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História My Babysitter - Uncle Damon?


Escrita por: whysmoldobrev

Capítulo 3 - Uncle Damon?


 

Damon Salvatore

 

Não podia ser verdade. Assim que ela pronunciou o nome de Stefan, eu congelei. O marido dela, pai das crianças, era o meu irmão? Quais eram as chances disso? Eu sabia que Stefan, com toda aquela sorte e ambição, havia arranjado uma maneira de se dar bem. Quando ele saiu de casa, abandonou nossos pais em tempos difíceis de crise, prometeu para nós que nunca ia voltar, que iria se infiltrar nos melhores negócios e arrumar uma mulher rica que o sustentasse, deixando claro que nos desprezava. Meus pais mimaram Stefan desde que ele nasceu e eu, como irmão mais velho, era quem mais percebia isso. Lily e Giuseppe davam à ele até mesmo o que não tínhamos, quando estávamos necessitados e com várias coisas faltando dentro de casa, Stefan batia os pés no chão e eles atendiam o seu pedido. O garoto simplesmente não entendia e muito menos ligava para as nossas condições financeiras. Nossa casa, simples, de material e tinta verde clara, com algumas falhas, necessitava de uma reforma, nosso estoque de comida quase sempre estava em falta e o recipiente de vidro na sala onde ficava as economias de papai permanecia vazio. Eu sabia que eles tentavam fazer sempre o melhor que podiam e nos recompensavam da maneira que eram capazes, porém eu sempre compreendi a situação em que nos encontrávamos, já meu irmão simplesmente não conseguia enxergar as coisas de forma sensata. Ele nunca usou o bom senso, aquele que, por mais mínimo que seja, todo mundo tem. Ele não nunca entendeu que não estava ao alcance de nossos pais nos dar tudo aquilo que as outras crianças possuíam. Stefan era sete anos mais novo do que eu e isso não parecia ser grande coisa, mas fazia uma grande diferença conforme o tempo da nossa criação. Na escola, principalmente. Quando ele nasceu, as coisas estavam muito mais avançadas e as pessoas já tinham uma qualidade de vida melhor. Ele sempre fora muito invejoso e ganancioso, era destemido quando o assunto era ir contra as regras e muito esperto para trapacear. Nós costumávamos brigar muito, pois eu queria botar ordem na casa. Ele sempre me odiou, se achava superior e tirava sarro com a minha cara pela minha falta de experiência com as mulheres. Meus pais ficaram arrasados quando ele começou a se envolver com caras da pesada e a ganhar dinheiro, ilegalmente, roubava as coisas de dentro de casa e tirava o pouco de dinheiro que nos restava no final do mês. Assim que foi embora, as coisas ficaram melhores para nós, apesar da saudade que sentíamos dele. Ele era ingrato e tinha nos magoado, preferiu sair de Lawrence, debaixo do teto e das asas de seu pais, para seguir o seu caminho sem fim no meio de tanto má companhia e ganância, mas ainda era parte da nossa família. 

— Damon? — Ouvi a voz de Elena, agora um pouco mais alta para chamar minha atenção. Nossa, quanto tempo fiquei perdido em meio a pensamentos? Olhei para ela e vi que estava preocupada. — Você está bem? 

— Oh, sim, eu só... Hã, Stefan Salvatore você diz? Tem certeza? — Meu Deus, que pergunta tola de se fazer, Damon, por que ela iria mentir?

— Sim? Ele foi meu marido, morou aqui, teve filhos comigo... Acho que tenho certeza. — Ela riu pela nariz de forma óbvia. — A não ser que exista outro... — Disse com um tom de brincadeira.

— Acho que eu só tive a impressão de ter ouvido esse nome antes. Bobagem. — Dei de ombros, mudando de assunto. 

Elena viu que eu tinha ficado nervoso de repente e creio que isso a deixou inquieta, porém deixou passar.

