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História Minha Vida Stalker! - Porque sempre foi ele


Escrita por: LoveSecret

Notas do Autor


Eu disse que voltaria rápido e talvez não tenha voltado tão rápido assim IOSAHOSIAH mas é a vida, foram problemas do tipo o pessoal começar a acampar um mês antes na fila do bangtan, sabe? Ai eu acabei indo dormir na fila também e mais mil e um problemas e acontecimentos.

O que importa é que vou concluir mais uma fic e para quem sempre para as histórias na metade, eu estou muito orgulhosa de mim mesma OIASHOISAAS Espero que tenham gostado dessa fic sem lágrimas, apenas risos e arco-iris <3

Capítulo 2 - Porque sempre foi ele


 

—Oh, Junhoe! –A pessoa que eu julguei ser Junkyu chamou por June assim que atravessamos os portões da quadra principal. —Você realmente veio.

—Eu disse que viria. –Respondeu no mesmo tom sem sal ou açúcar de sempre e a única coisa que eu conseguia fazer era passar os olhos por todos os rostos ali em busca dos olhos rasgados do Jiwon. —Esse moleque não consegue ficar em casa quieto, então resolvemos vir ver o treino.

—Yah, Kang Jun Kyu! –Voltei meus olhos para a menina de cabelos com uma parte descolorida, presos em um rabo de cavalo. Provavelmente era a Naomi. —Quem são esses? –Senti-me ofendido com a pergunta, mas sorri esperando ser apresentado.

—Esse aqui é o Koo Junhoe, um velho amigo. –Apresentou-o, fazendo com que a girafa do meu amigo acenasse em resposta. —E ele é o... –Olhou-me em duvida.

—Sou o Kim Donghyuk, terceiro ano.

—Esses pivetes ainda estão no colegial. –Reconheci Hanbin pela etiqueta que estava pendurada no seu boné, definitivamente sua marca registrada.

—Cadê o Jiwon? –Sussurrei para o menino ao meu lado enquanto os outros faziam comentários sobre a observação desnecessária do Hanbin. —Se eu me arrumei todo para não ver ele, eu vou matar você. –Ameacei-o.

—Cala a boca, porque eu já fiz muito por você, ok. –Olhou-me de canto de olho repreendendo-me.

 

Eu definitivamente não me impressionaria se a pessoa que tinha que ser substituído era na verdade o próprio Jiwon, pois eu já havia percebido e até mesmo me conformado com o fato de que nada nessa minha vida amorosa era fácil. E eu simplesmente descobrir para onde ele fugia aos sábados e encontra-lo era apenas sem obstáculos de mais.

Todas as vezes que eu desencontrei com ele por causa de alguns segundos, pois enquanto eu estava correndo até a saída do campus ele já estava acenando para o ônibus; ou então todas as vezes que consegui um motivo decente para ir até a sala dele no bloco da faculdade e ele estava cabulando ou fazendo sabe-se lá o que em algum outro lugar, provavam que quanto mais eu forçava esse encontro, minha situação tornava-se mais cômica.

Como o Junhoe diz, eu e Jiwon devemos ser um casal proibido nos céus, porque não é normal ser tão complicado assim.

 

—Ei! –Ouvi a voz do Hanbin novamente. —Vocês ouviram o que eu disse?

—Pode deixar que esse garoto bonito vai adorar. –Sem saber o que estava acontecendo, senti June empurrar-me para a parte de dentro da quadra próximo aos outros jogadores. —Eu realmente não sou do tipo atlético.

—Então eu agradeço, Donghyuk. –Observei confuso o sorriso que a Naomi me oferecia. —Eu sou mais do tipo sedentária também, vim aqui quase arrastada mesmo.

—Faça companhia para a minha garota, June e tente não deixar ela te tirar do serio. –Junkyu gargalhou enquanto me puxava em direção à rede onde os outros estavam reunidos. —Ela não nasceu para os esportes, obrigado por se oferecer para treinar no lugar dela.

 

Aquele treino que eles diziam ser rotineiro, mas que parecia mais com um intensivo preparatório para algum tipo de competição mundial, durou por mais duas horas e meia com berros e mais berros do Hanbin, se eu já não gostava dele antes, agora eu queria apenas jogar ele em uma caixa d’agua e deixa-lo se afogar lentamente.

O meu cabelo que eu havia tido tanto trabalho para arrumar estava completamente arruinado, servindo apenas para deixar o suor pingar vezes no chão e vezes no meu corpo. Eu estava um completo nojo e agradecia pela ausência do Jiwon, caso contrario ele iria sair correndo para bem longe de mim, afinal eu mesmo queria correr de mim.

Por isso quando decidiram fazer uma pausa, eu quase quis chorar de felicidade, pois aquilo parecia mais tortura que a aula de física às segundas. Observei todos caminharem até a arquibancada onde Naomi e June estavam sentados assistindo ao nosso treinamento – na verdade o termo mais adequado seria, castigo, mas não vou começar com o drama – e não pude deixar de olhar curioso para o meu amigo, questionando o porquê de todos aqueles risos, que me assustaram tanto quanto o fato de ele estar tagarelando com a menina ao seu lado.

E para chegar até a única pessoa que eu realmente conhecia ali, escalei os dois primeiros níveis daquela arquibancada, com muito esforço, já que eu não tinha força nenhuma para manter o pouco de equilíbrio que eu já não tinha no dia-a-dia. Eu sentia meus músculos doerem a cada movimento que eu tinha que fazer, condenem-me por ser sedentário, eu realmente não tenho culpa de que minha única atividade extracurricular seja vigiar Kim Jiwon.

Estiquei a mão para Junhoe para que ele me ajudasse, mas como eu já esperava, fui ignorado, quer dizer, normalmente ele mal olha na minha cara, mas com aquela garota do seu lado ele parecia nem perceber a minha presença irritante – como sempre diz –. Encarei-o por alguns segundos tentando uma conversa telepática para que ele visse o meu olhar de que aquilo daria merda, afinal, era a namorada do talvez-amigo dele, mas June estava definitivamente fechado na sua própria bolha com um sorriso idiota enquanto conversava com a Naomi.

