Era final de tarde de sábado e eu me via sozinha, sem a presença de Hoseok no apartamento. Eu já estava no apê há um bom tempo desde que saí do trabalho, porém ele ainda parecia estar meramente ocupado no dele. O dia no Kopi House havia sido, assim como qualquer outro — tirando o fato de sorrisos bobos serem soltos por meus lábios de maneira involuntária quando me lembrava do dia anterior, quando estava na praia com Hoseok.
Nós fizemos algo completamente errado, mas ainda assim intenso e carinhoso. Céus, eu estou tão apaixonada.
Namjoon vez ou outra acabava me cutucando em pura curiosidade relacionada à minha felicidade descomunal, mas eu apenas dizia que tinha acordado mais contente que o normal. Naquele exato momento eu estava sentada no sofá com um short claramente esportivo vermelho, juntamente de uma blusa branca. As pernas emboladas sobre um dos braços do sofá enquanto minhas costas estavam apoiadas no outro, meus olhos completamente vidrados nas imagens de um filme de suspense.
As cores escuras e sombrias presentes nas cenas do filme transmitiam uma sensação de medo e até mesmo frieza. Quem sabe por causa do gênero, mas estava sentindo que aquilo me afetava de alguma forma.
O dia havia começado tão feliz, eu e Hoseok acordando juntinhos em nossa cama de casal improvisada junto da luz do sol, provinda de algumas das frestas da cortina, que faziam questão de iluminar um pouco o ambiente, então eu simplesmente não poderia deixar que toda aquela energia positiva se esgotasse por causa da sensação que a paleta de cores daquele filme queria representar.
Meus dedos apertaram levemente o botão do controle remoto com o intuito de trocar o canal, até que parei em um documentário de música clássica. Não era lá o que eu mais queria assistir naquele momento, porém quem sabe aquilo não conseguisse se encarregar de distrair minha mente por algum tempo.
Completamente errada eu estava. O documentário, por mais que fosse meramente interessante, não foi capaz de suprir o que eu mais necessitava naquele momento. Olhei rapidamente para meu relógio de pulso com as pulseiras de couro marrom. Já eram 20h34, e nada de Hoseok. Aquilo estava extremamente estranho, ele não era de atrasar, normalmente sempre chegava antes de mim no apartamento.
Em minha mente se passavam as piores coisas do mundo. Meu coração aos poucos se apertava pensando no que poderia estar acontecendo para que eu nem sequer recebesse uma ligação de aviso. Meus olhos arregalados, que antes estavam focados diretamente para a tela da televisão, agora apenas fitava o vidro do relógio, percebendo como o ponteiro dos segundos passava de forma ágil.
Sem muito a perder, desembaralhei as pernas e avancei à mesinha perto do sofá, agarrando meu celular com pressa. A tela já desbloqueada indicava que nenhuma chamada fora-me encaminhada, e isso era angustiante. A ponta de meus polegares deslizaram pelo meio da tela do aparelho com velocidade, apertando nos números corretos para no topo da tela ser exposto o número do celular de Hoseok.
Pude ficar mais tranquila ao notar que a chamada estava sendo realizada, porém após três vezes chamando: caixa postal.
Encarei o telefone desacreditada no que tinha acabado de testemunhar. Novamente, digitei o número e voltei a ligar, mas desta vez, cinco chamadas até a caixa postal.
— Mas que diabos, Hoseok. Você está desligando as chamadas, é isso mesmo?
Meu coração estava a cada segundo mais desesperado e eu sentia a adrenalina correr pelo meu sangue. Eu não sabia o que fazer naquele momento, não tinha o que fazer, apenas me bastava esperá-lo voltar para o apartamento com as devidas explicações que me devia. Parecia que meu cérebro não se aguentava, e sempre tentava dar-me a possibilidade de que algo horrível poderia estar acontecendo com ele, ou já ter acontecido, mas eu não queria acreditar, talvez fosse apenas a ansiedade roendo cada pedaço de mim conforme os segundos se passavam rapidamente.
O documentário de música clássica se tornou menos interessante, mas de certa forma o som de alguns trechos de música conseguiam entrar por meus ouvidos e acalmar as batidas de meu coração. Meus olhos se fecharam, e eu apenas pedia aos céus para que ele chegasse em casa, caso contrário talvez eu nem conseguisse dormir sem saber se ele estava seguro e bem. Naquele momento o que eu mais queria era poder envolver seu tronco com meus braços e entender o que era que estava acontecendo para logo no dia que eu mais estava feliz ter de passar por um desespero tão inquietante.
Não muito tempo havia se passado para que eu pudesse sentir meu celular vibrar, sinônimo de uma notificação de mensagem. Minhas mãos não hesitaram em pegar o aparelho que eu havia deixado por um tempo ao meu lado no sofá e olhar a mensagem na tela bloqueada, porém o que eu achei que iria me deixar mais calma, na verdade não deixara. Não era uma mensagem de Hoseok, e ainda assim eu estava medo de não ser algo bom.
Taehy Sz
— (S/n), eu preciso da sua ajuda, é urgente.
