História Meu amor platônico - Final do Grand Prix - Viktor Nikiforov

Viktor Nikiforov 

     Meu dia não estava sendo um dos melhores, mas prometi para meu primo que veria ele na final do Grand Prix. Depois de tomar um café reforçado vou encontrar com meu primo, eu estou abalado, mas ele deve estar muito pior que eu. Tentarei de tudo para animá-lo, pois se conheço o Yuri ele deve estar chorando em algum lugar sozinho, triste e pode até ter desistido de patinar hoje, mas como um bom primo eu não vou deixar ele desistir de seu maior sonho. Só espero que ele não esteja tão mal quanto eu imagino que esteja.
     Combino de encontrá-lo na praça. Ao chegar vejo ele sentado em um banquinho olhando para o nada. Não consigo ver sua expressão por causa de sua franja, por isso opto por uma abordagem mais calma.
     -Oi Yuri, como você está primo? 
     -Estou mal é claro. Mas eu estou melhor.
     -Olha, você está sendo contraditório agora. Me deixou confuso.
     -Que seja. Você entendeu.
     -Vai conseguir patinar hoje? 
     -Claro que sim! E vou fazer aquele porco reconhecer minha capacidade e meu talento!
     -Uau! Você querendo ser reconhecido por alguém? Isso sim é novidade.
     -Cala a boca! Não tire sarro da minha cara! Eu vou mostrar pra ele quem manda!
     -Huum... Aí tem coisa. Você gosta dele Yuri?- essa pergunta era algo que me doía perguntar, mas só de pensar na possibilidade dos meus dois Yuris me abandonando me faz querer chorar. Mas se o Yuri gostar dele não há nada que eu possa fazer.
     -É claro que não! Eu odeio aquele porco! Quer dizer... eu não o odeio. Mas também não é que eu goste dele. Mas ele é meu amigo e me ajudou bastante ontem. Se hoje eu tô bem é por causa dele, mas não é que eu goste dele.
     -Amigos?!? Really?!? 
     -Sim...
     -Você falou de mim pra ele?
     -Só falei que meu primo chato estava estava vindo me ver hoje. Por quê?
     -Por nada.
     -Que velhote estranho.- resmungou baixinho.
     Passei a tarde toda com meu primo, o mesmo só ficou falando sobre o Yuri, MEU Yuri, mas ele não sabe disso, então decidi ficar quieto e absorver todas as informações importantes sobre meu Yuri pra mim. Já estava quase na hora da final quando voltei pra casa.
     Quando cheguei em casa a primeira coisa que eu fiz foi tirar minhas roupas e tomar um belo dum banho. Enquanto a água caía sobre meu corpo pálido fiquei pensando na pessoa que mudou todos meus valores do dia pra noite literalmente. E pensar que eu me tornei aquilo que eu e minha mãe sempre odiamos. Mas não posso fazer nada já que o amo. Hoje talvez eu o encontre, com que cara eu vou olhar pra ele? O que eu vou falar pra ele? Vou mesmo conseguir encontrá-lo? Todas essas perguntas em minha mente me deixam inseguro.
     Vou deixando minha mente vagar por diversos minutos, num instante minha mente está no Katsuki, no outro no Plisetsky, mas o que mais me perturba é quando minha mente divaga pra época que eu era criança. 
    " Eu estava brincando no enorme jardim de minha antiga casa, eu estava tão feliz perseguindo uma borboleta que quase não percebi os gritos vindos de dentro de casa. Quase. 
     Vou correndo pra dentro seguindo na direção dos gritos, eram meus pais brigando de novo. Eu já estava acostumado, eles sempre brigavam, mas dessa vez parecia sério.
     -Como assim você quer me largar?!!? Você vai mesmo me deixar pra ficar com aquele viadinho nojento?!!? Vai deixar sua linda esposa e filho sozinhos pra ficar com um bostinha?!!?
     -Cala a sua boca!!! Nojenta é você Laila!!! Não abre a boca pra falar de mim!!! Pra sua informação aquele "bostinha" me ama diferente de você!!! Você nunca me amou! Nunca me deu atenção! Nunca senti um pingo de amor vindo de você! Nem em relação ao nosso filho! Você não se importa com nada! Quanto mais rápido eu me ver longe de você melhor!!
     -Dimitri! Se você sair por essa porta e me deixar eu nunca mais deixo você passar por ela de novo!!!
     -Essa é a intenção! Adeus vadia!!! Estou indo viver um amor de verdade!
     Depois dessa discussão nunca mais vi o Papai.
     -Mamãe, quando o Papai volta?
     -Nunca filho. Ele nunca mais vai voltar. Ele nos abandonou. Ele abandonou você e a mamãe.
     -Por que o Papai faria isso? Eu não intendo mamãe!
     -Porque um viadinho de merda fez uma lavagem cerebral no seu pai e roubou ele de nós!
     -Por que alguém faria isso?
     -Porque gays são dissimulados, nojentos, asquerosos e só servem para destruir famílias!
     -Então gays são maus?
     -Eles não são só maus filho, eles são perversos, criaturas do demônio. Não se pode confiar neles entendeu? Eles não deviam existir! Eu tenho ódio deles! Morte aos gays!
     -Mas e quanto ao Papai?
     -Morte a ele também! Ele já foi contaminado por esses vermes! Que morra junto com eles! Morte oas gays!
     -Mamãe...
     -O que meu amor?
     -Eu odeio todos os gays.
     -Isso mesmo filho. É assim que deve ser." 
....

