História Meu primeiro amor - ItaNaru - Capítulo XIV

 Deitado na cama de hospital, Deidara conseguia ver as luzes da cidade através da janela do quarto. Pareciam vaga-lumes ao longe, mas lhe trazia uma sensação de paz que há algum tempo não sentia, mesmo que estivesse naquela situação.

A cabeça doía bastante e estava sendo difícil segurar algo no estômago, por sorte a sopa que tomou instante atrás, tinha permanecido em sua barriga.

Tentava entender como havia parado naquela situação. Sempre acreditou que tinha tudo sob controle, mas percebeu como havia se enganado. E se enganado muito. Percebeu que a falta de drogas tinha desencadeado algumas atitudes estranhas em si... O ciúme excessivo que teve de Itachi, qualquer pessoa que chegasse perto dele era o suficiente para que suas paranóias viessem à tona, principalmente quando se tratava de Naruto.

Óbvio que sentia ciúmes de Itachi com Naruto, aliás, sempre sentiu, mas de uma maneira normal, no entanto, de uns tempos pra cá estava ficando insano e por conta disso acabava usando mais e mais drogas.

No que tudo isso resultou? Nele em uma cama de hospital temendo por sua vida, por seu futuro e de tudo que poderá acontecer, mas o pior é que mesmo sabendo disso, a vontade de usar estava presente.

Suspirou cansado, lembrou-se das brigas com Mei que eram cada vez mais constantes e do esforço que fazia para escondê-las de Itachi... Sabia que o outro acreditava que ele e a mãe estavam convivendo em paz, mas a verdade é que Mei fazia questão de jogar na sua cara que só viviam bem por conta da pensão de Torino, porque se dependesse dele os dois estariam passando fome, pois nem emprego tinha.

Realmente ela estava certa, Deidara tinha vergonha de nunca ter conseguido arrumar um emprego, na verdade nunca fez questão de um, pois Itachi o bancava dando-lhe dinheiro, roupas e tudo que precisava. Nunca havia pensado nisso antes, pensado em como dependia de Itachi emocionalmente e financeiramente e sabia que o namorado, se ainda podia chamá-lo assim, não tinha obrigação nenhuma de lhe dar dinheiro. E constatar aquilo o fazia se sentir, ainda mais, sujo.

A que ponto havia chego por ser tão imaturo? Deixou-se envolver por toda aquela situação por medo e ciúmes, sendo que Itachi era, acima de tudo, seu amigo e ele acabou jogando tudo fora por um relacionamento que agora via ser tóxico para ambos.

Amava Itachi, sim e como o amava, mas necessitava pensar em si e infelizmente precisou passar por toda aquela situação para perceber isso.

Ouviu a porta sendo aberta e sorriu ao ver Itachi passar por ela.

― Oi! – sua voz saiu mais baixa do que esperava.

― Oi... – respondeu Itachi caminhando para perto da cama. ― E aí como se sente? – pegou a mão de Deidara iniciando uma leve carícia.

― Mal muito mal. – respondeu observando o contato entre os dois. ― Mas vou ficar bem.

― Vai. – concordou. ― Mas sabe que não vai ser fácil. – suspirou e puxou a poltrona perto da cama para se sentar e voltou a segurar a mão do outro. ― Dei...

― Eu sei Itachi... Preciso de ajuda, mas de um especialista o que significa que terei que ser internado em alguma clínica para drogados. Não é isso? – notou o desconforto de Itachi. ― Relaxa Itachi eu já imaginava isso, afinal, a quantidade que usei já me fez tornar um viciado e isso é assustador... É assustador saber o quanto isso me faz mal e mesmo assim eu sinto uma vontade incontrolável de usar novamente, então eu sei que sozinho não vou conseguir.

― Me desculpa?

― Pelo o quê? – Deidara estranhou o pedido.

― A culpa é minha por você está...