Vendo o quanto seria inútil continuar esperando a boa vontade dele sem precisar fazer escândalo, apoiei a mão direita sobre o meu joelho para pegar um pouco de impulso e subir aquele degrau mais alto. Mas sabe quando você faz uma força inútil e seu corpo não entende direito o que é para fazer? Talvez não, mas apenas saibam que o meu corpo mole não aguentava nem se sustentar, por isso quando meu pé esquerdo saiu do nível de baixo e não alcançou o de cima, voltou para o local de inicio levando meu corpo junto.

Eu apenas podia prever Kim Donghyuk caído no chão. Eu já queria fechar os olhos agora para não ter que encarar a expressão surpresa de todos, por eu ter caído tentando subir a arquibancada. Se eu fingisse estar desacordado eles não teriam coragem de rir da minha cara e eu definitivamente precisava agradecer por Jiwon não estar ali, porque ver alguém caindo igual coco no chão não é nada atraente.

Péssimo dia que fui inventar de alimentar essa obsessão.

 

—Ei, ei, ei. –Ouvi uma voz soar em meus ouvidos ao mesmo tempo em que tive minhas costas apoiadas por algo impedindo-me de ir até o chão gelado da quadra. —Está tentando alguma manobra radical ou o que? –Sua risada chamou a atenção de todos e pelo sorriso nos lábios do meu amigo eu não queria descobrir quem era a pessoa atrás de mim.

 

Afinal, por culpa dele eu estava destruído e não no sentido de quando o vejo na academia, algo como um caminhão passando por cima de mim constantemente. Com a dor que eu sentia eu já devia ter sido atropelado umas dez vezes pelo caminhão invisível que eu queria jogar no Hanbin, que era o outro culpado por eu estar nojento daquele jeito.

 

—Yah! Você podia ter chegado um pouco antes! Esse tal de Hanbin acha que é ditador do exercito! E por sua causa eu estou assim acabado! –Expressei-me da pior maneira possível e só percebi o que tinha feito quando altas risadas começaram ao nosso redor.

—Ditador, definição perfeita para esse chato. –Yunhyeong comentou com a mão no estomago enquanto ria, mesmo que eu não soubesse qual era a real graça de ter feito aquele show na frente do deus grego, Kim Jiwon.

—Você está bem?

—Sim. –Murmurei a resposta e acenei com a cabeça com medo de não ter sido capaz de ouvir a voz que não queria sair de mim.

—Tem certeza? Você está meio pálido.

—A pressão dele cai às vezes quando o coração fica muito agitado. –June definitivamente não perderia a chance de jogar um verde. —Ele não está acostumado a correr muito, sabe? –Falou entre risos, disfarçando a primeira frase.

—Acho melhor você se sentar um pouco, Donghyuk. –Ouvi o namorado do Hanbin se pronunciar pela primeira vez enquanto caminhava até mim. —Você realmente não está com uma cara boa.

 

E como é que eles queriam que eu estivesse? Kim Jiwon sabe meu nome, ele pode ser estupido o quanto quiser, mas não tinha como desaprender o meu nome e isso já era um grande avanço. E eu tentava não pensar no fato de que ele tocou em mim ou que se preocupou comigo ou por ter conversado comigo, quer dizer, eu tentava não pensar nisso, pois me conhecendo, eu sabia que logo estaria com uma cara de retardado e um sorriso vergonhoso nos lábios.

 

—Não precisam se preocupar, eu sei exatamente o que ele precisa. –June anunciou mais uma vez. —Ele precisa apenas de um be...

—Yah, Koo Junhoe! –Interrompi-o sem me preocupar com os olhares, porque eu sabia o que sairia daquela boca estupida. —Não seja assim.

—Ia dizer que só precisa de um beijo da sua mãe. –Respondeu tirando risos de todo mundo, com exceção de mim, pois era mais que obvio que eu estava com a maior cara de cú para ele.

—Você é realmente insuportável, viu. –Levantei-me sem paciência. Se ele não queria ajudar, não precisava atrapalhar também.

 

Desci os degraus sem nem mesmo perceber quando segurei no braço do Jiwon para apoiar-me nele e não correr o risco de quase cair novamente, por conta da vergonha que eu estava naquele momento. A cena que eu tinha imaginado e planejado mais de cem vezes passavam longe desse projeto de humilhação que eu estava sendo protagonista e eu nem estava contabilizando o cheiro horroroso que meu corpo expelia.

Segui em passos pesados em direção ao bebedouro que tinha no canto direito ignorando os chamados do Junhoe para que eu deixasse de ser criança.

 

—Todo mundo achou engraçado, não é algo que você precisa se preocupar. –June alcançou-me e quase me senti emocionado por pensar que ele havia corrido apenas para tentar um pedido de desculpa no estilo Koo Junhoe.

—Mas...

—Mas na cabeça deles eu sou o amigo insuportável e você o coitado que sofre com a minha companhia. –Revirou os olhos. —Simples assim.

—Isso é um pedido de desculpa?

—Não se iluda, magrelo. –Bufou. —Estou apenas tentando te ajudar, assim você para de me atormentar com suas lagrimas por não ser correspondido.

—Você é uma pessoa tão amável, amigo. –Disse com sarcasmo que ele fingiria não existir.

—Diga algo que eu não sei. –Riu. —Agora me diz, você quer que eu te empurre ou o que?

—Do que está falando?

—Eu realmente não quero ter que correr atrás de você para você fingir cair e torcer o pé para o galã lá te levar enfermaria. –Reclamou. —Se eu simplesmente te empurrar já serve.

—Eu não vou ser jogado no chão! –Falei indignado. —Você apenas quer se aproveitar disso, fiquei longe de mim. –Afastei-me do meu amigo gigante voltando para a rodinha de pessoas que não davam atenção para gente.

