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História Minha Vida Stalker! - Apenas Rotineiro


Escrita por: LoveSecret

Notas do Autor


YEY! Olha só quem voltou, infelizmente não com You Had My <3 ou The Last Climax, por favor não joguem pedras em mim, eu juro que estou tentando atualizar as fanfics, mas está realmente dificil! E "Minha vida Stalker!" estava mofando no meu notebook desde dezembro, então eu decidi dar um jeito nisso.

Vocês já perceberam que comigo tudo é bem lento quase parando, né? Tanto para postagem de capítulos novos quando para respostas de comentários - que aliás, eu sempre leio e surto, mas fico sem tempo para responder -. Mas o que eu estou tentando dizer é que com essa não vão sofrer com demora para ler o próximo, porque é apenas uma 2Shot já terminada.

Eu realmente espero que vocês gostem e considerem isso um agrado por eu demorar tanto para atualizar YHM<3 e TLC. Beijão para todos os meus leitores lindos <3

Capítulo 1 - Apenas Rotineiro


Fanfic / Fanfiction Minha Vida Stalker! - Apenas Rotineiro

Ouvi meu despertador começar a gritar como se fosse o fim do mundo, o que me fez apenas revirar na cama resmungando palavras desconexas até mesmo para mim. Apesar de presenciar essa festa toda nas minhas manhãs quase madrugada, pelo simples motivo do meu sono ser muito pesado, ou seja, era necessário um toque gritante, eu jamais me acostumaria e sempre acordaria em um pulo assustado. Remexi-me na cama tampando os ouvidos como se isso fizesse o aparelho parar de ser irritantemente barulhento. Eu pretendia ignora-lo, pois uma hora pararia, certo? Sem comentar que os cinco passos que eu teria que dar até ele seriam torturante para o meu corpo e estado mental de noite mal dormida.

Bom, mesmo se não parasse também, não haveria muito problema já que logo estaria no meu décimo terceiro sono novamente, porque hoje é sábado e eu odeio sábados. São dias tão cinzentos, sem nenhum tipo de atividade para aumentar de algum modo a minha obsessão por Kim Jiwon. Digo isso porque eu simplesmente passo cinco dias da minha preciosa semana observando cada detalhe dessa pessoa perfeita demais para ser realmente real. E conforme o tempo passa eu fico pior, até eu mesmo admito que não é normal.

Eu era novo na escola. E quase tive um surto mental quando descobri que ele estudava lá. Minha história com Kim Jiwon é antiga de mais para ser contada em detalhes e até mesmo patética com uma quebra no tempo de pelo menos nove anos, mas ainda assim suspiraria cada vez que pensasse naqueles olhos de raposa. A primeira vez que o vi foi quando eu tinha sei lá, uns sete anos, ou algo desse tipo, pois ao mesmo tempo em que não possuía muitas memórias, eu ainda podia me lembrar bem de alguns acontecimentos e nessas pequenas lembranças, meu melhor amigo ainda não era a girafa que é hoje, sim, um dia ele já teve uma altura decente.

Estava no parquinho brincando com o meu irmão de consideração de acordo com as nossas mães que se conhecem desde sempre. A ideia era nos sermos melhores amigos para sempre, e até seguíamos esse papel bem na maioria das vezes, ou quase isso, pois nossas brincadeiras resumiam-se aos meus castelinhos de areia sempre pisoteados pelos pés pesados dele. E mesmo assim eu o adorava, achava  super divertido e com isso em mente, eu percebo o quanto já fui mais idiota.

Mas a realidade é que Koo Junhoe é um ótimo amigo tirando toda a amargura que ele carrega no coração e suas atitudes brutas. Eu sempre fui muito inocente e ainda sou, me deixo levar por tudo, acredito em tudo o que dizem e coisa desse tipo, já ele é mais sensato, então ele acaba por me proteger das armadilhas da vida, ou pelo menos era para ser assim, já que na maioria das vezes ele que era o mal na minha vida, principalmente quando brincávamos de Donghyuk faz isso, basicamente era uma versão moderna de escravidão. Porém, no entanto e contudo, no fundo bem no fundo mesmo, se você olhar com um microscópio, você pode enxergar o pontininho de bondade no coração do Koo Junhoe.

E se não fosse por essas brincadeiras estupidas, nunca teria conhecido meu amor-não-correspondido, pois em uma das idas ao parquinho de sempre, com o amigo cavalo de sempre, montando os castelinhos cafonas de sempre, Kim Jiwon apareceu. Naquela época ainda era apenas um baixinho com olhos tão pequenos, que eu não sabia dizer se estavam abertos ou não. Como em uma fotografia na minha mente, eu sempre lembraria das bochechas gordas que se inflaram ao brigar com June, dos dentes de coelho que apareceram quando sorriu para mim pela primeira vez. Deu bronca no Junhoe, dizendo que sempre nos via brincar e toda vez ele pisoteava tudo que eu fazia com tanto empenho, palavras dele.