— Então... Quer falar de negócios? Eu tenho tempo agora, finalmente! — Suspirou de alívio, jogando as mãos para o alto.

Ela parecia tão cansada... E triste. Seus olhos estavam exaustos, ela tinha a expressão de quem está com uma dor constante, talvez na cabeça. Ela realmente era ocupada, importante, devia viver para lá e para cá, mal tendo tempo para os filhos. Eu podia ver o quão sensível ela ficava quando se tratava deles.

— Podemos tratar disso amanhã. — Sugeri formalmente. Não queria estressá-la mais e não podia abrir o jogo sobre esse emprego não ser o que eu estava em busca, pelo menos não agora. Fazer isso depois da revelação que tive há pouco seria loucura, eu precisava pensar e depois ir falar com o único que me daria um sábio conselho. Meu mentor, meu pai.

Percebi que ela estava prestes a teimar comigo e insistir no assunto, mas foi interrompida pela filha que apareceu na porta. Ainda estávamos no corredor, por isso ouvimos a porta se abrir e a voz falha de Alice a chamar.

— Mamãe? — Disse ela com os olhinhos verdes marejados e tristes. — Eu não consigo dormir. Estou com medo de ter pesadelos. 

— Como eu o odeio por isso. — Elena sussurrou com raiva para si mesmo, mas acabei ouvindo antes dela ir acudir a menina. — Meu amor, está tudo bem. — A tranquilizou, se abaixando na sua altura e abraçando o seu pequeno corpo.

Ali, vestindo um pijama cor de rosa, com a carinha repleta de dor e os cabelos bagunçados, ela parecia tão pequena e indefesa, eu quase não podia enxergar a medonha menina que complicou os meus dias e tornou a minha vida em uma agitação só em apenas duas semanas. Senti uma vontade enorme de protegê-la.

Em seguida, Noah com o tumulto e a falta da irmã na cama, veio atrás, se juntando as duas que se aconchegavam uma na outra. Sorri com a união daquela família, pequena, mas cheia de amor para dar. Notei que Elena parecia desesperada, sem saber o que fazer em seguida. Eles não iriam dormir, Noah porque não consegue sem a irmã, é muito grudado nela, e Alice por causa dos problemas com seu pai.

— Quem sabe não pedimos uma pizza e assistimos um filme? Noah, posso fazer aquele doce de chocolate que você gostou. — Vi ele sorrir largo e Alice, pela primeira vez, apenas me olhou, não fez cara feia ou revirou os olhos.

— Mas são duas da manhã, eu não acho... — Olhei para Elena e, por incrível que pareça, ela entendeu a minha intenção apenas ao fitar meu rosto. — Tudo bem, quais sabores vocês vão escolher?

 

[...]

Depois de Elena ter ligado e pedido a pizza, nós nos sentamos na mesa da cozinha na espera dela. Noah estava a coisa mais fofa do mundo com aquela roupa azul cheia de carrinhos, especialmente com a máscara do Hulk, seu super-herói favorito, o qual também era o meu. Talvez essa seja uma das razões pelas quais nos damos tão bem. Apesar dele ser sapeca e ir atrás das traquinagens de sua irmã, ele realmente havia gostado de mim. Estávamos brincando com seus carrinhos sobre a mesa e Alice permanecia quieta e cabisbaixa no colo de Elena.

— Então, Damon... — Elena quebrou o silêncio. — Quer me contar como esses malandrinhos se comportaram na minha ausência?

Pude ver que os dois ficaram tensos, mas não me olharam pedindo por misericórdia. Era madrugada, a mãe havia acabado de chegar de uma viagem longa e eles estavam passando por um momento delicado, eu realmente não queria causar intriga.

— Bem. — Respondi simplesmente. Alice levantou a cabeça e me encarou com os olhos semicerrados. Ela provavelmente estava se perguntando o que eu estava tramando e o que queria em troca depois de contar tamanha mentira.

