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História Mel e Canela - yaoi - Pronto-socorro


Escrita por: F_kk

Notas do Autor


Oi, meus amores!

Chegando com um capítulo muito pesado... angustiante... até por isso demorei para finalizá-lo.

Lembrando de que não é uma boa ideia beber além da conta 😉

Lenços prontos? Vamos lá?

Capítulo 20 - Pronto-socorro


Fanfic / Fanfiction Mel e Canela - yaoi - Pronto-socorro

- Você enlouqueceu de vez? O que está acontecendo? – ouvi o Felipe falar assim que abriu a porta para o Sato. 

 

- Anda logo! A Bia está passando mal! 

 

Tremi ao ouvir isso por trás da porta do banheiro. A minha amiga, que meu irmão era apaixonado e que eu prometi cuidar esta noite estava “passando mal”!? Que tipo de passando mal o Sato quis dizer? Me bateu o desespero e assim que ouvi a porta do quarto se fechar, me apressei em vestir a minha roupa que estava espalhada pelo quarto, corri para a edícula e quando cheguei, o desespero foi maior ainda. 

 

- Bia!? O que foi? – cheguei ao seu lado e ela estava deitada com o rosto apoiado no colo do Felipe. 

 

- Ela bebeu demais e não responde... – Alves falou. 

 

- A gente acha que ela está em coma alcoólico... -Sato completou. 

 

- O que? Coma? – eu só via seu rosto desacordado, seus olhos entreabertos e nenhuma reação. Seu corpo estava mole e ela não reagia à nenhum estímulo e nem movimento, sua cor era pálida e seus lábios estavam levemente arroxeados.  Peguei em sua mão e o choque foi maior ainda... – Ela está gelada...

 

- Quando o Sato tentou fazer ela parar de beber, ela já não tava falando coisa com coisa, então ela levantou rápido e caiu desmaiada no sofá... – Alves contou. 

 

- Eu vou levar ela no hospital! Ela não vai conseguir acordar sozinha! – Felipe tentou se levantar e pega-la no colo, foi então que me lembrei de algo. 

 

- Espera! Você também bebeu! – Exclamei, segurando em seu braço e fazendo-o parar. 

 

- Mas eu já dormi um pouco, estou bem já! – me respondeu. 

 

- Não! E se acontecer alguma coisa? E se você perder a direção ou for parado numa blitz vai ser pior! – peguei o meu celular, que estava no bolso de minha calça e disquei imediatamente. – Alô, Nando! – ele atendeu no segundo toque – Eu preciso de você aqui na casa do Felipe! 

 

- Aconteceu alguma coisa com você? – me perguntou afoito. 

 

- Não comigo... – respondi, olhando para a minha amiga insconsciente.

 

- A Bia!? – sua voz beirou o desespero. 

 

- Vem rápido, por favor... – supliquei, mesmo sabendo que nem seria preciso fazer esse pedido. 

 

- Eu chego em cinco minutos! – e desligou.

 

- Vou abrir o portão para ele entrar com o carro! – Sato saiu imediatamente. 

 

Eu não podia deixar de me culpar... se eu não tivesse a deixado sozinha... se eu tivesse a obrigado a subir comigo e quem sabe dormir no quarto de visitas...

 

- Cadu, a gente demorou muito a perceber que ela já tinha bebido demais...

 

Jamais culparia o Sato e o Alves pelo que aconteceu. Eles não obrigavam ninguém a beber e talvez pensassem que estava tudo sob controle. 

 

- A Bia nunca foi de beber... eu não sei o que... – foi quando lembrei da nossa conversa de mais cedo. Ela também não estava bem, também estava passando por um conflito interno sobre os sentimentos do meu irmão com ela... talvez ela só quisesse beber para não lembrar e então isso aconteceu. 

 

Fiquei segurando em suas mãos, sentindo sua pulsação fraquinha, mas presente, até ver a luz do carro do Nando chegando. 

 

- O que aconteceu? – ouvi a voz desesperada no Nando chegando ao meu lado. 

 

- Ela bebeu demais e nós achamos que ela está em coma alcoólico... – Felipe falou angustiado. 

