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História More than a Simple Conection - "Petulante até o fim"


Escrita por: MrsKah

Notas do Autor


Oi meus amores! Sei que é demorado mas finalmente aqui estamos nós mais uma vez!
Esse capítulo é inteirinho só do nosso casal preferido, então aproveitem <3

Boa leitura!

Capítulo 14 - "Petulante até o fim"


   Ravena prendeu os seus cabelos mais uma vez, não queria que eles caíssem na frente de seu rosto enquanto tratava os machucados do rapaz que insistia com aquelas lamúrias e gemidos dramáticos, não duvidava que ele sentia dor, contudo, achava muito exagerado todo aquele barulho, não era difícil fingir que não doía; seu pulso estava tão ruim quanto a última vez, talvez um pouco pior por ter manifestado uma quantidade significativa de poder por culpa de sua raiva. Iria meditar, iria até Nevermore, já deveria ter feito isso desde o primeiro dia, contudo, meditar em paz e continuamente era difícil naquele lugar, quando pensou que finalmente conseguiu, uma vez, acabou cochilando por se sentir muito cansada; normalmente não o faria, porém, pela ordem de Logan, dormia sempre que se sentia com um mínimo de fadiga. O enforcaria com aquelas algemas quando se libertasse.

   Retirou a sua capa, a deixando pendurada no gancho que sustentava a rede e olhou brevemente para todos os seus ferimentos; havia o corte na cabeça que já não sangrava tanto, parecia ter vindo de uma pancada; o corte no seu antebraço, não estava muito fundo, mas todo o sangue meio fresco que manchou uma boa parte da sua pele e roupas fazia parecer pior, seria necessário costurar para que cicatrizasse mais rápido; tinham alguns hematomas, um enorme roxo bem abaixo do queixo dele era algo a se destacar. Ainda preferia cuidar do ferimento de Jeremy, por mais insignificante que fosse.

   Pegou um pote, o enchendo com a água fresca armazenada num dos barris e pegou alguns pedaços de pano; se sentou num banco que estava ao lado da rede, ficando numa altura próxima e molhou o pano na água, o torcendo para tirar o excesso antes de aproximar o mesmo do rosto do mais alto, pressionando muito levemente apenas para limpar o sangue ao redor do corte, conseguia perceber o galo começando a querer crescer, achava que poderia ficar engraçado, como se aos poucos um tumor estivesse se manifestando.







 

      — Não precisa fazer isso se não quiser. — Resmungou em meio a uma careta de dor, preferia desmaiar logo.

 

      — Como sabe que eu não quero fazer? — Indagou concentrada em limpar o seu rosto e continuou o que estava fazendo, mesmo que precisasse segurar o seu maxilar para que ficasse estável.

 

      — Está escrito na sua cara. — Respondeu soltando um rosnado pela área da sua mandíbula estar doendo por culpa daquele soco, nunca tinha lutado tão mal na vida, se não ficasse pensando na segurança daquela praga o tempo inteiro, nada de muito extremo teria acontecido. — E eu vi a sua decepção quando a Kori se voluntariou para cuidar do Jeremy.

 

      — Estranho seria se eu quisesse cuidar de você. — Ressaltou, tentando o fazer parar de mexer tanto para que não fizesse algo com o corte por acidente. — Tem como você parar de se mexer?

 

      — Tem como você ser uma médica mais carinhosa? Até o Viktor com o gancho cuidaria melhor de mim.

 

      — Eu estou aqui para tratar os seus machucados com eficácia, não para te trazer conforto. — Suspirou, soltando o seu rosto e cruzou os braços, visto que ele dificultaria até mesmo isso.

 

      — Quando eu cuidei do seu pulso eu me preocupei com o seu conforto! — Falou indignado, mas levou a mão até a cabeça pela mesma doer quando falou muito alto.

 

      — Ah, claro, eu estou muito confortável longe da minha ilha e sendo levada à força para onde eu não quero e nem deveria ir. — Respondeu irônica.

 

      — Meu navio é melhor do que aquele seu barraco. — A arroxeada o olhou, totalmente ofendida com o que ele havia dito, tinha certeza que a pancada na sua cabeça havia o deixado completamente demente. Ainda irritada com aquela fala, depositou um peteleco não muito forte na sua cabeça, mas sabia que doeria como um inferno por causa do machucado. — … SUA…! — Rosnou de dor, erguendo a mão como se quisesse agarrar alguma coisa e se não tivesse autocontrole o suficiente a estaria arrastando pelos cabelos. Mulher maldita. A odiava. E desde quando aquelas algemas não funcionavam?! Era para supostamente ela não poder lhe ferir.