― Cale essa maldita boca Itachi! – interrompeu a fala do Uchiha. ― Não ouse tirar isso de mim, o único culpado aqui sou eu e preciso me responsabilizar pelos meus atos... Cansei de ser um babaca e de depender de você ou da Mei, eu quero viver por mim mesmo e vou começar livrando-me desse vício. – Itachi sorriu, era bom ver toda aquela determinação.

― É bom ver você tão disposto assim... – apertou a mão de Deidara. ― Eu estarei aqui...

― Eu sei disso. – Deidara diminuiu um pouco a voz já estava ficando rouco. ― E vou precisar, mas quero que esteja como um amigo. Nosso relacionamento não vai mais funcionar Itachi, o que sente por mim não é amor nós apenas nos acostumamos a estar juntos e fazer sexo, não quero que fique comigo por pena... Não sabe o quanto está sendo difícil dizer isso, mas percebi que se quero mudar preciso pensar mais em mim, amar a mim primeiro, me descobrir e não irei conseguir fazer isso se continuar namorando você... – seus olhos estavam cheios de lágrimas, aquele passo estava sendo difícil, mas seria o primeiro da sua longa caminhada. ― Como disse você não me ama, pelo menos não do jeito que quero e saiba que a culpa não é sua... – sorriu entre lágrimas antes de continuar: ― Sabe o que acho? Acho que é quase impossível alguém despertar algo mais intenso em você, além de tesão... – aumentou o sorriso ao ver a expressão indignada de Itachi. ― Agora me diga, quando irei para o meu novo lar? – estava tentando manter-se firme, mas a verdade é que estava apavorado ao pensar que seria internado. ― Sabe que não tenho condições para isso, então espero que meu amigo faça um cheque bem gordo.

Itachi sabia que Deidara estava tentando ser forte procurando aceitar o que acontecia, seja entre os dois ou somente com ele e aquilo já era um grande passo para a recuperação.

― Doutor Hatake me indicou um amigo dele e amanhã estarei verificando tudo.

― Esse médico é muito gato só espero que o amigo seja como ele, afinal, é preciso ter algo que me distraia, não é mesmo? Porque se for como vi nas novelas eu vou surtar muito. – um arrepio percorreu seu corpo.

― Estava pensando... – Itachi começou tentando distrair o loiro a pensar em outra coisa. ― Depois que terminar seu tratamento, por que não volta a estudar? Sempre gostou de Artes, vivia dizendo que gostaria de ser um grande artista, talvez seja o momento de tentar.

― E-Eu... – gaguejou pensando na possibilidade. ― Eu até tinha me esquecido disso. – sorriu grande. ― Com certeza, é algo que quero tentar. Quem sabe consigo um estágio pra bancar meus estudos ou até mesmo uma bolsa. – estava animadíssimo, se agarraria nessa possibilidade para que seus dias em isolamento não se tornassem tão insuportáveis. ― Vem cá e me da um abraço Itachi. – Itachi teve todo o cuidado ao abraçá-lo por conta do soro. ― Obrigado, muito obrigado Itachi. – agradeceu emocionado.

― Oh! Não queria interrompê-los. – ambos encararam a mulher em pé na porta. Itachi havia avisado Mei sobre a situação de Deidara. ― Como você está filho? – aproximou cautelosa.

― Me sentindo melhor. – Itachi observou os dois na sala. Sabia que mãe e filho precisavam conversar

―Vou deixar vocês a sós. – disse e saiu. Caminhou pelo corredor indo em direção a sala de espera. Apanhou o celular e ponderou se ligava ou não já estava tarde, com certeza ele devia estar dormindo.

― Não custa nada tentar... – murmurou iniciando a ligação.

♥

Naruto foi embora da empresa com Sasuke, após o encontro com Itachi não conseguiu mais se concentrar no trabalho, Madara insistiu, durante o almoço, para que contasse o que lhe perturbava, por sorte, conseguiu achar uma desculpa. Não queria envolver Madara em seus problemas, o próprio já tinha os seus.