— Devo mesmo acreditar nisso? — Elena fez careta. Ela conhecia os filhos que colocou no mundo.

— Eles aprontaram algumas. — Me rendi, sorrindo ao lembrar de algumas coisas, porém sentindo dores em alguns lugares ao lembrar de outras.

— Conte-me mais.

— Bom, no dia seguinte que você saiu, acordei com Noah enlouquecendo Magda na cozinha. Ela mal conseguia terminar a comida e lá estava ele, se pendurando no balcão, derrubando os ovos que ela estava prestes a usar, agarrando suas pernas para imobilizá-la...

— Ele sempre faz isso! — A mãe disse, balançando a cabeça em negatividade, mas sorrindo como uma boba.

— Alice, mais tarde, depois que chegou da escola, me convidou para tomar chá com suas bonecas, mas eu deveria saber melhor e ficar desconfiado. — Enquanto eu falava, vi o cantinho da boca dela se erguer e um vestígio de felicidade acender em seu rosto. — Quando levei aquela xícara até minha  boca, afinal ela afirmou que era chá de verdade, senti gosto de vinagre.

Depois que falei isso, ela soltou uma gargalhada.

— A sua cara foi hilária! — Falou rindo e apontando pra mim.

— Alice Gilbert Salvatore! — Repreendeu Elena, fazendo cosquinhas na mesma. Noah também ria junto com a irmã.

— E não foi só isso! Os dias se passaram assim. Encontrei Noah dentro do aquário, tentando pegar os peixes, Alice pintou a minha cara inteira com as suas maquiagens quando eu cochilei, Bruce, que é cúmplice deles, comeu minhas meias, corri atrás de Noah por toda a casa na hora de ir para a aula, pois ele queria ir para piscina e vestia apenas a boia de peixe, os dois me trancaram no quartinho da bagunça quando acreditei que eles de fato queriam brincar de esconde-esconde, tropecei nas armadilhas que deixaram na porta do quarto, skate e bolinhas de gude, e só agora consegui tirar a graxa do meu cabelo.

Enquanto eu contava essas histórias, Elena se contorcia na cadeira de tanto rir e Alice e Noah, à essa altura, estavam mais alegres e orgulhosos das molecagens que aprontaram. A morena estava vermelha e as mãos pousavam sobre a barriga que devia doer. Ela realmente havia nascido para sorrir, como era linda. Sua risada então... Era a maior preciosidade.

Ela já foi minha cunhada, Cristo! E é minha atual chefe, preciso parar de pensar assim dela!

— Vocês são umas pestes! — Ela ralhou, mas continuou dando risada. — O espoletinha e a malandrinha.

— Tenho que admitir, esse foi o que mais durou, depois de tudo ele ainda cuidou de nós. Ele é dos bons, precisamos nos esforçar mais, Noah. — A diabinha cutucou o irmão que assentiu.

— Isso foi um elogio, dona Alice? — Perguntei apenas para provocá-la, já que sabia que ela não ia com a minha cara.

— Não, seu caipira! — Cruzou os braços e virou a cara. Elena revirou os olhos e levantou as sobrancelhas para mim, o que me fez rir baixinho. — Quando vem a pizza mesmo, hein? — Mudou de assunto.

Depois que comemos as pizzas, as crianças estavam morrendo de sono, mas se negavam a ir direto para cama, queriam assistir um filme, e a mãe  acabou cedendo. Fiz o doce que aprendi com mamãe, o mesmo que o Noah comeu durante quatro dias seguidos, como um morto de fome. Eles estavam no sofá, com as barriguinhas cheias, e Elena me ajudava, secando a louça que eu lavava,

— Realmente é muito bom o doce. — Ela admitiu, sorrindo enquanto lambia o restinho que tinha no pote. — Qual o seu segredo?

— Não posso dizer, receita de família. Mas, obrigada. — Vi ela sorrir de cantinho. Se eu não fosse tão palerma e tão xucro, poderia dizer que até podíamos estar flertando, mas não era nada disso. Claro que não, seu otário, olhe para ela e olhe para você.

