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História Meu amor. Meu veneno. - Parte III


Escrita por: kungfutao

Notas do Autor


Gente, estou postando dois capítulos hoje porque uma senhorita muito linda e perfeita (a minha futura namorada) disse que queria a continuação. E eu tava muito inspirado. Ainda tô SHUAHUSAHUS
Bom, obrigado por comentar e favoritar. Mas, eu queria que vocês comentassem mais. Isso faz que nós autores escrevamos mais <3

Capítulo 3 - Parte III


Baekkie POV.

Acendi um cigarro e saí do banheiro quase atropelando Yuri que esperava na fila. Com fome e sede de ChanYeol, segui para a sala.

O canalha escondeu de todos o crime que cometeu na biblioteca e até o time o ajudou nisso. É claro que o filhinho do governador não podia sujar sua imagem de bom moço. De longe, o avistei sozinho mexendo no celular. Kyungsoo tinha mesmo conseguido separá-lo de sua vadia assim como pedi. Era hora de atacar!

Aproximei-me sinuosamente e me aproveitei de sua distração para sussurrar em seu ouvido.

– Te peguei!

Sobressaltado, me encarou surpreso.

– Oi. – Disse por falta de coisa melhor.

– Tem um Mustang vermelho estacionado no final da rua. Preciso de você lá, veterano.

Ele balançou a cabeça nem acreditando no convite.

– O que te faz pensar que estou interessado?

Gargalhei.

– Acha que não sei que está pensando: quem esse garoto acha que é? Eu prendo a sua atenção e está louco para entender por que. Não me quer em seu colégio, mas me acha lindo. –Arqueei uma sobrancelha. – Te incomoda não saber por que estou te assediando e não a Kris, que tem mais a me oferecer por ser solteiro. E é aí, meu caro, que surge a pergunta que te fará ir ao meu encontro... – O analisei dos pés a cabeça. – O que ele quer de mim?

ChanYeol estreitou os olhos não conseguindo revidar. O estudei por anos e agora ele se sentia perdido diante de uma desconhecida que podia vê-lo por trás de sua máscara.

Não perdi mais tempo e saí da casa, deixando-o tentar se convencer de que não me seguiria.

(...)

Sentado sobre o capô do carro, esperei pacientemente. ChanYeol se torturou por cerca de 8 minutos, até que não aguentou mais e veio ao meu encontro.

– Ainda tentando evitar o inevitável, veterano? – Zombei.

– O que quer? – Parou à minha frente.

Acendi outro cigarro, dei uma boa tragada e saboreei a fumaça antes de soltá-la na direção dele.

– E o que você quer? – Fiz uma pergunta semelhante.

– Poupe-me desse joguinho.

– Claro. – Dei uma avaliada no material diante de mim. O Park estava gostosinho com suas roupas de mauricinho. Jeans escuro, blusa branca e por cima um colete preto. – Falemos sem rodeios.

– É o que espero. – Manteve sua postura.

– Vem cá. – O chamei com a mão. – O que tenho a dizer é segredo.

– Mesmo? – Revirou os olhos.

– Seja bonzinho e me escute.

Ele refletiu por um breve momento, provavelmente pensando os prós e contras. Por fim, sua curiosidade novamente o traiu.

– Seja breve. – Se aproximou.

Com força o puxei para junto de mim e ele não resistiu. Entre minhas pernas, ChanYeol manteve a cabeça baixa quando meus lábios sussurraram em seu ouvido:

– Quero você, meu estimado colega. Milímetro, por milímetro. – Dei uma lambida em sua orelha. Minhas investidas seriam assim, fatalmente diretas.

– Por que eu? Aliás, você não sabe que tenho namorada e sou hétero?

– Filhinhos de papai me excitam. Aliás digo eu. Eu e você sabemos que você não é hétero nem aqui e nem... Vai me condenar por isso? – Ri baixinho.

– Você é completamente louco. – Tentou se afastar e não permiti.

– Louco não... – Tentei beijá-lo e virou o rosto. – Mas, com certeza, excêntrico. – Pisquei o olho.

Com esforço se desvencilhou e eu gostei dele não ter cedido facilmente, pois que graça teria?

– Eu tenho namorada, sabia?

Desci do carro bem animada.