Depois desse dia passamos a nos encontrar cada vez mais, até que ele sumiu, junto com a promessa de que sempre cuidaria de mim.

 

 

—Qual nome eu coloco na etiqueta do presente? –Ouvi a balconista perguntar ao garoto na minha frente.

 

Eu apenas queria dar um tiro no meio da testa dela, por conta da sua demora e não era exagero meu, pois já estava naquela fila há quase uma hora e ela ainda tentava embrulhar um único presente. Um presente, apenas um, que se dessem para mim, já estaria fechado e com um laço por cima. Estaria fazendo um favor a sociedade.

Bufei e revirei meus olhos. Era véspera de natal e eu só queria comprar um presente legal para mim mesmo.

 

—De Kim Jiwon, para Kim Hanbin. –Minha atenção voltou-se aos cabelos negros na minha frente. Franzi a testa ao pensar na possibilidade de ser ele, mas confesso que tive vontade de gargalhar, afinal, quais eram as chances? Havia passado tanto tempo. —Muito obrigado. –Reverenciou-se para a mulher e então saiu com a sacola em mãos.

 

E naquele momento o tempo parou não só para mim como para todo mundo, afinal, ao fundo eu ouvia a balconista me chamar, mas eu ignorava completamente, me fez esperar, agora espere também. Os clientes atrás de mim reclamavam também, mas se dependesse de mim ninguém se mexeria ali. Eu interrompi a fila e não me arrependi, ainda mais quando seus olhos encontraram os meus, pois quase que instaneamente as famosas borboletas começaram a fazer uma festa no meu estomago. Sim, era ele.

Observei-o se afastar sem perder a oportunidade de suspirar a cada passo dado dele. Os olhos ainda eram os mesmo, assim como os dois dentes tortos da frente que me mostrou quando sorriu para mim desejando feliz natal, quase arrancando o resto do meu coração que ainda não tinha explodido ao constatar que era ele. As bochechas fofas de antigamente haviam dado lugar à uma Jaw line tão definida que tiraria a sensatez de qualquer ser humano e não humano também. Era tão sexy, que chegava a ser errado.

 

—Menino. –A mulher chamou mais uma vez. —É a sua vez. Não vai querer levar a sua compra?

 

Agora me diz, que presente eu precisaria? Papai Noel já havia me entregado Kim Jiwon adiantado. Meu velho primeiro amor inocente perdido apareceu em uma versão 2.0 que não fez bem para a minha mente.

E meu emprego de meio período, quase integral, começou a partir desse dia. Virei um stalker.

 

 

Eu sempre o via na rua para cima e para baixo arrastando algum dos amigos junto. Seguir Kim Jiwon não é uma tarefa fácil, pois ele não podia ficar quieto em um lugar para eu observar sua beleza em paz, ele simplesmente fica migrando da casa de um amigo, para uma sorveteria, depois fliperama e por ai vai, até voltar oito da noite para o seu apartamento. Sua rotina diária era bem variada, mas acabei descobrindo um padrão, que facilitou a minha vida, pois correr do colégio até todos os tipos de estabelecimento de Seoul à procura dele, era realmente cansativo.

De terças, quintas e sextas sempre ia para a casa desse tal de Hanbin, que eu tive a infelicidade de descobrir não ser nenhum irmão, meio irmão, primo ou algo assim, dando corda para a minha imaginação doente que fazia meu estomago corroer de ciúmes. Ele ainda não sabe disso, mas Kim Jiwon me pertence e eu mereço ser respeitado, essa palhaçada de sair com outras pessoas que não sou eu, é uma ofensa a minha pessoa. Mas perguntando aqui e ali, descobri que Kim Hanbin era apenas um amigo, amigo que Jiwon parecia não saber viver sem.

Nas segundas e quartas ia para a academia, meus dias preferidos, pois era só chegar lá que ele praticamente arrancava a roupa. Como ele nunca percebeu minha baba por ele, eu realmente não sei, porque era um tanto quanto obvio as secadas que eu dava nele. Eu tentava me controlar, mas era um pouco difícil com ele sem camiseta levantando pesos na minha frente. Eu realmente amava segundas e quarta-feiras, na mesma intensidade em que repudiava sábados e domingos, em especial os sábados, pois no fim de semana ele se trancava em casa.