—Você é um tampinha, viu. –Senti um tapa na minha cabeça e iria revidar se não tivesse tropeçado em algo que provavelmente era o pé do Junhoe. E lá estava Kim Donghyuk no chão, exatamente como ele queria. —Meu deus, você está bem?!

 

Meu olhar sobre Junhoe não podia ser mais raivoso, porque os outros garotos já vinham em nossa direção sem nem dar tempo para que eu o xingasse em segredo. A expressão falsa de preocupação dele sobre mim no chão era realmente odiável e eu teria destruído o Junhoe de varias maneiras na minha imaginação se Jiwon não tivesse colocado a mão esquerda nas minhas costas enquanto a outra pousou no meu joelho flexionado.

 

—Eu disse que você não estava bem, garoto. –Jiwon olhou com uma expressão que parecia ser de julgamento, lembrando-me do menino gordinho que eu conheci muitos anos atrás. —Está sentindo dor onde?

—Ele tem um tornozelo fraco, deve ser por isso que ele caiu. –Junhoe inventou aquilo e eu tentei não rir fazendo uma cara de dor.

—Mas você não estava jogando até agora?

—Se eu parasse o Hanbin ia dar um tiro em mim, então aguentei a dor. –Falei manhoso vendo de longe o capitão do time de vôlei revirar os olhos e protestar. —Você já se olhou no espelho? Você é assustador na quadra. –Exagerei os fatos e não me arrependia.

—Ele é carrancudo assim, mas o Jinhwan controla ele bem, não deixaria ele te machucar. –Naomi comentou.

—Yah, cala a boca, Naomi!

—São apenas os fatos, meu caro Kim Hanbin. –Gargalhou junto com os outros enquanto Junkyu passava o braço sobre seu ombro puxando-a para longe do olhar ameaçador do outro. —Jiwon, você pretende ficar ai alisando o tornozelo até quando? Não está vendo a cara de dor do menino?

—Calma, nonna! –Respondeu. —Eu pensei que o amigo dele o levaria na enfermaria.

—Ele? –Apontei para o Junhoe rindo. —Nem que eu estivesse sem pernas e sendo perseguido ele me carregaria.

—Ele está totalmente certo. –Afirmou com a cabeça. —Agora leve ele, porque se esse tornozelo piorar, eu terei que ouvir o choro dele a noite toda.

 

E ouvindo aquelas palavras lindas do meu super amigo, senti o braço direito do Jiwon passar por baixo das minhas pernas e então levantar-me sem dificuldade, parte por ele ser forte e parte por eu estar em um peso perfeito, vamos combinar, nesse ponto ele já devia ter notado o corpo deslumbrante que eu tenho. Se não tivesse percebido ele realmente precisa de óculos.

 

—Eu realmente não acho que você precise me carregar. –Comentei quando as risadas e conversas na quadra não podiam ser mais ouvidas e o silencio nos atingiu.

—Não se preocupe com isso. –Sorriu. —Eu não esperava ver você por aqui, você não parece ser do tipo esportivo.

—Já me viu antes? –Enruguei a testa em duvida.

—Kim Donghyuk, aluno do terceiro ano, que passou na minha sala ano retrasado para fazer uma pesquisa sobre o campus. –Concluiu seu curto relatório sobre mim deixando-me surpreso, ele sabia mais coisas que eu esperava. —Minha memoria é boa, garoto.

—Ou talvez nem tanto. –Pensei alto, mas por sorte não o suficiente para que ele ouvisse.

—O que?

—Não disse nada.

 

Respondi sem olha-lo de um modo como se eu estivesse querendo interromper a conversa, ou o que quer que aquilo fosse, mesmo que essa não era minha intenção. Mas eu realmente não sabia o que dizer, pois enquanto planejava todas as minhas investidas perfeitas, nunca havia chegado nessa etapa de real conversação. A realidade era que eu não tinha o que dizer, nada além do nosso passado – que é bizarro eu lembrar e ainda por cima reconhecer ele – ou sobre eu ser o tal que o enche o saco dele todo dia.

Tirando esses dois tópicos, não existia nada que servisse de ligação para conversarmos algo decente.

 

—Meu nome é Kim Jiwon. –Tive vontade de rir.

—Como não saber o nome do melhor amigo do capitão do time de vôlei? –Retruquei.

—Tem gente que não sabe, ok? –Deitou-me em uma das camas distribuídas naquele quarto improvisado e fedido, não mais que eu obviamente e infelizmente. —Não sei como não pensamos nisso antes, hoje é sábado, não tem enfermeira. –Colocou a mão nas cinturas.

—Eu não acho que torci o tornozelo, apenas preciso descansar um pouco ele, por causa de todo o esforço que eu fiz hoje. –Segui o enredo que o Junhoe havia jogado mais cedo.

—Então vamos descansar. –Sentou-se na ponta da cama sem demorar em deitar ao meu lado, deixando-me surpreso mais uma vez. —O que foi? Eu estou cansado.

—Falando assim parece que você participou do treinamento de morte do Hanbin.

—Você é meio manhoso, sabia? –Lançou-me um olhar antes de fechar os olhos. —Eu gosto disso.

 

Eu realmente estava me controlando muito, tentava ao máximo não me contorcer naquela cama pequena, mesmo que meu corpo quisesse demonstrar o quão feliz estava. Sabe aquela sensação de arrepio quando um Park Jimin admite que ama um Kim Taehyung, aquele otp da vida? Eu me sentia assim com aquelas três palavras que podiam ser o contrario do que eu estava pensando. Mas na minha cabeça doente, aquilo era um sinal verde e por conta disso eu estava quase querendo planejar meu casamento com o garoto que parecia dormir do meu lado.

 

—De verdade, se você tirar um foto, dura mais. –Espiou-me com um dos olhos antes de virar o corpo para mim. —Você sabia que continua muito bonito mesmo suado e com esse cheiro? –Torceu o nariz antes de rir.

