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História My Babysitter - Two Weeks In Hell


Escrita por: whysmoldobrev

Capítulo 2 - Two Weeks In Hell


 

 

Damon Salvatore

 

Achei que não fosse possível, porém eu me sentia mais frouxo que o normal. Deus! Quem chegava ao ponto de esquecer de todos seus princípios e causas que lhe trouxeram até seu destino apenas por uma mulher bonita?

Se bem que ela não era apenas uma mulher bonita e sim muito mais do que isso...

Mas, essa não era a questão! Como eu pude deixá-la seguir em frente desse jeito? Como pude não alertá-la do grande mal entendido que havia ocorrido? Simplesmente não tive chances. Minha mãe me deu educação e além do meu comportamento e respeito pelas pessoas, ainda ficava intimidado por ela e não conseguia me impôr na sua frente.

E, por todas essas razões, não consegui concluir o que queria, agir do jeito certo, e cá estava eu, babá de duas pestes há duas semanas. Sozinho e completamente responsável pelas crianças. Perdido e fodido. Como isso aconteceu? Nem me pergunte.
 

 

DIA DA ENTREVISTA

 

As horas haviam passado de súbito. A mansão era bonita, clara e arejada, e exageradamente enorme! Era inevitável perder-se no meio dela. O dia passou praticamente despercebido por mim se não fosse por certas coisas mínimas. Detalhes, imagina só! A empregada, Magda, que não havia tentado puxar assunto comigo já que sentia pena da minha pessoa, continuava com seus afazeres, enquanto eu tentava me entender com a situação em que me encontrava junto com aquelas crianças.

Onde eu havia vindo parar!

Nada disso estava nos meus planos. Como eu poderia imaginar que minha intenção de fazer com que minha carreira decolasse acabaria transformando-se em uma missão "babá", totalmente enrascado e desorientado? Eu estava perdido. As únicas pessoas presentes naquela casa eram eu, Magda e dois capetinhas. Estava em uma cidade estranha e muito longe de casa, não havia a quem socorrer ou falar, o que me restava era esperar. Esperar a "chefe" chegar para que eu possa explicar tudo o que aconteceu. Porém, essa espera me custou mais do que eu imaginava.

Tentei passar o dia longe daquelas crianças, afinal, elas não pareciam querer minha companhia e, não querendo ser grosso, mas eu também não queria a delas. Não tinha motivos para querer, na realidade, estava ali apenas por obrigação, prestando um favor para minha querida chefinha. Se fosse qualquer outro, teria recusado-se a cuidar das crianças, o que definitivamente era o correto a se fazer, porém como era de mim, Damon Salvatore, que estávamos falando, o cara bonzinho e pateta que não anda com a sorte ao seu lado, tudo aconteceu totalmente ao contrário. Como um idiota, tive a brilhante idéia de aguardar até a noite e tirar satisfações com a senhorita Gilbert, ter uma franca conversa com ela e poder obrigá-la a me ouvir e entender que eu não era quem ela estava pensando que eu fosse,  que eu não era o selecionado para ser o babá de seus filhos.  

E aquela fora a pior idéia que já havia passado pela cabeça se um ser humano.

Nunca havia tido nenhum tipo de convívio com crianças, mas nunca odiei as mesmas como muitas pessoas faziam. Sempre achei que elas eram as criaturinhas mais doces e sinceras do mundo e que se um dia eu conhecesse e convivesse com uma, ou fosse pai, seria como um anjo em minha vida.

Adivinhe? EU ESTAVA TOTALMENTE ERRADO!

Aqueles filhos de Elena... Eles não pareciam nada com criaturas fofas e bonitinhas, apenas na aparência e disso não passava. Podia entender perfeitamente o motivo da demissão das demais e diversas outras babás anteriores, o porquê de não aguentarem apenas um dia e já quererem cair fora. Era preferível ficar desempregado e continuar lutando pelo um novo trabalho, perder a fortuna que provavelmente era o salário, do que cuidar daqueles "anjinhos" todo santo maldito dia. Tudo fazia sentido. Com certeza, Elena, apesar de pagar super bem e dar um teto e o que comer à pessoa que cuidaria dos dois, tinha grandes dificuldades para achar quem suportasse uma hora com aqueles danados.