Eu pelo menos nunca o via sair. Agora se estava madrugando em algum outro lugar, a história é outra. Logo eu descobriria seu esconderijo secreto e poderia voltar a dormir em paz.

Quando entrei no primeiro ano do ensino médio, tudo ficou ainda pior, eu atingi o estagio final da minha doença, como June adorava repetir. E não era para menos, eu o via durante a manhã toda, coisa que eu não podia fazer antes, quando éramos de escolas diferentes. Ou seja, era 28 horas por dia de falação sobre Kim Jiwon e reclamações do meu adorado amigo. E eu não poderia ignorar mais os seus resmungos.

Estava ocupado de mais bolando qualquer tipo de plano para falar com Bobby, esse era o seu apelido entre seus amigos e lógico que aquele chato do Hanbin fazia parte da rodinha. Não que eu precisasse ter muito ciúmes, porque aparentemente ele já estava em um relacionamento sério – mas não oficializado – com Jinhwan. Assim, felizmente, Hanbin estava a maior parte do tempo distraído o bastante para conseguir dar muita atenção para o meu futuro namorado, enquanto eu tentava, das maneiras mais civilizadas possíveis,  mostrar ao Jiwon que eu era a pessoa certa para ele. Afinal chegar nele com um discurso sobre ser o menino que ele brincava quando tinha nove ou dez anos, é definitivamente patético para uma primeira apresentação.

Tentativas desde tropeçar no ar para trombar nele até dar uma de novato idiota pedindo informação de onde ficava a enfermaria – vai que ele se sensibilizasse com a minha atuação e me acompanhasse até lá –, falharam. Não sei quantas foram as vezes que dei de cara com ele ou perguntei algo e tive que observar ele se afastar sem questionar nada sobre mim, como se eu fosse apenas mais um aluno qualquer. E assim os dias foram passando, os meses foram se passando e nada progredia, eu até pensava em desistir dessa paixão não correspondida e aparentemente impossível, porém só de chegar naquele corredor cheio de gente nas segundas-feiras e vê-lo retirando o livro de cálculo diferencial do armário, era o bastante para meu modo stalker ser ligado.

Mas o que realmente me atormentava era o fato de já estarmos no final do ano e tudo parecer distante como se eu nunca tivesse tentado nada. Sem mencionar o boato de que era o ultimo ano dele no instituto, no país e no continente. O ridículo estaria indo para os Estados Unidos, de acordo com as minhas fontes. O que ele pretende lá, eu ainda não sei, porque acabei desanimando depois de saber dessa história sem pé nem cabeça e sentido. Ah, isso era definitivamente perturbador. Como ele pode ir para tão longe? Não posso voar até outro continente apenas para satisfazer essa minha obsessão ridícula. Ou será que posso?

 

—Não, você não pode! –Fui tirado dos meus pensamentos pelo berro de Junhoe junto com os seus murros na porta que provavelmente não fez nada para ele. Descontando a raiva em qualquer coisa como sempre. —Você realmente não pode ser mais irritante que isso.

 

Lembra quando eu disse que eu pretendia ignorar meu despertador? Eu até consegui, mas fingir não ouvir o chilique matinal do June era algo quase impossível e também um risco à vida.   A minha porta estava quase sendo derrubada pelos socos que eu imaginava não serem dos mais agradáveis. Já era a quarta vez no mês que ele vinha me ameaçar de morte para desligar a merda do despertador, se ele souber que eu odeio esse despertador tanto quanto ele, será que ele fica menos descompensado?

E eu juro que tentava desativar o despertador nas sextas anoite, mas eu simplesmente esquecia, e então todo sábado de manhã a quase balada começava no meu quarto.

 

—Donghyuk, se semana que vem você me fazer levantar seis da manhã no sábado, eu juro, que vou quebrar essa sua cara que você acha bonitinha. –June era realmente uma pessoa muito amável, me pergunto como ainda estou inteiro depois de conviver quase quinze anos enchendo o saco dele.

—Você sabe que eu esqueço! –Protestei enquanto me arrastava até a pequena escrivaninha que o minúsculo quarto permitia ter.

—Eu vou bater em você para ver se os seus neurônios criam vida. –Imitei-o com o rosto torcido, pois essa era a única expressão que ele tinha e pude ouvi-lo indo embora quase abrindo buracos no chão com seu pé pesado.

 

Já que estava levantado e com o celular em mãos, aproveitei para tirá-lo do carregador e voltar para cama. Procurei por uma certa mensagem no meio das várias notificações, e mais uma vez não tinha nada. Praguejei alto e joguei um dos travesseiros longe. Tanto trabalho para conseguir o número daquele escroto do Kim Jiwon e ele não podia nem ao menos se dar ao trabalho de responder? Meio mundo daquela escola, me quer, por que eu tenho que ficar atrás do único que estava cagando e andando para mim? Eu devo gostar de me humilhar. Deve ser isso.