—Ok. –Dei risada por conta do que havia dito. —Isso definitivamente não está acontecendo. Pelo o amor de deus, eu definitivamente devo ter batido a cabeça quando cai da arquibancada e agora estou tendo alucinações. –Levantei-me da cama ainda sem acreditar na brincadeira que a minha mente estava fazendo. —Junhoe com certeza dirá que essa minha doença não tem mais cura.

—Ei, pirralho, do que está falando?

—Isso não é real, Jiwon. –Falei com deboche. —Eu sou apenas Kim Donghyuk que não conversa com pessoas como você.

—Não me chame de superficial na cara dura assim.

—Está na hora de acordar. –Murmurei para mim enquanto andava de um lado para o outro. —O Junhoe já deve estar pintando a minha cara essa hora. –Revirei os olhos. —Vamos, Donghyuk, acorda, acorda!

 

Belisquei-me algumas vezes ainda inquieto na tentativa de quebrar a armadilha que minha própria mente havia criado, sem deixar-me tempo para perceber a aproximação da minha suposta paixão-não-correspondida que antes estava na cama apenas sorrindo divertido,  pois até nos meus somos esse escroto ri da minha cara. Ele grudou seu corpo ao meu e foi realmente difícil desvencilhar-me das suas mãos na minha cintura.

Seus olhos estavam nos meus lábios fazendo-me seguir até os dele, que estavam entreabertos como uma provocação ridícula que eu provavelmente não aguentaria. Ele aproximou-se um pouco mais deixando que seu hálito fresco entrasse em contato com o meu rosto. A distância entre o meu lábio e o dele era realmente absurda e ele continuava naquela brincadeira torturante com um final incerto.

 

—Se isso fosse um sonho agora seria a hora de você acordar, não acha? –Sussurrou de uma maneira que permitiu que o seu lábio inferior tocasse no meu descarregando um choque por todo o meu corpo.

—Não mesmo. –Respondi. —Eu sempre acordo depois do beijo.

—Então já sonhou comigo?

—Não faça perguntas estupidas e apenas seja homem logo.

 

Provoquei-o, pois sendo apenas uma ilusão da minha mente ou não, meu bom senso já havia ido embora no momento em que colou nossos corpos tão descaradamente. Se ele fosse um pouco mais esperto saberia que eu sou o stalker dele, mas Jiwon não parece ser do tipo de pessoa que liga para isso e eu definitivamente não estava preocupado em ser descoberto. Naquele momento eu apenas ansiava em sentir seu gosto.

E o menino à minha frente queria tanto quanto eu, por isso não demorou em pressionar meus lábios com os dele de forma bruta. Sua boca tinha gosto de menta e encaixava-se perfeitamente a minha. Brincando com os dedos sobre meu corpo, ele não se envergonhava ao tentar tatear qualquer parte de mim que estivesse ao seu alcance.

Um suspiro escapou por entre meus lábios quando senti o frio da parede atrás de mim. Aquilo definitivamente não parecia real, mas a sensação da sua língua explorando de modo provocativo minha boca estava bom de mais, estava causando zilhões de reações no meu corpo e a minha mente sem criatividade não seria capaz de inventar algo assim tão gostoso.

 Deixei meus braços circularem seu pescoço para de algum jeito ficar ainda mais próximo dele e sentir seu arrepio e falta de ar, ver o quanto seu coração estava acelerado como o meu. E nesse meio tempo seu cabelo gritava para que eu puxasse alguns fios e descontasse a brutalidade que ele usava para prender-me contra a parede.

 

—Ow, ow, ow! –Separamo-nos imediatamente ao ouvir o showzinho que alguém havia feito.

—O que está fazendo aqui, Chanwoo? –Jiwon apoiou uma das mãos na parede atrás de mim enquanto encarava o menino alto virado de costas na porta.

—O Hanbin mandou vir dizer que de sábado a enfermeira não aparece.

—Isso a gente descobriria sozinho. –Bufou e eu não consegui conter a risada. —Era só isso?

—Estamos indo para a casa da Namie. –Respondeu ainda de costas e sem graça. —Foi isso que pediram para avisar.

—Nós já estamos indo.

—E por favor, não conte o que viu aqui, Chanwoo. —Pedi e observei-o afirmar com a cabeça antes de voltar pelo mesmo caminho que tinha vindo.

—Você não é nada mal. –Jiwon sorriu de lado segurando no meio queixo, naquela pose de sou muito macho, mas ele ainda não sabe que na verdade sou eu quem mando. —Para uma criança, you know. –Completou com aquele inglês barato sem tirar os olhos dos meus, eu faria ele ficar aos meus pés, ele podia aguardar isso.

—Pena que não posso dizer o mesmo. –Afastei sua mão. —Você era muito melhor no meu sonho. –Gargalhei antes de deixa-lo sozinho naquela sala. —Você não vem?

 

Voltamos caminhando pelo corredor com uma distancia maior que qualquer outra que tivemos naquele dia. O sorriso no meu rosto não sairia de lá tão cedo, pois depois de tanto tempo finalmente as coisas deram certo de um jeito melhor e inesperado do que eu imaginaria. Talvez deus estivesse tentando se redimir comigo por complicar tanto as coisas e deu esse empurrãozinho de estar no lugar certo, na hora certa, com o quase tombo certo.

 

—Que demora vocês dois. –Hanbin reclamou. —A Namie já ligou três vezes e reclamou que está morrendo de fome, a irmã é sua, por que eu que tenho que ouvir o choro dela?

—Ela é meia-irmã. –Observei o protesto do moreno ao meu lado, pois isso sim era novidade para mim. —Mas ela é inteiramente namorada do Yunhyeong, então reclame com ele.

—Você é realmente um péssimo irmão. –Naomi revirou os olhos. —Coitada da minha melhor amiga. –Balançou a cabeça em negativo. —Vamos logo para o apartamento de vocês ou ela vai acabar comendo tudo sem a gente.

—Antes vamos comprar um churros para ela. –Yunhyeong sugeriu. —Ela vai adorar.

—Você devia parar de mimar ela. –Jiwon comentou.