Tudo começou quando fui para o jardim da casa e ali fiquei, tentando relaxar e pensar no que faria a seguir. Como diria e explicaria a situação para aquela mulher tão intimidadora e bonita, a qual fazia com que eu gaguajasse de um jeito que nunca fiz antes. Imerso a pensamentos, não fiquei na total paz, pois senti duas mãoszinhas empurrando a cadeira, na qual eu estava sentado, com a maior força. Notei quando eu já estava no chão e com o traseiro ardendo pela queda.

— Hey! Voltem aqui, vocês dois! —  Gritei, inutilmente, é claro, afinal de contas, não tinha nenhuma autoridade sobre eles que pareciam odiar qualquer pessoa que viesse para atendê-los e cuidá-los. Apenas ouvia altas risadas e debochadas da menina e do menino.

Logo após, fui até a cozinha na tentativa de achar a empregada, pedir algo para o meu estômago dolorido e vazio, fazê-la companhia e especialmente ficar longe daqueles demônios. Falhei mais uma vez. Ao abrir a porta da geladeira, já que não achei a senhora, me surpreendi e saltei com um barulho de panela. Sobressaltei e, com a mão no coração, me virei, o que foi errado e não devia ter feito em hipótese nenhuma, pois senti aquelas mesmas mãoszinhas quebrarem dois ovos na minha cabeça. O pequeno estava no colo da irmã mais velha e havia realizado a travessura por ela. Respirei fundo e novamente, como um tolo, tentei chamá-los, mas de nada adiantou. Pensei em ligar para Elena, mas não queria incômoda-la, afinal de contas, não tinha culpa do grande mal entendido.

Você também não tem... Minha consciência me alertou com a intenção de fazer-me acordar para a vida e ser menos bocó. Era impossível, fazia parte de mim e a ingenuidade e tolisse já me consumiam.

 

[...]

 

Fui para os fundos da casa quando avistei aquelas minis pessoinhas correndo pela casa mais uma vez, afinal, fora assim que passei o dia, escapando daqueles dois. Já estava anoitecendo e aquelas crianças não pareciam ter regras ou controle nenhum, já deviam estar na cama ou indo para o banho, jantando ou alguma coisa do tipo, mas é claro que era óbvio o porquê de não estarem. Era eu que estava presente para por tal função em prática, para cuidar e dar à eles horários, mas ao mesmo não tempo não era. Eu tinha zero de experiência com crianças, não era nenhum perito nisso, não estava ali para isso! Magda parecia ocupada demais com as coisas da cozinha e atrapalhada, principalmente assustada, ao perceber que eu não estava fazendo absolutamente nada a não ser sair correndo cada vez que os monstrinhos chegavam perto.

— Oi! — Saudou uma voz doce e logo reconheci de quem era. Se tratava de uma voz meiga, mas a dona dela passava longe de ser meiga. Era a menina que me deu boas-vindas e que junto ao caçulinha, o pequeno menininho de olhos castanhos, me infernizou durante quase doze horas. Logo me cobri com as mãos e me encolhi esperando algum golpe, bolada, chute ou qualquer alimento ou peixe estragado vindo para cima de mim. — Calma, estamos em paz! — Disse ela e o outro capetinha riu, colocando as mãos na boca.

Aquelas crianças tinham algo especial...

Sim, um demônio os possuindo! Pensei comigo mesmo, descartando os pensamentos estranhos da cabeça.

— Em paz? — Perguntei com deboche e a menina bufou. Ela devia ter uns doze ou treze anos e com certeza já devia ser bem espertinha. — Só estou esperando a mãe de vocês chegarem! — Isso quase soou como uma ameaça, mas eu não era do tipo durão ou rígido. Me imaginei realmente virando babá dessas crianças e a imagem de mim apanhando deles veio à minha cabeça. Eu, provavelmente, cederia a tudo que eles falassem ou fizessem, não tinha pulso firme e isso era extremamente fundamental para ter um emprego como aquele.

Graças a Deus que não é o meu caso e tudo se resolverá!

