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História Maze Runner - Small Evil Season 01 - Chapter Twenty One - I've got a war in my mind


Escrita por: LadyNewt , verlak e OsnapitzNadur

Notas do Autor


a m o r a s and m o n s t r i n h o s

Esse é um dos meus chapters preferidos.
Não tem nada de OoooHHhhh, mas é aqui que entendemos quem é Charlotte e o pq Thomas é tão protetor e encanado com a prima.
Espero que gostem.

b o a l e i t u r a

bjinXX
LadyNewt

Capítulo 22 - Chapter Twenty One - I've got a war in my mind


Fanfic / Fanfiction Maze Runner - Small Evil Season 01 - Chapter Twenty One - I've got a war in my mind

“I think you are wrong to want a heart. It makes most people unhappy. If you only knew it, you are in luck not to have a heart.”

― L. Frank Baum, The Wonderful Wizard of Oz

 

Point of View of Charlotte Elizabeth Grey

 

Por mais que eu tentasse, não conseguia fingir que eu estava bem. Eu não estava bem. Eu dificilmente voltaria a ficar bem. Sentada no porto de Seattle, sobre uma plataforma alta com visão privilegiada do mar aos meus pés, abraçei a ideia de me entorpecer em um dos únicos lugares que me traziam paz naquela cidade. Já tinha perdido a conta de quantos baseados eu havia fumado e ainda tinha mais um bala repousando na palma da minha mão, pronta para ser ingerida.

Cogitei seriamente em saltar na água gelada devido a época do ano e deixar ela me levar embora, morredo de hipotermia, ou afogada. Hipotermia venceu, já que afogada seria impossível levando em conta minhas habilidades de nadadora, que agora não faziam diferença alguma.

Havia perdido Harvard e pior das hipóteses ainda, havia perdido Newt...

O rombo no peito era crescente a cada segundo e me perguntava se algum dia ele seria capaz de estancar a agonia, a dor e todo a bagunça que ele provocara. Chapada, enfiei a droga na minha boca, fechando lentamente os olhos e deixando que aquela brisa me possuísse, arrancando todo aquele sofrimento de mim.

- Então é assim que as pessoas se sentem quando tem um coração partido? – perguntei em voz alta, num monólogo irritante.

A voz de Newton August Greene ainda gritava na minha cabeça. Toda sua raiva. Toda sua agressão. Todo o mal que despejou na minha cabeça sem a menor piedade. Como ele foi capaz de fazer e me dizer tudo aquilo? Como ele foi capaz de me dar um coração, se instalar dentro dele e me apunhalar daquela forma? Tudo que ele fez, cada palavra que ele disse, todos os seus toques e beijos... tudo não pasou de uma grande mentira. Ele me usou. Fechava meus olhos, mas tudo que a escuridão trazia era ele; aquele rosto perfeito, de sorriso encantador e olhos de conhaque. Seu cheiro ainda me deixava excitada e estava adornado em cada pedacinho do meu corpo destruído.

Respirei fundo. Tentei afastar meus pensamentos. Repassei mais uma vez toda a dor que ele me causou. Frisei pra mim mesma que ele era o responsável por tudo aquilo. E o que mais me deixava perplexa era o fato de não conseguir sentir raiva alguma dele. Nada. Nem um fio de cabelo. Newt tinha razão e era isso que me matava.

Eu era absolutamente tudo que ele despejara naquele vídeo maldoso...

Foi inevitável lembrar-me do meu passado, revivendo tudo aquilo que fez eu me tornar este ser insensível e uma alma sem coração. A imagem nítida era do Natal de 2008, em Paris. Eu, papai e mamãe na cidade luz, curtindo todo aquele clima natalístico, cercado por glamour e neve. Thomas também estava lá com meus tios. Nos reunimos no Hotel Ritz, reservando as duas principais suítes deles para nossa ceia de Natal.

Antes do jantar trocava-me no meu quarto. Estava ansiosa para colocar meu primeiro vestido Chanel comprado especialmente para aquela ocasião. Coisa boba de menina, mas mamãe adorava me vestir como uma bonequinha e eu deixava, sempre arrancando um sorriso puro de satisfação do seu rosto. Cabelos longos perfeitamente escovados, lacinho preto no pescoço e sapatos de princesa completavam o look. Ouvi meu pai gritar bravo com ela. Já não era a primeira vez que presenciava os dois discutindo, mas nos últimos meses as crises eram constantes. Eu sempre fingia que não ouvia nada. Sabia que minha mãe ficava preocupada com o que eu pudesse ver, ouvir e pensar.

Mas naquele dia, senti necessidade em sair do meu quarto e espiar o que estava acontecendo. Quando cheguei no corredor do apartamento duplex daquele hotel, vi meu pai apertando com força os braços da minha mãe, chacoalhando como um animal sua pequena estrutura – Papai, o que está fazendo? – perguntei confusa, fazendo os dois desviarem o foco da discussão para mim.