Aquilo realmente não era indicativo de algo bom, não poderia ser. De maneira acelerada, desbloqueei a tela e encaminhei-me à aba de conversas, logo visualizando a mensagem e enviando outra em resposta.
Taehy Sz
— Taehyung, estou aqui, o que houve?
— Eu fiz besteira
— Me desculpa
Engoli em seco. Foram diversas as ideias do que poderia ter acontecido que passavam pela minha cabeça, e naquele momento minha mente não parou em meio a tantas preocupações, tanto com Hoseok e agora também com Taehyung.
Taehy Sz
— Taehyung, pelo amor de Deus, acho melhor você falar logo
— Eu briguei com meu pai
— Ele acreditou quando eu dormi na sua casa daquela vez, mas pelo visto, agora não mais
— Ele começou a desconfiar de que eu não estava mais “namorando” e passou a gritar comigo
— Eu fui fraco, (S/n)
— Eu briguei com ele, e por impulso, eu precisava fazer alguma coisa pra ele acreditar nisso tudo
— Então eu disse que você iria dormir aqui em casa amanhã
— Fui totalmente errado, me desculpe, então se você não puder, não venha
— Eu não queria que você tivesse que olhar pra ele, mas eu só pensei depois de ter feito a besteira que fiz
Eu visualizei todas as mensagens, mas ainda não havia respondido. Precisei digerir aquelas informações ao mesmo tempo em que meus ouvidos se mantiveram frenéticos à espera de qualquer sinal de Hoseok, sejam batidas na porta, barulho de chave ou qualquer que fosse o som que remetesse a sua chegada.
Taehy Sz
— Eu não posso prometer
— Mas eu vou dar um jeito, fique tranquilo
— Está tudo bem, você estava tentando se proteger, não tem culpa disso
— Lembra que eu estou aqui pra você?
— (S/n)-ssi, você consegue ser mais do que especial
— Muito obrigado
— Ainda assim, me desculpe
— Eu te atrapalhei em algo?
— Na verdade não, apenas agravou meu estado de preocupação
— ???
— É o Hoseok
— Ele não chegou do trabalho até agora
— Não ligou e nem mandou mensagens
— Já tentou ligar?
— Já, mas a ligação chama algumas vezes e depois cai na caixa postal
— Eu acho que ele está desligando as chamadas propositalmente
— E falar com algum amigo?
— Você deve conhecer algum amigo dele, certo?
Era isso. Taehyung era realmente um gênio! Eu faria aquilo agora mesmo.
Taehy Sz
— É isso, Taehyung! Já sei com quem falar
— Obrigada
— Fique bem
— Por nada
— Vai ficar tudo bem
— Até mais tarde
— <3
Assim que enviei a última mensagem, procurei por um nome em específico: Jeon Jungkook. Não levei muito tempo para achar o chat e digitar uma mensagem claramente desesperada para ele.
Jeon Jungkook
— Jungkook? Boa noite. Você por acaso tem alguma notícia de Hoseok?
— Ele não chegou do trabalho até agora, estou preocupada
— Eu tentei ligar para ele, mas cai na caixa postal
— Me desculpe te incomodar, mas eu estou realmente desesperada
Enviei a mensagem, minutos se passaram e nada, seja de visualização ou respostas para as minhas perguntas. Meu dedo acabou por bloquear a tela do aparelho e minha cabeça caiu para trás, fechei meus olhos enquanto tentava me acalmar um pouco.
“Hoseok, o que é que tá se passando na sua cabeça? Se esqueceu de mim?”
Meu coração doía em pura aflição, até que um barulho agudo e novamente o tremor do aparelho se fez presente no ambiente juntos dos sons da televisão.
Jeon Jungkook
— Oi, (S/n)
— Ah céus, obrigada por aparecer, Jungkook
— Então
— Não lembro se disse, mas trabalhamos no mesmo lugar
— Bom, tivemos uma reunião importante hoje na empresa e depois vários ensaios importantes, mas Hoseok foi embora mais cedo hoje, ele não está no apartamento?
Como é? Além de não ter me dito que seria um dia um pouco mais puxado no emprego, não ter me ligado nem deixado mensagens e não atender às minhas ligações ele saiu cedo? Para quê? Com que intuito?
Jeon Jungkook
— Ele saiu cedo?
— É
— Ele parecia um pouco triste
— Eu até tentei falar com ele, mas foi inútil
— Hoseok estava triste? Ele esteve tão feliz por ter sido promovido
— Isso é muito estranho
— Céus, por que ele não volta pro apartamento logo?
— Fica tranquila, Hoseok sabe o que faz, são baixas as probabilidades dele estar fazendo alguma besteira
— Quem sabe ele não foi resolver algo, ou então...
— Não sei, talvez no mercado...
Parte de mim queria acreditar no que Jungkook estava me dizendo, afinal Hoseok era um adulto e sabia muito bem o que fazia, eu queria me manter tranquila, mas a outra parte ainda não conseguia. Eu temia algo, meu coração estava apertado e eu queria logo Hoseok em casa.
— Hoseok-ah... por favor, aonde você está? Volte logo, eu preciso de você comigo.
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