse minhas roupas, relaxei pela primeira vez desde… muito, muito tempo. Mas, provando meu pensamento sobre paz ser algo de pouca duração, meu celular tocou no bolso, estragando o clima tranquilo. Grunhindo, tirei-o do meu bolso e franzi o cenho para a tela. 

— Mas que merda… — Bufei, pensando em ignorá-la. Mas eu sabia que, se fizesse aquilo, o pouco de paz recuperada não valeria o drama das semanas seguintes. Deslizei o dedo na tela, fechando os olhos ao atender. — Oi, mãe. 

— Ah, você atendeu! — Disse Narcisa, surpresa. — Ótimo! Tenho que vê-lo.

— Facetime agora? — Fiz uma careta, nem um pouco animado. — Não posso. Estou pelado. E com uma… garota. 

— Cristo, Draco, eu não quero nem saber qual é a desqualificada dessa vez. — Minha mãe resmungou, sua voz tão cheia de nojo que rolei os olhos. — Coloque-a para fora do seu quarto. Quero vê-lo, e não é através de uma tela de celular. Estou esperando-o no restaurante de sempre, querido! Não se atrase!

— O quê?! — Me levantei rapidamente, alarmado com a mera possibilidade de ver minha mãe naquele dia. — Não! Eu tenho aulas e eu…

— Te amo, querido! — Ela desligou. Na minha cara. Era a droga da perfeição. 

 

Hermione

 

Aquele idiota! Se ele achava que poderia usar o estado frágil de saúde da minha avózinha para esfregar o seu dinheiro e o seu status social em minha cara, ele estava terrivelmente enganado. Muito enganado mesmo! Quem ele pensava que era, para depois de tudo o que aconteceu entre nós ele ainda se achar no direito de humilhar daquele jeito, como se eu não fosse capaz de cuidar da minha própria família sem a ajuda dele? Eu iria dar um jeito. Eu havia dado um jeito durante todos os anos em que nós passamos separados e desta vez não seria diferente. Eu não precisava dele, não mesmo. 

Determinada, eu peguei o meu computador e sentei em minha cama com ele em meu colo, pronta para enviar meu currículo para qualquer vaga que pudesse aparecer nos arredores da faculdade. Estava aceitando fazer qualquer trabalho que me pagasse o suficiente para que eu não ficasse com dívidas no banco no final do mês. Pesquisei todas as lanchonetes, lojas, museus, escritórios, consultórios e todo quanto é tipo de comércio onde poderiam aceitar alguém com boa vontade para trabalhar. 

Ninguém da minha família nunca teve medo de trabalho e eu não era diferente deles. Por isso, estava bem positiva quanto a me chamarem para alguma coisa, nem que eu precisasse trancar ou mudar o turno de algumas matérias para conseguir conciliar tudo.

Seria algo temporário, afinal, eu pretendia me transferir para outra faculdade, mas ainda assim seria bom ganhar um dinheiro a mais. 

Passei horas mandando currículo e, assim que acabei de enviá-los para todos os lugares que eu havia pesquisado, fechei o computador e peguei o celular, para ligar para a minha mãe e saber notícias sobre todos da minha família, principalmente da vovó. Ela demorou um pouco mais do que o normal para atender, e quando o fez, parecia realmente exausta. 

— Mãe? – Franzi o cenho. 

— Oi, querida! Como estão as coisas por aí? 

— Tudo bem, eu acho… E por aí? 

— Na mesma, filha, na mesma. Estamos todos com saudades… 

— Eu também estou com saudades de todos vocês. – Abracei os meus próprios joelhos, me sentindo sozinha como nunca antes. – O que você tem feito? 

— Tenho feito pães… 

— Pães? – Perguntei, confusa e ela deu uma risadinha, cansada. 

— Para vender, querida… Assim completamos a nossa renda… 

— O dinheiro que eu enviei ainda não chegou? – Perguntei, incomodada e ela suspirou. 