 

- Nando!? – o chamei e ele não perguntou mais nada, apenas a pegou no colo rapidamente e foi saindo. Eu o segui e o Felipe veio junto. 

 

Ele a colocou no banco de trás com sua cabeça deitada no meu colo e o Felipe entrou no banco do carona. O carro saiu imediatamente, deixando o Sato e o Alves para trás. Por sorte, havia um hospital com pronto socorro em menos de dez minutos dali. 

 

- Vocês tentaram dar alguma coisa doce ou água com açúcar pra ela? – nos perguntou. 

 

- Alves queria tentar, mas eu não deixei por que ela poderia se afogar...– Felipe respondeu. 

 

- A quanto tempo ela está assim? – ainda perguntou. 

 

- Uns quinze, talvez vinte minutos... – Felipe falou. 

 

Meu irmão seguiu em silêncio, não respeitando nenhum limite de velocidade e furando todos os sinais vermelhos que ele viu que poderia passar. 

 

Eu só queria que minha amiga ficasse bem, que acordasse, que dissesse que só estava tirando um cochilo, mas isso não aconteceu. 

 

Nando estacionou em frente à entrada do pronto socorro e desceu, retirando a Bia ainda desmaiada em seus braços e a levando para dentro. 

 

- Ela precisa ser atendida imediatamente! – Nando falou ao segurança assim que entrou. 

 

- Coloque ela aqui! – ele puxou uma maca – Eu preciso que alguém faça o cadastro dela na recepção! Eu só posso deixar uma pessoa a acompanhar! – ele orientou. 

 

Fiquei com o Felipe, enquanto o Nando entrou junto com ela pelas portas brancas. Eu estava desesperado, com medo de não vê-la mais, com medo de que acontecesse algo a ela, que tivesse sequelas, sei lá, tudo de ruim se passava na minha cabeça. 

 

- Senta ali, Cadu! Deixa que eu cuido de tudo... – Felipe me indicou umas cadeiras a frente da recepção e eu nem estava conseguindo me manter direito sobre as minhas pernas devido ao peso da culpa que eu estava carregando.

 

Ouvia a voz do Felipe falando com a recepcionista. Ele encontrou os documentos da minha amiga dentro da bolsa dela, que ele trouxe junto e algumas coisas ele teve que perguntar a mim, como o endereço dela, que eu já sabia de cor de tantas vezes que fui de Uber para lá.

 

Quando ele terminou, se sentou ao meu lado e eu não pude segurar mais. Eu levantei meu rosto, encontrando com seus olhos cor de mel e as lágrimas até então represadas se derramaram pesadamente.

 

- Cadu, calma... vai ficar tudo bem... – ele sussurrou ao meu ouvido, puxando o meu rosto para o seu ombro, que eu molhei com minhas lágrimas de desespero. 

 

Eu só conseguia chorar em silêncio, olhando para aquelas portas e esperando que minha amiga saísse de lá andando normalmente e vindo dar risada da minha cara de choro, mas quanto mais o tempo passava, mais eu temia que isso não acontecesse. 

 

Quando Nando passou por aquelas portas, senti um arrepio frio percorrer minha espinha. 

 

Ele estava sozinho. 

 

- Nando!? – corri até ele. – A Bia? – perguntei desesperado.

 

- Ela está tomando soro agora e glicose. O médico acha que ela vai acordar logo... – ele me respondeu. 

 

Pude sentir um breve alívio, mas isso ainda não era suficiente para me tranquilizar. 

 

- Nando, me desculpa... – chorei mais ainda encarando a face abatida do meu irmão. 

 

- Te desculpar pelo que? – ele segurou em meus ombros. – Todo mundo está sujeito a tomar um porre ao menos uma vez na vida... – forçou um sorriso, que não me convenceu em nada.

 

- Mas eu disse que iria cuidar dela... – minha voz saiu falhada - ... e eu a deixei e fui... – não tive coragem de terminar de falar já que eu sabia que o Felipe estava ao meu lado. 

 

Nando só deu um suspiro.

 

- Cada um é responsável pelos seus atos. A culpa não é sua, mas eu tenho que te agradecer por ter me chamado para trazê-la aqui! Você não teria condições de manter a calma e falar com o médico. – me encarava, falando tranquilamente e acho que isso me acalmou também. 