Mas também quem mandou ele ser todo gato e gostoso? Ah, como odeio esse menino.

Bloqueei a tela e então deixei o celular de lado. Tinha que pensar em algum plano para chamar a atenção dele. Tantos meses se passaram e a única coisa da qual poderia me orgulhar era ter conseguido o número dele.

 

—Você está realmente louco se acha que isso vai dar certo. –June falou de modo pessimista mais uma vez.

—Shiu. –Pedi que se calasse. —Eu não estou pedindo a sua opinião.

—Sabia que ser obcecado não faz bem para a saúde? –Cruzou as pernas e encostou-se no sofá na sua pose de pessoa superior enquanto eu permanecia no chão,  elaborando mais algumas questões para o questionário falso.

—É, até porque você não tem nenhum tipo de obsessão, certo?

—Vamos apenas lembrar o fato que meu amor por mim mesmo é correspondido. –Chutou-me com raiva. —Bem diferente da sua situação onde o Jiwon nem mesmo lembra de você. Então baixa a bola, pivete. –Se eu pudesse dar um tiro nele, eu daria, mas eu ainda pensava se realmente valia a pena ir para a cadeia por causa dele.

—Eu me pergunto o que fiz na outra vida para merecer um amigo como você.  –Falei com sarcasmo revirando os olhos, antes de escrever o último tópico. –Pronto! Terminei. –Exclamei quase enfiando o papel na cara azeda do outro. —Agora é só fazer bonitinho no word e imprimir.

—Qual é o plano mesmo? –Surpreendi-me ao ver que não estava sendo ignorado por June.

—Esse é um questionário sobre a qualidade da escola, que eu vou dizer que todos são obrigados a responder, por isso é pedido e-mail e celular, para confirmar a identidade da pessoa...

—Você sabe que esse tipo de coisa geralmente é anônimo, né? –Interrompeu-me.

—Mas esse não vai ser e dai?!

—Estou apenas tentando ajudar, mas tudo bem. –Fingiu estar ofendido.

 

Tudo havia funcionado como eu tinha planejado, tirando a parte em que algumas pessoas não preencheram tudo, lógico que eu não poderia ganhar tudo de mão beijada, então para dificultar minha vida, vinte dos trinta e cinco alunos não escreveram o nome e um deles era Jiwon.

E assim iniciou-se a segunda parte do plano.  Mandei mensagem para todos os números não identificados dizendo, Minguk~ah, você não vai acreditar o que aconteceu! e em resposta eles falavam Você deve ter errado o número, aqui é fulano. Dessa maneira, finalmente consegui descobrir qual era o de Jiwon.

Eu deveria ter feito um bom uso dessa minha vantagem, planejar algo legal para dizer ou pelo menos para não chegar como alguém esquisito. Porém é bem óbvio, que eu simplesmente estava afobado de mais para, como June diz, colocar meu neurônio para funcionar. E quando fui ver já tinha desejado bom dia e boa noite três dias seguidos. Como isso aconteceu, eu realmente não entendo até hoje.

Vendo que já estava tudo uma bosta mesmo, decidi encher o saco dele diariamente, pois querendo ou não um dia ele responderia mesmo que fosse apenas um Porra, para de mandar mensagem, e eu estava no aguardo desse vento mundial.


~*~

—Donghyuk.

 

O chamado simples de Junhoe fez com que meus olhos procurassem por ele. Ele estava parado na ponta da escada encarando-me de forma entediada. Estava de pijama e descalço, o cabelo ainda estava em pé e sua cara estava com uma expressão dura como sempre. Ele ergueu uma das sobrancelhas querendo dizer algo, mas como todo mundo sabe, eu ainda não possuo a habilidade de ler a mente alheia, por isso respondi seu pedido mudo com outro, enrugando minha testa, junto com um balançar de cabeça indicando que ele deveria ser um pouco mais claro sobre o que ele queria de mim.

Podíamos nos conhecer há mais de quinze anos, mas nem mesmo oitenta anos seriam suficientes para que eu conhecesse os detalhes de Koo Junhoe, afinal a sua cara de felicidade, tristeza e dor, eram estranhamente a mesma. Alguém deveria ensinar esse menino a se expressar.

 

—Você não vai sair hoje?

—Não, por quê?— Olhei-o com uma mistura de surpresa e curiosidade, pois de uma maneira bem indireta e discreta ele estava fazendo uma pergunta sobre mim.

—Porque você está no meu lugar.