— Para o quê? Se demitir? — A menina realmente era cínica! Sabia como jogar e tinha a carinha pronta e marota, a qual aparentava ter todas as cartas escondidas nas mangas. — Esse foi o nosso recorde, Noah! Ele já vai pedir demissão e não durou mais que vinte quatro horas como o último, estamos melhorando! — Comemorou como se aquilo fosse uma vitória, olhou com orgulho para o irmão e o mesmo sorriu e bateu na sua mão.

Por alguma razão desconhecida, fiquei encantado pelos dois, de um jeito que não devia já que não eram crianças admiráveis e doces, mas sim pela inteligência, pelo jeito fraternal que eles se olhavam e a maneira que ela segurava a mão do pequenino. Mesmo não sendo algo legal que crianças devem fazer, quase sorri vendo o quanto eles eram malandros e travessos. QUASE, pois lembrei da dor na minha bunda, do cheiro de ovo que meus cabelos tinham e da mancha meio esverdeada que tinha na minha testa pela geléia fedida.

 — Mas, hey, eu sou Alice. E esse é o Noah. — Cumprimentou a menina com um sorriso tão parecido com o de Elena, aquele que havia ficado em minha mente desde de manhã cedo na entrevista quando o enxerguei e o apreciei. Ela estendeu a mão e fechei os olhos em duas fendas, olhando-a com desconfiança. Alice rolou os olhos e logo pronunciou-se. — Eu não mordo! — Sorriu com o jeitinho de menina e me derreti pensando que aquela criança realmente era adorável como deveria ser.

Estendi o braço e fui retribuir o oferecimento da mão. E então, assim que coloquei a mão na dela, entendi o porquê de Noah rir baixinho, senti um choque forte na palma da mão. Ela estava usando um daqueles aparelinhos elétricos que usam para dar choques na hora do aperto de mão e realizar pegadinhas maldosas. É claro que não estava com boa intenção! Os dois sairam correndo, me deixando para trás com um grande desejo de que o pesadelo acabasse logo.
 

[...]

 

Finalmente chegou ao fim! Elena estava aqui, pelo menos, era o que o carro estranho lá fora indicava. Eu havia acabado de sair do banho, fui obrigado a tomar um e tentar tirar aquele cheiro podre de mim. Fui em direção aos inúmeros quartos da casa procurando pelo dela. Enquanto eu caminhava pelos corredores, meu coração acelerava mais e parecia querer quebrar minhas costelas, ou talvez, saltar pela minha boca. Por que isso estava acontecendo? Por que minhas mãos estavam soando frio? E por que eu simplesmente estava com algum tipo de problema respiratório sendo que nunca tive asma ou pneumonia? Não conseguia achar palavras para contar à ela todo aquele engano. Não conseguia pensar como, ao menos, falar na frente daquela mulher. Então, de repente, esbarrei nela. Batemos a cabeça e fiquei tonto no mesmo instante, porém a causa da tontura eu não sabia qual era, se era pela trombada ou simplesmente pela sua presença. Ela riu de um jeito exagerado e fofo. Observei sua pessoa à minha frente e mudei a definição de perfeição para o seu nome. Elena Gilbert. Deus do céu! Se eu que achava que a imagem de mais cedo na empresa era a mais bonita que eu conseguiria dela, estava enganado. Os cabelos se encontravam compridos e soltos, um robe fino de seda a cobria e não possuia maquiagem nenhuma no rosto. A pele morena, mesmo a distância, parecia incrivelmente macia e tentadora, era preciso certo controle para não pedir permissão para tocar e sentir de qual textura era. O rosto ainda mais bonito sem aqueles quilos de reboco. É claro que eu já estava embasbacado, então evitei olhar para baixo e fitar o corpo daquela pessoa, ou se não cairia no chão e perderia todos os sentidos de vez. 

Mais uma vez eu estava babando e completamente estufato, sem palavras diante à Elena.

Foco! Tenha foco! Você mal a conhece e ela, provavelmente, será sua chefe de uma maneira ou outra, concentre-se!