 

- Eu me sinto responsável mesmo assim... – confessei. 

 

- Vem aqui! – meu irmão me abraçou e eu me perdi em meio ao seu moletom cinza. – Daqui a pouco vamos sair daqui e tudo vai ficar bem! 

 

- Senhor Luiz Fernando? – uma voz feminina chamou nossa atenção. Era uma enfermeira com uma prancheta na mão. 

 

Nando foi falar com ela. Era algo sobre um exame de sangue de praxe que eles haviam acabado de fazer nela e que deu resultado negativo para “boa noite Cinderela”. Isso me assustou. 

 

Obviamente que o Sato e o Alves não teriam feito isso, mas só de pensar na possibilidade da Bia se meter em algum lugar onde nem todos fossem confiáveis e pudessem fazer algo parecido, eu estremeci. Por sorte, estávamos entre amigos, do contrário, eu não seria capaz de carregar a culpa. 

 

Esperamos por mais duas horas e eu estava quase dormindo no ombro do Nando quando a enfermeira voltou, nos chamando novamente, dessa vez, pedindo para ajudarmos a Bia. 

 

Não contive minha felicidade ao vê-la saindo por aquelas portas, mesmo que na cadeira de rodas e ainda meio grogue. 

 

- Bia, como você está se sentindo? – perguntei, me abaixando ao seu lado. 

 

- Cadu, eu quero dormir! Por que vocês não me deixam dormir? – sua voz arrastada entregava que ela ainda não estava completamente recuperada.

 

- Vamos embora logo... você vai poder dormir... – respondi, passando a mão em seu rosto e vendo que ela já estava mais quentinha. 

 

- Deixa ela comigo! – Nando a pegou no colo e eu vi a minha amiga, ainda semi-consciente, se aconchegar no peito do Nando. 

 

Enquanto acomodávamos a Bia no banco de trás comigo, Felipe foi até a farmácia 24 hs  do outro lado da rua e comprou os remédios que o médico havia receitado.

 

- Podemos ir lá pra casa! Aqueles dois estão acordados ainda nos esperando... – Felipe falou enquanto o Nando manobrava o carro para sair da vaga. 

 

- Eu vou levar a Bia para o nosso apartamento. Pode deixar que eu cuidarei bem dela... – respondeu. Eu sabia que não era por não confiar no Felipe, mas ele queria ter certeza que ela estava bem e para isso, só se ele estivesse junto. – E você, Cadu? Que ir junto comigo ou ficar na casa do Felipe? 

 

Depois dessa pergunta, encontrei com os olhos do Felipe me fitando pelo espelho retrovisor. De certa forma, tudo isso aconteceu por que eu não resisti e fiquei com o Felipe essa noite, então pelo menos agora eu iria ficar ao lado da minha amiga. 

 

- Eu vou te ajudar a cuidar da Bia, Nando... ela não vai se sentir bem se acordar e encontrar apenas você... – imaginei como ela ficaria constrangida ao se dar conta que bebeu demais e ainda teve que ser socorrida pelo Nando. 

 

Nesse momento, com certeza, eu não poderia pensar em ficar com o Felipe, foi quando as memórias do que fizemos voltaram a minha mente e eu não pude deixar de ficar com o rosto em brasa, desviando o olhar dele. Como eu iria encarar o Felipe novamente? Como olhar pra ele, conversar com ele, estar ao lado dele sem lembrar de tudo que fizemos em baixo do chuveiro? No seu quarto? Na sua cama? 

 

E mais uma vez eu lembrei que foi por eu estar completamente fora de mim, entregue aos braços do Felipe, que a Bia ficou sozinha e chegou ao ponto de ficar desacordada. 

 

Eu não conseguia... por mais que mil pessoas me falassem, eu não deixaria de me sentir culpado. 

 

Olhei para o rosto angelical da Bia dormindo apoiada em meu peito e me senti contente por ela estar bem apesar de tudo que passamos nessas horas de desespero. 

 

Chegamos a frente da casa do Felipe e ele desceu.

