História Meeting You - Niki (ENHYPEN) - Chapter 10

Nishimura Riki

— E eu? Qual é a diferença entre mim e os outros alunos?

A pergunta da garota me pegou completamente desprevenido. Eu não sabia como responder, já que nem eu sei a resposta. Sinceramente não sei. Acontece que me sinto à vontade com ela. Me sinto uma pessoa melhor. Quando estou ao lado dela, sou apenas Nishimura Riki, e não o aterrorizante Niki.

Abri a boca mas ainda não sabia quais palavras iriam sair dela. Comprimi novamente os lábios, desistindo de falar. Franzi o cenho, era estranho não conseguir responder à pergunta dela. Eu sempre tenho algo para falar, na pior das hipóteses eu desdenho ou dou uma de louco. Mas dessa vez eu fiquei sem palavras.

Olhei na direção dela e vi que não era mais necessária uma resposta; pois ela dormia profundamente. Não sabia há quanto tempo ela dormia. Talvez eu tenha demorado muito pra responder e ela caiu no sono. 

Levantei devagar tentando não acordá-la. Não é por nada, mas prefiro ela calada hoje. Assim ela não me faz perguntas difíceis.

 Me movi até a escrivaninha e depois de encontrar o caderno dela jogado sobre a mesma; O peguei, indo diretamente até o desenho que fiz dela durante a manhã. Eu só estava entediado, então, acabei desenhando demais.

Alcancei um lápis que havia por alí e voltei até a cama. Sentei à uma certa distância, podendo ter uma melhor visão dela. Continuei o desenho. 

Talvez ter voltado aqui não tenha sido uma ideia tão ruim;

Furar com os meninos àquele dia pra ficar naquele protesto com ela também não.

De repente, acho que já tenho a resposta para a pergunta dela.

(...)

Despertei quando senti meu corpo ser balançado constantemente. Abri os olhos resmungando palavras desconexas. Anna tentava me acordar. E era realmente interessante que tivesse conseguido, eu normalmente não acordo fácil. Se a casa cair durante a noite eu provávelmente morro dormindo.

— Eu já acordei. — Reclamei para que ela parasse de me balançar.

— Você tem uma mãe? — Ela perguntou com um tom rouco, talvez tenha acabado de acordar. — Porque se tiver, ela já deve ter chamado a polícia.

— Não, eu mandei mensagem pra ela ontem. — Esfreguei os olhos. — Quando vi que não ia dar pra voltar, disse à ela que dormiria na casa de um amigo.

— E se ela tiver ligado pros seus amigos?

— Por que você tá falando isso? Até parece que quer me me ferrar.

— Não ia ser ruim, eu confesso. — Sorriu tentando ajeitar o cabelo. — Mas se você se ferrar, eu me ferro, e não quero isso.

— Uau, obrigado pela consideração.

— Disponha. — Se levantou e andou até a porta.

Ela saiu do quarto e voltou depois de um tempinho.

— Minha mãe ainda tá dormindo, você pode ir agora.

— Ótimo. — A segui até a porta da frente. — Então... Te vejo na escola?

— É. — Ascenou com um pequeno sorriso e fechou a porta.

Acho que isso é um progresso. Ela nem me culpou por tudo isso. Sorri seguindo meu caminho.

(...)

Anna Evans

A preguiça constante de voltar às aulas na segunda depois de um final de semana não me abandonava. Sentia o peso da mochila atrás do meu corpo enquanto desviava dos alunos pelo corredor. Meu rosto não é nada convidativo à 'Bom dias'. Avistei a porta da minha sala e logo segui até ela; entrando na mesma. Me locomovi até minha carteira e joguei a mochila sobre a mesma, acordando o japonês que teve um sobressalto. Comprimi os lábios segurando o riso.

— Isso que é chegar chegando. — Resmungou se ajeitando na cadeira.

— Foi um elogio? — Perguntei sínica mente. Me escorei na mesa ao lado.