 

      — Eu devia costurar a sua boca antes de costurar o seu braço. — Disse ríspida e, estava recolhendo o braço para manter ambos cruzados novamente, contudo, o maior fora mais rápido em segurá-lo perto do pulso. Estava pronto para falar o que gostaria de dizer, sabendo que eram palavras que com certeza lhe faria se arrepender depois, mas reparou no seu pulso onde se localizava a algema.

 

      — Caralho, Ravena… — Resmungou, o examinando, estava pior que a última vez. Tinha certeza que mais um pouco e perderia o pulso. — Que merda você fez aqui?!

 

      — … Não sei. — Olhou o próprio ferimento por poucos segundos e desviou o olhar, talvez já tivesse se acostumado com a dor, ou só fosse muito boa em ignorar, pois não sentia nada. Se assustava em conseguir mexer os dedos.

 

      — Tentou usar magia de novo?! — Puxou o seu braço, queria ter certeza de que ela não iria mentir.

 

      — Não. Não tentei, eu… eu não sei como aconteceu. — Não iria admitir que não tinha controle dos próprios poderes, seria vista diferente; mesmo tendo o auxílio de algemas que anulam o poder, não era capaz de controlá-los, o que pensariam? Talvez lhe vissem como algo que fosse explodir e matar todos em algum momento, pensariam que é um monstro.

 

      — Não minta. Me fala como isso aqui aconteceu. — Garfield pressionou pouco a pele pálida da menor, que fez uma leve careta por ter sentido uma pontada aguda de dor ao redor do pulso. Tentou se soltar, mas ele segurava com uma força que nem ao menos fazia ideia que ele tinha.

 

      — Logan… — Tentou puxar o braço novamente, sem sucesso. Ficou nervosa, só queria ficar sozinha consigo mesma por algumas horas, tinha certeza que enlouqueceria em algum momento. — Logan, por favor, me solta…

 

      — Me conta, Ravena.

 

      — Logan, é sério, você está me machucando. — Tentou tirar a mão dele do seu braço, usando toda a pouca força que tinha até que finalmente ele soltou. Recolheu as mãos para o próprio peito e se afastou, o olhando apreensiva e na defensiva, por que ele sempre tinha que ser assim?

 

      — Me diga a verdade. — Disse ainda com seriedade, mas menos agressivo.

 

      — Não tentei usar magia. Não sei como isso aconteceu. — Respondeu olhando no fundo dos seus olhos verdes, não estava necessariamente mentindo, omitir não é mentir.






 

   Garfield a olhava muito intensamente, analisava as suas íris lilás e se perdia estudando o seu rosto tão fino e delicado, jurava que sua pele pálida era tão macia ou até mais do que a neve fofa do primeiro dia de inverno; gostava quando ela prendia o cabelo, dessa forma conseguia ver todo o seu rosto, mas mesmo assim nunca conseguia descobrir o que ela estava pensando. Ravena era a isca perfeita para um pirata, era vaga, enigmática, misteriosa e, com certeza, atraía o olhar de qualquer um. Diria que era pior que uma sereia.

   Se sentia estranha, estar sendo encarada dessa maneira lhe fazia se sentir nervosa e por isso preferiu parar de olhar, talvez desse jeito ele também pararia e aquela situação deixasse de ser estranha, constrangedora e ruim. Talvez devesse pedir que Kori cuide dele, poderia fingir que estava totalmente exausta e devastada e por isso não conseguiria lidar com sangue. Poderia fazer isso. Devia ter pensado em se jogar da escada e fingir um desmaio, dessa forma não precisaria fazer mais nada.

   Foi quase como uma benção. A semideusa desceu as escadas para o porão e olhava para eles com um sorriso radiante, estava com certeza com um melhor humor agora que todos se encontravam seguros, principalmente o próprio noivo.







 

      — Os cuidados da amiga Ravena são excelentes, amigo Gar. — Comentou com positividade, mas principalmente porque achava que ele não estava percebendo que a citada estava com vergonha, ou que não notava que também parecia que ele iria pintá-la como uma musa. Sabia que daria certo, eles ficariam tão próximos que iriam ajudar-se entre si. Tinha certeza.

