História Meu Anjo (Camren) - O diabo veste Prada

 A morena, sem cerimônias, abriu a porta de correr e fechou-a logo em seguida após ter entrado na sala. Lauren levantou rapidamente da sua cadeira e foi caminhando até ela, mas não pude ver mais nada, pois a tal Helena havia fechado a cortina!!

QUEM É ESSA MULHER?

— Meu Deus, que cara é essa, Mila? — DJ surgiu do nada e me perguntou, parecendo preocupada.

Puxei uma cadeira que estava próxima a minha e fiz sinal pra ela sentar. Minha polinésia favorita deu a volta na mesa e fez o que eu pedi.

— Você sabe quem é Helena? — perguntei logo de uma vez.

Ela fez uma cara de espanto.

— Helena Peabody?

— Não sei, Dinah. Alta, morena, linda de doer, cara de rica — tentei descrever a mulher que tinha acabado de ver.

— É ela mesmo — minha amiga confirmou — mas por que essa pergunta ? Ela tá aqui ??

— Na sala da Lo, de cortinas fechadas! — falei baixo, mas enfatizando a última parte da frase. — Quem é ela, DJ ?

— Mila, acho que é melhor a Lauren explicar isso pra você. Eu sinceramente não vejo essa mulher há anos e não faço ideia da razão dela ter aparecido do nada aqui.  — respondeu sincera.

Tá, talvez seja melhor perguntar pra Lauren depois. Não vou mentir dizendo que não estou me roendo de curiosidade.

— Ta bom, DJ, pergunto pra ela depois. Mas me conta... veio aqui falar com a Lo sobre a Mani? — perguntei fazendo uma cara de sapeca.

— HÁ, sabia que aquela bitch ia contar. Mas tudo bem, foi pra você, minha ninjazinha linda — falou apertando minhas bochechas.

Ri do jeito dela.

— Não me enrola e fala logo o que veio dizer pra Lauren. Vai se declarar pra Mani hoje??

— Ai, Mila, é difícil demais!  — a maior falou fazendo um biquinho muito fofo.

Agora foi minha vez de apertar as suas bochechas.

—Ah, minha grandona, eu sei que é... mas você prefere viver o resto da vida sem saber o que poderia ter acontecido se você se declarasse? E se a Mani sentir o mesmo que você?

— Mila, acho muito difícil isso ser verdade. Ela ta com uma mulher nova a cada mês, nunca se apaixona. — falou cabisbaixa.

— E se o motivo de ela sair com várias mulheres seja pra esquecer a verdadeira paixão dela... Dinah Jane Maravilhosa Hansen!

DJ riu da minha empolgação e eu fiquei feliz por estar a animando um pouco. Conversamos por mais alguns minutos e ela desistiu de falar com Lauren agora, porque precisava finalizar uma planilha lá no RH e na sala da Lo a conversa com a Helena ainda estava rolando... 

Dinah se despediu de mim com um beijo carinhoso na bochecha e um carinho no cabelo. E eu sussurrei no seu ouvido antes de ela sair uma frase que Lauren falou pra mim uma vez:

— Só nunca desista do que faz seu coração bater mais forte.

Ela sorriu verdadeira pra mim e foi andando em direção ao elevador.

A ausência de alguém pra conversar fez meus pensamentos voarem pra sala de Lauren de novo... Aaaah! Essa maldita “reunião” não vai terminar nunca?

Lauren

Helena Peabody, em carne e osso na minha frente. Essa mulher é a personificação do pecado! O que diabos ela faz aqui depois de tanto tempo?

Ela fechou a cortina da sala e eu levantei da cadeira caminhando em sua direção.

— Lauren Jauregui... você fica mais bonita com o passar dos anos, como isso é possível? — disse naquele tom sedutor tão conhecido por mim.

— Obrigada, Helena, você também continua muito bonita — falei para ser educada, mas fui bem formal. Não posso dar brecha pra essa mulher.

— São seus olhos, Lauren — disse sorrindo daquele mesmo jeito galanteador. — e que olhos... eu sempre fui louca por esses verdes.

Disse se aproximando e colocando as mãos no meu rosto.

Opa opa opa

Tirei sua mãos tentando não ser muito grossa, dei dois passos pra trás e falei:

— Helena, eu tenho namorada. Inclusive você passou pela mesa dela pra chegar até aqui.

Nitidamente percebi que ela havia ficado surpresa, mas tentou disfarçar e falou num tom irônico:

— Nossaa, Lauren Jauregui namorando, quero conhecer a felizarda.