—Por um momento eu achei que você fosse me chamar para sair.

—Andou fumando o que, menino?— Gargalhou alto quase tropeçando os próprios pés e caindo no chão enquanto vinha até o sofá que eu estava deitado. —Agora sai daí.

—Eu cheguei primeiro.

 

Reclamei, afinal eu pretendia gastar minha tarde me decompondo no sofá até que chegasse domingo de noite e eu tivesse que começar meus preparativos para a segunda-feira agitada. Pois eu definitivamente faria algo memorável, ou algo que pelo menos fizesse Kim Jiwon perguntar meu nome. Era praticamente a ultima semana de aula, já que na próxima era apenas recuperação e pelas minhas pesquisas as notas dele não eram lá essas coisas. Não que pretendesse atrapalhar seus estudos ou algo assim, afinal não faria ele repetir dois anos para cair na minha classe.

Confesso que já pensei nesse caminho para me aproximar do Jiwon, mas me recuso a acreditar que demorarei mais dois anos para conseguir ter uma conversa decente, que não seja sobre onde fica algum lugar, com ele.

Para falar a verdade, a essa altura eu já não acreditava em uma conversa decente. Sempre quando penso em quais seriam as minhas primeiras palavras para ele, meu discurso sempre começa com:

 

—Então, lembra de mim? Eu sou o Kim Donghyuk e você costumava brincar comigo no parquinho. Eu montava castelinhos.

 

Minha vida é definitivamente triste.

 

—Vamos. –Ouvi June falar. —Tira essa bunda daí logo.

—Eu cheguei primeiro, Junhoe. –Protestei mais uma vez. —Pega uma cadeira na cozinha ou senta aqui na pontinha. –Apontei com o dedão do pé, que eu senti medo de perder quando vi o olhar do outro menino.

—Eu vou é sentar em cima da sua cara. –Sorriu de uma maneira medonha que causou arrepios no meu corpo e consequente rolei para o chão. Minha vontade de mexer um músculo aos sábados era igual a -289.

—Eu tinha chegado primeiro. –Murmurei.

—Por isso mesmo que tem que dar licença. –Riu. —Você já teve seu tempo com o sofá, agora é minha vez.

—Isso é tão injusto.

—Culpe sua mãe por me obrigar a dividir uma casa com você, por você não saber se virar sozinho. –Passou por cima de mim, sem pisar em nenhuma parte do meu corpo, deve estar de bom humor. —Agora passe o controle para cá.

—Eu preciso de silêncio para pensar. –Escondi o controle remoto em meus braços mostrando que eu falava sério.

—Se você não der o controle, você vai até a televisão apertar o botão e mudar de canal sempre que eu quiser. –Indicou quais eram as opções e eu acabei por entregar-lhe o aparelho.

 

Sentei-me no chão com as costas apoiada no sofá de camurça. Inclinei a cabeça para um lado, para o outro e o vazio começou a tomar conta de mim. Mesmo que todos os meus sábados fossem assim, eu nunca me acostumaria a não sentir a adrenalina ao ter que me esconder às pressas quando o Jiwon virasse na minha direção. Porque eu preciso saber o que ele está fazendo; saber com quem ele está; saber se está por ai se declarando para algum mero mortal que não sou eu.

Essas perguntas sem respostas ficam rodando pelo meu inconsciente cutucando aqui e ali, rindo da minha cara e me tirando do sério, pois aos sábados eu não podia fazer nada. Ficava apenas em casa me remoendo nas duvidas que preenchiam meus pensamentos, deixando minha imaginação cuidar do resto de uma maneira tortuosa.

Estava estático olhando para o nada mais uma vez, preso dentro da minha própria mente. Algum dia ainda sairia nos jornais Garoto de 17 anos tem um colapso mental por conta de um amor não correspondido.

 

 De pouquinho em pouquinho meu corpo ficou cada vez mais fraco, escorregando para o lado que era permitido e quando dei por mim, já estava deitado no carpete marrom. E se dependesse de mim ficaria ali até segunda feira, pois eu realmente não tinha rumo nos finais de semana. Parte culpa do Jiwon e parte culpa do Junhoe que nunca saia para lugar nenhum comigo. Eu teria que implorar muito e fazer muito drama, mas nem isso eu estava apito.

Virei-me e fiquei de barriga para cima mirando o teto sem graça. Entrelacei meus dedos sobre meu estômago e fiquei na famosa posição de morto. Se eu pelo menos tivesse alguma ideia, eu não ficaria sem vida assim, afinal as horas vagas que eu tinha sempre serviram para elaborar meios de chegar até Kim Jiwon, mas já foram tantas as tentativas que eu não sabia mais o que pensar.