Os olhos dela estavam inchados de tanto chorar. Já os do meu pai pareciam vidrados, como se outra pessoa habitasse seu corpo naquele momento – Lottie querida, vá já para seu quarto, por favor – ela pediu carinhosa como sempre. Papai jogou seu corpo com força para o lado e ela tombou no chão, batendo a cabeça na parede – Charlotte Elizabeth Grey, venha aqui agora, criança estúpida! – ele gritou pra mim, avançando na minha direção.

Ouvi minha mãe gritando desesperada antes dele enfiar a mão na minha cara e me arrastar pelos cabelos até onde ela estava – Filha, esse não é seu pai. Perdoe ele por isso – ela chorava, acariciando meu rosto machucado. Questionei o que estava contecendo na mesma hora em que espiei ele na suíte principal, cheirando um pó branco sobre a mesa de vidro ao lado da cama. Após fungar aquilo com vontade, ele jogou a cabeça para trás, deu uma coçada nas narinas e voltou-se na nossa direção, com o semblante perturbado. Tentou separar-me dos braços de mamãe, dando mais um soco na cara dela – Scarlett, sua puta – pronunciou com um sorriso assustador no rosto. Antes que ele pudesse levantar mais uma vez a mão pra mim, minha progenitora havia grudado nas costas dele, distribuindo tapas e socos onde conseguia alcançar – Fique longe de Lottie, Gale! Você é um monstro! – brandava protetora. Os dois rodaram pelo quarto, quebrando tudo que viam pela frente, até chegarem no corredor, entre tapas e palavrões pesados que eu nem fazia ideia que existiam. Ele conseguiu desprende-la de seu corpo e partiu para cima dela. Mamãe pegou a primeira coisa que viu pela frente e bateu com forca na testa do meu pai. Era um castiçal de cristal, que se espatifou em mil pedaços. A testa dele sangrava muito e sua carcaça titubeou, trançando as pernas com o baque, lançando pra mim – Me desculpe, Lottie .

Foi aí que tudo acabou.

Em câmera lenta vi seu corpo perdendo o equilíbrio, caíndo em seguida pelo vão da imensa escada de mármore claro, agora sujo com todo o sangue que escorria do seu crânio esmagado. Mamãe soltou o pior grito de pavor que algum dia eu ouvi – Fique aí, Lottie. Vou chamar a emergência – advertiu, correndo para a suíte.

Caminhei até o primeiro degrau e sentei-me perto de seu corpo, chocada com a imagem do meu pai morto, de olhos abertos, me encarando.

Foi ali, sentada naquele maldita escada que enterrei a doce e inocente garotinha assustada junto com meu pai no dia 24 de Dezembro de 2008, duas horas antes da nossa tão aguardada ceia de Natal. Enterrei Lottie. Incorporei Gale Hartigan Grey.

Minha mãe e meus tios seguiram para a delegacia e necrotério para prestar depoimento e cuidar do transporte do corpo para Seattle, deixando Thomas e eu com uma babá. Naquela noite não ligamos para os mil presentes que nos aguardavam embaixo da imensa árvore de Natal impecavelmente decorada naquele quarto luxuoso em Paris e tão pouco nos deixamos refestelar com as gulomeimas expostas na grande mesa de jantar. Eu não compreendia como aquilo tinha acontecido,  como meu pai havia se tornado naquele monstro violento e sem escrúpulos, agredindo a sua família. Tommy ficou do meu lado a noite inteira acordado me abraçando, até eu perceber que meu tão sonhado Chanel estava imundo com o sangue de meu pai. Eu chorava. E Tommy chorava junto.

Assim que adormeci em seus braços, soube depois que ele saiu sozinho pela cidade, despistando a babá. Quando acordei nossos pais ainda estavam ausentes, mas ele me aguardava com um sorriso de orelha a orelha e um embrulho lindo nas mãos – Surpresa para você Charlie. Feliz Natal – ele disse me entregando a sacola.

Meu primo, tão inocente quanto eu, havia gasto todas as suas economias em um novo vestido da mesma marca, só para me ver feliz após a morte do meu pai. Já éramos próximos, mas naquele dia, decretamos, ao cortar nosso dedo indicador e misturar o líquido avermelhado que escorria das nossas feridas que, irmãos de sangue seriamos eternamente.

De volta a realidade, ouvi meu celular gritar, denunciando um Thomas histérico atrás de mim, evaporando essas lembranças da minha mente. Já estava há horas ali no mesmo lugar, presa nos meus pensamentos e dor. Mordi os lábios e encarei a altura. Precisava atendê-lo e dar uma satisfação. Tommy merecia aquilo. Mas não o fiz. Deixei o celular na plataforma, berrando sozinho.

Ao invés disso, lancei meu corpo no imenso vão, atingindo o mar, desejando desaparecer rapidamente entre as embarcações e ondas crescentes, enterrando naquele dia mais uma Charlotte Elizabeth Grey.


Notas Finais


Triste, né?
Ainda bem que ela tem o Tommy na vida.


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