O barulhento sino tocava ecoando por toda a vila de Neville. O som tão alarmante indicava a chegada da meia noite. As ruas antes movimentadas rapidamente ficaram vazias. O vento gélido soprava fortemente, deixando o ar congelante e cobrindo o lugar por uma densa névoa. Algumas pessoas ainda se mantinham de pé, com suas lamparinas acesas que iluminavam suas janelas, deixando o vilarejo quase idêntico a um céu estrelado se visto de cima.
Uma jovem de longos cabelos róseos corria freneticamente para se salvar de algo que lhe perseguia. A adrenalina percorria todo o seu corpo e a sensação de desespero aos poucos tomava conta de sua consciência. Ninguém iria sair de suas aconchegantes casas para ajuda-lá naquela noite e sabendo disso, Sakura só pensou em correr para safar-se de alguém, também conhecido por Conde Drácula. Sua teimosia em permanecer até tarde dentro do bosque agora estava custando a sua vida.
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Algo nas sombras me espreitava durante uma de minhas caçadas. Vovó Tsunade havia me alertado naquele dia para que eu não chegasse muito tarde em casa. Desde a minha infância as pessoas do vilarejo contavam aos seus filhos sobre uma misteriosa criatura que se alimentava de sangue humano e com o tempo descobri se tratar do Conde Drácula, cujo nome era desconhecido.
O anoitecer chegava, trazendo consigo um vento forte e uma tenebrosa névoa. Aquilo dificultava bastante minha visão, me fazendo perder dentro do bosque. Aos poucos fui me desesperando e para piorar a minha lastimável situação, avistei um vulto preto que avançava rapidamente em minha direção, contrastando apenas seus olhos em tom escarlate, vermelhos como rubi.
Minhas pernas enfraqueciam cada vez mais e o fôlego foi me faltando. Em instantes tropecei nos meus próprios calcanhares e fui até o chão coberto por neve. Naquele momento, apenas aceitei meu fim.
- O quer que esteja atrás de mim, me dê uma morte rápida. - Implorei quase chorando enquanto permanecia caída sobre a neve.
Ouvi seus passos cada vez mais próximos. Era a morte chegando.
- Vocês humanos são pateticamente indefesos e inúteis. A única utilidade de sua raça imunda é o sangue correndo em suas veias. - Resolvi encarar a figura que falava com um certo desprezo na voz e me deparei com uma figura não muito nítida devido a escuridão.
- Por favor, não me mate! - Foi a única coisa que consegui falar, mas sabia que aquelas palavras não convenceriam o Conde Drácula.
Ele riu, como se a situação lhe fosse prazerosa. A crueldade era facilmente estampada por seu olhar. Ele não teria piedade, só se entreteria com o sofrimento alheio vindo de nós humanos.
- Me desculpe vovó. - A tristeza era iminente. Já não me restava esperança alguma. Ninguém jamais aparecia naquele lugar, ainda mais se tratando de um bosque.
O homem que parecia escutar os meus lamentos adquiriu feições sérias e pude vê-lo melhor após uma luz estranha iluminar aquela pequena área. Nunca haviam me dito o quanto aquela temível criatura em forma humana conseguia ser tão bela. Seus cabelos pretos e sedosos balançavam com a brisa gélida. Sua pele pálida se assemelhava um pouco a minha. Seus olhos antes vermelhos agora estavam escuros e menos medonhos. Ele mantinha seu constante olhar sobre mim e parecia relutante em tentar fazer algo.
Ficamos nos encarando sem trocarmos uma palavra. Vi uma oportunidade em tentar fugir e fui o que fiz, porém não obtive sucesso. Em pouco tempo ele se teletransportou em minha direção. Estava prestes a chorar. Pensei em todas as pessoas importantes para mim, principalmente em Tsunade e na aflição que ela estaria por não ter nenhuma notícia sequer sobre meu paradeiro.
- Me mate logo. - Implorei ao conde. - Por favor, livra-me de meu sofrimento. - Ele pareceu compreender as minhas palavras. Foi o que pensei quando deparei com seu olhar um pouco misericordioso.
- Deixarei ir desta vez. - Disse por fim me surpreendendo.
Fiquei estática. Jamais o conde drácula teria mostrado esse tipo de compaixão antes e eu era sua vítima. Pensei em algo que pudesse servir de agrado e me lembrei de uma pequena lâmina guardada em um dos bolsos da capa que eu estava usando. Passei ela sobre minha pele sentindo um leve ardido e fazendo o sangue escorrer até meu braço exposto.
- É tudo que tenho a oferecer como agradecimento. - Me aproximei para perto do homem. Pude ver que suas presas antes escondidas estavam totalmente a mostra.
O belo vampiro abocanhou ferozmente meu pulso, sugando fortemente o meu sangue. Era notável a sua fome por sangue. Senti suas presas em contato com a minha pele e senti que a qualquer momento ele fosse fincá-las em minha carne.
A luz que antes iluminava aquela pequena área parecia se enfraquecer com o decorrer do tempo. A imagem do conde a minha frente se tornava um vulto e seus olhos novamente mudaram para aquele tom em rubi.
Meu corpo estremecia com o vento gélido e o corte sobre minha pele ardia me incomodando um pouco.
O misterioso homem voltou a me observar na imensa escuridão.
- Mitternacht, bela jovem. - Ele disse e de repente me senti zonza.
Minha queda foi amortecida pelos seus braços. O conde me olhava ternamente e parecia correr pelo bosque enquanto me carregava em seus braços. Rapidamente adormeci e só acordei no dia seguinte com Tsunade ao meu lado. Sua expressão era de alívio, mas não fui livrada de receber seus sermões. Contei tudo a ela, mas ocultei sobre ter encontrado o belo homem no bosque.
Desde aquele dia, me perguntei diversas vezes se voltaria a vê-lo e se descobriria o motivo de ter sido poupada.
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Por muitas gerações a história do Conde Drácula foi contada. Haruno Sakura continuou suas caçadas dentro do bosque com esperanças de rever o vampiro novamente. Algumas pessoas passaram a criar pequenos grupos para dar fim ao que com os anos se tornou apenas uma lenda.
Sakura se via frustrada por não conseguir rever o belo homem. Aos poucos aceitou os sentimentos que se afloravam dentro de seu peito. Não sabia o motivo de amar rapidamente alguém como aquele ser, porém tudo pode acontecer, mesmo de uma forma inusitada.
Em uma de suas caçadas, quando o dia se escurecia, a rosada se perdeu novamente dentro do bosque e foi então, exatamente a meia noite, que ambos se reencontraram diante de uma situação parecida com há de um tempo atrás.
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