– Não sou ciumento. – Fiz carinha de inocente. – Partilhar é algo tão bonito... Sempre quis ser sócio em um bom investimento.

– Não vai acontecer nada entre nós.

Foi impossível não rir.

– Então por que está suando, Falcon?

– Garanto que não tem nada a ver com você.

– Agora que sabe o que quero vai parar de ficar me “secando” quando eu estiver dançando? –Era delicioso vê-lo perturbado com o meu conhecimento sobre seus pensamentos.

– Você não está com toda essa bola, sabia? – Forçou um sorriso.

– Tem toda razão. E o fato de você estar aqui prova isso. – Meu sorriso debochado o deixava furioso.

Ele se preparou para revidar, mas desistiu e bancou o educado.

– Boa noite. – Saiu querendo ser superior.

– Ei, veterano! – Gritei quando ele já estava a metros de mim. ChanYeol parou, esperou dois segundos, então olhou para trás. – Boa sorte! – Acenei.

O cara não entendeu, mas ia entender em breve. A vida dele de agora em diante seria uma constante e árdua luta contra a tentação. Eu não pararia até reduzi-lo a pó. E, sem remorso, me vangloriaria, pois como escreveu Shakespeare: Quem tem mais culpa? O tentado ou o tentador?

(...)

No meu segundo dia no South Korea, resolvi usar novas estratégias. Kyungsoo invadiu o sistema do colégio e me colocou em todas as aulas de ChanYeol. Minha presença o deixou visivelmente desconfortável, e eu nem sequer lhe dirigi a palavra. Muito pelo contrário, minha intenção era apenas observá-lo. O cretino sentiria o peso dos meus olhos onde quer que fosse.

ChanYeol POV.

Estressado, procurei voltar a minha atenção para o cálculo que tentava resolver no caderno. Era difícil demais me concentrar com o maníaco do outro lado da sala me encarando.

Baekkie insistia em estar no centro das fofocas. Todos comentavam que ele e o cara da informática, o qual ninguém sabe o nome, tinham um caso. Na verdade, as más línguas falavam que ele o usava sexualmente. Não sei o que pensar disso, só sei que devo fugir de alguém com a reputação tão suja.

Disfarçadamente, cocei o pescoço e olhei na direção em que ele estava. Nossos olhares se encontraram, então imediatamente baixei a cabeça.

Droga!

Ele nem fazia o meu tipo. Nunca gostei de garotos vulgares. Infelizmente, Baekkie cheirava a sexo do bom e isso era difícil de ignorar. Como qualquer ser humano idiota, eu estava me sentido atraído pelo que era proibido.

Essa merda não pode estar acontecendo comigo! Não faz nem 48h que conheço esse louco

Baekkie POV.

Segui ChanYeol até pelos corredores. Ele tentava me ignorar usando sua postura disciplinada e “superior”. Mal percebia que eu estava crescendo à sua volta como erva daninha, me enrolando lentamente em suas pernas, braços e tórax, até o momento em que minhas raízes o puxariam para baixo.

Yuri sentou-se ao lado do namorado na aula de Biologia, e nem assim lhe dei descanso. Ele tocava frequentemente a vadia, tentando me mostrar que ela era a dona de seu coração. O engraçado é que eu não me importava, pois ela podia ficar com o coração, já que em breve todo o resto do corpo seria meu.

Estava tão concentrado no Falcon que mal percebi que o alarme de incêndio havia tocado. Os alunos saíram da sala apressados e eu tive que segui-los. Os corredores ficaram lotados e logo o diretor apareceu ordenando que voltássemos para as salas. Não havia incêndio, apenas humilhação. Kyungsoo estava pregado pelo blazer no quadro de avisos e em sua testa estava escrito “bundão”.

Fiquei parado vendo aquela cena ridícula, e percebi que um garoto de cabelo negros estava ao seu lado. Tentado tirá-lo de lá, bom, pelo menos eu acho que era isso.

Quando me aproximei, ele já havia tirado Soo do quadro e tentava ajuda-lo com as coisas que pregaram nele. Eu nunca havia visto esse garoto, bom... Ele é gostoso. Muito gostoso.

- D.O, você está bem? Por favor, diga que está?! – perguntei quase como minha mãe fazia comigo.

- Estou. – me respondeu, com as lágrimas caindo em seu rosto angelical.