— Claro que não. 

Sorri soprado. Porém, minha pouca alegria conquistada poucos segundos atrás após irritar Niki, se foi. Se foi assim que vi Jungwon passar pela porta. Cruzei os braços e observei o moreno parar em frente à classe. Deve ser algo sobre a aula, ele nunca aparece com essa postura superior pra nada.

— O professor de literatura não pôde vir hoje, está doente.

A sala festejou como se fosse o último dia de aula. Mas pararam ao ver a face séria de Jungwon. Ele era um tremendo dedo duro, então ninguém nunca queria ele vigiando. Ele não perdoa nem os amigos. Esse idiota. Mas fazer o quê? É meu amiguinho.

— Vou ficar de olho até a próxima aula. — Concluiu indo se sentar no lugar do professor.

E isso claramente era péssimo. Mal podíamos respirar quando ele ficava de vigia. E esse era bem o motivo dele ser o queridinho dos professores e da diretoria. Ao contrário de mim, esse garoto tem uma ficha duvidosamente impecável. Sem confusões, sem faltas. Ele é um completo nerd! Com todo respeito é claro.

— Isso quer dizer que não vamos apresentar o trabalho hoje? — Niki susurrou atrás de mim.

— É o que parece. — Susurrei de volta sem me virar, não queria dar motivos para o Jungwon voltar a reclamar.

— Vou procurar algo para vocês fazerem durante a aula, eu volto em um minuto. — Disse Jungwon se levantando e caminhando até a porta.

Senti seu olhar opressor sobre mim antes que ele sumisse da minha vista. Jungwon parece doce, mas sabe ser assustador quando quer. Acho que eu prefiro a aula de biologia. Não espera, eu não prefiro não. O Jungwon nem é tão ruim assim.

Sai de meus pensamentos quando um pequeno tumulto se formou no fundo da sala. Me virei para olhar e vi que alguns alunos jogavam bolas de papel uns nos outros. E — Não — para a minha surpresa, Yihyun estava no meio.

Esses idiotas sem cérebro. Se o Jungwon chega e vê essa bagunça vai todo mundo pra detenção.

Como o esperado de brincadeiras assim, não demorou a tomar uma proporção maior. Agora metade da sala participava. O que não era nada bom. Não estou afim de ir pra detenção hoje.

— Parem com isso! — Gritei no auge da minha paciência.

Em resposta fui atingida com uma bola de papel na cabeça.

— Quem foi!? — Ouvi Niki gritar enquanto levava a mão até o local atingido.

— Posso saber que baderna é essa!? — A voz de Jungwon fez a brincadeira cessar por completo. — Eu só sai por um instante! — Ele continuava parado no meio da porta. Nitidamente bravo. — Limpem tudo.

Foi suficiente para que os alunos começassem a coletar as bolas de papel pelo chão da sala.

— Quem começou? — Jungwon perguntou jogando um livro em cima da mesa. — Se não me disserem vai todo mundo pra detenção.

— Vou ser honesto pelo bem dos meus colegas. — Yihyun se levantou.

Eu que não acredito nesse papo furado.

— Fomos eu e a Anna. 

MAS QUE-

Seu desgraçado filho de uma-

— Tá ficando doido é!? — Me levantei enfurecida.

Quem esse desgraçado pensa que é? Tá tentando me levar pra detenção junto com ele? Se isso acontecer ele vai se arrepender pro resto da vida miserável dele.

— Vamos apenas assumir a culpa tá? — Indagou sínico.

— Seu cretino mentiroso! Retire o que disse! — Tentei andar mas Niki me segurou.

— Vai levar a sala inteira junto por um erro nosso? Vamos fazer a coisa certa.

— Maldito. — Resmunguei tentando me acalmar. — Jungwon, você não pode acreditar nele. Esse imbecil tá mentindo! — Procurei o garoto que permanecia sério. Cruzou os braços e soltou um suspiro pesado.

— Vocês podem resolver isso na diretoria.

