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História Manuscrito (O viúvo) - Elfinho melado


Escrita por: Rainha_de_Mirkwood

Notas do Autor


Pequeno príncipe e suas artes...

Capítulo 29 - Elfinho melado


— O que vai querer jantar hoje? – Thranduil perguntou para seu filho, tinha Légolas sentado na cama a sua frente, penteava seus cabelos com lentidão.

— Pão... – respondeu o elfinho, gostava quando seu pai penteava seu cabelo, fazia com que lembrasse do afeto que recebia de sua mãe, embora ainda sofresse pela ausência de sua genitora Légolas não ligou esse ato especificamente a imagem dela.

— Pão somente não é janta, apenas complemento... – fez uma trança fina única atrás da cabeça de Légolas, tinha reunido o cabelo de modo a afastar de sua face, isso evitaria sujeira desnecessária, o resto do cabelo ficou solto como devia ser. – Muito bem, vamos... – pegou o príncipe no colo e seguiu pelo caminho que levava a cozinha privativa.

Havia uma conexão com despensa real, usou-a para pegar o que precisava. Naquela noite havia caldo de frango, apesar de não ser comum que consumissem carne, isso poderia ocorrer quando o animal morria por morte natural, era o caso daquela galinha, em seu reino tanto galinhas como vacas tinham a vida bastante longa, dando para eles ovos e leite, enquanto eram cuidadas no pasto de forma bastante livre e natural, mas eventualmente morreriam, tudo desses animais seria aproveitado quando isso ocorresse, desde seu couro a ossos e carne, era respeitoso ao final, além de não haver sofrimento no processo.

De volta à cozinha o rei pôs-se a trabalhar, mas só depois de colocar a nova proteção anti-Légolas diante da lareira, tinha levado o cordeirinho de madeira para que ele se distraísse, mas estava atento em sua visão periférica, caso ele encontrasse um modo de fazer arte queimar a Terra Média.

Thranduil picava as ervas frescas, enquanto o frango cozinhava, o cheiro começava a subir pelo ambiente, aquele dia tinha sido um tanto cansativo, havia duas jovens elfas nas masmorras, suas famílias foram informadas sobre o ocorrido ao por do sol, não os deixaria no escuro, pois poderiam achar que as filhas foram sequestradas ou que se perderam na floresta. Sabendo ainda que os pais delas iriam querer falar a respeito mandou o recado de que os receberia pela manhã., antes disso não, eram nobres, conhecendo esse fato, sua arrogância e soberba característica os faria tentar demovê-lo de sua posição, mas estavam enganados se achavam que uma posição mais ou menos na corte fosse fazer diferença sobre seu julgamento.

Légolas com seu apurado instinto explorador viu uma prateleira aberta, nela havia uma série de potes com ingredientes, estava curioso sobre seu conteúdo, tentou puxar para si o pote de mel, ele sabia que era mel, era doce e se colocava no iogurte natural, ou em frutas, o elfinho foi tomado por extrema gula e ganância.

O rei abriu a panela semi tampada, onde o peito de frango desossado cozinhava, havia especiarias na água, estava ficando satisfeito com como o prato estava ficando, era incomum que fizesse carne. O choro de Légolas alcançou seus ouvidos sensíveis, virou-se e viu o pequeno totalmente coberto de mel, ele havia conseguido o feito de virar a meleira sobre ele.

— Légolas! – repreendeu, todo o cabelo sedoso estava coberto por mel, o rostinho infantil também estava melecado, as vestes também, o rei suspirou.

O elfo não sabia por onde pegar o menino, a meleira não era pequena, ele estava muito sujo, colocou-o sentado em uma cadeira.

— Fique quietinho Légolas, nada de fazer Légolices, combinado? – pegou um pano de prato limpo e o umedeceu na pia, o sistema de alavanca bombeava água pura para a pia, molhou, estava fria demais, desistiu que fazer daquele modo, colocou uma panela com água para esquentar, enquanto isso com um segundo prato começou a tirar o excesso de mel do rostinho infantil.

Vendo que água estava aquecida o bastante molhou o pano de prato e começou a tarefa, primeiro limpou todo o rosto do menino, ele finalmente conseguia abrir os olhos sem sentir dor, viu o elfinho passar a língua nos lábios, não conseguiu evitar de sorrir. Retirou o excesso de mel dos cabelos, retirou o casaco do menino, estava relativamente limpo.

— Vou precisar te dar um banho depois do jantar... – quando chegava de seu expediente seu filho costumava estar banhado, de modo que apenas o punha para brincar com água enquanto tomava o próprio banho, ou o deixava com a babá enquanto se preparava para a noite.