— Então, sabe cozinhar outras coisas? — Ela perguntou e eu, inocente, respondi.

— Não me considero um chefe, mas sei de alguma coisa. Posso fazer o jantar uma hora dessas. — Ofereci.

— Mal posso esperar. — Respondeu com um tom de malícia. Eu quase caí. Comecei a suar frio novamente, pois ela me deixava tonto, transpirando pelo nervosismo. Meu Deus, ela não sabia o que uma simples resposta como essa, vindo dela, poderia causar em alguém. Não entendi seu tom sugestivo, talvez fosse apenas coisa da minha cabeça, mas isso não me impediu de ficar constrangido, então tossi alto.

— Como acha que Alice vai ficar? — Retornei ao assunto anterior, querendo saber até onde eu podia ir.

— Ela já passou por coisas muito piores com o pai, apenas não lembra. — Seu corpo ficou rígido e sua voz embargada pelo choro.

— Posso perguntar...?

— Não. — Respondeu de forma dura, quase quebrando os pratos em sua mão.

— Tudo bem. — Ergui a guarda na defensiva e ouvi um suspiro.

— Me desculpe, eu só... Não gosto de lembrar disso. Quando ela saiu do quarto e me abraçou, coisas que eu há muito tempo não pensava e havia bloqueado da minha mente voltaram. Eu só não quero me permitir afundar novamente por causa disso. Talvez eu algum momento certo eu lhe conte. — Senti um arrepio percorrer a minha espinha. O que será que meu irmão havia feito de tão grave no passado que feriu tanto aquelas pessoas? Como ele pôde deixá-las naquele estado, tanto Alice quanto Elena? Ele não as amava? Por que se casou com Elena em primeiro lugar então?

— Não quero que se sinta obrigada. — A consolei.

— Não, eu quero, eventualmente lhe falar. Quando eu cheguei hoje, lhe abracei e chorei, me peguei confiando em você. Não sei por qual motivo eu me abri dessa forma, afinal, somos dois estranhos ainda. E vi que você cuidou dos meus filhos muito bem. — Fiquei sem graça e não consegui encontrar os olhos dela. — Falei com Magda todos os dias pelo telefone... Ela me falou sobre como você cobria eles todas as noites, como você se preocupava. Noah teve companhia no futebol e você até fez Alice comer. Ela não come nada comigo, nem com Magda.

— Bom, quando eu percebi que ela não ingeria praticamente nada de alimento, eu fiz uma proposta para ela, a qual ela achou irresistível. 

— É mesmo?

— Eu disse que se ela comesse o prato inteiro de macarrão, ela poderia me fazer de alvo em qualquer brincadeira que ela e Noah fizessem, desde que não me levasse ao hospital.

— E como foi? Muito dolorido? — Perguntou divertida.

— Um pouco, principalmente quando eram bolas de basquete e balões de água. Porém valeu a pena. — Sorri ao lembrar do quão orgulhosa a senhora Magda, empregada que trabalha ali há anos, ficou ao ver a menina comer uma refeição inteira sem pelejar e ser obrigada.

— Você é uma boa pessoa. Daria um excelente pai. — Ela disse a mesma coisa que meus pais costumavam dizer quando eu era todo repreensivo e protetor com Stefan. — Eu gostaria que Stefan também fosse assim.

Doía meu coração pensar que aquelas crianças não tinham o pai que mereciam.

— Ele era tão ruim assim? — Mesmo com certo receio, eu queria saber.