— O quê? Jungwon voce não pode-

— Nesse caso, eu também deveria ir. — Disde Niki segurando meu pulso.

O loiro me puxou para fora da sala. Ainda não acredito que Jungwon fez isso. É esse o nível de confiança que ele tem em mim? Ele está muito enganado se acha que eu vou deixar isso passar. Dessa vez é ele quem vai me ouvir. E vai ouvir muito.

— Aquele cretino me paga. — Resmunguei. Estava bufando de raiva. Nem lembro a última vez que senti tanta raiva. Espera, eu lembro sim, foi quando Niki me fez correr atrás dele pela rua.

— Qual deles? — Niki perguntou divertido.

— Jungwon não é um cretino, só não confia em mim. Mas ele também me paga. — Respirei fundo, sentindo a decepção. — Já Yihyun. Sinto meu sangue ferver só de lembrar dele. Esse desgraçado vai ver.

— E o que você vai fazer? Colar a bunda dele na carteira? — O loiro sorriu do próprio comentário.

— Funcionaria se eu fosse você.

— Ei! Esse é um clássico das pegadinhas!

— Tenho certeza que é. — Sorri. — Pode soltar meu braço agora? — Indaguei percebendo que ele ainda me segurava.

— Ah, claro. — Me soltou. 

Posso jurar que quase vi suas bochechas ruborizadem.

— Yah! Você estragou meu esquema seu idiota. — Ouvi a voz irritante de Yihyun atrás de nós.

— Eu até que gosto quando a Anna me chama assim, mas com você é meio estranho. — Niki desdenhou parando de andar.

Agora que me dei conta... Niki veio junto para que eu não ficasse sozinha com ele? Seria fofo se não brigassemos o tempo inteiro. Depois de conhecer um pouco mais sobre ele, percebo que Niki tem seu próprio jeito de demonstrar as coisas. Nesse caso, tenho que ficar atenta.

— Seu retardado, o que tava pensando!? — Sai de meus pensamentos para confrontar Yihyun.

— Inicialmente eu só queria um tempo com você princesa, mas esse pateta estragou tudo. — Fuzilou Niki com os olhos.

— Quer saber? — Andei em sua direção me ponto à sua frente. — Vai se danar. — Desferi um chute no meio das pernas dele.

Assisti Yihyun arfar pela dor enquanto caia no chão. Agressividade é meu ponto forte. Não que isso seja algo bom, é claro.

— Boa. — Niki sorria do garoto no chão. 

— Agora eu tenho um motivo pra ir pra detenção. — Sorri falsa enquanto seguia o caminho até a diretoria.

(...)

— Eu não aguento mais vocês! Estou no meu limite! — O diretor gritava. — Agora deram pra andar juntos é!?

Deve ser o diretor mais retardado que existe.

— Além de encher meu saco, agora você também atrapalha as aulas Evans?

— Eu já disse que isso é mentira!

— Cuidado com o tom! Não está falando com seus amiguinhos.

Palhaçada.

— E você Yihyun? Mal chegou e já está metido em confusão?

— Eu não queria diretor, mas ela ficou me provocando. — Proferiu da maneira mais sínica existente.

— Eu quebro a cara dele. — Resmunguei sendo mais uma vez impedida por Niki. Esse que fez questão de ficar entre mim e Yihyun, provavelmente para evitar que eu dê na cara dele.

— Essa garota consegue piorar cada dia mais. — Reclamou como se eu não estivesse aqui. — Já que a detenção não parece surtir efeito em vocês, vou dar algo diferente. Vão limpar a quadra depois da aula. E Yihyun vai levar uma advertência pra casa.

— O quê!? Isso não é justo esse cretino tá mentindo! — Exclamei indignada. — Você é burro ou se faz!?

— Anna Evans! — Se levantou e espalmou as mãos na mesa de madeira. O barulho atingiu meus tímpanos trazendo-me de volta a realidade. Talvez eu tenha exagerado, mas a razão está comigo. — Mais uma dessas e pega algo pior que detenção!