 

      — Estou vendo como são… — Resmungou se lembrando porquê estava tão irritado e suspirou, cruzando os braços com cuidado, mas demonstrando que estava incomodado.

 

      — Peguei tudo o que me pediu, precisa de mais alguma coisa? — Olhou para a arroxeada, colocando todos os medicamentos sobre um barril bem ao lado da rede.

 

      — Ahn… — Avaliou o que tinha, ainda precisaria de agulha e linha. Se pudesse usar seus poderes, tudo seria muito mais fácil, todavia, nada nunca girava ao seu favor e agora precisaria se lembrar de como criar uma pomada anestésica com as ervas, talvez misturá-las com o chá para que o relaxasse e fizesse dormir. — O que eu posso usar daquela caixa, Logan? — Indagou o olhando de relance, seu pulso ardia como o inferno após movimentos tão bruscos.

 

      — … Use o que quiser usar. — Fechou os olhos, não economizava medicamentos, sabia a importância da saúde da tripulação.


 

      — Preciso de agulha, linha e… — Pensou se precisava de algo mais importante, olhando de relance para o homem deitado, com certeza ele preferia se recuperar e ser cuidado num lugar menos insalubre. — Pegue algumas almofadas.

 

      — Voltarei logo. — Sorriu para ela, se despedindo num tom alegre e aproveitou rapidamente para tirar os corpos desacordados que estavam largados no chão de lá debaixo. 

 

      — Para quê você precisa de almofadas? — Garfield abriu os olhos a olhando com um pouco de estranheza.

 

      — Para você se deitar. — Franziu as sobrancelhas, verificando se falava sério, desacreditado que ela viria se importar realmente com isso.

 

      — Agora meu conforto importa?

 

      — Bom, se você não vai parar de reclamar como uma criança, devo te tratar como uma, talvez dessa forma eu possa cuidar dos seus ferimentos.

 

      — … Você é mesmo petulante até o fim… — Resmungou revirando os olhos.







 

   Olhou para ele com os braços ainda cruzados por alguns segundos e suspirou, ajeitando novamente o pano úmido na mão, deveria acabar logo. Limpou o corte na sua cabeça com leves toques, tomando o cuidado com o machucado num todo; dessa vez segurava na sua nuca, concentrada em não deixar nada passar, queria evitar todas as possíveis infecções que aquele corte poderia ter. Talvez o problema fosse ela não notar que seus rostos estavam próximos demais; Garfield tinha a respiração mais pesada, quando mais de perto avaliava o seu rosto, mais tinha certeza de que aquela beleza tão angelical iria lhe deixar maluco; ainda se questionava como que os murais e pergaminhos não valorizavam a sua aparência, sequer chegavam perto, se pudesse, iria por si próprio desenhar um mural com todos os possíveis detalhes do seu rosto frágil e seus olhos tão curiosos e ingênuos. Acreditaria facilmente que era filha de Afrodite caso lhe dissessem. Era uma tentação quase diabólica.

   Fora desperto da sua estase quando a viu se afastar, molhando o pano de volta na água e o torcendo mais uma vez; assistiu em silêncio a mesma molhando os dedos na pomada e a aplicar numa boa quantidade sobre o corte antes de enrolar sua cabeça com duas voltas nas ataduras e fazer um laço perfeito; ainda sentia dor, mas era como se ela fosse abafada e apenas se tornasse um mero incômodo, suas mãos eram mágicas e agora concordava sobre suas capacidades médicas serem surpreendentes, com certeza, - ou apenas estava anestesiado demais com a sua presença.







 

      — Vou preparar um chá. — Murmurou em seu tom monótono novamente e se levantou, pegando um pequeno saco que continha muitas folhas de camomila.

 

      — De novo? Sabe, você ainda não terminou de cuidar de mim. — Criticou tendo todo o seu encanto se dissipando novamente.

 

      — Eu vou ter que costurar o seu braço, eu preciso estar calma e concentrada para não errar e o chá vai ajudar você a ficar mais calmo durante esse processo.

 

      — Eu? Beber chá? Você está de brincadeira, não é?

 

      — Ora, não vai me dizer que você é bom demais para tomar chá, também?

 

      — Eu sou um pirata! Por acaso me imagina sentado com uma xícara chique de porcelana bebendo chá?

 

      — Deveria, faz bem para a sanidade.

 

      — Está insinuando alguma coisa com isso?

 

      — Não. — Cruzou os braços, irritada. — Mas eu duvido que se acabar em rum sempre que puder seja algo bom.