Percebeu o quanto Itachi estava preocupado quando o encontrou mais cedo, algo tinha acontecido com Deidara.

Durante os dias que tinha se passado, Deidara não apareceu na casa Uchiha e isso era estranho, pois era normal ele estar presente. Mas não foi somente isso que Naruto percebeu, notou também que Itachi não estava ficando muito em casa, antes do desaparecimento do loiro foram poucas às vezes que ele apareceu por lá e de todas essas vezes estava acompanhado de Deidara.

― Estou te achando meio inquieto. – comentou Sasuke enquanto arrumava sua mala.

― Preocupado.

― Com Itachi? – ajeitou a blusa de manga longa ao lado da calça dentro da mala. Sabia que o local pra onde iria fazia calor, mas não custava nada se prevenir. Encarou Naruto aguardando sua resposta, embora já soubesse.

― Com sabe? – Sasuke sorriu. Tão previsível.

― Porque eu também estou. Percebi que ele está um pouco estranho, quase não conversamos por esses dias.

― Acho que tem algo a ver com Deidara.

― Sempre tem... Itachi se preocupa demais com ele.

― Lógico eles são namorados. – suspirou ao ver o bico fofo que Naruto fazia com os lábios. Achou que ele falaria com Itachi de uma vez já que não estava mais com seu tio, mas parece que se enganou.

― Não é só isso, Naruto. Deidara e Itachi eram bastantes amigos antes de se envolverem, inclusive mantiveram contato enquanto Itachi esteve na Inglaterra. Acredito que seja como nossa amizade a diferença é que nós não nos pegamos. – sorriu matreiro.

― Idiota... Quem sabe se eu tivesse continuado aqui. – Sasuke revirou os olhos.

― Até parece que olharia pra mim com Itachi aqui, me engana que eu gosto Uzumaki... Mas agora é sério, você está pensando em tentar com ele?

― Como assim Sasuke? – Naruto levantou da cama e seguiu até a janela tentando ver se o outro já tinha chegado. ― Ele está com Deidara...

― Sabe que isso não é suficiente, Itachi está louco pra ficar com você. – disse o óbvio.

― Não é tão simples. Ele parece que realmente está tentando com Deidara... A verdade é que eu não sei o que quero. – olhou para Sasuke e Sasuke pode ver o brilho que Naruto trazia em seus olhos.

― Você sabe, mas tem medo. – aproximou do amigo. ― Não sou o melhor conselheiro e você sabe disso, mas acho que deve seguir seu coração... Pelo menos esclarecer a situação de vocês, pois tudo está mal resolvido, precisam conversar porque desde que se reencontraram Itachi vem agindo feito idiota e você só na defensiva, não são mais crianças e os dois estão sofrendo por isso, você não acha?

― É claro que acho que devemos conversar como adultos, mas tenho tanto medo Sasuke. Tenho medo de tudo que acontece comigo quando estou perto dele, meu coração acelera, tenho vontade de tocá-lo, beijá-lo, deslizar meus dedos por seu cabelo, céus têm tanta coisa que quero fazer com ele, mas sei que não podemos...

― E por que não? Que eu saiba você já não está mais com tio Madara e o namoro de Itachi com Deidara não está lá àquelas coisas. – Sasuke fechou a mala e colocou-a próximo ao guarda-roupa.

― Não vou interferir...

― É apenas uma conversa Naruto. Você não vai dormir com meu irmão ou obrigá-lo a fazer alguma coisa. – Naruto suspirou, sabia que Sasuke tinha razão. Não podia ficar com aquilo que sentia engasgado na garganta, precisava conversar com Itachi mesmo que fosse pra levar um não, pelo menos assim poderia seguir sua vida.

― É, talvez, tenha razão. Bom, já está tarde vou tomar banho e dormir estou exausto.

― Não vai jantar?

― Estou sem fome. Até amanhã Sasu...

