História Meu Colega de Quarto - Imagine Jung Hoseok - XXI

Meus olhos se arregalaram. Pessoas ao redor poderiam dizer que eu havia entrado em desespero, mas acho que o álcool não permitiu que isso acontecesse.

Não imaginava que Hoseok pudesse estar bravo, nem mesmo preocupado com minha chegada atrasada. Coisas completamente aleatórias se passavam por minha cabeça, não me deixando pensar em nada relacionado a realidade do momento.

— (S/n). Será que você pode me responder? — Hoseok parecia estressado, porém eu não conseguia ver isso, então apenas soltei uma risada inusitada e deixei minha cabeça pender para trás. No momento ela parecia pesada demais.

— Ele é meu amigo, não posso beber e curtir um pouco? Huh? — voltei a rir e apoiei a lateral do meu corpo no batente da porta de entrada, permanecendo entre os dois homens presentes no local.

— Não te proíbo de nada, mas acho que você deveria ao menos ter voltado com um pouco de consciência, ou ter me avisado que iria para outro lugar depois do trabalho. —enquanto ele falava, ouvi Namjoon suspirar, fazendo com que Hoseok levasse sua atenção para ele — E você? Se é tão amigo dela assim, por que deixou ela chegar a esse ponto? Sabia que isso pode ser perigoso? E se ela desmaiasse dentro do bar por causa do alto índice de álcool? Não tem noção do que poderia ter acontecido não? — o tom de voz de Hoseok aumentava gradativamente, conforme ele proferia as palavras selecionadas por ele mesmo.

Namjoon soltou uma risadinha nasal fraca e deu um passo bambo para frente, fazendo com que eu automaticamente apoiasse minhas costas, não apenas a lateral, mas sim inteira no batente, dando espaço para os dois se encararem melhor.

— Ela ficou assim por opção própria, quem sou eu pra interferir nas escolhas que ela faz? Não precisa me dar lição de moral nenhuma, aliás, você não tem que dizer nada pra mim. — por mais que estivesse um pouco alterado, Namjoon ainda conseguia se manter firme, até mesmo adquirir uma postura extremamente assustadora.

Nam era mais alto que Hoseok, o que fazia com que tivesse um tom ameaçador, porém isso não parecia afetar o Jung de maneira alguma.

— Você é amigo dela, deveria estar cuidando dela em momentos assim. — Hoseok não se deixou abalar com a situação e trincou seu maxilar, me deixando perceber como ficava bonito quando estava bravo.

O maxilar extremamente marcado fazia um ângulo quase perfeito de noventa graus. Por alguns segundos deixei minha mente imaginar meus lábios roçando naquela área, deixando alguns beijinhos lentos, algo que só o álcool era capaz de permitir.

— Quem é você pra me dizer o que fazer? Huh? — as sobrancelhas dele se erguem, como se quisesse logo uma resposta.

Eu não sabia o que fazer para interromper tudo aquilo. Minhas pernas pareciam fracas, e minhas mãos já seguravam a parede como se fosse um suporte essencial para me manter de pé.

Usava tanta força em minhas mão que os dedos já deveriam aparentar uma cor amarelada. A cada segundo que se passava, minha mente parecia pesar mais e mais. Eu não conseguiria sustentar por muito mais tempo o peso do meu corpo.

Quando meu limite foi atingido, meu tronco foi naturalmente para frente, enquanto meus braços cansados procuravam algo para me apoiar. Eu não havia desmaiado, longe disso, apenas não conseguia mais me manter de pé como uma pessoa normal.

No momento em que me dei conta, a conversa agressiva entre os dois tinha cessado. Eu estava completamente jogada no colo de Hoseok, enquanto seus braços me envolviam com força.

— Por favor, vai embora daqui, eu tenho que cuidar dela. — ele se pronuncia sem tirar os olhos de mim.

Namjoon pareceu dar de ombros para o que ele disse e se aproximou de mim, dando um beijo rápido em minha bochecha.

— Eu vou indo, doce. Melhore, nos vemos amanhã no trabalho. — ele diz e se ergue para uma pose normal. Quando percebera que Hoseok parecia queimar de raiva, ele joga uma rápida piscadela em sua direção, seguindo na direção da saída.

Ao perceber que o maior havia cruzado a pequena curva do corredor do prédio, Hoseok permanece a segurar meu corpo e, com extrema dificuldade, fecha a porta com seu pé, passando a chave reserva que tínhamos, tal qual sempre se mantinha na parte interior da fechadura.

Depois de alguns passos embaraçados, estava sentada de maneira desajeitada ao lado de Jung no sofá cinza. Ele fecha os olhos e joga sua cabeça para trás, liberando um longo suspiro.