 

- Boa noite pra vocês e... – me encarou pela janela - ... amanhã eu ligo para saber como a Bia está... 

 

Só fiz um sinal afirmativo com a cabeça e o vi virando-se e indo em direção ao portão. 

 

Será que ele estava arrependido de ter ficado comigo essa noite? 

 

E eu? Será que arrependimento era a palavra apropriada? 

 

Eu tenho que confessar que adorei o que fizemos! Foi incrível! Foi delicioso! Foi surreal! Mas se eu tivesse a oportunidade de voltar no tempo, nem mesmo teria deixado a Bia tomar a primeira dose e não hesitaria em deixar o Felipe de lado para arrastar a minha amiga para o quarto e fazê-la dormir em segurança, longe de qualquer garrafa que contivesse algo alcoólico. 

 

E seu eu tivesse feito isso, haveria outra oportunidade de ficar a sós com o Felipe e fazer o que fizemos hoje? 

 

- Cadu...!? – ouvi o Nando me chamar e voltei para a Terra. – O que foi? Está muito cansado? – me questionou. 

 

- Um pouco... – respondi, ainda olhando para a avenida. 

 

- Você estava com o Felipe? – me perguntou. 

 

- Estava... – confessei. 

 

- E foi bom pelo menos? – continuou. 

 

- Eu não deveria ter ido... ter subido para o quarto...

 

- Se arrepender não muda nada o que aconteceu... – ele comentou.

 

- Eu sei...

 

- Você ainda não me disse se foi bom? Se valeu a pena? – insistiu.

 

Eu não teria coragem de contar tudo nos mínimos detalhes, mas eu sabia que meu irmão era experiente, mesmo que com mulheres e ele se sentia preocupado comigo. 

 

- Foi bom... nós tomamos um banho juntos e... e depois dormimos juntos... ele foi carinhoso comigo e eu tomei atitude e retribui, mas ainda assim nós não... – como eu iria falar isso? - ... nós não fizemos tudo... – foi o jeito que eu arranjei de falar. 

 

- Vocês estão se descobrindo aos poucos. Isso pode ser bom pra você... – aconselhou. 

 

- Eu não sei... – vi o portão da garagem do prédio se abrir e entramos - ... eu não sei direito o que esperar... nem sei se quero saber os reais sentimentos dele por mim! Eu tenho medo de me decepcionar e isso nos afastar...

 

- Você precisa encarar isso de frente, Cadu, e parar de se esconder atrás de aparências! Se você gosta mesmo dele, já está na hora de deixar isso claro! – parou o carro na vaga e desceu para me ajudar com a Bia. 

 

Ele a pegou no colo novamente e ela dormia serenamente, como uma criança... como a criança que eu conheci a uns dez anos atrás. 

 

- Eu vou esperar mais um pouco, Nando... eu ainda não consigo tomar coragem e ter uma conversa franca... – falei, por fim, quando entramos no elevador. 

 

Por sorte, não encontramos ninguém no caminho até nosso apartamento. O que iriam imaginar de dois caras carregando uma garota desacordada? Melhor não pensar...

 

Nando a acomodou na cama dele e saiu para que eu pudesse arrumá-la. Eu tirei sua calça jeans e sua camiseta e coloquei um pijama meu, que embora ficasse largo, seria mais confortável e por fim, a cobri. Sabia que agora era só esperar até ela acordar. 

 

Saí e o Nando estava com um travesseiro e com um cobertor no sofá da sala. 

 

- Você não quer dormir no meu quarto, Nando? – perguntei, preocupado. 

 

- É melhor eu dormir aqui... se ela acordar, o primeiro lugar que ela vai querer ir é no seu quarto... 

 

Ele estava certo, mesmo assim, eu ainda me sentia angustiado por tudo que aconteceu essa madrugada. 

 

- Nando... 

 

Acho que o peso de tudo cobrou seu preço. 

 

- Cadu, vem aqui! – me abraçou mais uma vez. – Eu te amo, meu irmão! Pode contar comigo para tudo e eu não quero que você fique se culpando por nada! As coisas acontecem muitas vezes sem que possamos controlar, mas isso serve para aprendermos e nos fortalecermos mais ainda...