- Meu nome é Kai, prazer. Quem fez isso com você? – o menino perguntou, e por um momento, eu tinha esquecido a presença dele ali.

- N-não é da sua conta. Eu posso me cuidar. Obrigado. – disse Soo com uma cara tristonha.

- Não fale assim, D.O. Ele lhe salvou. – disse incrédula com a atitude de meu amigo.

- Está tudo bem... Baekkie, não é? Eu posso entendê-lo. Bom, estarei aí se precisar de ajuda, prazer em conhecer os dois. – o garoto deu um sorriso para nós, e em um segundo se virou e partiu.

- Aquele garoto... Aigoo! – Disse-me Soo.

– D.O, pelo amor de Deus me diga quem foi! – O seguia pelo estacionamento.

– Deixa pra lá, Baekkie. – Baixou-se para abrir a tranca de sua bicicleta.

– Por que não convenceu o Sr. Kim Seok Jong a punir os delinquentes?

– Até parece. – Riu sem humor. – É a palavra do bolsista contra a dos riquinhos.

– Chega! Eu preciso fazer algo.

– Não! – Se chateou. – Ontem tentou mudar as coisas e eu só me ferrei. Kris e Tao estavam furiosos porque deram um “festão” e hoje as pessoas só comentam sobre “o nerd sem nome e seu caso com o novato”. – Montou na bicicleta. – Prefiro ficar quieto e torcer para que me esqueçam.– Saiu pedalando mais rápido do que de costume.

– ESPERA! – Gritei sem nem ter tempo de lhe oferecer uma carona.

(...)

Fiquei a noite inteira inquieto. Dentro do meu quarto, andei de um lado para o outro me sentindo culpado pelo que aconteceu a Soo. No entanto, o que mais me perturbava era o fato dos Falcons sempre ficarem impunes. As leis do mundo não se aplicavam a eles? Eram intocáveis?

Baekkie POV.

Ninguém é intocável!

Esse pensamento serviu de engrenagem para minha imaginação e, após algumas horas, já sabia o que fazer.

Eram 03:25h da manhã quando estacionei em frente à casa de Kyungsoo. Liguei para o seu celular e ele logo veio ao meu encontro.

– O que aconteceu? – Indagou entrando no carro.

– Já sei como atingir os Falcons.

– O quê? Não me conte, não quero nem saber. – Bufou.

– Não vê que existem outras pessoas sofrendo com os abusos deles? Até quando vamos ficar indiferentes? – Fui firme em meu discurso. – Nós temos o poder de virar o jogo. O melhor de tudo é que vamos estar seguros, os Falcons nem vão saber de onde estão vindo os golpes.

– Como assim? – Finalmente se interessou.

(...)

Passamos o resto da madrugada discutindo os detalhes do meu plano. Soo adicionou algumas ideias e moldamos o golpe que atingiria o colégio no estômago.

Havia muito a ser feito, por isso trabalhamos no projeto durante as aulas, usamos os computadores da biblioteca, fugimos do colégio nos intervalos para comprar alguns equipamentos e no final do dia estava tudo quase pronto.

Nosso dia foi corrido demais para eu torturar ChanYeol como pretendia. Mesmo assim, continuei a cercá-lo. O maldito resistia, tentando lutar em uma guerra que já tinha perdido desde o momento em que foi me encontrar no Mustang.

(...)

– Já arrumei tudo. É quase meia-noite, tem certeza que quer fazer isso? – Soo virou-se para mim.

– Absoluta!

Soo teve bastante trabalho, mas sua genialidade deu asas à nossa vingança. Dentro de seu quarto montamos a nossa central. Eu mesmo espalhei, o dia inteiro, avisos nas salas de chat do colégio. Fiz uma propaganda anônima do site “Filhos da Democracia”, o qual transmitiria um programa de rádio que chocaria a todos. A notícia correu como fogo em um rastro de pólvora.

Ele olhou para o relógio e se amedrontou.

– BaekHyun , se iniciarmos a transmissão agora não há volta. Eu sei que sou bom, mas qualquer dia desses podemos ser pegos.

– Prepare as músicas, cuide do site e deixe o resto comigo. – Estava mais do que determinado.