Naruto fez o que havia dito, tomou banho e tentou dormir. Sim, tentou já que o sono pareceu abandoná-lo. Sua cabeça estava a mil, não conseguia descansar a mente, pois só pensava em Itachi. Cansado, levantou e decidiu tomar um copo d’água, talvez, fizesse até um chá de camomila.

O relógio do celular marcava quase uma da manhã, após tomar água cogitou a possibilidade de verificar se Itachi já estava em casa, mas acabou desistindo. Assustou ao sentir o aparelho vibrar em suas mãos e ficou, ainda mais, assustado ao visualizar o nome, daquele que não saia dos seus pensamentos, na tela.

― Itachi!?

― Oi... Como você está? – Naruto estranhou a pergunta, mas acabou respondendo.

― Estou bem... – fez uma pausa, pelo barulho o outro não estava em casa. ― Itachi está tudo bem com você?

― Não. – a resposta veio num sussurro. ― Eu sou uma péssima pessoa.

― Onde você está? – Naruto voltou para o quarto já procurando uma roupa para vestir.

― No hospital.

― Hospital!? – parou imediatamente em choque, temendo que algo houvesse acontecido com ele. ― Itachi...

― Não aconteceu nada comigo, Naruto. – o alivio que sentiu foi instantâneo.

― Mas o que faz aí então?

― Deidara, ele acabou passando mal...

― Itachi diga-me em qual hospital está, estou indo até aí. – disse fechando o zíper da blusa de moletom.

― Não é necessário... Eu só queria ouvir sua voz e pedir desculpas por ter sido grosso com você, eu realmente não queria.

― Não se preocupe, percebi que tinha algo de estranho acontecendo.

― Eu machuquei tanto você... – Naruto apertou o celular com força. ― Eu não queria te perder Naruto, mas também não queria largar minha vida de diversão. – ouviu o outro suspirar antes de continuar. ― Eu me sentia o máximo por saber que uma pessoa tão gentil e pura como você, fosse capaz de sentir algo por mim.

― Itachi me passa a droga desse endereço. – Naruto rosnou e enxugou o rosto, não tinha percebido que chorava. De repente todas as lembranças vieram em sua cabeça, os sorrisos, os abraços, os beijos de um passado não tão distante assim... Itachi sempre o tratou com muito carinho.

― O que está fazendo? – perguntou Naruto estranhando a atitude de Itachi. Estavam sentados no jardim localizado ao fundo da casa Uchiha, os dois usavam os uniformes escolares, pois tinham acabado de chegar do colégio. Sasuke estava preparando lanche para os três. Itachi havia apanhado uma das rosas brancas do canteiro de Mikoto e colocado atrás da orelha de Naruto.

― Está lindo! Tão pura quanto você. – sentiu o rosto corar pelo comentário e pelos olhos negros de Itachi que o observava tão atentamente.

Fazia alguns dias que estavam ficando e quando Fugaku e Mikoto não estavam em casa, como naquele dia, eles aproveitavam.

Itachi deslizou os dedos pelo rosto de Naruto e aproximou seus lábios. ― Quero muito beijar você. – sussurrou. Naruto fechou os olhos e sentiu os lábios serem tocados pelo do outro. Sabia que havia melhorado no quesito beijo, afinal, Itachi era um ótimo professor.

As línguas acariciavam-se gentilmente, Itachi mantinha uma das mãos no rosto de Naruto, enquanto a outra estava apoiada no chão. Estavam sentados no gramado. ― Adoro beijar você... – sorriu. ― A verdade é que me sinto vivo quando estou com você. – confessou.

― Naruto! Naruto! Ainda está aí? – voltou a si ao ouvir a voz de Itachi.

― Estou... Qual é o endereço mesmo?

♥

Chegou ao hospital meia hora depois, após algumas informações seguiu para onde Itachi devia estar.