 

Sei que as palavras dele eram para me consolar e tranquilizar, mesmo assim, eu desabei... pela segunda vez essa madrugada, eu desabei...

 

Não consegui me controlar! Me senti egoísta, irresponsável, um péssimo amigo, o pior de todos...

 

Quando dei por mim, já estava tremendo e minhas pernas fraquejaram. Foi demais pra mim. 

 

- Cadu, senta aqui... respira fundo! 

 

Nando me fez sentar no sofá e foi buscar meu remédio. 

 

- Você acha que seu organismo já digeriu o álcool? Você quer tentar tomar? – me ofereceu. 

 

Eu não sentia mais nenhum efeito do álcool, só a maldita ansiedade que me atacou violentamente. Engoli o remédio, junto com um gole de água e me joguei para trás, esperando o efeito. 

 

- Você está se sentindo melhor? – Nando se sentou ao meu lado e esperou até que eu já estivesse respirando normalmente. 

 

- Estou... eu só quero dormir agora...

 

Passei no quarto onde a Bia estava dormindo e ela nem havia se mexido, então eu finalmente fui para o meu e pude descansar. 

 

Pela manhã, quando acordei, fui vê-la e ela dormia ainda. Depois fui para a sala, onde o Nando já estava sentado a mesa, com o café da manhã todo posto e eu tenho que dizer que ele caprichou. 

 

- Bom dia! – exclamou assim que me viu. 

 

- Bom dia! Vou fazer de conta que acredito que esse café da manhã é só por minha causa... – brinquei. 

 

- Claro! Adoro tomar café com meu maninho! – respondeu sorrindo. 

 

- Você acha que a Bia vai demorar a acordar? – puxei a cadeira, me sentando. 

 

- Talvez... – respondeu, tomando mais um gole de sua xícara. – E você? Conseguiu dormir bem? 

 

- Eu desmaiei assim que deitei... – respondi, me lembrando de tudo que aconteceu de noite e pela madrugada. 

 

Ficamos conversando à mesa e o Nando me deu alguns conselhos. Ele não queria me forçar a nada, mas já havia percebido que essa situação entre mim e o Felipe estava me sufocando e logo nós chegaríamos a um ponto sem volta, de tudo ou nada. Isso me assustava e embora eu quisesse adiar ao máximo, sabia que seria inevitável...

 

- Cadu? Cadu? – ouvimos a voz da Bia vindo do corredor. – Cadu! – ela chegou até nós. 

 

- Bia, você está bem? Como está se sentindo? – se levantei e fiquei frente a ela, a segurando pelos ombros. 

 

- Não sei... parece que eu fui atropelada por um caminhão... a minha cabeça dói e... o que eu estou fazendo aqui? A gente não estava na casa do Fê? – me olhou estranhando. Ela estava péssima e ainda não se lembrava de nada. 

 

- Você bebeu demais e eu tive que chamar o Nando e... – antes de eu terminar de falar, a Bia fez uma expressão de pânico, vendo que meu irmão estava a mesa nos observando. 

 

- Nando... eu estava dormindo na sua cama...!? – arregalou os olhos – Você não abusou de mim enquanto eu estava dormindo ou abusou? – levou as mãos a boca.

 

Só olhei para o Nando e vi sua expressão de decepção, de tristeza, de susto. Ele fez de tudo para ajudá-la e a primeira coisa que ela fez foi acusá-lo? Ela conhecia ele a tantos anos e teve coragem de falar isso?!

 

- Bia, o Nando saiu daqui para te buscar na casa do Felipe, te levou no hospital, ficou a madrugada toda lá e ainda deu o quarto dele pra você poder descansar e você tem coragem de falar isso pra ele? – a repreendi. 

 

- Não, Cadu! – Nando me chamou e me virei para ele novamente – A Bia está certa de desconfiar disso... Ela estava desacordada e qualquer um com segundas intenções poderia ter abusado dela... 

 

Tinha dor em sua voz, mas talvez só eu tivesse percebido isso enquanto ele falava. 