—Você devia mimar mais ela e parar com essa pirra. –Retrucou. —Apenas supere o fato que ela é uma garota crescida e tem um namorado.

—Junhoe, vocês vão com a gente? –Junkyu perguntou antes de todos começarem a sair do espaço da quadra.

—Pode ser.

 

~*~

 

—Eu pensei que vocês fariam a minha pessoa morrer de fome. –A menina reclamou assim que abriu a porta para nós entrarmos. —Já viu que horas são?

—A culpa não é minha se você é um saco sem fundo. –Jiwon bagunçou o cabelo dela enquanto atravessava a porta.

—Menos drama, pirralha. –Naomi apertou as bochechas da menina deixando-a com um aspecto ainda mais infantil.

—Oppa, você vai deixar que eles falem assim comigo? –Choramingou com um bico nos lábios sendo abraçado pelo Yunhyeong com um sorriso desenhado no seu rosto. —Oh! Koo Junhoe? –Perguntou surpresa espiando a figura do meu amigo gigante por cima dos ombros do namorado.

 

Olhei confuso para a menina à minha frente que fazia sinal com as mãos para que entrássemos e ela pudesse fechar a porta, sem notar a minha testa enrugada para o menino que à pouco ela tinha mencionado. Eu, de verdade, mataria aquele meu amigo do peito, se ele não tivesse uma explicação boa suficiente para nunca ter me dito que era amigo da namorada do amigo do Jiwon.

Tudo bem que já era de se esperar ele não compartilhar essa informação valiosíssima comigo, o que me incomodava era eu ter deixado isso passar despercebido pela minha rede de informações. Tantas horas gastas com planos idiotas, que poderiam ter sido economizadas se eu tivesse descoberto essa ligação antes, eu me sentia estupido naquele momento.

Eu realmente era um péssimo stalker. E pensar que eu ainda me elogiava dizendo que eu poderia ser da CIA, meus neurônios devem estar dormindo mesmo.

 

—E ai, baixinha. –Junhoe revirou os olhos no modo comum como quando fala comigo.

—Eu não tenho culpa que você nasceu com uma altura anormal. –Reclamou sem soltar-se do garoto que estava agarrada. —A minha unnie ali é a anã do grupo, vai encher o saco dela e me erra, ok?

—Yoshioka, é apenas um centímetro! –Levantou indignada do sofá que estava com Junkyu rindo iguais bobos. —Quantas vezes tenho que repetir?

—Pode repetir mil vezes que eu vou continuar sendo mais alta. –Gargalhou alto junto com todos os outros que estavam presentes naquela sala de jantar/sala de estar. —O que faz aqui Junhoe? Pensei que eu fosse um unicórnio rosa chato e escandaloso. –Bufou.

—Você continua sendo tudo isso aí que acabou de dizer, mas estou aqui pelo meu amigo. –Deixou um tapa nos meus ombros e eu tive vontade de arrancar aquela mão tanto pela agressão contra a minha pessoa, quanto pelas indiretas que ele continuavam espalhando para o mundo. —Junkyu. –Sorriu.

—Que mundo pequeno, você é amigo do namorado da minha melhor amiga. –Comentou observando o casal, permitindo que o June torcesse o rosto em desgosto pela observação feita. Aquilo daria muita merda, podem escrever. —Você é o Kim Donghyuk, não?

—Me conhece?

—Temos aula de educação física juntos. –Explicou. —Quer dizer, era para a gente ter, mas você nunca aparece por lá. –Riu.

 

Lógico que eu nunca ia para a aula de educação física, por simples e compreensíveis razões como, aquele mini-campo de exercito ficar debaixo do sol quente das dez horas; ou pelos exercícios sempre serem feitos em dupla, e meu super amigo de infância estar sempre escondido dormindo em algum outro lugar; E também por eu definitivamente não ter nascido para uma vida agitada, quer dizer, toda a minha energia devia ser guardada para o dia cansativo de brincar de esconde-esconde com o Jiwon sem ele saber.

Porém, o que mais me incomodava é que se eu não fugisse da aula de educação física eu não precisaria nem mesmo da ajuda do Junhoe, eu mesmo poderia ter conquistado o confete rosa daquele grupo, afinal temos a mesma idade, frequentávamos o mesmo refeitório, os mesmos corredores e participávamos dos mesmos eventos. 

Sabe, a vida chega a ser bem injusta comigo, pois parece que conforme eu passo três dias quebrando a cabeça pensando em um jeito sensato de aparecer na frente do Jiwon e mais dois dias para realizar as insanidades que eu planejava, nesse meio tempo eu perdia oportunidades ridículas como conhecer a namorada do amigo dele. Talvez se eu não fosse tão psicótico assim, eu já teria presenciado a força do destino.

Minha vida é tão maravilhosa, que eu tenho vontade de chorar.

 

—Educação física não é comigo. –Balancei a cabeça. —Tenho um tornozelo fraco. –Afirmei mais uma vez, pois aquela eu levaria para o tumulo comigo.

—Bom, Donghyuk, eu sua a Namie. –Sorriu. —Vamos tentar nos encontrar mais vezes lá no colégio.

—Nem pensar! –Junhoe protestou. –Andar com esse mala já é de mais para uma pessoa bondosa como eu, carregar mais uma com barriga sem fundo, não vai rolar.

—Você é realmente adorável. –A dona do apartamento revirou os olhos.

—Isso não é novidade nenhuma.

 

June arrastou-se até o sofá sentando ao lado da Naomi e eu queria dizer que estava impressionado com isso, mas sabe aquela pessoa inconsequente que faz antes e pensa depois, tipo eu e que se arrepende muito logo em seguida? Ele é assim, tirando a parte que ele se arrepende depois, porque ele é muito inteligente para dar uma fora, obviamente. Por isso eu tinha certeza que o ultimo problema para ele era ela ser namorada do amigo dele.

E definitivamente o sorriso divertido na expressão dos três disfarçava a tensão que existiria ali em alguns dias ou semanas, porque se meu amigo quer algo, ele não abre mão tão facilmente.