Entrou cauteloso e o observou sentado no sofá, usava as mesmas roupas que foi trabalhar. A camisa social de cor clara estava com os primeiros botões abertos e fora da calça, a gravata e o paletó já não faziam mais parte da vestimenta. Ele estava com a cabeça jogada para trás utilizando o encosto do sofá como apoio e com os olhos fechados. Os cabelos estavam presos em um coque frouxo e alguns fios rebeldes desciam pelo rosto, Naruto demorou observando-o. Itachi estava mais lindo do que nunca. O tórax exposto pela abertura da camisa aparentava ser bastante firme e Naruto sentiu a imensa vontade de deslizar seus dedos por ele.

― Faz tempo que chegou? – assustou-se ao ser pego no flagra. Sorriu para disfarçar o constrangimento.

― Acabei de chegar, achei que estivesse dormindo. – Itachi levantou arrumou a camisa e tentou arrumar os cabelos. Naruto notou que seus olhos estavam vermelhos, ele havia chorado. ― Comeu alguma coisa?

― Não, estou sem fome. – aproximou-se. ― Obrigado por estar aqui. – Naruto desviou o olhar.

― Sabe muito bem que não o deixaria aqui sozinho. – olhava em volta para não encarar aqueles olhos negros. ― Será que tem algum lugar para que possamos tomar um café?

― Sim, vamos até a área de alimentação. – Naruto o seguiu, seu coração parecia que sairia pela boca a qualquer momento, não entendia o porquê estava tão agitado.

♥

― Eu não sei o que dizer Itachi. – confessou após ouvir toda a história de Deidara. ― Mas fico feliz por ele estar disposto a fazer o tratamento, já é um começo.

― Sim, acho que isso diminui um pouco a culpa que sinto, pelo menos vou poder fazer algo por ele, mesmo que seja só pagando o tratamento.

― Como assim Itachi? Pelo que percebi você não é o culpado e até Deidara deixou claro isso, então por que está se culpando? – questionou não entendendo onde o outro queria chegar.

― Eu não sei, só sei que sinto isso dentro de mim. Eu machuquei você e agora ele...

― Acho melhor você ir com calma. Confesso que passei anos pensando no que você me fez, às vezes, achava que estava fazendo tempestade em copo d’água já que não tínhamos nada sério... Porém mesmo assim me machucava. Machucava porque eu lembrava como você me tratava suas atitudes, seus gestos Itachi e foram eles que me fizeram acreditar que você sentia alguma coisa por mim, então concluir que estava enganado me machucou ainda mais... Só que agora, agora é diferente, sabe?  Sou adulto e não vejo mais as coisas como via incomoda lembrar-se do passado, mas não como antes, céus eu era apenas um pré-adolescente pra mim era oito ou oitenta... – sorriu lembrando-se dos seus planos, eles pareciam tão bobos agora. Bebeu um gole de café sentindo a garganta seca.

― Você foi embora por minha culpa...

― Ah, poupe-me Itachi! Eu iria embora de qualquer jeito, afinal, Minato e Kushina eram meus responsáveis. Então não, não foi culpa sua, embora sua atitude tenha ajudado a não me revoltar com meus pais. – sorriu novamente.

― Ah, Naru! Não sabe o quanto me arrependo. – passou a mão pelo rosto tentando minimizar o cansaço. ― Arrependo-me do que fiz pra você, arrependo-me por tudo, pelo que minha família passou quando estava na minha fase rebelde... Pelo Sasuke...

― Eu sei. Ele me contou tudo...

― Sabia que foi quando peguei vocês dois conversando pelo Skype, depois que voltei de mais uma noite de farra, foi que percebi os erros que estava cometendo? – lembrava perfeitamente das palavras de Naruto naquela noite. ― Foram suas palavras ditas para Sasuke que me fizeram repensar e ter novas atitudes e mais uma vez, depois de tanto tempo, eu voltei a me sentir vivo... Igual quando estávamos juntos. Finalmente estava tomando as rédeas da minha vida, no entanto, o vazio sempre esteve presente, aliás, ele continua... – encarou os olhos azuis. ― E some só quando estou com você e volta quando você se vai. – confessou o que sentia há muito tempo.