     Ao sair do banho me troco e vou direto a pista de patinação onde vai ser a final do Grand Prix. Chegando lá percebo que o lugar já está bem cheio, então eu corro para pegar um lugar bom.
     As apresentações começam, devo confessar que não estou muito animado pra esse show. Acho tudo entediante, as músicas, as coreografias, os patinadores e até mesmo seus trajes.
     Estou realmente em um mundo paralelo agora, isso só até ver Ele entrar na pista. Ele está tão lindo, seu traje é maravilhoso e no seu rosto está a determinação que eu tanto amo nele. A música começa, é uma música linda, começa lenta, mas vai ficando mais rápida com o decorrer do tempo, sua coreografia é linda, ele consegue prendar a atenção do público desde o começo da apresentação com tanta facilidade que me admira. Chega a parte dos saltos, ele executa com perfeição, na parte dos giros ele também foi perfeito, enfim, foi perfeito em tudo.
     A nota dele vai aparecer na tela, acho que estou tão ansioso quanto ele. Sua nota é a maior, ele está em primeiro, não conseguiu bater um recorde mundial como da última vez, mas mesmo assim foi super bem, estou orgulhoso.
     É a vez do Plisetsky, assim como Katsuki ele é perfeito do começo ao fim. Ele realmente me surpreendeu, sem erros, sem falhas, um programa impecável. Conseguiu prender toda a atenção do público pra si mesmo depois da apresentação magnífica de Katsuki. Ele deixou todos em transe.
     Sua nota saiu. Não consegui conter minha empolgação, meu primo quebrou o recorde mundial. Nesse momento estou explodindo de felicidade. Quando olho para ele vejo descontentamento em seu olhar, dou mais uma olhada no placar e o que eu vejo me deixa de boca aberta. Yuri Plisetsky ficou em segundo lugar, ele ficou atrás do Yuri Katsuki, isso por míseros 0,25 pontos.
 ... 

     Depois de passar por uma multidão enfim consigo achar meu primo. Estou correndo para ir encontrá-lo e parabeniza-lo pela prata e por ter batido o recorde mundial no programa livre. Mas assim que consigo alcançá-lo noto que ele está conversando com alguém, e quando vejo quem é esse alguém meu coração para.
     -Yuri...
     -Viktor senpai....