Antes que eu pudesse falar alguma coisa, Helena continuou, e dessa vez sua feição mudou junto com seu tom, que se tornou mais respeitoso e sincero:

— E olha, Lauren, eu sinto muito pelo que aconteceu com Amanda e seus pais. Eu realmente não pude vir para o velório, pois minha empresa estava crescendo muito lá em New York, mas você recebeu as flores e o cartão, não é?

— Recebi sim, Helena, e agradeço pelo gesto sincero. Esses quatro anos sem Amanda e meus pais foram muito difíceis, graças a Deus eu tive minhas amigas e minha filha pra me ajudar .. — ia continuar a frase, mas ela me cortou.

— Ai, Isabela o nome, não é? Vi uma foto de vocês três na internet logo quando ela nasceu. Deve estar linda!

— Está sim. Mas como eu ia dizendo, tive minhas amigas e Isa pra me ajudar nesses anos, e além delas tive a sorte de encontrar uma mulher maravilhosa, Camila...

Falei sorrindo, porque não consigo falar de Camz sem sorrir. Mas na verdade disse aquilo com o objetivo de deixar bem claro que: não vai rolar, Helena!

— Ela deve ser uma mulher muito especial mesmo — e o tom irônico voltou em sua voz.

Pra quebrar aquele clima estranho, pedi pra que ela sentasse na cadeira em frente à mesa, e me sentei na minha cadeira do outro lado. Conversamos normalmente sobre assuntos diversos. Ela me contou que estava de volta ao Brasil por algumas semanas para fechar novos negócios.

Helena é dona de uma empresa de Eletroeletrônicos famosíssima em todo o mundo. Nos conhecemos quando ambas tínhamos 25 anos, e isso já faz quase uma década. O tempo realmente voa...

— Antes de você perguntar o que estou fazendo aqui na sua empresa, eu já adianto que poderia certamente ser só pra ver você, mas na verdade tem outro motivo também. Quero fechar negócio referente ao novo software que sua empresa lançou no mercado. Só se fala disso nas revistas de tecnologia de NY. Todas as empresas que adquiriram estão rasgando elogios pro sistema.

Não pude deixar de sorrir, ela estava aqui pelo software que Camila criou, e é claro que vou deixar ela ciente disso:

— Fico muito contente em saber disso, e será um prazer fechar negócio com você. O software realmente é revolucionário, qualquer empresa que quer ter um diferencial na gestão de seu negócio tem que adquirir. E sabe o que é mais incrível nisso tudo ?

Observei Helena fazer um gesto negativo com a cabeça, esperando que eu continuasse.

— Quem criou o software foi minha namorada, Camila Cabello. — falei sorrindo orgulhosa.

Novamente a expressão de surpresa no rosto dela, e novamente ela tentando esconder usando aquele tom irônico que tanto combina com ela:

— Uau, depois dessa eu até fiquei com vontade de conhecer a famosa Camila.

Apesar de saber que ela falou isso pra se fazer de superior, decidi que poderia ser interessante chamar Camz aqui na sala. Ela provavelmente viu Helena entrando e fechando a cortina, e deve estar sem entender nada.

— Ficou é? Vou chamar ela aqui então — dei um sorriso tentando imitar o jeito irônico dela, mas sou péssima nisso. Mas conheço Helena e sei que com ela tenho que deixar um pouco de lado meu jeito trouxa de ser e me impor, senão ela avança.

Vi a mulher sentada do outro lado da mesa concordando, mas com cara de poucos amigos. Sorri por dentro por ter conseguido deixá-la sem ação.

Liguei no ramal da mesa de Camila. Logo ela atende e eu pergunto se pode vir aqui na minha sala um minutinho. A resposta positiva veio rápida e em alguns segundos escuto duas batidas na porta de vidro.

— Pode entrar — eu disse já sorrindo, é o efeito Cabello.

Minha namorada linda abre a porta devagar, entrando na sala e fechando a porta atrás de si, se embolando um pouco com a cortina que também era de correr.

Dei uma risada baixa com aquela cena fofa. Essa é minha Camila, desastrada que eu amo.

Levantei da cadeira e fui andando em direção a ela, que aparentava estar envergonhada. E ela fica ainda mais fofa assim.

— Oi, minha linda — disse dando um beijo demorado em sua bochecha. Ela deu um sorriso perfeito e respondeu:

— Oi, Lolo

E eu me derreti toda, como sempre faço quando ela me chama assim. Ela falou baixo, então Helena não escutou o apelido carinhoso.

Peguei na mão dela e fomos caminhando em direção à mesa. Helena já estava de pé, esperando a apresentação que eu faria em seguida.

— Camila, essa é Helena Peabody, dona da Peabody Inc. Helena, essa é Camila, ninja do setor de desenvolvimento aqui da empresa, responsável por criar o software que te fez vir aqui — Disse alternando o olhar entre as duas.

