História Meu vizinho Chanyeol - Dezoito

Zitao era tão legal, queria passar mais tempo com ele e a lanchonete. Não que eu estivesse interessado em comer, mas o lanche que ele levou e nos deu fez a felicidade de todo mundo. Estávamos sentados na arquibancada da quadra, comendo enquanto Jimin e Taehyung queriam uma revanche. Meu deus, esses dois eram umas pestes! 

Deveriam ser uma 16:00hrs quando todo mundo decidiu ir embora. Kyungsoo, como a boa pessoa que era levantou e ligou a frontal do celular. 

- Ninguém se mexe que eu vou tirar uma foto. 

- Kyungsoo, eu preciso... -- Zitao levantou a mão, mas Kyungsoo olhou de uma forma tão séria que aos poucos ele abaixou o braço e sentou de novo. 

Kyungsoo tirou umas três fotos nossas e quando se sentiu satisfeito, sorriu. 

- Kyung, me envia as fotos? -- Jimin levantou e tentou ver a foto no celular dele, mas o soo bloqueou a tela e se afastou. 

- Eu vou mandar no Bangtan Style, vocês que se virem pra encontrar lá. 

- Bangaytan o quê? -- Perguntei. As vezes me sinto em alagoinha. 

- Bangtan Style, baek. Nossa, o Kyungsoo te colocou lá! 

- É, mas ele ignora a gente. Inclusive vou tirar ele do rpg também, só fica visualizando! TEM QUE TURNAR, MEU BEM! 

Senti minhas bochechas queimando, eu realmente não sabia como começar conversas em grupos porque todo mundo já era amigo, o que me deixava automaticamente de escanteio em qualquer hora. Sorri amarelo, enquanto Kyungsoo passou o braço pelo meu pescoço. 

- Estou brincando, mas fala no BStyle. -- Kyungsoo se aproximou, sussurrando no meu ouvido -- um dia, quando os meninos ficarem mundialmente famosos, a gente vai poder dizer que fizemos parte do primeiro fangroup deles. 

- Então você só está dentro por isso? 

- Mas é claro que não.

Kyungsoo se afastou de mim, estava indo trocar de roupas junto dos outros meninos. Mas antes de entrar, virou para mim e abriu os braços. 

- Eu sou Namjoon biased, meu amor! 

Oxe

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Zitao desapareceu, virou fumaça. Era a única explicação que eu tinha, num minuto ele tava la e no outro sumiu sem ninguém ver, foi assustador. Voltei até metade do caminho com Kyungsoo, então ele teve que ir para a casa da avó e eu fui para a minha, precisava tomar um bom banho e hidratar meu cabelo antes de ajudar o Kris. Mas aí adivinha quem deu de cara comigo? Vou dar três dicas : ele é alto, magro e nervosinho. 

Isso mesmo, eu dei de cara com o meu vizinho, Albert. um velhinho que reclama todo dia por causa das folhas que caem no quintal dele, mas ele é tão chato que vocês nem devem lembrar dele. Pensou que era o Chanyeol, né? Não. 

Mas antes de entrar em casa eu vi essa outra pessoa também, ele estava fazendo o que faz de melhor : colocando um amplificador na frente de casa. Meu coração esfriou quando eu o olhei e percebi que ele também me encarava. Por sorte já estava na porta de casa, destranquei e entrei antes que o meu rosto derretesse de vergonha. 

Chanyeol era uma pessoa estranha, pouco tempo atrás estávamos dormindo na mesma cama e menos de 48 horas depois ele me encarava como se fôssemos inimigos, foi a coisa mais estranha que passei na minha vida e quase me arrependi de ter ficado com Chanyeol, até ver que a foto dele reapareceu para mim quando fui mandar mensagem no grupo do Kyungsoo. 

O mundo da voltas, mas eu queria mesmo era dar um tapa na cara dele. 

Subi as escadas e corri para o banheiro, dessa vez, o do meu quarto. Imagina se eu fosse pro banheiro dos meus pais e saísse de lá careca dessa vez? Not today, Satan. 

Escovei os dentes embaixo do chuveiro, a água estava tão fria que me deu sono, mas consegui fazer tudo certinho e em menos de uma hora eu terminei... de tomar banho. 

Abri o guarda-roupas e procurei alguma coisa legal pra usar, mas infelizmente eu não tinha muita roupa legal, o que me levou a usar um daqueles sites em que as meninas dizem pra gente cortar e reaproveitar a roupa velha porque ainda presta, mas no meu caso a roupa não prestava mais, foi falta de dinheiro mesmo. 

Mas ficou bom, até. Vesti um jeans cinza, coturno marrom, uma camiseta do Bad Religion e uma camisa branca por cima. Mentira, eu não andaria assim no primeiro encontro de um amigo meu. 

O coturno era preto. 