— Chegou, querida, e foi de grande valia, não sei como te agradecer… 

— Então por que você está fazendo pães para vender? Eu mandei dinheiro e você tem outros dois empregos, o papai trabalha… Eu não entendo… 

Ela demorou para me responder e eu senti o meu estômago revirar. 

— Mãe? O que está acontecendo? 

— Moramos em uma cidade pequena, querida. Os hospitais daqui não são tão bem estruturados como os de outros lugares. – Ela começou a contar e eu prendi minha respiração, com medo do que estava por vir. – O médico da sua avó disse que se ela não melhorasse até o final do mês, ela teria que ser transferida para um hospital em Los Angeles ou em uma cidade maior do que a nossa e, com isso, nós precisaríamos nos mudar também. Por causa disso eu e seu pais estamos querendo juntar um dinheiro extra para que possamos pagar os custos hospitalares e nos manter em outra cidade, caso não encontremos um trabalho por lá… 

— Caramba, mãe! A vó está tão mal assim? 

— O estado de saúde dela é bem grave, meu amor. Mas nós vamos passar por isso. Não se preocupe, você já nos ajudou demais… 

— Não tem nenhum programa do governo? Algo que possa nos auxiliar nessa situação? 

— Até tem… Mas as filas são quilométricas e eles não priorizam casos como os de sua avó. 

Soltei lentamente o ar dos meus pulmões, pensando em uma solução, mas nada parecia vir em minha mente naquele momento. 

— Eu vou pensar em algo que a gente possa fazer. Só preciso de um tempo. – Disse, após alguns segundos de um silêncio cortante. – Eu estou a procura de um emprego, assim que eu conseguir algo, ajudo mandando mais dinheiro. 

— Filha, não se preocupe. 

— É claro que eu me preocupo. – Respondi, rolando os olhos. – Eu preciso desligar. Se precisar de qualquer coisa, é só me mandar uma mensagem. 

— Tudo bem, querida. Eu amo você. 

— Também te amo. Amo todos vocês. Mande um beijo para a vovó. 

Desliguei o telefone sentindo um terrível pesar e peguei o computador, digitando o nome da doença da vovó no google para saber mais. De fato, era uma doença rara e um dos polos que forneciam um bom tratamento para ela estava em Los Angeles, onde os aluguéis eram absurdos. Pesquisei sobre programas governamentais, mas assim como a mamãe tinha dito, as filas eram absurdas e a vovó não ganharia prioridade. Suspirei, resignada. Na manhã seguinte, assim que a faculdade abrisse, eu iria até o prédio de medicina, tentar saber mais sobre o assunto, mas eu estava tão exausta que tudo o que eu conseguiria fazer naquele momento era deitar em minha cama e tentar dormir. 

Assim que fechei meus olhos, as palavras de Draco voltaram em minha mente: “Liguei para um médico que é diretor de um hospital aqui da cidade. Falei a ele sobre sua avó, que ela estava doente e não tinha uma situação financeira onde poderia pagar os melhores tratamentos. Não citei seu nome ou o nome dela, então não se preocupe. Ele ofereceu uma consulta e uma vaga em um programa de acompanhamento médico gratuito para poucas pessoas que precisam disso.”

Abri meus olhos repentinamente, me odiando por pensar naquilo. Será que ele realmente poderia conseguir aquela vaga? 

Será que eu deveria engolir meu orgulho e o resto da minha dignidade e ir pedir para que ele me ajudasse? Aquela não era eu, mas se não tivesse outra alternativa, talvez eu devesse fazer isso. Pela vovó. Ela havia feito muito por mim durante a vida inteira e agora era a minha vez de retribuir. Mas antes de falar com ele, eu iria tentar por conta própria, afinal eu tinha expulsado-o do quarto e queria evitar a humilhação de ir pedir ajuda para o idiota que acabou comigo. 

Seria difícil ter que aceitar o fato de que a vida de minha avó estava nas mãos de Draco Malfoy, mas se fosse necessário, o que mais eu poderia fazer?

 


Notas Finais


Comentem o que estão achando!

Até a próxima segunda <3 <3


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