Enquanto isso Jinhwan e Hanbin estavam na mesa de jantar junto com o casal fofura do grupo. À sua disposição tinham alguns pães, kimbaps, frangos e algumas garrafas de soju, era uma mistura de doce com salgado, amargo e por ai vai, e mesmo assim não pareciam se importar, apenas iam colocando para dentro sem esquecer de manter uma conversa sem noção entre eles.

Procurei por Jiwon enquanto seguia até o sofá ao lado do Chanwoo que parecia ser novo nesse grupo diferente, pois a maioria das vezes ele sempre estava quieto na dele, ou então esse apenas fosse o jeito dele, eu realmente não sabia muito sobre ele. Eu não sabia muito sobre quase ninguém ali que não fosse Kim Jiwon e, com toda a certeza, eu estava super incomodado com o sumiço repentino.

Simplesmente porque a minha mente barulhenta vagueava por ideias absurdas como um Jiwon pelado no quarto dele apenas esperando por mim. Quando eu acho que essa fixação não pode piorar, eu tenho o prazer de saber que estou muito errado. E enquanto toda a discussão rolava dentro da minha cabeça com direito a berros e xingamentos a mim mesmo, eu permanecia ansioso e apreensivo, buscando controlar meu corpo inquieto.

 

—Yah, Bobby! –Hanbin gritou segurando um mandu na mão antes de comer. —Você tem visitas em casa, quer parar de ser assim?!

—O Hadon está lá. –Namie respondeu sem tirar os olhos do prato à sua frente. —Jiwon o arrastou para o quarto assim que o viu.

—Então porque o namoradinho está aqui, ele não vai dar atenção para as visitas? –Revirou os olhos. —Eu estou com o meu bem aqui e não estou sendo anti-social. –Passou o braço pelos ombros do Jinhwan puxando-o para perto com a intenção de beijá-lo na bochecha, mas antes foi impedido pelo menor.

—Para com isso, Hanbin. –O mais velho de todos reclamou, afastando-o com as duas mãos. —Sua boca está toda suja, todo mundo está olhando. –Continuou recusando as investidas do namorado insistente.

—Fecha essa boca, Donghyuk. –Junhoe chamou minha atenção da outra ponta de sofá. —Daqui a pouco seu queixo está no chão.

 

A minha reação àquela conversa alheia não poderia ser outra e não me surpreendeu nem um pouco o olhar confuso que o meu amigo direcionava para mim tentando entender qual era o drama da vez. E não era para menos, pois como ele sempre repete como uma disco riscado, eu tenho a mania de manter um ouvido na conversa dos desconhecidos, diferente dele que não ouve nem à quem está falando com ele.

Naquele momento eu senti um aperto no coração como na primeira vez em que senti falta do sorriso cortando seu rosto espremendo os olhos que quase não era visíveis mesmo sem todo aquele eye-smile. Como assim Jiwon tinha um namorado? No máximo ele teria um casinho aqui e ali, nas quartas ou sábados, mas um namoro oficial? Isso realmente não combina com ele ou com a minha obsessão por ele.

Levantei-me sem chamar muita atenção, porque eu queria ficar sozinho com meus pensamentos depressivos por viver minha vida tão erradamente atrás de algo que o deus do otp já tinha deixado claro que não aconteceria. E se algum deles percebesse meu isolamento dramático, eu não teria os meus segundos de paz para sofrer no canto daquela sacada.

Porque Jinhwan parecia ser o tipo de pessoa que se mete nos problemas de todo mundo como se estivesse encarregado de solucionar a vida deles, enquanto o casal unicórnio teria o prazer de fazer uma sessão conselhos de casais. Sem falar de como a Naomi faria algum comentário vergonhoso e escandaloso sobre o modo como eu estava tentando manter distancia do grupo que eles diziam ser composto de pessoas tão normais quanto eu – só para vocês terem uma noção do quanto aquele nível de normalidade deles estava dentro de um nível totalmente aceitável – e pediria que alguém fosse me resgatar do buraco que eu estava me enterrando, enquanto Junhoe apenas diria para me deixar morrer sozinho mesmo.

O ponto que eu quero chegar é que eu não conseguiria sofrer sozinho como eu queria, algum deles iria me impedir de mofar ali o resto da tarde até nos expulsarem da pequena festa. Suspirei cansado e com dor de cabeça apenas ao pensar em como minha vida é difícil, eu definitivamente fui o Voldemort na vida passada, não tem outra explicação razoável para toda essa curtição com a minha cara.

 

—Ei, você não vai querer nada para comer? –Levei um susto com a aparição repentina dele.

—Não estou com tanta fome assim, podem comer sem mim. –Respondi-o ainda perdido nos meus próprios pensamentos, estava chateado, obviamente, pois em nenhum dos meus pensamentos doentios eu havia considerado a possibilidade de ele ter alguém.

—Não é como se você dissesse o contrário eles se manteriam longe da comida. –Riu enquanto caminhava até o muro baixo da varanda do apartamento deles. —Esse povo é cada um por si quando se trata de comida.

—Hm. –Soltei uma risada nasalada para não deixa-lo no vacuo, pois aquilo era a única coisa que eu conseguia fazer.

—Você está bem?

—Por que não estaria?

—Não sei. –Ergueu os ombros. —Apenas não parece com você mesmo.

—Você não me conhece, Kim Jiwon.

 

Virei meu rosto para ele encarando-o por alguns segundos. Eu me sentia patético por reconhecer ele depois de tantos anos. Era patético o modo como meu corpo reagia a sua presença.  Era patética a vontade de chorar que eu tinha naquele momento. Jiwon jamais saberia, mas me tornava a pessoa mais estupida do mundo, deixando-me viver como um boneco sem vida apenas esperando a deixa para tentar mais uma vez entrar na dele.