Camila tinha uma expressão de surpresa no rosto, e Helena fazia aquela cara de superior de sempre.

— E claro, minha namorada — completei sorrindo pra Camila e lhe dando um selinho.

Camz sorriu de um jeito lindo pra mim, e em seguida estendeu a mão com educação para cumprimentar Helena, que retribuiu da mesma forma. Puxei outra cadeira que havia na sala para que Camila sentasse ao meu lado do outro lado da mesa.

Começamos a conversar sobre negócios, da empresa de Helena, o software de Camila... enfim, coisas mais formais. Até que a morena solta uma pergunta digna de uma Peabody:

— Mas me conta, Lauren, não acha Camila um pouco nova demais? — disse com aquele sorriso irritante.

Vi que Camz se surpreendeu com a pergunta. É... ela não conhece a Helena. Eu já acho que ela até demorou demais pra mostrar as garrinhas.

— Não, Helena. Camila tem 21 anos, mas é mais madura que a maioria das pessoas de nossa idade. — alfinetei, devolvendo o sorriso falso.

— Hmm, eu imagino — ela respondeu, ainda com o sorriso cínico no rosto.

Depois de alguns segundos de silêncio cortante, Camila se levanta da cadeira ao meu lado dizendo:

— Laur, eu vou voltar pro trabalho porque preciso terminar de consertar um erro no programa XLT.  — disse num tom de voz educado.

Levantei e peguei em sua mão:

— Claro, minha linda. Brigada por vir aqui conhecer Helena e falar sobre o software — finalizei lhe dando um selinho. Ela sorriu e em seguida deu dois passos pra chegar próxima à Helena, que já a esperava de pé.

— Foi um prazer conhecê-la, Helena — disse Camz, estendendo a mão pra mais alta.

— O prazer foi todo meu, Camila — disse apertando a mão da minha namorada.

E assim a pequena sai da sala.

O clima ficou meio pesado, até que Helena senta e volta a falar normalmente sobre negócios, como se nada tivesse acontecido. Decidi deixar pra lá e seguir a conversa normalmente.

Ela ficou mais uns trinta minutos aqui, e depois saiu rebolando pelos corredores.

A diaba sabe que é bonita.

Que fique longe... bem longe de mim!

POV DINAH

Camila me deu o empurrão que faltava. Essa pequena é um presente mesmo, Lauren tem muita sorte.

“Só nunca desista do que faz seu coração bater mais forte.”

Normani Kordei, ela faz meu coração bater mais forte há 15 anos.

Sim, 15 anos escondendo o que eu sinto. Muitas vezes cheguei a me convencer que era coisa da minha cabeça, que estava confundindo nossa amizade, mas era só a Mani me abraçar apertado como ela sempre faz, ou aparecer com uma menina nova e eu percebia que eu realmente gostava dela como mais que uma amiga.

Sou frouxa? Sou, e muito. Mas o medo de ter Mani longe da minha vida me sufocava a cada momento em que pensava em me declarar pra ela.

E se ela se afastar, e se estragar nossa amizade? 

E se

E se

E se

Cansei de indefinições!

Sou uma mulher independente, com 35 anos na cara. Já chega de agir como adolescente.

E se Mani não gostar de mim da mesma forma? Se for assim nós arranjaremos um jeito de continuar a amizade, como duas adultas que somos.

São 20h, cheguei do trabalho agora há pouco. Sem dar tempo de pensar duas vezes (porque eu poderia desistir facilmente), pego o celular e mando mensagem no whats pra ela:

Dinah: Hey my manibear

Visualizada em menos de 30 segundos. Um dos motivos por que eu amo essa mulher haha

Mani S2: Heey minha grandona *-*

Ela manda carinha fofa ainda... se ela soubesse que uma simples mensagem dela me deixa com o sorriso mais besta do mundo.

Dinah: Se vc n tiver ocupada, quer vir dormir aqui em casa? Pedimos pizza e fazemos maratona de Grey’s Anatomy!

Mani S2: SIIIIM!

ELA VEEEM!

Meu Deus do Céu, respira Dinah!

Mani S2: Faz tempo que a gente não faz algo tranquilo assim, grandona. Ta, acabei de chegar da empresa e tava dando uma arrumada na casa, mas vou deixar pra amanhã. Em 30 minutos to aí pode ser?

Dinah: Pode! Te espero então, my bear.

Mani S2: Beijuu <3

Aiminhanossasinhora.

Tá, já dormimos uma na casa da outra diversas vezes, mas normalmente é com todas as meninas juntas.

E em nenhum dos outros dias eu estava determinada a me declarar...

Dinah Jane Hansen, você tem noção do que está prestes a fazer?