 

—Toma. –Observei um travesseiro cair sobre a minha cara. Apenas Junhoe sendo amável sem deixar de ser bruto. —Não fique com a cabeça no chão, vai prejudicar os seus neurônios defeituosos.

—Eu sei que no fundo se importa comigo.

—Cala a boca. –Cantarolou de uma maneira quase meiga que me fez rir e receber um pé no estômago.

—Você deveria me ajudar a falar com o Jiwon.

—Eu ainda não faço milagres. –Riu escandalosamente como sempre fazia.

—Nossa, Junhoe, será que você pode ter um pouco mais de consideração comigo? –Reclamei. —São mais de quinze anos de amizade, você podia fingir que se importa, né? –Enruguei a testa ao constar que ele estava me ignorando. —Poxa, eu sempre te ajudo com as meninas que você está interessado, eu...

—Não é como se eu pedisse sua ajuda. –Sussurrou interrompendo-me.

—Mesmo sem pedir ajuda, eu ajudo, porque sou um amigo bom para você e...

—Você quer que eu faça o que exatamente, para que você cale a boca?

 

Na verdade, a ajuda do Junhoe não era muito útil, já que qualquer que fosse o plano ou o papel dele no plano, sempre acabaria nele estragando tudo e falando algo como: Olha, meu amigo ali está obcecado por você. Será que você poderia me fazer o favor de dar uns beijinhos nele? Por isso incluir meu super amigo em qualquer um dos meus planos seria pura estupidez.

Eu ainda acho que o melhor jeito seria chegar até o grupinho de amizade. Todo mundo sabe, amigo do meu amigo é meu amigo também, mas quais eram as minhas opções de amigos? Não eram muitas e June não se aproximaria de ninguém que eu pedisse, apenas para ser meu passe livre até Jiwon, pois como ele diz ele: ele é legal demais para sair socializando com todo mundo. E depois começaria o discurso de como eu sou sortudo de tê-lo como amigo. Ele não sabia o quanto eu agradeço aos céus por esse presente que Deus me deu.

Mas enfim, Jiwon possuía dois grandes amigos, pelo o que havia percebido se resumiam a Hanbin e Yunhyeong, sendo que o último era da sua sala. Depois vinha Namie e Jinhwan, pois esses andavam com ele apenas por estarem com um dos amigos dele. Todos os seus amigos próximos estavam comprometidos, ele era o único solteiro, ele não se sentia excluído? Eu me sentiria e por isso estava disposto a tirar ele dessa solidão, minhas intenções não eram inteiramente egoístas, no fim das contas estaria ajudando ele também.

 

—Já sei como pode me ajudar! –Arregalei os olhos e bati palmas em felicidade, pois se eu estivesse certo, o portão de ferro até Bobby seria aberto e eu entraria lindamente. —Qual era o nome daquele seu amigo que tem uma banda? Kang alguma coisa, não é? –Levantei e coloquei-me de frente para o meu amigo que agora era a solução para os meus problemas.

—Está falando do Jun Kyu? –Perguntou um tanto quanto indignado. —Ele não é meu amigo.

—Kang Jun Kyu! –Gritei de felicidade. —Você é amigo do Jun Kyu, que está tendo um rolo com a amiga da namorada do amigo do Jiwon! –Conclui aos berros por finalmente resolver o maior problema de todos, eu sabia que investigar os amigos dele não seria algo inútil.

—Como é? –Observei o olhar confuso do Junhoe, mas não me daria o trabalho de explicar. —Nem explique. –Balançou a cabeça. —E qual é o motivo da felicidade? –Acenou com a mão para que eu saísse da frente da televisão. —Conhece alguém que conversa com ele?

—Você, seu idiota, não ouviu nada do que eu falei? –Revirei os olhos. —Volte a falar com ele. –Sorri de forma pidona.

—Eu não falo com ele faz uns dois anos, não vou atrás dele agora, só porque você quer. –Respondeu sem olhar para mim. —Muito menos para alimentar essa sua doença.

—Koo Junhoe! Deixe de ser criança, ele tentou falar com você várias vezes depois que você se afastou dele. O menino estava ocupado com as coisas do colégio, último ano, provas. Supere esse abandono. –Reclamei. —Ele é seu outro único amigo do mundo.

—Não torre minha paciência, Donghyuk.

—Por favor, June. –Pedi manhosos, ou melhor, implorei ficando de joelhos abraçado a sua cintura. —Se você voltar a falar com o Jun Kyu, então ele vai te apresentar para a namorada e como nós somos quase uma pessoa só, eu serei apresentado também e depois disso começaremos a andar com eles e então vou começar a conversar com o Jiwon de uma maneira normal e ocasional.