Que droga. 

Se esse idiota acha que vai arruinar a minha vida escolar, ele está muito enganado. Só quem pode acabar com o meu histórico escolar sou eu. Ele vai se arrepender amargamente por tudo isso. Eu garanto!

Abaixei a cabeça por agora. Não adianta de nada bater de frente com esse diretor burro.

Porque ele definitivamente é bem burro.

— Eu adoraria enxotar vocês dois desse colégio agora mesmo, então, não achem que estou blefando. — Se sentou novamente. — Não restam muitas chances pra vocês dois, por isso andem na linha daqui para a frente.

Seu grande imbecil. Eu não preciso desse colégio surrado, existem muitos outros. E melhor ainda, sem você lá.

— Pode sair Yihyun. — Disse e o garoto esboçou um sorriso mínimo antes de ir. Eu juro que arranco esse sorrisinho desse negócio que ele chama de cara. — E vocês procurem o Sr.Jung ao final da aula. Quero aquela quadra brilhando para o próximo jogo.

Fui a primeira a dar as costas e sair daquela maldita sala. Bufava enquanto caminhava pelo corredor. Niki apressou o passo para me acompanhar. Eu só queria esfregar a cara do Yihyun no chão da quadra até ficar brilhando como o diretor quer. Eu pediria isso de aniversário se ele não estivesse tão longe.

— Eu nunca vi alguém chamar o diretor de idiota. — Comentou Niki ao meu lado. — Você consegue ser pior que eu e nem adianta negar.

— Talvez eu seja. — Concordei. — Mas não dá pra negar que ele é um idiota.

— Isso é verdade.

— Como ele os convenceu apenas usando a palavra dele? 

— Acho que não é só pela palavra dele sabe. Qualquer um poderia aprontar e colocar a culpa em mim por exemplo. Todos iriam acreditar que fui eu. Pela minha ficha suja. — O olhei de esguelha. O loiro não parecia incomodado com as coisas que dizia. — Infelizmente vivemos em uma sociedade preconceituosa.

— Tem razão. Mas por que não parece se preocupar com isso?

— Eu realmente não me importo. Eu até que gosto da minha ficha suja.

— Você é estranho. — Resmunguei já podendo ver a porta da sala.

Adentrei a mesma sendo seguida por Niki. O primeiro a pôr os olhos em nós foi Jungwon. Seu olhar era receoso. Ele sabia que sua atitude não passaria em branco. De certa forma me deixou realizada. Queria que ele sentisse, pelo menos, um pouco de culpa. Já que dessa vez eu era inocente.

(...)

O alarme ressou pelo colégio, finalizando as aulas e trazendo alívio para os alunos. No entanto, para nós era só o começo. Teríamos que limpar toda a quadra, que com toda certeza não estava limpa. Acho que ninguém vai lá limpar desde o último jogo de basquete.

ESPERA.

Desde... O último jogo de basquete...?

(...)

Puxei o portão para podermos passar. Acendi as luzes para darmos de cara com o grande mar de tinta espalhado pelo chão.

Niki deixou os equipamentos de limpeza no chão, impactado com tal coisa. Ele mesmo havia feito aquela sujeira toda. E por ironia do destino, iria ter que limpar. Mas por algum motivo — Acho eu, que tenha sido curto-circuito na fiação da empresa do destino —, quem estava ali era eu, ao invés dos amiguinhos dele, esses que ajudaram na bagunça.

— Será que água sanitária limpa? — Niki fez a maldita pergunta, essa que mais parecia uma provocação.

— Eu te mato Nishimura! — Corri atrás dele com o esfregão.

— Espera aí! A culpa não foi minha! — Ele fugia como se eu estivesse segurando uma arma ao invés de um item de limpeza. Apesar de que isso pode fazer um belo hematoma na cabeça dele.

— Seu sínico filho da mãe, volta aqui!