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História Match! Amor e Redenção. - Capítulo XVIII


Escrita por: Lylynhaah

Capítulo 19 - Capítulo XVIII



                              Antony

Na manhã seguinte, eu até que acordei não me sentindo tão cansado assim. Mas as duas doses de wisky que tomei, ajudaram um pouco.

Depois que a Izzy saiu e eu fiquei sozinho, decidi tomar mais uma dose, e continuei a pensar um pouco mais sobre circunstâncias. Às vezes precisamos agir, para evitar que algumas delas se perpetuem. E eu preciso mudar algumas na minha vida.

Após o banho, coloco uma calça jeans, e uma camisa social. Hoje é mais um dia de reunião no escritório, mas pelo menos será só isso para fazer hoje.

Sem tomar meu café da manhã, saí bem cedo de casa, e estava confiante que esse novo contrato já estava no papo.


Por volta das 11h, eu voltei pra casa, e não tinha como evitar meu sorriso de satisfação pela reunião de hoje.

Michael preparou uma apresentação, que não tinha como não ganhar a aprovação do contrato.

- Antony, já está em casa?

- Sim, Dadá, hoje eu só tinha uma reunião no escritório. - eu pego um morango na bandeja que ela carrega. - E ainda bem, tô precisando muito descansar, minhas últimas noites de sono foram horríveis.

- Mas presumo que você vá almoçar antes disso, não é?

- Eu não sei Dadá, estou sem fome.

- Ainda dá tempo do seu apetite chegar, o almoço fica pronto daqui a pouco.

- Vamos ver. Onde está indo com essa bandeja? - eu aponto com a cabeça para suas mãos.

- Vou levar para a Izzy na varanda. Espero que ela consiga comer essas frutas. Ela não está se alimentando direito. - ela tem uma expressão triste no rosto. - Uma menina tão nova, e com problemas tão grandes.

Eu nem ouso perguntar se ela está sabendo o que houve. É bem provável que ela já saiba desse assunto, muito antes de mim, já que não é a primeira vez que a Izzy passa alguns dias aqui. Mas pelo menos dessa vez, eu sei o real motivo.

- Deixa comigo, Dadá. - pego a bandeja da sua mão. - Eu levo pra ela. Acho que consigo fazer ela comer um pouco.

- Tudo bem. Eu vou terminar o almoço. Se precisar de alguma coisa, é só me chamar.

- Tudo bem. - eu me viro para ir em direção ao quarto da Crystal.

- Antony...- Dadá me chama.

- Oi! - me viro de volta.

- Ela está na varanda. - ela sinaliza com a mão.

- Ah, ok. - sigo em direção a porta de vidro.

Quando chego a varanda, ela está de pé junto ao parapeito, observando a rua lá em baixo.

- Esse se tornou seu lugar preferido da casa?

- Antony! - ela abre um sorriso alegre ao me ver, e isso me deixa mais aliviado. Parece que ela está melhor hoje. - Quer dizer, Sr Moretti.

- É, acho melhor esquecer esse Sr Moretti. - caminho até a mesa de centro, e deixo a bandeja.

- Desculpe, ainda não me acostumei. Foram anos te chamando de Antony. - ela sorri tímida.

- Você nunca foi de me chamar de Sr
Moretti, desde que conheceu a Crystal, realmente levaria algum tempo para se acostumar. - ela coloca uma mecha do cabelo atrás da orelha, e encara os próprios pés. Parece envergonhada. - Então vamos só esquecer isso. Ok? - ela responde com um aceno de cabeça.

Ela agora está de costas para a rua, e com os cotovelos apoiados no parapeito. Noto que ainda usa a longa camisa da noite passada, mas agora ela usa um short pequeno que não dá para ver pelo comprimento da camisa. Mas seus braços ainda estão expostos, e agora suas marcas são mais visíveis.

Eu desvio meu olhar, para que ela não se sinta incomodada.

- Porque você não se senta aqui comigo, e come um pouco dessas frutas? - sento na poltrona de frente a mesa.

- Eu não estou com fome.

Ela está na parte descoberta da varanda, e o sol bate em seus cabelos, deixando- os ainda mais claros.  Quem olha pra ela assim, parecendo tão delicada e inocente, nem imagina as guerras que ela trava em seu íntimo.

- Então você pode ao menos me fazer companhia? - indico a poltrona ao meu lado.

- Posso sim. - ela sorri largo.

Ela senta ao meu lado, e nós começamos a conversar trivialidades, assim, aproveito para pegar o pratinho na bandeja, e colocar algumas frutas, e entrego pra ela. Ela nem percebe que faço isso, e continua a conversar naturalmente, enquanto eu começo a comer algumas, no intuito de instiga-la a fazer o mesmo. Mas ela não faz.