—Ninguém para de falar comigo. Eu paro de falar com as pessoas. –Reclamou. —Negativo.

—Você nunca mais vai me ouvir falar de Kim Jiwon. –Minha voz estava chorosa e o bico em meus lábios devia estar maior que o de costume. —Eu juro!

—Você é um pé no saco mesmo, viu.

 

Meio surpreso e até mesmo em choque, observei Junhoe procurar pelo celular enquanto resmungava. Talvez a sua vontade de nunca mais me ouvir reclamando isso e aquilo sobre o Jiwon fosse maior que a sua personalidade anti-social e politica contra ações caridosas. E eu até poderia me sentir ofendido por ter um amigo tão não ouvinte como eu não merecia, mas naquele momento, a única coisa que eu poderia me importar era que Jiwon estava praticamente na minha mão.

No entanto, porém e contanto isso me daria ainda mais dor de cabeça, afinal como não parecer louco ou pirado quando já se é bem evidente? Como explicar meu número ser o mesmo que o do stalker dele, que manda bom dia e boa noite todos os dias da semana, quando ele se apaixonar por mim e pedir para trocarmos números? Pois era mais que obvio que não estávamos juntos porque o destino ainda não tinha nos atingido para fazer um encontro casual, porque uma vez que ele realmente olhar para mim e reconhecer quem eu realmente sou, os papeis irão se inverter.

 

“Por que você não arrombou minha vida antes, Kim Donghyuk?”

 

Essas serão as palavras de Kim Jiwon quando ele perceber que nascemos um para o outro e por esse mesmo motivo me auto encarreguei de cumprir o papel daquela força maior e invisível, chamada destino, que parecia estar tirando umas férias prolongadas. Mas agora eu apenas precisava pensar em uma explicação coerente para o momento em que ele finalmente estivesse aos meus pés.

Parece que eu resolvo um problema e me aparece outro ainda maior. Eu devo ter sido pecador na vida passada.

 

—Não! –Exaltei-me em desespero. —Calma!

—Calma o que, moleque? –Junhoe perguntou em um tom de advertência por ter assustado-o com meu berro. —Você não estava beijando o meu pé para que eu enviasse essa bosta de mensagem?

—Na verdade, eu nunca pedi para você mandar mensagem nenhuma. –Tentei fazer-me de inocente, mas a expressão do meu amigo dizendo que me mataria acabou por me intimidar. —Ok, mas o que vai acontecer quando ele se apaixonar por mim e descobrir que na verdade eu sou o stalker?

—Não viaja, Donghyuk. –Revirou os olhos. —Você nem sabe se ele curte o seu tipo.

—Koo Junhoe, olhe para esse corpo, esse rosto e não vou nem falar da personalidade brilhante que eu tenho. –Indiquei com o dedo para onde ele deveria olhar. —Você acha que alguém resiste a tudo isso?

—Não tenho dúvidas de que muita gente resiste sim. –Riu de forma maldosa dando um tapa para que eu parasse de tampar a tela da televisão. —Ele resistiu até hoje, oras.

—Mas é que talvez ele não tenha olhado bem para mim ainda.

—Como sua mente quiser imaginar, meu caro amigo. –Sorriu. —Aqui está a resposta para todas as suas perguntas. –Com o olhar superior de sempre entregou o celular para mim.

 

Me:

Yah, Jun Kyu, sou eu Junhoe.

 

JunQ Block:

Eeeish, Junhoe, parou de falar comigo e perdeu a educação? Para você é Hyung, você sabe disso, certo?

Mas me diga, o que eu fiz para merecer uma mensagem do rei divino?

 

Me:

Deixa de ser chato, Hyung.

Eu estava pensando em fazer umas aulas de cantos, mas queria saber se vale a pena ou nem. Você tem um amigo que é bom com isso, não?

 

JunQ Block:

O Gunwoo Hyung? Sim, ele é o melhor e vai adorar te ajudar, sempre me encheu o saco dizendo que sabia que você tinha potencial, mas você não responde minhas mensagens, né.

 

Me:

Posso encontrar com vocês agora então? Porque agora é horário de ensaio, certo?

 

JunQ Block:

Mas que Dongsaeng maravilhoso, mesmo depois de dois anos ainda lembra bem meus horários.

 

Me:

Hyung, eu vou parar de te responder...

 

JunQ Block:

Deixa de drama, June.

Na verdade, agora eu não estou ensaiando. Minha namorada teve que substituir alguém no time de vôlei. Vim acompanhar ela. Estou aqui na quadra da faculdade, mas mais tarde eu posso te encontrar para apresentar o Gunwoo hyung.

