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História Mercy - Cinquenta e dois


Escrita por: cupcake_styles1

Notas do Autor


Oi meu amores<3
Tudo bom?
Descobri que sou que num um morcego, um ser da madrugada.
Aqui um capítulo novo, espero que gostem.
Bjo.

Capítulo 52 - Cinquenta e dois


Resolver meus problemas.

Tudo bem. Só não deveria ser tão difícil.

Cassie veio atrás de mim e deitou ao meu lado na cama, olhando pro teto, nós dois, e nenhuma palavra. Acho que contei as vigas de madeira do teto umas três vezes, se não estiver errado. Ela em algum momento entrelaçou os dedos em cima da barriga e olhou pra mim. Eu sabia que sim. Sentia o peso de sua atenção no meu rosto por um tempo, e depois Cassie caiu no sono e se esticou pra mim, seus braços vieram em volta da minha cintura, as pernas em cima das minhas. Ela dormiu tão rápido. Queria saber o quão cansada ela está. Não dessa situação, mas de mim.

Provavelmente com raiva. Ainda mais raiva que antes. Talvez em sua cabeça eu também esteja com raiva.

Eu estou. Mas não dela. Nunca de Acácia. Ela provavelmente não sabe o bem que está fazendo em me deixar na linha e me manter são.

Quer dizer. Eu sequer faço a mínima idéia de como reagir agora. Eu nem sei se posso ficar feliz, preocupado ou angustiado sem querer socar alguma coisa. É idiota, mas foda-se.

Meu pai está em um hospital agora. Foi como ver um trem em alta velocidade, e em algum ponto ele descarrilar, derrubando vagão por vagão, o metal lutando contra a gravidade e no último segundo, no último vagão, alguma milagre acontece e ele acaba intacto em cima das linhas. Foi como retomar o ar depois de ficar em baixo d'água por muito tempo. Eu respirei de novo.

Senti algo parecido dias atrás quando Cassie chegou na porta de casa. A tensão saindo de cima dos meus ombros e eu deixar de enchergar vermelho foi quase instantâneo.

Senti essa sensação três vezes em poucos dias. A terceira vez é agora, quando deixo a neve e disparo pra dentro do prédio com ela do lado. Ela sempre do lado.

Jaklyn segurava nas mãos dos meus irmãos.

Foram mais dois dias pra limparem e liberarem todas as pistas. A neve por obra do destino pareceu sentir a mão de Deus e abrandou o suficiente pra não matar e nem continuar ilhando todo mundo. E não perdemos tempo quando tudo foi liberado, Cassie bateu a porta do carro as pressas e bateu os dentes de frio até a metade do caminho, quando o aquecedor resolveu voltar a funcionar. Jaklyn levou as crianças consigo. Era mais seguro quando se tinha as cadeirinhas no seu carro. Ninguém titubeou.

Cassie segurou minha mão como um mártir, Jaklyn pescou toda a informação que conseguiu, e não era muita. Pelo visto a atendente não era a mesma quando meu pai deu entrada. Ela procurou nos registros recentes por minutos até dar algum sinal, Cassie apertou meu braço. Eu não levava se estava respirando.

— Jeremy Bieber. Deu entrada em pouco mais de dois dias com insuficiência cardíaca e desacordado. - Cassie apertou meu braço de novo — ele não está em estado grave, o quadro se estabilizou entre os últimos dias. Doutor Wilbert foi seu médico responsável, isso é tudo que tem no sistema.

Balanço a cabeça.

— que quarto ele está?

A senhora tecla alguma coisa antes de voltar a atenção pra nós com um sorriso pequeno na boca — segundo andar, ala três, quarto cinco. Ainda não está em horário de visita, provavelmente só a família pode entrar, então não vejo problema pra vocês. Mas antes, alguém precisa assinar alguns papéis de liberação e retirar os documentos de identificação do senhor Bieber.

Jaklyn olhou rapidamente pra mim antes de receber o papéis. Segurei Cassie pela mão e a trouxe comigo pro elevador, ela acariciava a palma da minha mão com o dedão. Ela não disse nada, mas entendi por seus olhos castanhos.

— eles não vão deixar você entrar - murmuro.

Ela balança a cabeça em concordância.

— eu espero você.

Cassie prometia mais que isso. Eu sabia.

— certo. Eu…

— ele está bem, Justin - ela assegura certa de suas palavras.

Cassie se estica nas pontas dos pés e deixa um beijo doce na minha boca.

— e eu amo você. Agora entra lá.

Eu jurei ter visto um sorriso na sua boca quando virei e atravessei o corredor pálido com ela ao lado, alguns médicos atravessavam de uma porta a outra e me perguntei qual deles estiveram cuidando do meu pai.

— eu espero você aqui, vai. - Cassie me tira dos pensamentos e me faz parar em uma porta fechada. Uma prancheta médica com uma caligrafia torta pendia em um suporte grudado nela. A porta não estava totalmente fechada, e eu via por uma brecha um meio perfil lá dentro. Tive minha certeza quando entrei e um médico mexia em algumas máquinas. Meu pai tinha os olhos fechados, e tubos ligavam suas mãos e peito a elas, mas pelomenos não respirava por aparelhos.

Doutor Wilbert olhou pra mim por cima dos óculos de grau e voltou às máquinas.

— você é da família?

— sou filho dele.

Ele balança a cabeça.

— esperava por você.

Sorri pequeno.

— seu pai é um homem forte - ele diz, arrumando o estetoscópio envolta do pescoço e abrindo um sorriso meia boca. — e de muita sorte.

— o que aconteceu? Digo, onde ele estava?

Doutor Wilbert ajusta o soro e volta a atenção pra mim.

— Jeremy sofreu uma insuficiência cardíaca pela falta de oxigenação, ele desmaiou em algum momento dentro do carro que estava, provavelmente por conta da perna quebrada e do frio.

— não falaram da perna - digo

— é claro que não - ele murmura — em algum momento o coração dele começou a parar de funcionar. Ele estava no limite quando o encontraram.

Suspiro. Puta merda.

— ele estava desaparecido a alguns dias - explico.

Ele franze a testa.

— quando a nevasca começou, Jeremy provavelmente estava dentro do carro e ficou por tempo o suficiente pro corpo começar a reclamar. Não é uma teoria concreta, é o que os policiais que o encontraram sopuseram. O carro estava com a frente destruída dentro de uma baixada. Provavelmente ele tentou ir pra casa e perdeu o controle na pista.

— merda - esfrego o rosto com a mão.

— seu pai teve muita sorte…

— Justin - digo.

Ele assente — Justin, se ele tivesse se mantido são todo esse tempo, não teria sobrevivido.

Olho pro meu pai. Ele respirava degavar, se não fosse pelas máquinas, poderia jurar que ele estava dormindo.

— nos tivemos que deixá-lo desacordado, a sua situação ainda não era concreta, ele provavelmente sentiria muita dor.

Balanço a cabeça.

— quando ele vai acordar? - olho pra ele.

— em breve, provavelmente não agora, os remédios ainda estão na corrente sanguínea, em um dia talvez, se você der sorte, talvez menos.

Ele dá uma palmadinha no meu ombro antes de marchar pra porta.

— tente conversar com ele, dizem que podem ouvir - eu imaginava um sorriso simpático aberto no rosto do velho quando ele saiu.

Me aproximei da cama e pude ver bem a perna em volta de gesso, levemente inclinada pra cima. Papai mantinha sua respiração estável tempo todo. Me sentei na poltrona branca ao lado e encostei a cabeça na parede com os olhos fechados.

— oi pai.






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