– Que assim seja! – Assumiu os riscos junto comigo, chocando sua palma na minha em um cumprimento. – Entramos no ar em 60 segundos.

Sentado na cadeira giratória, ascendi um cigarro e bebi um pouco de gin. Depois, peguei o microfone e deixei que minha mente transtornada me guiasse.

– 5...4...3...2... No ar!

– Você está ligado agora na rádio Filhos da Democracia e eu, meus caros colegas, sou A voz da democracia. – Graças à equalização de som, para os ouvintes minha voz soava rouca e masculina. – Somos jovens, estúpidos e estudamos na mesma bosta de colégio. Alguém aí já leu o que significa democracia no dicionário?– Gargalhei. – “Governo do povo. Regime político que se funda na soberania popular, na liberdade eleitoral, na divisão de poderes e no controle da autoridade.” Não se engane! Democracia é apenas uma prostituta que presta favores a quem tem mais poder aquisitivo. – Soo olhou para mim e sorriu, em seguida voltou-se para os computadores colocando uma música de fundo para tocar enquanto cuidava para que o nosso I.P não fosse rastreado.

– Vocês estão aí agora, fazendo seus deveres de casa. Comendo o que lhes mandam comer, bebendo o que lhes mandam beber. Prisioneiros de seus próprios estilos de vida... Mas não se preocupem, essa noite serei a voz da sua consciência, o pensamento perverso que reprimem. Comecem a se perguntar: do quê esse louco está falando? – Dei uma boa tragada no cigarro. – Segredos! Ah, doces segredos... – Girei na cadeira me divertindo. – Temos essa espada sobre nossas cabeças. Segredos pequenos, segredos grandes. Se você estuda no South Korea, corra e se esconda em baixo da cama, pois esta noite falaremos de suas vergonhas. – Soo colocou a música no último volume.

ChanYeol POV.

Meu telefone tocou e imediatamente atendi.

– Você está ouvindo isso? – Era Kris.

– Estou. – Respondi olhando para o notebook.

– Quem é esse cara? Um monte de gente já me ligou. A galera está falando desse programa até por torpedo e FACEBOOK. Acho que o South Korea inteiro está ouvindo esse doido.

Levantei da cama, muitíssimo irritado.

– Não acredito que isso está acontecendo justamente durante o meu mandato. Não pode ser verdade! – Quase soquei a parede.

– Aguenta aí que estão me ligando. Daqui a pouco falo com você.

Baekkie POV.

– Vamos lá! Eu preciso de alguma ajuda aqui! Mandem recados pelo site e me contem seus segredos ou os segredos de outros. Não importa a procedência, chega de hipocrisia, se liberte pra cometer algumas heresias. – Ri de minha própria rima. – Quem foi na festa da vitória na casa do Falcon Yi Wu Fan, vulgo Kris? Se você é um “rejeitado” e nem sequer foi convidado, te digo que não perdeu muita coisa. Vou fazer um pequeno resumo. – Pigarreei com sarcasmo. –Haviam egos inflamados, cerveja barata e sexo imprudente. Os gloriosos Falcons bradavam sua glória, enquanto alguns deles desmaiavam em cima do próprio vomito, como aconteceu com Tao. A corte estava lindamente decorada com seus bobos e cortesãs. Uma delas se destacou... – Gargalhei. – É! Estou falando do vadio novato que anda levando alguns pobres garotos para a perdição. – Soo ficou surpreso quando comecei a falar de nós, mas entendeu que aquilo era uma mera estratégia para nos tirar da lista de suspeitos. – Pelo amor de Deus! Alguém sabe o nome daquele nerd feioso? Bem, mas a verdade seja dita... Nossos idolatrados vermes são apenas reflexos do sistema que criamos em nosso colégio. Não, não culpe ninguém se está insatisfeito, pois... – Gritei o mais alto que pude. – A CULPA É TODA SUA, SEU FILHO DA PUTA! – Levantei da cadeira. – Falando em filhos da puta, vou me incluir na lista e contar-lhes um pequeno segredinho. Sim, faço de tudo para entreter meus ouvintes. – Bebi mais um pouco de gin. – Bem, bem, bem... – Suspirei voltando a sentar. – Algo me diz que podemos fazer melhor que isso. Mande-me uma mensagem, tenho sede de segredos!

(...)