— Eu realmente quero te poupar da história triste e seus detalhes horríveis, mas, basicamente, Stefan Salvatore é um merda. Essa é bem a palavra. — É, eu sei. — Conheci ele em um dos eventos da revista e caí nos charmes dele na mesma noite. O que eu não sabia é que iria me apaixonar, mesmo achando que seria um caso de uma noite só. Ele insistiu tanto em querer ficar comigo e tão cedo já se titulou como apaixonado. Eu era burra e facilmente levada pela lábia alheia, então já concordei com o casamento e todas as opções que ele impôs, inclusive o acordo pré-nupcial, o que é uma briga até hoje. Depois que nos casamos, eu engravidei e bom, digamos que só assim eu comecei a descobrir quem ele era de verdade. Descobri que era metido com drogas e que saia para gandaia nas madrugadas. Uma noite, enquanto eu ainda estava grávida, ele me agrediu. Quase perdi Alice. O pior de tudo é que essa não é a pior parte, estou lhe contando resumidamente. Depois, eu queria me separar, quando Alice tinha três para quatro anos, mas ele se recusava e dizia que iria fazer um escândalo na mídia caso eu tentasse entrar com o divórcio, logo quando eu estava prestes a assumir a presidência no lugar de papai. Um ano depois, eu não tinha mais saída, havia transado com ele, em uma noite de recaída, na comemoração do projeto da empresa. Ele permaneceu morando ali enquanto lhe favorecia, mas me traía a torto e direito, debaixo do meu nariz, quase nunca via Alice e quando via, ou enchia sua cabecinha de esperanças ou a tratava mal, dependia do seu estado de sanidade. Quando Noah, fez dois anos e a Gilbert’s Company entrou em crise, ele fugiu com Valerie, sua amante e minha melhorar amiga, nos deixando para trás. Entramos com o processo de divórcio e estamos até hoje brigando.

Eu a olhava apavorado, sem saber o que dizer, querendo pedir perdão pelo meu irmão. Não, na realidade, querendo matar ele primeiro. Eu me sentia péssimo, afinal, sempre me senti mal e, de certa forma, responsável pelas atitudes dele. Elena, aquela mulher que parecia tão forte e tão segura de si, havia vivido um relacionamento abusivo com o pior dos homens. Eu mal podia olhar para ela agora.

— Meu Deus, eu... Eu sinto muito, Elena. — Não, isso não era o suficiente. Depois de tudo que ele fez, como míseras palavras de condolências iriam melhorar as coisas?

— Você quis saber. — Deu de ombros, limpando, com as costas da mão, as lágrimas. Ela me parecia muito maior agora. Ela era um guerreira e eu não conseguia acreditar que ela estava ali, depois de tudo isso que me contou, em pé, enfrentando o mundo e as críticas no peito, cuidando dos filhos e subindo cada vez mais para o topo. — Vou ver se eles já dormiram, com licença. — E ela se levantou, saiu da mesa, não me vendo esticar os braços na sua direção, na tentativa de lhe confortar.

 

[...]

 

O vôo havia sido prolongado e puxado, quase três horas de viagem não é pra qualquer um. Pedi à Elena, hoje cedo quando acordei, permissão para ir ver meus pais, pois era urgente e precisava falar com eles pessoalmente. Ela me liberou sem pressão, disse que até seria melhor, teria um dia à sós com os filhos e estava precisando passar uma boa quantidade de tempo com eles para aproveitar. Eu necessitava conversar com meu pai, queria que ele me disesse o que fazer e analisasse a minha posição. Enfim, cheguei em Lawrence, Kansas, expirando forte o ar da minha Terra, tomando coragem pelo caminho à frente. Não bastava simplesmente chegar lá, ainda tinha que pegar um ônibus da região onde morávamos, o qual caia aos pedaços e me deixava perto da fazendo. Depois era ainda mais meia hora de caminhada pelas trilhas até avisatar a casinha onde passei a minha infância.

Avistei mamãe de longe, colocando as roupas no varal, e papai jogando milho para as galinhas. Quando cheguei, com um sorriso no rosto por estar ali, Lily quase desmaiou.

