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História Marotos e o Universo Alternativo - Pais


Escrita por: IsabelMorg

Capítulo 10 - Pais


Pela primeira vez na vida, Neville viu a avó sem palavras. Na verdade, toda a sua família estava totalmente muda com a notícia de que Alice e Frank estavam lá. Ele aguentou os olhares sobre ele enquanto o grupo o encarava tentando processar a notícia.

- Como sabem que não são Comensais da Morte? - perguntou Augusta com sua habitual firmeza, ainda que todos soubessem que firme era a última coisa que ela se sentia.

- Hermione testou e Dumbledore já havia avisado que poderia acontecer - foi a resposta de Neville. Ele não ousava olhar para a avó, não fazia ideia de como ela iria reagir àquela notícia.

- Então Alice e Frank... estão bem - disse seu tio Algie falou com a voz em um tom tão perdido quanto o próprio Neville se sentia.

- Merlin, eu nem posso acreditar - acrescentou sua tia Enid com lágrimas em seus olhos. Neville se encolheu, imaginando se sua família pediria para ver Alice e Frank, e o que o casal diria se isso acontecesse.

O que Harry havia falado para ele durante os funerais em Hogwarts voltou a assombrar sua mente já bagunçada. O que será que Alice e Frank queriam falar com ele? Por que Harry fora tão misterioso sobre o assunto?

- Eles não são Alice e Frank - disse a avó de Neville, fazendo o garoto levantar os olhos para ela, franzindo a testa. Augusta o encarava com seriedade e ele sentiu que a avó estava furiosa - eles não são seus pais.

- Eu sei disso - disse Neville sentindo as palavras da avó cortarem fundo. Seu coração pesou ainda mais ao falar aquilo, como se admitir essa verdade fosse muito mais duro do que vê-la e tocá-la como ele havia feito alguns dias antes.

- Sabe mesmo? - Augusta perguntou baixinho, levantando-se. Os tios dele se entreolharam, nervosos, como se soubessem o que estava por vir e não gostassem nada daquilo - não parece que sabe.

Em alguma outra ocasião, Neville baixaria os olhos, envergonhado, mas algo dentro dele o impedia de fazê-lo daquela vez. Ele sabia que chegaria o dia em que precisaria enfrentar a avó, por mais que Augusta o tivesse criado e amado, ela tinha uma visão muito restrita, muito controladora.

Certo, os viajantes não eram os pais de Neville, mas isso não significava que nao precisavam dele. Merlin, ele crescera desejando que os pais estivessem bem e felizes, e tinha certeza que Alice e Frank desejaram aquilo para o filho morto, também.

Mesmo que não fossem realmente pais e filhos, os três se entendiam em um nível elementar. Eles sabiam o que era perder uns aos outros, por que não poderiam ser uma família? O pensamento enviou culpa pesada para seu coração.

- O que quer dizer com isso? - Neville devolveu, encarando a avó nos olhos. Augusta se surpreendeu com a atitude, assim como os seus tios, pelo que ele viu pelo canto dos olhos.

- Quis dizer, garoto, que você não vai mais ver aqueles viajantes de novo - Augusta devolveu em um tom cheio de autoridade que estranhamente não afetou Neville. Ele não achava que depois de enfrentar Voldemort, Bellatriz e todos os Comensais da Morte juntos, era tão difícil de resistir às ordens da avó.

- Vovó, você não pode me obrigar a isso - disse Neville lentamente, com a voz calma, tentando conversar em vez de discutir - eles podem não ser meus pais, mas precisam do apoio de rostos conhecidos agora. Foram transportados do próprio mundo para este sem nenhum indicativo, precisam de pessoas que podem ajudá-los.

- O filho deles morreu e os seus pais, os seus verdadeiros pais, estão loucos no hospital! - Augusta perdeu a paciência e gritou - é a eles que você deve amor e respeito, rapaz. Foram eles que te amaram e te geraram, foram eles que te protegeram. Você deveria estar envergonhado por tentar substituí-los como-

- Eu nunca tentaria substituir meus pais - disse Neville se levantando e sentindo todo o corpo tremendo de raiva - meus pais seguem se do meus pais independente da minha relação com Alice e Frank! Eu sigo amando-os como meus pais independente do que acontecer! E eu não admito que vocês sugira o contrário.

- Você-

- Eu não terminei! - Neville voltou a interromper Augusta - se Alice e Frank me quiserem na vida dos dois, eu vou estar lá. Eu nunca substituiria o filho deles e eles nunca substituiriam meus pais, então não ouse me acusar dessa forma de novo. Meus pais querem que eu seja feliz e se isso quer dizer conhecê-los por meio da Alice e Frank vindos daquele mundo, que seja.

Ele saiu da casa onde crescera com rapidez, aparatando para qualquer lugar que o deixasse longe de Augusta. Acabou se achando em St. Mungus. Olhou para o hospital, observando os Medi-Bruxos, pacientes e visitantes passando para lá e para cá até que decidiu ir até os pais.

Ao chegar, seu olhar foi imediata atraído para Alice, que andava alegremente pelo cômodo mascando chicletes e Frank, que olhava pela janela. Ao vê-lo, Alice foi até ele e estendeu a mão.

Neville fez o mesmo gesto, sabendo o que aconteceria, mas se surpreendeu. Alice, ao invés de dar a ele um papel de chicletes, colocou a mão acima da sua e apertou levemente, como se o consolasse. Neville arregalou os olhos e olhou para o rosto da mãe, que ainda estava ausente.

Ela fazia aquilo algumas vezes, mas Neville nunca havia percebido antes que ela sempre o fazia quando ele estava mais triste que o normal ao visitá-los. Sem se aguentar, Neville riu, sentindo lágrimas se acumulando em seus olhos. Ele piscou para ver a mão de Alice escorregar da sua e ela se dirigir à cadeira ao lado do marido.

Neville foi até lá sem pressa, com um sorriso no rosto e lágrimas nos olhos. Ele se sentou de frente para os pais e contou em voz baixa o que tinha acontecido. Ao relatar a morte de Bellatriz, porém, algo aconteceu. Algo que nunca havia acontecido antes.

Frank começou a chorar. Alice sorriu e chorou ao mesmo tempo. Neville fitou aquilo, enfeitiçado, enquanto Frank olhava-o nos olhos pela primeira vez em sua vida e sussurrava duas palavras:

- Seja feliz.

Aquilo deixou Neville estarrecido, mas ele não chamou a enfermeira. Por algum motivo louco de sua cabeça, ele sabia que aquilo era uma despedida. Sabia que Alice e Frank nunca seriam curados, nunca se recuperariam. E de alguma forma estranha, haviam conseguido se despedir dele.

- Obrigado, mãe - ele sussurrou enfim depois de um bom tempo - obrigado, pai.



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