Jasmim estava bem melhor no dia seguinte, embora ainda sentisse em seu corpo o resquício do sofrimento da véspera. Foi ao jardim da ala nobre e sentou-se frente a fonte, ela havia congelado novamente, pensou em fazê-la degelar, mas achou que não devia mais influir sobre o gelo ou sobre qualquer coisa sobre aquele reino, de repente parecia que aquela viagem foi vã, ainda tinha tempo demais para o banquete e seu corpo e alma ansiavam por seu lar, água salgada e profunda.

Alef tinha ido até a ala nobre ver como sua paciente elemental estava, tinha realmente tido muito trabalho para estabilizá-la, mas quando chegou a seu quarto ela não estava lá. Soube que estava nos jardins e mesmo não costumando transitar por ali, tinha de vê-la, quando a observou calado teve em si uma pontada de angústia, ela estava entristecida, isso era nítido.

— Bom dia... – chamou atenção para si mesmo. – Você está bem?

— Bom dia... – por um momento sua melancolia foi afastada, ficou no belo elfo, era tão grata e ao mesmo tempo queria tocá-lo, se ele pedisse cantaria para ele, se quisesse dançaria, coisa que nem mesmo para o rei fez, dançar é algo destinado a parceiros de modo que era incomum o fazer fora de um relacionamento.

Harpia e Mirtel estavam preocupados com a filha, sabiam que Citara estava nas masmorras, tentaram visitá-la, mas havia ordens de que ninguém a visse, não sabia o que de fato havia acontecido, mas devia ter explicação e sua filha seria inocente. O que o rei estava pensando? Sua filha era pura e inocente, uma flor frágil e refinada, agora presa naquela imunda, mesmo que por uma noite era demais para processar. O pai de Citara não dormiu, já Harpia conseguiu adormecer após fazer uso de um fármaco que usava eventualmente.

Na casa de Olivie as coisas não eram muito diferentes, seu pais quase desesperados, mas neles havia algo a mais que na casa da outra elfa não existia, eram mais frios e racionais, conseguiam olhar o quadro todo, mesmo assim ainda havia o dito desespero, o rei era justo, isso queria dizer que sua filha tinha quebrado alguma regra, claro que a defenderiam, mas sabia que ela fez algo, mas o que?

Os dois casais de elfos estavam perante o gabinete real, obviamente se conheciam, havia uma amizade extremamente superficial entre as famílias, como nobres deveriam conviver e manter as aparência, dentro da corte dificilmente havia algo genuíno, sabiam que tinha de ser esquivos e não confiar em excesso uns nos outros.

Thranduil encarava os papeis a sua frente sem nenhuma vontade de fazer nada, mas atender aquela gente era ainda mais chato que toda a burocracia do mundo.

— Já o aguardam... – informou seu assistente.

— Que entrem... – desinteressada disse.

— Nós chegamos primeiro... – disse Harpia.

— Entre todos de uma vez, quero resolver de uma vez só essa questão... – os dois casais de nobre escutaram a voz profunda do rei dizer, havia frieza e tédio em seu tom e um pouco de desdém. Viu os dois casais o reverenciarem. – Sabem o motivo de estarem aqui, suas filhas estão nas masmorras... – começou pelo ponto central.

— Majestade Citara é... – Harpia viu o rei erguer a mão para que se calasse.

— Não sobreponha sua voz a minha, não terminei de falar e sua hora chegará... – detestava quando esbaforidos tentavam colocar o carro na frente dos bois. – Suas filhas cometeram um crime grave, contra uma convidada nobre... Se eu não tivesse chegado a tempo seu crime teria sido consumado, elas quase mataram uma pessoa. – encarou cada um ali, eles pareciam não entender o que tinha dito, entre o choque e a descrença, mesmo assim ainda altivos. – Podem falar agora... – não despejaria sobre todo o ocorrido, daria chance de digerirem melhor e quem sabe de piorar as coisas, tinha vontade de exilar ambas as famílias.

— Deve haver algum engano, Olivie é doce e gentil, nunca machucaria ninguém... – o pai começou a defender sua filha.

— Citara nunca sujaria suas mãos em fazer algo contra alguém, ela é bondosa e pura, tem um excelente coração... – disse Mirtel sobre sua menina.

— Pureza e excelente coração?! – o rei sorriu das palavras de seus nobres, mas não era um sorriso de divertimento, era escárnio e desdém. – Vocês são responsáveis pelas víboras que criaram, por toda a imundície que há nelas...