 

- Por sorte, Bia, você tem amigos que te ajudaram e o Cadu só me chamou por que sabia que eu estava em casa e não tinha bebido. – foi se levantando – O Cadu sabe onde estão os remédios que compramos e você deve tomar um bom café da manhã. Eu tenho que sair agora, buscar o almoço que eu encomendei numa churrascaria aqui perto e já volto. – foi em direção à porta. – Cadu, cuide bem da Bia... – me lançou um olhar angustiado e saiu. 

 

Ser acusado desse jeito destruiu meu irmão. Já não bastava a rejeição da Bia, agora essa acusação...

 

- Bia, você tem noção do que acabou de fazer? – me virei para a minha amiga, mas ela também não estava bem. Seus olhos estavam vermelhos e cheios de água e ela se apoiava no braço do sofá. – Bia!? Bia!? Fala comigo! – segurei seu rosto em minhas mãos. 

 

- Cadu, o que aconteceu? Por favor, me conta tudo! Por que eu estou vestindo esse pijama e estava no quarto do Nando? – ela chorava enquanto falava e eu a abracei. Era muito pra ela também. 

 

- Fui eu que coloquei esse pijama em você e me desculpe se você se sentiu constrangida por isso. O Nando só quis que você ficasse confortável e ele dormiu aqui na sala... – falei enquanto ainda a abraçava. Aos poucos, ela foi se acalmando e nos sentamos a mesa para tomar café e conversarmos. Eu expliquei tudo o que aconteceu enquanto comíamos. 

 

Bia ficou em silêncio a maior parte do tempo, digerindo tudo que eu contava, mas antes que eu pudesse pedir para ela se desculpar com o Nando, o celular dela tocou e nós pudemos escutar de lá da mesa. 

 

- Deve ser minha mãe... – levantou e correu para o quarto do Nando. 

 

Ela voltou uns cinco minutos depois já vestindo a roupa de ontem a noite e com sua bolsa nas costas. 

 

- Era minha mãe... eu disse que queria conversar com ela e ela está vindo me buscar...

 

- Bia, você não pode ir já! O Nando foi buscar nosso almoço! E você tem que se desculpar com ele!

 

- Eu não posso esperar, Cadu... me desculpa e obrigada por tudo que você fez por mim, mas eu tenho mesmo que ir! – foi indo para a porta. 

 

- Espera, só mais um pouquinho, por favor!? – supliquei, querendo fazê-la ficar, segurando em sua mão. 

 

- Cadu, por favor, não faz isso... – sua angústia era grande – Eu não posso ficar mais! Eu já dei trabalho demais pra vocês e eu não vou ter coragem de olhar pro Nando... eu tenho que ir e você não precisa me acompanhar...

 

E saiu pela porta, me deixando sem ação. 

 

Eu não sabia o que pensar. Ela estava completamente perdida e arrasada depois de tudo e eu mais ainda. 

 

Demorou mais uma meia hora até que o Nando chegou. 

 

- Cadu, cadê a Bia? – perguntou assim que entrou e me viu sozinho. 

 

- Eu não consegui fazer ela ficar...

 

Estava tudo tão confuso. Tão atrapalhado na minha cabeça... imagina na cabeça da Bia e pior, na cabeça do Nando. 

 

Meu irmão que a salvou, que nos salvou essa madrugada e que mais uma vez foi rejeitado pela minha amiga, pela garota que ele estava apaixonado... e ele a tratando com todo carinho e atenção, sem nenhum julgamento ou condenação... e eu me sentindo um incapaz de conseguir resolver tudo isso. 

 

Por que? Por que teve que ser assim? 


Notas Finais


E então, como foi esse capítulo?

Sofrido, né?

Eu nunca passei por isso que a Bia passou e nunca vi nenhum amigo meu nessa situação, mas já ouvi relatos, então espero que tenha sido o mais fiel possível.

Não quero que vocês fiquem culpando a Bia. Imagina só a situação dela... tadinha...

Mas o Nando também... coraçãozinho dele está em pedaços...


O que vcs acham que vai acontecer a seguir? Não se esqueçam que finalmente a Vick e o Sato se acertaram, mas e o Cadu e o Felipe, como vai ficar?

Sugestões? Palpites?

Aguardo os comentários de vcs 🥰


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