— MEU FILHO! — Ela gritou de felicidade, correndo até mim. Me abraçou com força contra o seu peito, como se não me visse há anos. Ela continuava linda de lenço na cabeça e o avental amarrado na cintura. — Não achei que veria você tão cedo! — Exclamou chorosa.

— Mãe, não fez nem três semanas desde que eu estive aqui pela última vez, acalme-se. — Ri fraco, acariciando suas costas.

— Ela realmente nunca vai superar o fato de você ter saído daqui, tento convencê-la de que você tinha que seguir com a sua vida em melhores condições, mas ela não tem jeito. — Meu pai reprovou, puxando Lily para o seu abraço. Sorri ao ver o quanto ele a amava, sorria e olhava para a mulher que era casado há mais de 30 anos. — Oi, meu filho. — Me cumprimentou, sério. Apertamos as mãos e nos olhos intensamente. Apesar de meu pai não ser muito “sensível”, eu sabia que ele me admirava e amava. — O que te traz aqui tão cedo? Aconteceu alguma coisa?

— O destino aconteceu.

 

[...]

Giuseppe estava chocado e decepcionado, enquanto mamãe não sabia o que dizer e começou a chorar quando contei sobre o que o filho mais novo fez com a própria família. Olhei para eles com expectativa, esperando que dissessem alguma coisa, me dessem algum sinal do que fazer em seguida.

— Vocês entendem que eu estou em uma sinuca? Não sei o que faço. Esse não é o emprego que eu queria e muito menos o futuro que eu estava procurando. Tudo aconteceu muito rápido e por causa de uma mera confusão, acabei sendo guiado em direção à isso. Isso só pode ser um sinal, não é, pai? O senhor acredita nessas coisas. Tudo na vida acontece por motivo. — Era possível notar a aflição e incerteza na minha voz. Eu estava perdido e vários sentimentos tomavam o meu ser, eu não sabia qual atender primeiro.

— Quer dizer que eu sou avó? Tenho netos? — Minha mãe perguntou, incrédula, com a mão sobre o peito, cheia de emoção. Esse costumava ser o sonho dela, mas sabia que tão cedo não teria isso de mim, pois eu não mandava bem com as mulheres e era um idiota, e Stefan porque não era o tipo de cara que sonhava em ser pai.

— Sim. Você iria amar eles. — Sorri e vi que ela chorava ainda mais. Olhei para papai que continuava pensativo e em silêncio. — Pai, eu preciso de um conselho sobre o que fazer.

— O que você acha que deve fazer? — Ele perguntou direto. — Qual é a forma certa de agir agora? — Vi que ele esperava ansioso por uma resposta.

— Apesar de todos os meus sonhos irem por água baixo, pelo menos, por enquanto, eu não posso evitar de pensar que eles, de alguma forma, são a minha obrigação e precisam de um pai. Sinto que devo à eles e que tenho que recompensá-los por Stefan . Sinto que, agora que sei que são meus sobrinhos, da minha família, não posso virar as costas pelo simples fatos de não serem os meus filhos de verdade. Porém, eles tem o meu sangue. — Vi que meu pai sorria e assentia a tudo que eu dizia. — Depois do que eu vi ontem, o quanto aquela mulher sofreu junto com as crianças por causa do meu irmão, não posso deixá-los sozinhos. Por alguma motivo, sinto que é o meu dever cuidar deles agora.

Mamãe me olhava de uma maneira carinhosa, no seu rosto tinha a expressão de admiração. Meu pai pegou a mão dela sobre a mesa e sorriu para a mesma.

— Sim, nós o criamos bem. Pelo menos, um deles é um homem de verdade. — Fiquei sem graça e aquele elogio não me ajudou em nada, para falar a verdade. — Você está certo, meu filho.

— Mas, e quanto aos sonhos dele? — Lily perguntou preocupada.

— Eu posso fazer um acordo com Elena, daqui um tempo, ou arrumar alguma coisa para mim em outro lugar, não precisa ser necessariamente na empresa dela. Eu só... Ganhei um carinho especial pelas crianças. — Senti meu peito aquecer com o pensamento.