Fiquei 1 hora lendo os segredos enviados pelos ouvintes, nada de muito importante, apenas intrigas amorosas e confissões engraçadas. Eu já estava me enchendo daquela merda. Ansiava por algo que afetasse diretamente os Falcons.

Priorizei meus objetivos, não tocando em momento algum no nome do Park ChanYeol. Sabia que ele estava preocupado, mas queria que se sentisse seguro e acima daquelas vulgaridades. O que tinha reservado para ele era bem maior do que uma caluniazinha anônima.

– Ei, olha isso. – Enquanto uma música rolava, Soo me mostrou uma mensagem enviada pelo site.

– Não acredito... – Murmurei.

Um anônimo acusou Tao de vender cocaína dentro do colégio. O mais interessante é que indicou o local onde ele supostamente guardava a droga.

– O que vai fazer? – Ficou nervoso.

– Está fazendo a pergunta errada. – Levantei-me e o obriguei a fazer o mesmo. – A pergunta certa é: o que você vai fazer?

O cara demorou alguns segundos para entender onde eu estava querendo chegar.

– Não. Não posso fazer isso! – Tentou se afastar e não permiti.

– Escute aqui... – O segurei pelo colarinho. – Foram anos de bullying. Esse é um daqueles momentos na vida em que nos vemos em uma encruzilhada. Se for um covarde agora, será um covarde para sempre, pois está traindo a si mesmo não querendo sair da posição de vítima. – O obriguei a olhar dentro dos meus olhos. Até podia sentir sua respiração entrecortada em minha pele. Soo estava indeciso e preso ao conformismo, por isso só havia uma frase capaz de arrancá-lo da letargia.

– VOCÊ. NÃO. NASCEU. PRA SER UMA. VÍTIMA! – Não foi preciso dizer mais nada. Minhas palavras o induziram abdicar do medo e da posição de capacho dos Falcons.

– Me passa o microfone. – Pediu com frieza.

Sorri torto e lhe entreguei nossa arma. Enquanto ele se preparava para entrar no ar, coloquei uma música de fundo que o inspirasse.

– Está pronto? – Questionei como dedo em cima do botão vermelho. D.O ergueu a cabeça e assentiu.

– Finalmente alguém teve a ousadia de nos enviar uma mensagem decente. Agora sim temos um segredo show! – Sentou na cadeira onde eu estava antes. – E quer saber? Pouco me importa se é verdade ou mentira. – Dava para sentir o rancor embutido em sua voz. – Há algo de podre no reino do South Korea. – Deu um grande gole no meu gin. – Um de nossos alunos mais queridos, um dos melhores, se não o melhor jogador do time de basquete, tem tirado uma graninha boa vendendo cocaína dentro do nosso colégio. O burro guarda o bagulho dentro do próprio armário. – Riu. – Ele é um Falcon, é um idiota... Tao, você foi pego, meu chapa!

Isso!

Ergui as mãos para o alto em comemoração.

– Mas sabe... – D.O suspirou tirando seus óculos. – Mesmo com a instituição completamente fodida, insistimos em manter as aparências em nome da honra estudantil. Nós somos os bastardos que sustentam aquele colégio “tradicional e renomado”. – Bebeu mais um pouco de gin, mantendo a mesma linha crítica que estabeleci. – É... Eu sinto o cheiro da hipocrisia. Está em toda parte. – Olhei para monitor e notei que os números de acessos do site disparavam. – Algum dia já sentiram que suas vidas são uma baita mentira? É! Uma farsa mesmo! Tem dias que você nem se reconhece. Sabem do que estou falando? Sabem quando deitam pra dormir e ficam pensando um monte de lixo como: será que vou levar bomba em matemática? Como faço pra aquele garoto gostar de mim? Por que meus pais mais não me ouvem? O que faço para me destacar na vida? Nos preocupamos com coisas tão ridículas enquanto ferramos com a camada de ozônio e devoramos os recursos naturais como gafanhotos famintos. As pessoas estão lá fora se matando por nada e para nada, mas quem se importa? Sério, quem... realmente... se importa? Então você acorda cedo, veste seu uniforme e vai para o colégio ou para o trabalho todo o santo dia como se fosse a coisa mais importante da sua existência. Pelo quê está vivendo? Pelo seu futuro? Lamento dizer, mas nem todos nós veremos o futuro... –Gemeu com sarcasmo. – Não me pergunte por que as coisas são como são, só me pergunte como sobreviver a isso. – Coloquei uma nova música para tocar.