Quando eu não tinha expectativas de que essa obsessão maluca tivesse um futuro de verdade, as coisas eram mais fáceis, era apenas uma brincadeira e um hobby que eu usava para rir e passar o tempo. Mas aquele beijo desencadeou sentimentos que eu não esperava ter e nesse momento queria não ter.

 

—Então me conte sobre você. –Deixou as mãos penduradas para fora do apoio observando a paisagem que tínhamos diante dos nossos olhos. —Por que você mudou tão de repente?

—Eu já disse que não...

—Tudo bem, então eu começo. –Interrompeu-me. —Minha mãe casou-se novamente quando eu tinha oito anos e junto com o marido dela veio a Namie, que acabou tornando-se uma responsabilidade minha quando os dois resolveram começar a explorar o mundo enquanto a gente ficava com as empregadas. –Sorriu tentando ver algum lado bom na história. —Não reclamo por eles quererem um tempo para eles, muito menos de ter que cuidar daquela chorona, eu gosto da minha vida assim como ela é. Eu e ela com visitas de amigos uma vez ou outra.

—Ah, sim. –Sibilei apenas para que ele soubesse que eu ainda estava ouvindo.  

—Hm. Arrumei os amigos que tenho hoje, costumamos nos reunir sempre para comer alguma besteira ou ver um filme de terror que a Naomi escolhe apenas para ninguém conseguir dormir depois.  Esses momentos são minhas preciosidades, é o que eu preciso para sorrir, por isso que quando o Hadon entrou na minha vida e trouxe um pouco mais de alegria, eu não soube lidar direito com o estava sentindo...

—Não precisa me contar tão detalhadamente assim, Jiwon.

 

Olhei para o outro lado um pouco desconfortável com aquele assunto. Eu não queria ouvir sobre a vida cheia de amigo deles e muito menos sobre o menino que ele gostava. Tudo isso fazia meu estômago revirar dentro de mim. E finalmente os sintomas da doença que o Junhoe sempre alegou eu ter, dava sinal de ser real, causando algumas pontadas no meu peito, que eu nunca havia sentido antes. Era tudo muito enjoativo e ruim aos meus ouvidos.

 

—Eu quero te contar quem eu sou, Donghyuk. –Puxou meu rosto para que eu o olhasse.

—Prossiga então. –Suspirei.

—Eu realmente não sabia o que era aquilo que eu sentia pelo Hadon, pois a única vez que havia me sentido daquela maneira foi quando eu tinha dez anos. –Confessou. —Eu me sentia agitado e feliz quando estava no parque brincando com um garoto baixinho de cabelos castanhos. Eu sentia meu estômago ficar estranho só de pensar que no dia seguinte veria ele novamente. –Riu. —Eu era uma criança ainda, não sabia o que tudo isso era, não sabia o que significava, mas doeu, doeu muito quando eu não voltei a ver aquele garoto.

—E por que você não voltou a ver ele? –Perguntei tentando controlar minhas mãos trêmulas que ansiavam e temiam a resposta que ele daria.

—Eu tinha uma irmã para cuidar, não tinha mais tempo para sair para brincar. –Respondeu. —Meus pais estavam sempre trabalhando e a Namie não gostava de sair na rua, ela abominava sair na rua ou conversar com outras pessoas, então acabávamos passando nossos dias dentro desse apartamento.

—Vejo que ela melhorou. –Sorri. —Isso deve te deixar feliz.

—Você nem faz ideia. –Suspirou. —Eu realmente amo aquela pirralha.

 

Balancei a cabeça em concordância sem saber o que dizer em seguida.

 

—Você nunca pensou em procurar pelo menino? –Perguntei realmente curioso.

—Eu procurei. –Respondeu com aquelas duas palavras e voltou a encarar o horizonte sem dar-me mais satisfações.

—E? Desistiu?

—Eu parei de procurar. –Debruçou-se sobre o muro deitando a cabeça com os olhos fechados. —Não tinha mais motivos para continuar naquela busca atrás de um garoto que eu conheci há muito tempo. –Endireitou-se ficando de frente para mim. —Ele está na minha frente, por que deveria continuar procurando?

 

Arregalei os olhos surpreso sem conseguir expressar direito ou falar algo. Meu corpo simplesmente congelou com aquela confissão inesperada. No mínimo eu pensei que teria que explicar para ele que eu era o garoto dos castelos de areia, mas aparentemente ele já sabia de tudo isso. E isso estava fora de qualquer cenário meu, deixando-me igual idiota sem saber como prosseguir.

 

—Eu nunca esqueci seu nome, Donghyuk. –Segurou meu rosto entre as duas mãos, fazendo um leve carinho, que causou um arrepio por todo o meu corpo.

—Por que só agora? –Questionei. —Por que demorou todo esse tempo para me dizer quem você era?! Por que me fez esperar tanto tempo?! Por que, Jiwon?!

—Você sempre foi manhoso, hein Donghyuk. –Sorriu para mim antes de deixar um selar na minha testa. —Porque eu gostava de ver você me espionando na academia ou então na sorveteria. Gostava de ver que sempre estaria em todos os lugares que eu fosse.  –Sorriu divertido.

—Yah! –Gritei. —Você sabia de tudo isso?!

 

Eu já não sabia se ficava feliz, me jogava da sacada para enterrar minha cara em algum lugar, ou puto da vida por ter sido tão idiota a esse ponto. Agora tudo parecia ter sido um jogo dele, que insanamente, não tirava o sorriso dos meus lábios. Eu deveria estar tendo um ataque psicótico, fazendo o show do ano, ou sendo responsável pelo maior escândalo da história, por ter ficado nesse papel de protagonista estupido.

Mas era Jiwon.

 

—Você é escandaloso de mais, não tem como passar despercebido. –Explicou deixando-me envergonhado, talvez eu devesse ter ouvido o Junhoe quando ele disse que eu era muito óbvio. —De um jeito ou outro meus olhos sempre te encontravam, fosse nos corredores do colégio ou entre as prateleiras de livros da biblioteca, me impressionava você não perceber minhas secadas em você. –Gargalhou sem se importar com as minhas bochechas rosas.