Sem perceber, eu me inclino em sua direção, pego um morango de seu prato, e coloco em sua boca. E ela simplesmente come, sem contestar. E continua  a sorrir em meio as próprias palavras. Ela está bem distraída com o que está falando, e eu continuo a repetir o processo, enquanto me mostro interessado no que ela diz.

Ao pegar uma uva, e repetir o processo até sua boca, ela leva a mão até os lábios, impedindo que eu coloque a fruta em sua boca.

- Minha boca está cheia, Antony. - sorri envergonhada.

- Tudo bem, só mais uma. - insisto.

Dou um tempo para que ela coma o que tem na boca, e depois pego a última fruta em seu prato, e mais uma vez levo até sua boca. Mas dessa vez, seus olhos encaram os meus. Ela abre lentamente a boca, sem desviar o olhar, e então come a fruta.

Só aí me dou conta de como tudo isso pode ser interpretado por ela.

- Bom...- pego mais uma uva na bandeja, e como. - Acho que você precisava comer. - aponto para o prato vazio em seu colo.

- Parece que sim. - ela encara o prato, e eu indico que ela me entregue. Ela assim o faz.

- Eu vou levar isso pra cozinha. - digo levantando e recolhendo a bandeja da mesinha.

Rapidamente eu saio da varanda e sigo para a cozinha.

Merda, merda, merda! O que foi isso que eu fiz? Eu sou mesmo um idiota! Como se não bastasse tudo o que ela está passando, ela ainda pode pensar que eu estou tentando me aproveitar de sua instabilidade, pra poder tirar proveito.

Seu imbecil!

Deixo a bandeja na pia da cozinha, e sem prestar atenção no que Dadá diz, saio para o meu quarto.

Eu sei que tenho o hábito de me comportar assim com a Crystal quando ela está doente, por que como pai, eu me preocupo com a saúde dela, então sempre dou um jeito de faze-la comer. Mas a Izzy não é minha filha, e ela já deixou bem claro o tipo de interesse que teria em mim, e agir assim, agora, só pode acabar gerando ainda mais confusão na cabeça dela.

Porque imagina só, há alguns dias eu deixei bem claro que não me envolveria de forma alguma com ela, e agora faço isso. Ela só poderia me interpretar como um aproveitador mesmo.

Mas agora eu vou dar um tempo, descansar um pouco, depois tento deixar as coisas bem claras para ela, para que não ocorra um mal entendido nessa história.
Então vou para o banho, e depois caio na cama. 

                          
                              Izzy

A Crystal chegou do colégio, nós almoçamos juntas, e depois que ela tomou um banho, nós decidimos assitir uma série. Mas passamos a maior parte do tempo conversando, do que prestando atenção na tv.

Eu agradeci inúmeras vezes por Crystal não me deixar na mão nesse momento. Sei o que houve com ela, nós conversamos por horas sobre isso na noite passada, e mesmo depois de tudo o que ela passou, ainda conseguiu me dar apoio nesse momento de total desastre que está a minha vida.

A Crystal é a melhor pessoa desse mundo, e ela me entende como ninguém, sem esse apoio, não sei como conseguiria estar de pé ainda.

Eu olho para ela, que dorme serenamente no sofá, e tento imaginar como será minha vida daqui pra frente, sem a amizade dela. Desde que nos tornamos amigas, nos nossos 8, 9 anos, nunca mais ficamos separadas, então ir embora agora, será mais doloroso por perder ela, do que qualquer outra coisa.

Agora eu sou uma adulta, posso decidir como seguir a minha vida, então tive que tomar uma decisão importante, para poder conseguir seguir em frente. Vou para a casa de uma tia que mora na Guiana Francesa, e não volto pra cá tão cedo, e se depender do que sinto agora, nunca mais verei a cara do meu pai.
Todo esse tempo que suportei as coisas que ele fazia, chegou ao fim, e nunca mais vou permitir que ninguém faça comigo, o que ele ousou fazer.

Calmamente me levanto do sofá, e vou para a varanda. Esse lugar parece me levar para um lugar bem longe da minha realidade. Observar as outras pessoas em seus apartamentos, seguindo suas vidas, me tira o foco do caos que estou vivendo, e isso me dá um espaço para poder respirar.
Não foi a primeira vez que isso aconteceu, mas com certeza foi a pior de todas, e eu não suportaria que meu pai levantasse a mão pra mim de novo. Se ele está com a vida dele frustrada, eu não tenho que pagar por isso, e eu sei que a essa altura, depois de mais de dois anos, não vai ser agora que ele vai por a mão na consciência e parar de fazer o que faz. Então terei de ser eu a dar um basta.

Observar o pôr do sol, me faz sorrir instantâneamente. Todas aquelas cores se transformando no céu, me faz ter esperança de que, assim como o sol vai nascer amanhã, trazendo uma nova luz, eu posso seguir em frente e ser ainda mais forte.