― Itachi... – Naruto não sabia o que dizer.

― Eu não sei o que é isso Naruto, mas sei o quanto me sinto bem ao seu lado. Talvez, seja amor por que amar também pode doer, não é? – Naruto sentiu o corpo tremer e Itachi continuou: ― Porque sinto que meu coração vai parar toda vez que o vejo com meu tio. Minhas mãos tremem e meus olhos queimam, como agora, e um desespero toma conta de mim por saber que jamais terei você novamente, mas me contento em ver você todos os dias e sermos apenas amigos porque amar dói, mas também me faz sentir vivo... É por isso que prefiro assim, saber que sou alguém capaz de sentir como qualquer outra pessoa e não um ser humano incapaz de amar. – sem palavras Naruto agarrou a mão de Itachi sobre a mesa atraindo os olhos negros pra si novamente, pois eles haviam se desviados quando o outro terminou de falar. Tomando coragem ele disse o que sentia e o que pensava.

― Kami sabe o quanto quero ignorar meus princípios e me entregar a você Itachi... – soltou tento os olhos negros cravados em si. ― Em nenhum momento você saiu do meu coração o máximo que fiz foi enterrá-lo em um cantinho, mas então quando o vi novamente tudo voltou e voltou com ainda mais força... – sorriu. ― E isso é tão óbvio porque tudo começou quando criança e estava na cara que aumentaria com o tempo... Eu vivi muitas coisas com seu tio e eu o amo, amo muito, mas é completamente diferente do que sinto por você. – acariciou levemente as mãos do Uchiha. ― Madara foi meu pilar por muitos anos e é inevitável não amá-lo, ele me acalma, mas você... Você Itachi me desestabiliza, faz meu corpo vibrar toda vez que chega perto. Deixa-me deslumbrado com a capacidade que tem de ser firme e gentil ao mesmo tempo, e o seu cheiro, céus o seu cheiro me enlouquece e me faz esquecer-se de tudo... – suas bochechas já estavam coradas. ― E quando me toca... – abaixou o olhar. ― Eu queria ser o único a senti-lo, ser o único pra você. – confessou.

Itachi levantou de supetão e o eco da cadeira se arrastando foi o único som no local, parcialmente, vazio.

Naruto foi levantando pelas mãos de Itachi, ficando frente a frente com ele.

A distância era mínima e as respirações se mesclavam, a mão ágil de Itachi foi para o rosto de Naruto trazendo sua face mais para perto, a outra mão já se acomodava na cintura alheia.

A firmeza dos olhos de Itachi deixou as pernas de Naruto mole e ele ofegou.

Itachi percorreu os olhos pela face do Uzumaki, perguntando como ele podia ser tão lindo. Deslizou os dedos pelo rosto seguindo até a nuca e prendendo os fios loiros entre eles, deliciando-se ao vê-lo fechar os olhos e entreabrir os lábios deixando um gemido escapar. Aquilo foi o suficiente para perder o resto de controle que tinha, aproximou e capturou o lábio inferior do loiro, chupando-o devagar.

Aproveitando o momento, Naruto levou as mãos até os bíceps do outro o segurando com força, não confiava em suas pernas naquele momento.

Itachi afastou e sorriu ao ver o outro lamber os lábios ainda de olhos fechados. Ignorando onde estavam ele tomou a boca de Naruto com volúpia e desejo, finalmente saciando sua vontade e sendo correspondido na mesma intensidade.

O desespero era tanto que em meio ao beijo os dentes acabavam se tocando. Os estalos dos lábios podiam ser ouvidos juntos aos gemidos baixos de ambos, estavam isolados em uma bolha de saudades e demais sentimentos, somente quando se deram conta de onde estavam se afastaram.