 

      — … Então me dê uma garrafa de Rum. — Falou meio incerto do que exatamente iria fazer, contudo, tinha absoluta certeza de que se arrependeria.

 

      — Você… Não está mesmo pensando nisso. — Respondeu confusa, olhando fixamente para a sua imagem verde, na intenção de vê-lo voltar atrás logo.

 

      — Eu estou sim. Vamos, me dê uma garrafa de Rum. 

 

      — Sabe quantos problemas podem acontecer se você ficar bêbado agora?

 

      — O álcool vai anestesiar. — Foi convicto.

 

      — … Você é definitivamente um retardado. — Resmungou massageando o meio dos olhos e balançou a cabeça.







 

   A arroxeada se aproximou de onde tinham algumas garrafas de rum e pegou uma que ainda estava cheia, se ele tinha um anseio tão intenso em se prejudicar, não iria impedir, o incentivaria a terminar aquela garrafa inteira sozinho e desejaria que morresse de tanto beber. Entregou a garrafa com brutalidade e enfim deu as costas, disposta a ignorar absolutamente tudo o que ele disser em diante enquanto fazia o que tinha que fazer.

 

   Colocou a linha na agulha com facilidade, bebericando alguns goles do seu chá; analisava o capitão deitado, estava tão folgado e largado que se perguntava se já estava bêbado, deitar a cabeça naquela almofada foi o que o fez finalmente ficar quieto e parar de ser totalmente insuportável; fez uma pomada com a junção de algumas ervas, a utilizando para passar no corte do antebraço do rapaz depois de limpo, ele resmungou algumas vezes, mas compensou tudo dando longas goladas na bebida, tinha certeza que tudo iria dar errado depois daquilo. Esperou a pomada secar enquanto tomava o chá até o final, sabia o que fazer porque já havia aprendido, agradecia todos os dias pelos ensinamentos de Azar.

   O esverdeado rosnou quando sentiu a agulha, mesmo que estivesse surpreso por não estar doendo tanto quanto imaginou que iria doer, talvez tenha sido a pomada que ela havia feito, junto do um terço de Rum que bebeu de uma única vez, sabia que iria pagar muito caro por isso, mas seu orgulho jamais deixaria admitir isso ou voltar atrás com a própria escolha, iria até o final e iria provar que não iria acontecer nada, mesmo que provavelmente poderia perder o braço. Se esforçou em erguer a garrafa para tomar mais longas goladas, chegando a tremelicar os olhos por sentir o seu estômago pesar, não sentia mais a própria garganta, a dor no braço começando a se tornar um pinicar irritante.

   Evitava olhar para o próprio braço, então olhava para as coisas ao redor, tinha reparado que o porão estava muito bem organizado e espaçoso, geralmente apenas notavam que precisavam de novos suprimentos quando ele ficava maior, mas agora, mesmo que todos os estoques estivessem cheios, tinha espaço suficiente para abastecer uma terceira vez; reparou que era por causa de Ravena, até mesmo sua cabine estava maior, mesmo com todos os sacos de dinheiro e os tesouros que deixou guardado, tinham coisas que nem sabia onde estavam, como uma vez teve que perguntar para ela onde estavam os pergaminhos em branco para anotar uma lista. Mesmo sabendo onde estava cada um de seus pertences, ela não pegava sem primeiro perguntar se podia e apenas mexia para arrumar, era quase irritante ser tão educada, se sentia como um bicho. Reparou que era perturbadoramente cuidadosa com dinheiro, fazendo contas e planejamentos; achava estranho, ela era filha de Trigon, viu o seu tesouro, era um mar de valiosidade, poderia comprar reinos se quisesse. Ficava sempre mais curioso quando pensava nos detalhes, como aquela ilha em que ela morava sozinha e praticamente desprotegida, o porquê de ser tão alheia com o parentesco pelo próprio pai, talvez estivesse longe por tanto tempo que tenha se esquecido de quem seja?







 

      — …. Desculpa. — Murmurou franzindo as sobrancelhas por breves segundos após seu dedo escorregar e errar o ponto. Seus olhos verdes caminharam na direção do antebraço e demorou alguns segundos para entender o que tinha acontecido. Só sentia um formigamento no braço. Bebericou mais alguns goles, não tão longos quanto antes e abaixou a garrafa, as mãos da garota estavam encharcadas de sangue, era compreensível ela errar. 