- Foi exatamente por causa dessa vista, que eu nunca me desfiz desse apartamento. - a voz de Antony interrompe meus pensamentos.

- É realmente muito linda.

Quando me viro para ele, o vejo próximo a mim. Usando uma bermuda preta, e uma camisa regata branca, que deixa bem exposto seus fortes braços tatuados, e com cabelos levemente bagunçados, ele parece mesmo uma miragem no deserto.

Eu não sei a partir de quando eu comecei a ter esse sentimento pelo Antony, só sei que no início, tudo o que eu sentia, era uma admiração enorme pelo pai que ele era com a Crystal. Acho que a palavra certa seria inveja, já que meu pai nunca me deu um terço da atenção que ele sempre deu a ela. Mas depois, as coisas ficaram diferentes. Mesmo tendo visto como a Crystal sofreu com o divórcio de seus pais, por ele ser um homem infiel, eu não conseguia me agarrar na convicção de que ele era um homem que não prestava.

Acabei passando minha pré-adolescência apenas observando ele, e as coisas foram mudando aqui dentro, até o dia em que percebi que eu era apaixonada pelo pai da minha melhor amiga. Eu entrei em pânico quando realmente me dei conta, e tentei não pensar que isso fosse real. Mas não deu certo.
E nesse tempo, não só a minha vontade de receber um carinho dele aumentou, como meu corpo parecia gritar cada vez mais por sua atenção. Cada parte do meu corpo queria sentir seu toque, assim como eu queria poder toca-lo. Até que cometi a loucura de invadir seu quarto, e tentar ter tudo o que tanto desejei, e dar com a cara em um homem que ardia por sua ex- esposa. Aquilo foi um baita banho de água fria.

- Você está bem? - ele pergunta preocupado.

- Estou sim. - sorrio carinhosamente pare ele.

Vai ser difícil ficar longe dele, e pior ainda vai ser esquece-lo. Acho que o primeiro amor sempre é difícil de esquecer. Por mais que eu tivesse a atenção de outros garotos bonitos, educados, e simpáticos, eu só tinha olhos para o Antony. Sonhava em um dia poder ser sua.

- Olha só, Izzy...- ele pigarreia. - Sobre mais cedo...eu não quero que você intérprete mal minhas ações. A Dadá havia dito que você não estava se alimentando direito, eu só queria poder te ajudar com isso.

- Jura? - sorrio pendendo a cabeça de lado.

Eu o vejo arregalar os olhos, e parecer preocupado.

- Sim! Não estou tentando nenhum tipo de aproximação...

- Ahh, Antony! - me aproximo mais dele, e o abraço.

- O que está fazendo? - sinto o corpo dele tensionar com a minha investida.

- Obrigada, Antony! Obrigada por cuidar de mim. - o corpo dele relaxa, e seu coração desacelera.

Ele põe uma das mãos em minhas costas, e sutilmente deixa um carinho ali.

- Eu fiquei apreensivo de você achar que eu estava tirando proveito do seu estado.

- Eu sei que você não faria isso. Assim como sei que você não me ama do jeito que eu te amo. - sou direta e objetiva com minhas palavras. Já que esse sentimento terá de ser extinto, sei que eu me sentiria melhor se pelo menos uma vez, eu falasse deles para alguém que não fosse meus próprios pensamentos. E melhor ainda que seja pra ele.

- O quê? - ele me afasta do abraço.

- Antony, eu não sou uma criança, então sei exatamente do que estou falando. Não se sinta assutado, ou acuado com o que eu disse, estou sendo sincera com meus sentimentos pelo menos uma vez na vida. - ele me olha confuso, sem saber se estou falando sério, ou se estou delirando.

- Você pode estar apenas confusa.

- Eu amo você, Antony Moretti! E não estou confusa, ou interpretando errado. - ele me olha incrédulo.

- Izzy...

- E sabe por que estou dizendo isso? Porque sei que você não me, e que seu coração nunca será meu, já aceitei isso. E queria poder colocar isso pra fora, pela primeira e última vez na minha vida. - eu volto a me aproximar dele. Toco seu rosto, e olho no fundo dos seus olhos. - Eu só espero que você consiga ser amado por aquela a quem seu coração pertence. Que você consiga ser feliz com quem você ama. - as lágrimas tomam conta do meu rosto. - Pois está sendo muito difícil abrir mão de tudo o que eu sinto por você, tornando esse sentimento na esperança da sua felicidade, Antony.

- Izzy, eu...

- Você não precisa dizer nada, Antony.

Ele me abraça forte, e eu me permito chorar toda a dor de um amor não correspondido, dentro do abraço daquele que tanto amo.

Eu desejei tanto poder receber seus abraços, e por ironia do destino, eu consigo isso quando abro mão de tudo o que sinto por ele.

Mas foi o melhor abraço que já recebi, mesmo que em uma despedida. 





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