 

—O que isso vai mudar na minha vida? –Perguntei revoltado, pois achei que ele realmente tivesse a resposta para alguma das minhas perguntas. —Que você quer sair cantando na rua, eu já sabia.

—Porra, Donghyuk, leia as entrelinhas! –Apontou para a última mensagem. —Quem faz parte do time de vôlei, santo deus? Que tipo de stalker você é?

—Não me diga que... –Sorri de orelha a orelha mostrando todos os dentes, pois agora eu sabia onde o Jiwon se escondia no fim de semana e sabia exatamente como me aproximar dele de forma civilizada ou nem tanto como me jogar nele quando uma bola me acertar. —Junhoe, você é o melhor.

—Diga algo que eu não sei. –Fez um aceno com a mão para que eu parasse de falar com ele. —Agora vai lá para o seu quarto e me deixe em paz.

 

~*~

 

Aquele com toda a certeza foi o banho mais longo que já tomei na vida, superando até mesmo os de sexta a noite que costumam ser basicamente as minhas turnês mundiais de estrela do rock, ou os de quarta quando eu geralmente estou frustrado com o ruim desempenho de todos os meu planos mirabolantes. Porque obviamente precisei lavar meu cabelo três vezes e passar o condicionar hidratante para que os meus fios descoloridos não parecessem ressecados. Nesse primeiro encontro oficial, a primeira impressão seria extremamente importante.

Por conta disse demorei mais quarente e três minutos praticamente virando meu guarda-roupa de ponta cabeça, pois nessas horas definitivamente todas as roupas vestíveis somem. A ideia de ir pelado realmente passou pela minha cabeça quando fiquei muito frustrado$ por não achar nada que me agradasse, mas o murro de Junhoe na porta fez com que eu me apressasse.

 

—Se você não ir logo, vai perder sua chance. –Diminuiu o tom de voz encarando a três montanhas de roupas no chão ao lado da cama. —Eu definitivamente não irei ajudar você com isso depois.

—Como se eu fosse perder meu tempo pedindo algo como isso. –Revirei meus olhos antes de voltar a avaliar o meu reflexo no espelho. —Você acha que essa roupa está muito exagerada?

—Se você já estiver indo para casar com ele, definitivamente não está exagerado. –Recostou-se na parede sem conseguir conter a risada. —Tira esse terno pelo o amor de deus, Donghyuk.

—Mas ele me deixa tão bonito.

—Você só vai parecer mais louco do que já é. –Ergueu uma das sobrancelhas. —E isso é algo que você quer evitar, certo? Por isso seja um menino esperto e ouça o que estou dizendo.

 

Tirei a calça social e o blazer enquanto Junhoe rodava na cadeira de rodinhas, ele conseguia se divertir com coisas pequenas assim, por isso nunca precisava fazer nada muito grande como uma pessoa normal e por esse mesmo motivo eu sempre mofava no tédio. Peguei um shorts bege que parava dois dedos acima do joelho, que eu havia jogado sobre a cama na terceira tentativa. E vesti a regata branca que o June jogou para mim, junto com o cardigan azul claro que estava pendurado no encosto dele.

Acabou por ficar um estilo casual e minhas pernas seduziriam Kim Jiwon mesmo que ele tentasse desvencilhar-se de todas as minhas investidas. Calcei o All Star azul marinho de sempre e chamei o menino para que fossemos. Afinal o treino deles não esperaria a noite toda por mim, por isso insisti que apressássemos os passos quando confirmei no relógio de pulso que já passavam das duas e meia da tarde.

O dia estava agradável, mas ainda assim podíamos sentir o calor dos raios de sol, por conta disso June teimava em permanecer na marcha lenta que estava. O campus do nosso colégio que dividia com o bloco da faculdade ficava há exatamente cinco quadra s, que poderiam ser vencidas em cinco ou sete minutos no máximo. No entanto o passo quase parando do azedo transformaria aqueles poucos minutos em no mínimo vinte minutos.

Resolvi puxar-lhe pelo braço, atitude que quase fez com que eu perdesse minha mão e rendeu muitas reclamações e palavras feias. Apenas coisas do nosso cotidiano, então nem mesmo dei-me o trabalho de pedir que parasse, uma vez que estaria somente gastando saliva, pois assim como minhas palavras entram por seus ouvidos, saem rapidamente pelo outro sem fazer mudança qualquer na sua vida.

 

 

 


Notas Finais


Logo eu posto a última parte OIASHOISAHOISAH bem diferente do que todo mundo está acostumado a ler vindo de mim, certo?
Espero que tenham gostado <3


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