Longe um do outro, Itachi não conseguia desviar os olhos de Naruto, estava encantado ao vê-lo com os lábios e bochechas vermelhas. Ele continua tímido. ― Eu... – tentou dizer algo, mas foi interrompido pelo loiro.

― Não, não diga nada eu quis isso.

― Itachi! – ambos direcionaram os olhos para a mulher que acabara de entrar, Mei.

― Mei!? Aconteceu alguma coisa com o Dei? – perguntou o Uchiha preocupado e Naruto tentou ignorar a pontinha de ciúmes que sentiu.

― Não querido, está tudo bem. Nós conversamos e ele acabou adormecendo há algum tempo e como sabia que ainda estava aqui, vim pedir para que vá pra casa. Precisa descansar e não se preocupe, pois ficarei com meu filho já está mais do que na hora de agir como mãe. Eu vou cuidar dele Itachi, vá pra casa e descanse qualquer coisa que acontecer aviso.

― Obrigado!

― Imagina eu que agradeço por tudo que tem feito por ele, se você não estivesse ao seu lado não sei o que poderia ter acontecido, talvez, o pior. – e Mei o abraçou grata por tudo que ele havia feito por Deidara. Itachi simplesmente podia ter abandonado seu filho, mas não, mesmo depois de tudo ele estava lá. ― Agora vá e descanse.

― Você está de carro Naruto? – direcionou o olhar para o loiro e viu-o negar. ― Então vamos, até mais Mei. – Naruto acenou com a cabeça para a mulher e seguiu Itachi.

Naruto adorou sentir o calorzinho agradável que estava dentro do carro, além, do cheiro de perfume de Itachi. Suspirou inebriado.

― Como a gente fica? – Itachi quebrou o silêncio. Encarou o loiro e ele estava com a cabeça baixa e mordia os lábios, talvez, pensando no que diria. ― Naruto! – ele o encarou. ― Escuta bem o que vou dizer. – sua expressão era séria. ― Depois do que aconteceu ali... – apontou em direção ao hospital. ― Saiba que não vou desistir de você, não me importa Deidara ou se você está com meu tio eu quero e preciso de você... Entendeu? Não vou ignorar o que estou sentindo mais uma vez, não dá. Eu vou lutar por nós. – Naruto engoliu em seco e não disse nada, estava cansado, cansado de ignorar seu coração. ― Vou considerar seu silêncio como algo positivo e outra coisa, Deidara e eu já conversamos e ele, finalmente, entendeu que não posso oferecer mais que minha amizade. - Naruto não questionou, apenas encostou a cabeça no banco e fechou os olhos e foi inevitável na lembrar do acontecido no refeitório. Céus, eles haviam se beijado tão intensamente, foi tão bom que não parecia real. Ele realmente amava Itachi.

Vinte minutos foi o tempo que Itachi levou para chegar a casa Uchiha, subiram em silêncio segurando nas mãos e aproveitando a presença do outro, se encararam em frente ao quarto de Naruto.

― Boa noite... – disse Naruto e sentiu a mão de Itachi envolver seu rosto e o puxar para um beijo.

― Boa noite... – sussurrou Itachi com os lábios próximos ao de Naruto. Por Kami estava nas nuvens, tudo o que queria era permanecer ali beijando Naruto o tanto que pudesse, mas acabou se afastando lembrando que estavam no corredor e qualquer um podia pegá-los naquela situação. Por essa noite muitas coisas haviam acontecido e não questionaria Naruto sobre Madara, mas não permitiria que ele continuasse com seu tio não depois de tudo. ― Até amanhã. – após mais um beijo desvencilhou-se do outro.

Naruto entrou em seu quarto e Itachi seguiu para o seu, o coração de ambos vibrava de emoção, a constatação do que tinha acontecido entre eles parecia não ser verdade, porém o sabor que traziam nos lábios e a pele ainda queimando pelos toques comprovavam que tudo foi real.