 

E era obvio que eu não percebia, pois estava sempre muito ocupado imaginando coisas inúteis.

 

—Jiwon vamos começar a competição, você não vem? –O menino que eu julguei ser o Hadon perguntou depois abrir a porta de vidro da sacada e colocar a cabeça para o lado de fora. —O Hanbin disse que vai te destruir hoje. –Revirou os olhos sem perder o sorriso. Ele era bonito, mas eu sabia que eu era mais sem falar da mega história de amor que eu tinha com o Jiwon. Esse menino realmente não tinha chances contra mim.

—Só nos sonhos dele. –Respondeu confiante. —Ou nem neles. –Completou a frase enquanto puxava-me pela mão para que entrássemos.

 

Aquilo era real de uma maneira muito irreal.

 

—Preparado para levar um chute na bunda, perdedor?

—Você sabe que não consegue me vencer.

 

Jiwon falou com deboche sentando-se no chão à frente da televisão e ao lado do Hanbin que tinha um sorriso nos lábios como se tivesse alguma carta na manga para vencer o outro. Sentei-me na ponta do sofá em L, ao lado da Namie que estava abraçada ao Yunhyeong, mas o pigarreio alto do Jiwon fez com que eu olhasse para ele. E lá estava ele dando leves tapas no tablado de madeira para que eu sentasse ao seu lado.

 

—Eu não sento no chão, Jiwon.

—Primeiro, me chame de hyung, eu sempre gostei do jeito manhoso que você me chamava. Era fofo. –Compartilhou aquele pensamento sem se importar com a presença dos outros ou o meu olhar de estar mais uma vez sendo humilhado. —Segundo, você costumava rolar naquela areia suja, posso te afirmar que esse chão é bem mais limpo.

—Senta logo lá, Donghyuk. –Junhoe cutucou-me com o pé. —Não fique passando vontade para dar uma de difícil. –Um dia eu definitivamente mataria esse ser insuportável.

—Donghyuk! Donghyuk! Donghyuk! –Todos os outros começaram a gritar de uma forma infantil como se estivéssemos na quinta série novamente, mas eu apenas sentei-me ao lado dele quando ele esticou a mão para mim.

—Agora podemos começar o jogo? –Hanbin perguntou impaciente, ele estava planejando algo eu tinha certeza disso.

—Podemos sim. –Jiwon respondeu depois de passar meu braço pelo dele e ficar meio enrolado comigo. —Aliás, eu não estou com o Hadon, nós saímos apenas às vezes. Mas agora sou comprometido então não precisa se preocupar com isso. –Sorriu de olhos fechados para mim.

—Você realmente não perde tempo, né?

—Você não acha que já perdemos tempo de mais? –Jogou aquela pergunta retórica junto com um beijo na minha bochecha sem perder muito a atenção no jogo.

 

As risadas atrás de nós continuavam altas rindo de qualquer coisa, principalmente dos comentários sobre como o Hanbin era ruim naquilo. Eu realmente entendia o por que do Jiwon ser feliz com apenas aquilo. É muito reconfortante ficar ali cercado daquelas conversas sem pé nem cabeça, das provocações um com o outro. Eu poderia me acostumar com aquilo tão rapidamente que eu sabia que pareceria que sempre fez parte da minha vida.

 

—Calma! –Levantei-me sem pensar duas vezes e consequentemente tampei a tela da televisão para que ele não prestasse atenção em outra coisa que não fosse eu. —Você não pode ir para a América! É outro continente! Como você espera que eu fiquei?! –As palavras fugiam da minha boca e eu podia ver o olhar do Junhoe de "você está deixando o louco aparecer", mas minha preocupação era outra no momento.

—Eu não vou, oras. –Respondeu calmo e pedindo licença da televisão já que o Hanbin estava aproveitando para tirar vantagem disso.

—Como assim: não vou, oras?

—Eu apenas espalhei essa notícia para ver se você reagia mais rápido. –Gargalhou.

—Você o que?!

—O bicho vai pegar. –June sussurrou para Naomi que estava do seu lado. —Se prepare. –Tirou risos dos demais.

—Você é realmente infantil! –Protestei. —Como brinca com uma coisa dessas?! Sabia que eu estava quase comprando uma passagem para... Esquece, isso é estupido!

—Yah, Donghyuk! Volta aqui! –Gritou após jogar o controle no chão enquanto seguia-me para o interior do apartamento. —Eu te amo, porra! Não comece com o drama!

—Eu acho que é bom a gente colocar uma música alta, porque do jeito que eles estavam quase engolindo a cabeça um do outro na enfermaria eu tenho a impressão que eles serão bem barulhentos. –Ouvi Chanwoo comentando alto enquanto todos riam, brigando entre si para ver quem colocava primeiro uma música bem alta.  

 

E eles tinham razão, seria muito barulhento.

 

 

 


Notas Finais


Yeah Yeah Yeah YeY OIASHOIHSA FIM UHUUUL. Comeback do Beast arrancou o resto da alma que sobrou depois do comeback do BTOB. Enfim, Minha Vida Stalker! chegou ao fim e eu tenho apenas uma coisa a dizer, YHM<3 e TLC saem antes do debut dos nossos meninos (assim espero kkkkk).

Quero agradecer:

~Directolover (adorei seu avatar, super shippei eles e quebrei a cara :v);
~ChiNamy linda que sempre acompanha as minhas fics;
~ahkook;
~10Duda10 (acho que já te vi em alguma outra fic minha) <3;
~myouiprincess;
JinPrincesa, Bias, gayzona que eu amo, BFF que foi a unica que comentou <3, você sabe que te lovo muito, né miga?;
~Nam_Hyun que sempre favorita minhas fics também <3;
~yara96;
~IsaCachorroski que é um amor e sempre favorita e comenta, mesmo que o capitulo seja apenas mais um aviso que não terá capitulo novo <3

Muito obrigada à vocês que favoritaram, espero que tenham gostado <3


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