— Deve haver um erro, majestade... Nossas filhas são bem educadas, protegidas, certamente podem ser um tanto mimadas, mas que moça de família nobre não o é? – Harpia começou a defender ambas as meninas, sabia que isso facilitaria, e evitaria que a outra família culpasse sua Citara, conhecia esse tipo de estratégia e não daria espaço para que fosse levada a cabo. – São puras e não conhecem bem o mundo...

— O que os faz afirmar que são puras? – instigaria o falatório vão daqueles a sua frente, os veria tropeçar em suas enormes línguas asquerosas, para depois os verem destilar o verdadeiro veneno que neles havia.

— São muito jovens, além de inexperientes... – Harpia continuou sua defesa.

— Jovens certamente e inexperientes, que bom que o são ou teriam matado uma princesa... – ergueu um sobrancelha. – Oh não conseguiram não por inexperiência, mas por eu ter intervindo! Suas “meninas puras” seriam assassinas nesse exato momento.

Os quatro elfos se calaram, não sabia exatamente o ocorrido, mas o rei parecia ter certeza do que ocorreu, temeram por falar.

— Tenho certeza que deve haver uma motivação por trás, elas nunca fariam algo extremo sem base... Sim, com certeza há algo, apenas averigúe, sabemos que vossa majestade é justo e longânime. – Harpia era corajosa ao falar.

— Já foi averiguado, são crias de cobras e como tal não fugiram a sua natureza... – começou a dizer o rei. – Víboras desde o seus berços, ou seria ninho de cobras? – sabia que estava sendo ácido, porém a questão era tão séria que o faria, quando viu que Harpia falaria mais alguma asneira levantou a mão e disse. – Não argumente pureza, nenhuma das duas é pura... – viu indignação na face dos quatro nobres. – São imundas, sua falta de experiência sexual não significa pureza, apenas inexperiência, coisa que parecem ambas estarem dispostas a perder... Tão ávidas por perderem a única inocência que nelas resta.

— Como? – Harpia se perdeu na última parte.

— Senhores... Suas filhas tentaram matar a princesa das Águas Profundas, por serem ambas caça coroa, mas não qualquer coroa, a coroa de minha rainha... – achou a expressão facial deles magnífica. – Não sabiam que ambas tentaram aproximar-se de mim?

— Mas... – ficou em fala, não imaginava isso de Citara. – Isso não é certo, pode tê-la interpretado de maneira errônea.

— Senhora... Eu fui obrigado a sondá-las, sei cada pensamento impuro, cada ideia ardilosa e a malícia que há em sua mente e coração, são ambiciosas e soberbas, ambas... – disse sem receios. – Não há espaço para dúvida ou engano, apenas esclareço que Citara não tem talento ou ideias originais, mas é excelente agindo no impulso, já a outra é mais esperta, mas são ambas porquinhas do mesmo chiqueiro fétido!

— Pensei que fosse justo e sábio... – Mirtel tomou a frente. – Mas a morte da rainha deve ter levado com ela seu juízo... Enlouqueceu pela dor! Deveria abdi... – não conseguiu terminar sua fala, foi jogado no chão, o rei usava seus poderes, o ar faltou e seu corpo foi pressionado pelo ar até doer.

Thranduil estava impaciente, mas ao ouvir falar de sua rainha tudo que ainda restava em si de tolerância foi pelo ralo.

— Arrume suas malas, guarda um pouco de lama fétida e vá para outro reino, qualquer um, desde que poupe a floresta de sua impureza... – disse para aquele casal. – Aproveitem e leve com vocês a porquinha imunda! Estão exilados, para sempre!

Os pais de Olivie enrijeceram no lugar, não falariam nada, ou aquilo se estenderia a eles também.

— Serpentes, quanto a sua menina a levem para tirar férias fora com vocês, mil e quinhentos anos de exílio! – foi mais brando com esse casal e essa jovem, não pelo crime ser menor, mas por não terem tentado feri-lo usando a rainha para tanto.

Alef chegou em casa, não acreditava muito bem no que havia acontecido, levou a mão a seus lábios, ela havia meio o beijado... Seu coração acelerado como não lembrava de ter estado, parecia pronto arrebentar sua parede torácica. Sorriu, desejava um pouco mais, talvez não tão pouco assim.

Continua...


Notas Finais


O que você achou???

Vamos jogar, essa é a hora da verdade!!! Quem leu as notas finais escreva nos comentários a palavra chave; MEL


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