 

      — Eu não estou sentindo. — Disse para a tranquilizar e levantou minimamente o dorso, sentindo o peso da própria cabeça e tentando se equilibrar sozinho.

 

      — É muito quente aqui dentro. — Murmurou ao sentir a sua testa começando a ficar úmida e tentou secar com o braço para que não se sujasse de sangue, porém, se sujou do mesmo jeito, manchando a região da sua têmpora.

 

      — Beba água, você está muito nervosa. — O esverdeado pegou o cantil de água com o braço bom e entregou para ela.

 

      — Só estou com calor. — Dizia orgulhosa, deixou a agulha parada e com a ponta dos dedos tremendo, pegou o cantil com cuidado bebericando um pouco da água sem tocar no gargalo.

 

      — Você está se tremendo, Ravena, eu não chamo isso de calor. — Pegou o pano dentro do pote com a água que ela usou para limpar seus ferimentos e o torceu mesmo que com uma mão só.

 

      — Não gosto de suar… Ou de estar suja. — Colocou o cantil sobre o barril e suspirou, buscando se acalmar, nunca pensou que aquilo poderia ser tão difícil, teria pesadelos por semanas, com certeza.

 

      — Eu sei… Obcecada com limpeza. — Gentilmente puxou as mãos da menor na sua direção e colocou o pano sobre, se esforçando em conseguir limpar a sua pele pálida.

 

      — Eu não sou. E para com isso. — Segurou a mão dele entre o pano para que ele parasse e aos poucos foi se limpando sozinha, lavando o pano na água de novo.

 

      — Você poderia agradecer, às vezes. — Disse revirando os olhos, ela não tinha notado que o rosto ainda estava sujo. 

 

      — Eu já ia fazer isso. — Torceu o tecido, se concentrando em limpar o corte novamente, dessa forma não erraria de novo e conseguiria ver melhor. 

 

      — Petulante até o fim… — Murmurou balançando negativamente a cabeça e bebeu do rum mais uma vez, agora vendo o quanto faltava da bebida, talvez se enxergasse que estava meio vazia por estar na metade, terminaria mais rápido. 

 

      — Agora fica quieto, preciso me concentrar. — Disse largando o pano dentro da tigela e secou as mãos na saia do vestido, pegando a agulha de novo.

 

      — Ainda está suja.

 

      — … Onde? — Olhou as próprias mãos com pressa e procurou algum outro lugar, estava limpa.

 

      — É no rosto. — Suspirou, deixando a garrafa no chão e pegou o pano, o torcendo de qualquer jeito e aproximou o mesmo da região manchada de sangue. Sua mão era muito imprecisa, por isso precisou de inclinar o mais perto que conseguiu para fazer direito. — Pronto. — Abaixou o tecido, sendo atraído aos poucos pelo tom lilás dos seus olhos curiosos; eles brilhavam. Estava mais uma vez encantado pelo seu belo rosto, se questionando se era um feitiço ou se apenas estava ficando bêbado.

 

      — … Obrigada… — Balbuciou sem conseguir desviar o olhar das suas íris verdes cintilantes, não gostava dessa cor, se fosse ter uma opinião, diria que é a mais feia. Contudo, aqueles olhos brilhantes nunca lhe mostraram um tom tão bonito. De repente tinha esquecido o que tinha que fazer.

 

      — … De nada… — Respondeu num tom lesado. Obcecado com o seu olhar, tão tímido e puro… Seu olhar tão ingênuo lhe atraía de alguma forma. Fazia com que quisesse estar por perto. 







 

   Ambos preferiram não conversar ou trocar mais olhares depois; a arroxeada se mantendo concentrada em terminar de costurar a pele verde do rapaz e o próprio se focando em terminar completamente aquela garrafa. Provavelmente não iria mais acordar.


Notas Finais


Peço perdão pelos erros gramaticais, às vezes passa mesmo com revisão.

Espero MUITO que vocês tenham gostado desse capítulo! O Gar todo idiota porque a Ravena é linda é algo que particularmente mexe comigo porque eu AMO quando tem todo esse drama e ele não quer nem admitir hahahaha
Ravena teve um trabalho difícil e eu pensei em descrever, mas achei melhor deixar mais na visão do Gar porque ia ser uma descrição muito gore e provavelmente daria gatilho em vocês.
O que importa é que a Kori arquitetou tudo, fez o que a gente queria e mitou sem nem aparecer direito nesse cap.

Vejo vocês nos próximos! Beijinhos <3


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