– Essa madrugada seja o dono de si mesmo por alguns minutos. Olhe em volta, está sozinho! Não tem ninguém para agradar ou impressionar. TENHA ATITUDE PELO MENOS UMA VEZ! LIBERTE SUAS LOUCURAS ANTES QUE A ROTINA TE DESTRUA, PORQUE, QUANDO AMANHECER, MEUS COLEGAS, TODOS VOLTAREMOS A SER OBEDIENTES SERVOS DELA! ENTÃO PERCA A CABEÇA ENQUANTO PODEEEEE! Levantou-se num pulo e subiu em cima da cadeira. – OOOOOOOOOOOOOOOWWWWWWWW!

– AAAAAAAAAAHHHHHHHHHH! – Eu mesmo gritei contagiada pela música e pelas verdades ditas por D.O.

– ENLOUQUEÇAAAAAAAAAAAAAAAAAA! – Gritou e saímos pulando pelo quarto.

BaekHyun POV.

Até eu, que estava totalmente focado em minha vingança, senti a necessidade de extravasar. De esquecer o colégio, das obrigações... Tudo! Aprendi com Soo que às vezes é necessário apertar o botão de “reiniciar”, antes de voltarmos às nossas vidas cheias de restrições.

Podia sentir que o desabafo de Soo tinha alcançado o seu alvo. Era possível que dezenas de pessoas estivessem se identificado com sua mensagem, fazendo com o que a nossa revolta tivesse um fim bem mais nobre do que planejamos.

Chacoalhamos a cabeça, pulamos e gritamos muito. Tínhamos a forte impressão de que, em algum lugar, nossos ouvintes dançavam em seus quartos, gritando com o mesmo fervor, apelando para a mesma rebeldia juvenil que só dura alguns anos.

– NESSA MADRUGADA SE LIVRE DOS RÓTULOS! – D.O estava mesmo inspirado. –APROVEITE, PORQUE NESSE MOMENTO VOCÊ NÃO É UM NERD, NÃO É UMA LÍDER DE TORCIDA, NÃO É UMA ANTI-SOCIAL, NÃO É UM BADBOY, NÃO É UM INTELECTUAL, NÃO É UMA PATRICINHA, NÃO É UM FALCOOOOON!

POV. BaekHyun & ChanYeol

ChanYeol: Pulando sozinho, me senti um “ninguém”. Eu já nem me lembrava como era essa sensação. O discurso do maluco me fez ficar momentaneamente fora de órbita. Sem sobrenome, sem cargo, sem ideais, sem ambição... Livre! De olhos fechados e com as mãos entranhadas em meus cabelos, senti a batida da música em cada pedaço da minha inesperada insanidade.

BaekHyun: Com a voz rouca de tanto gritar, girei pelo quarto totalmente entregue. Com D.O tão fora de controle quanto eu, agora não havia bastardo no South Korea que fosse capaz de nos deter.

ChanYeol: Que irônico. Eu estava curtindo o momento, mas quando o dia amanhecesse seria um dos que caçaria o maluco da rádio.

BaekHyun: Todos, os bons e os maus, mereciam uma noite sem rótulos antes dos martelos dos juízes anunciarem nossas sentenças. Estava feito... Agora era só deixar os dados rolarem.

Enquanto a música ainda tocava, peguei o microfone e encerrei o programa.

– Está se perguntando quando os filhos da democracia voltarão a bradar? Ninguém sabe, mas não se preocupe, não seremos silenciados. Não perca seu tempo tentando descobrir minha identidade, pois eu sou a citação viva de Hamlet: “sou orgulhoso, vingativo, cheio de ambição, e disponho de maior número de delitos do que de pensamentos para vesti-los, imaginação para dar-lhes forma ou tempo para realizá-los”. – Suspirei. – Não deves confiar em ninguém...


Notas Finais


Yeeeeeees. Nossa, eu nunca escrevi tanto como hoje HSAHUSHUA
Espero que tenham gostado. Amanhã tem mais, beijo <3
Ps: Comentem e favoritem por favor <3


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