Eu fiquei apenas observando sua pose e a forma como seu pescoço ficava bonito daquela forma. O pomo-de-adão dele ficava mais aparente, o que o deixava mais sensual. Seu perfume parecia mais forte que o normal, um aroma intenso que fazia com que eu quisesse chegar cada vez mais perto, até senti-lo quando estivesse em contato com sua pele.

— Você me deixou preocupado. — ele levanta a cabeça e a vira para mim. — Por que não me ligou ou algo do tipo? Poderia ter me mandado mensagem.

Soltei uma risada fraca.

— Talvez se tivesse seu número, eu pudesse ligar para você. — rapidamente as sobrancelhas do maior se ergueram em surpresa.

— Nós não trocamos nossos números ainda? Convivemos todo esse tempo e não fizemos isso? Como eu posso ser tão tapado de não lembrar de algo assim? — a palma de sua mão bate contra sua face, fazendo com que um barulho estalado ecoasse pelo ambiente.

Voltei a rir e me ajeitei no sofá, virando meu corpo de lado e deixando minha cabeça apoiada sobre o encosto do móvel macio, enquanto olhava para Jung.

— Amanhã é dia vinte e quatro... o natal está perto. — ele rapidamente muda de assunto. Hoseok estava debruçado nos joelhos, analisando alguma coisa no chão. — Você vai viajar ou algo assim?

Fiquei um tempo quieta. Estava pensativa, por mais que estivesse embriagada. Em nenhum momento sequer me lembrei de que estávamos perto de tal data. Não liguei para meus pais e nem desejei um feliz natal adiantado como sempre fazia. Talvez estivesse tão preocupada com tudo que acabei me esquecendo que existia uma contagem de números que nos informa em que dia do ano estamos.

— Eu não liguei para ninguém. — digo e fecho meus olhos por um momento. Sentia o local arder por ficar tempo demais com eles abertos.

— Acho que eu também não vou a lugar nenhum... Você tem certeza de que vai trabalhar amanhã? — ele me olha, ainda com seus braços apoiados nas coxas, enquanto seus polegares massageavam uns aos outros de maneira ágil.

— Eu não posso faltar o meu trabalho, preciso do salário. — faço um biquinho pequeno e abro os olhos para observá-lo.

— Entendo. — ele passa então a olhar para suas mãos juntas — Vou te levar para a cama. — seu corpo se levanta e logo vira em minha direção, com os braços estendidos.

Levanto minhas mãos e seguro com o pingo de força que tinha, tomando impulso para me segurar em seus braços. Quando finalmente consigo, acompanho seus passos até meu quarto e me jogo sentada na cama.

— Não vai transar comigo, vai? — solto uma risadinha e jogo o resto de meu corpo no colchão com os braços abertos, estilo Rose DeWitt Bukater.

— Como? — suas sobrancelhas se arqueiam em uma fração de segundos, junto de um passo para trás causado pela preocupação.

— Vai me dizer que não fez nada comigo na noite do restaurante? Namjoon diz que não, mas por qual motivo eu acordaria de calcinha? Tudo bem que se a gente tivesse transado não ficaria com nenhum tecido no corpo, mas é tudo tão estranho... — falo a última frase um tanto quanto manhosa e me reviro na cama com um bico nos lábios.

Hoseok parecia não saber o que dizer, estava completamente paralisado, assim ficando por uns dois minutos.

— Eu tirei sua calça porque achei que fosse desconfortável dormir com ela, mas juro que fechei os olhos, eu não vi nada... você... foi por isso que você ficou estranha mais cedo? — sua feição estava agora mais perplexa do que antes, o que fez com que ele retornasse um passo à frente.

— Homens são safados, em que tipo de mundo você acha que eu vivo? Nós, mulheres  somos alvos, você poderia muito bem ter feito algo comigo enquanto estava bêbada... poderia estar fazendo agora. — disse sem nem ao menos gaguejar, o que foi algo surpreendente.

— (S/n), me desculpe, eu... momento algum quis fazer mal a você. Eu gosto de você. — seus olhos começaram a brilhar de maneira intensificada, ele iria chorar? — Por favor, acredite em mim. Eu respeito você, mas acho que não deveríamos nem ao menos estar conversando sobre isso enquanto está nesse estado. Durma e amanhã conversamos. — ele se vira meio cabisbaixo, contudo para no meio do caminho.

—nVocê acha que esquecerá dessa conversa amanhã?

— Não posso confirmar... por que pergunta isso? — ainda meio zonza e com os olhos pesando mais que o normal, tiro forças de cantos internos do meu corpo para conseguir pegar o edredom que estava sobre a cama e me cobrir.

— Eu realmente espero que esqueça isso. — sua cabeça se vira para o lado, enquanto seu corpo permanecia de frente para a porta – Eu acho que te amo.