— Só pelas crianças? — Meu pai disse sugestivo.

— Como assim? — Perguntei, confuso.

— Enquanto você me contou a história, percebi que falou dessa moça com certa adoração e encanto. Ela me parece ser boa gente, apesar de ter tanto dinheiro. E bonita. — Onde ele quer chegar? — Quer dizer, tem alguma chance, mínima que seja, de você se apaixonar por ela?

Tem muitas, é muito provável e quase impossível evitar...

— Claro que não! Ela costumava ser mulher do Stefan, era minha cunhada... Eu não posso sentir essas coisas. — Neguei, como se tivesse sido ofendido.

— Não poder não quer dizer não sentir. — Ele insinuou. — Não há problema nisso, meu filho, se interessar por uma mulher de verdade, já estava na hora...

— Pai, esse não é o foco do assunto! E outra, ela nunca olharia para mim desse jeito, sem chances.

Os dois me olharam com reprovação. Eles odiavam quando eu me colocava para baixo dessa forma e nem discutiam mais, desistiram há muito tempo atrás de tentar me convencer o quanto eu era valioso por outras qualidades, e que a aparência era o que menos importava.

— Então, você vai ficar com eles? — Questionou Lily.

— Sim. O garoto precisa da figura de um pai e Alice, bom, eu gostaria que ela não tivesse apenas lembranças ruins, apesar disso ser bem trabalhoso já que ela me odeia. Pode ser irracional esse sentimento de dívida que eu tenho com eles, mas é real e eu não posso ignorar.

— Nós o apoiamos com essa decisão e mal podemos esperar para conhecê-los. — Eles realmente pareciam estar de acordo.

— Não irei contar agora. — Falei firme e decidido.

— Por que não? Não pode esconder isso! Vai estar dentro da casa dela, como pode não revelar que é tio das crianças? — Mamãe me repreendeu, brava.

— Acha mesmo que ela ainda iria me querer como babá do seus filhos se soubesse que eu sou irmão daquele que os abandonou e feriu? Lógico que não.

— Então, boa sorte, meu filho, você vai precisar. — Desejou meu pai, batendo nas minhas costas.

Suspirei profundamente. Sim, eu ia precisar.

 

[...]

 

Já era noite quando eu cheguei na rua de Elena e no carro vim pensando, esgotado, com a cabeça encostada no vidro. Era isso mesmo que eu queria para minha vida? Mais uma vez arrumar a bagunça do meu irmão e deixar de fazer o que quero para viver na sombra dele? Eu não tinha culpa, afinal, da pessoa que ele era.

Quando cheguei na mansão, vi as luzes da casa inteira acesas e o porteiro me deixou entrar. Na piscina, estavam chinelos e brinquedos espalhados pelo chão, o que indicava que eles passaram a tarde ali, se divertindo. Ao caminhar pelo gramado e me aproximar da janela, escutei uma música animada vindo lá de dentro e avistei Alice dançando com Noah no colo, ambos com sorrisos gigantes nos rostos inocentes, e Elena de pé, movendo o corpo junto com Bruce que estava sobre as duas patas. Ela estava de pijama, com o rosto natural e os cabelos marrons, lisos e soltos, sobre os ombros, mais linda que nunca. Todos eles sorriam e tinham um brilho especial nos olhos. Era a imagem mais bonita que eu podia ter. E ali, todas as minhas dúvidas se evaporaram.

Aquele era o meu lugar.

 


Notas Finais


Eu demorei demais, eu sei, mas era por puro bloqueio de criatividade, me perdoem!!!!
Voltei pra ficar, eu acho... E espero que ainda tenha pessoas acompanhando a história. Se preparem, daqui pra frente, Damon e Elena vão se tornar amiguinhos. Aliás, ele é um amor... Quem também concorda? ♡


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