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Desci e sentei no sofá antes de pegar meu celular e desbloquear a tela, estava quase descarregado, fiquei bem triste. Yifan havia ligado algumas vezes, então decidi que era hora de ir. Levantei e fui até a geladeira, peguei uma garrafa de suco e fui até a porta tranquilamente, girei a chave enquanto bebia meu suco. 

- Precisamos conversar. 

Nunca senti tanta vergonha na minha vida quanto nessa hora, eu simplesmente cuspi o suco em Chanyeol, uma cachoeira sabor uva. Bem que mereceu, fiz minha expressão  mais indiferente e fingi que nada havia acontecido. 

- Não temos nada para conversar.

Esperava que ele fosse embora, mas Chanyeol me olhou sério, parecia pouco se importar com a roupa molhada. Me senti estranho, ele me encarava fixamente e aquilo era desconfortável. Tão logo senti sua mão na minha cintura e Chanyeol colou nossos lábios, assim, sem eu ao menos lhe dizer se queria ou não aquilo. 

Claro que eu queria, mas música a gente acompanha no compasso certo, queridos.

Chanyeol enfiou a língua na minha boca e foi se apossando do meu corpo, me abraçava com ambos braços em volta da cintura e eu me senti... Tão bem. É, talvez lá no fundo, em alguma cratera dentro da criatura complexa e sensual que eu sou, eu sentisse falta de Chanyeol, mas não queria assumir. Seu calor me fez confortável durante aquele beijo, como se meu corpo tomasse conta de tudo enquanto minha consciência gritava "vai que é tua, corpo!". Mas nossa, sentir o gosto doce dos lábios do meu vizinho novamente me fez um bem danado, nem hesitei quando o beijo desceu até o meu pescoço e senti cócegas pela respiração dele tocando minha pele, aquilo me fazia bem de uma forma tão inexplicável quanto o tamanho das orelhas do Chanyeol. 

Pensei que ele deixaria meu pescoço marcado, mas ele não continuou com aquilo, apenas respirava com o rosto afundado no meu pescoço, e o escutei murmurar algumas vezes, mas não acreditei muito naquilo até escutar a voz manhosa. 

- Desculpe. 

Chanyeol era tão doce, e ao mesmo tempo tão otário que o otariômetro chegava a tremer. Mas fiz o que deveria e o abracei desajeitadamente e respirei fundo antes de lhe dizer quatro palavrinhas

- Sai da minha frente. 

Ele se afastou e me olhou confuso, fiz um esforço enorme para não me descontrole enquanto os olhos dele brilhavam, e não era de uma forma boa. 

- O que disse? 

- Disse para sair, Yifan está me esperando. 

Joguei pra atingir mesmo. Chanyeol corou na hora e deu um soco forte na parede que me fez saltar de susto. Ele conseguia ser tão desesperado e desnecessário as vezes que me dava nos nervos.  

- Você não pode sair com aquele cara! -- Seus olhos não saíam de cima de mim, era como se estivesse tentando me corromper apenas com o olhar. -- fica aqui, eu quero conversar de verdade. 

- Claro que posso, ele é meu amigo. Agora me dá licença, por favor. -- tentei sair, mas o braço dele fechou a passagem. 

- Então você decide : ou eu, ou ele. 

Demorei alguns minutos para acreditar no que havia acabado de escutar, aquilo só poderia ser uma brincadeira de mal, mas muito mal gosto. Fechei os olhos e respirei fundo, então tive uma idéia. 

- Então... escolha entre mim e sua música. 

Chanyeol riu de canto e revirou os olhos. 

- O quê? Claro que escolheria você! 

- me escolheria ao invés do seu sonho? Largaria isso por mim? 

- Claro. 

Ele tentou segurar meu rosto, mas me afastei do seu toque. Senti meus olhos arderem com aquilo, não conseguia acreditar no que havia acabado de escutar. Chanyeol tentou me tocar outra vez, dei um tapa em uma de suas mãos e saí rápido, deixando a porta aberta e Chanyeol para trás. 

Pode parecer confuso depois de tudo isso, mas naquele momento eu soube o quanto Chanyeol era imaturo em relação ao amor, talvez até mais do que eu. Amar não é pôr alguém acima dos seus sonhos, não é se sacrificar inteiramente pela felicidade de uma pessoa só. Amor é conexão, é uma ligação onde duas pessoas são felizes da mesma forma, na mesma proporção. É realizar seus sonhos e comemorar seus êxitos com alguém que também corre atrás de suas metas. Amar não é, nunca foi ou será apertar o seu pé enquanto outra pessoa fica confortável no seu lugar, e isso era algo que Chanyeol não compreendia. 

Creio que derramei uma ou duas lágrimas pela calçada enquanto ia até a casa de Yifan, mas enxuguei o rosto quando cheguei ao portão, meu amigo estava nervoso e não precisava de mais gente tremendo na base naquela noite. 

Meu celular vibrou no bolso, mas ignorei e toquei a campainha do Kris. Não precisei tocar mais uma vez, ele abriu a porta e me puxou para dentro da casa.