— Boa noite, Damon! — Ela cumprimentou cordial e eu, idiota e bobão, só acenei com a cabeça. Foi o máximo que consegui. — Acabei de colocar aqueles dois na cama e Deus, eu não sei o que você fez, mas eles estavam exaustos e apagaram! — Aquilo foi um elogio, não com razão, mas foi. Oh, eles estavam apenas cansados das diversas tentativas de me matar, só isso! — Tenho algo à lhe dizer e sinto muito não poder conversar com você a respeito disso tudo. Sinto muito não ter tempo para isso, mas estou extremamente cansada e amanhã mesmo viajo a negócios. — Empaquei com isso.

— O-o quê?! — Consegui perguntar, gaguejando é claro.

— Eu sei, prometi que teria tempo para dialogar com você e lhe explicar como tudo irá funcionar, mas isso realmente não estava nos meus planos. Preciso ir deitar urgentemente, estou quase dormindo em pé e meu vôo sai às sete da manhã. — Elena realmente estava abatida, quase caindo de sono ali mesmo, porém mesmo assim não deixava de estar linda... —  Damon, estou depositando toda minha confiança em você e deixando minhas maiores riquezas em suas mãos, cuide para mim. Se esforce e não tome nenhuma decisão precipitada antes de completar as duas semanas, não é tão ruim assim, você pegará o jeito.

Fale alguma coisa, grite, esperneia, tome uma atitude! Diga para ela!

Minha consciência mandava, mas minha boca não obedecia, minha língua travava as palavras. Tudo por ser um virgem, frouxo e trouxa sem noção!

Então eu disse, mas não o que deveria.

— Pode deixar, senhorita Gilbert.

Não! Não! Não! Mil vezes não, idiota!

— Obrigado por isso. Manterei contato e Magda lhe passará todas as instruções. Meu motorista irá levá-lo para onde está hospedado, amanhã pode trazer suas coisas e se instalar no quarto que quiser. Até mais, Salvatore. — Ela piscou e eu juro que quase perdi o fio da meada ali mesmo. Meu corpo reagiu estranhamente em relação à suas últimas palavras e percebi o quão ferrado eu estava.

Acabei de me comprometer a ficar duas semanas com Alice e Noah, aquelas crianças que querem a minha cabeça em um prato, como seu babá oficial... Onde eu estava com a cabeça? A culpada era daquela mulher. Aquele maldita mulher que por algum motivo me fazia parecer mais idiota que o normal e também tirava o meu dom de fala.
 

 

FIM DO FLASHBACK

 

E foi assim que aconteceu, foi assim que virei o homem mais burro, fraco e dependente de uma mulher que eu mal conhecia. A mercê de duas crianças que eu não deveria nem saber da existência. Há duas semanas.

Era noite e Elena já havia aterrizado em Los Angeles. Estava à caminho de casa. Graças aos céus! Tanta coisa aconteceu nas duas longas e malditas semanas. Ao mesmo tempo em que me ferrei, também me diverti. Aprendi na marra a lidar, um pouco, com Alice e Noah. Alice nem tanto, pois que menina impossível! Noah era minha companhia, era pequeno e era notável que sentia falta de alguém ao seu lado para brincar e se divertir, alguém paternal, quero dizer. Nós havíamos jogado bola nos últimos dias e eu não podia estar mais encantado pelo garoto. Ele não me era estranho, tinha a cor dos cabelos igual... 

Esquece.

Alice era impossível, vivia naquele celular e não falava de jeito nenhum o que fazia nele. Era difícil saber suportar o jeito que me tratava. Ela não me queria por perto, porém teve que aguentar, os levei para escola, ajudei no almoço e cuidei pelo resto dos dias. Algo me atraía até eles. Eles me lebravam de alguém e eu não sabia exatamente quem.

Também não me pergunte o que deu em mim e como aceitei essa situação. Estava me apegando à aqueles dois mesmo estando naquelas circunstâncias, naquele falso emprego de babá e bobo pela mãe deles. A mãe deles que estaria chegando agora mesmo, a que estava me fazendo entrar em pânico, com sangue nas veias pulsando e os batimentos cardíacos aumentando assustadoramente.

Eu não fazia idéia do que estava acontecendo comigo.

De repente, senti duas mãos em meus ombros. Logo recuei com o arrepio frio e prazeroso que desceu pela minha espinha com o toque. E ali estava ela. Elena. Bonita É sorridente mais uma vez.

— Eu voltei, finalmente! — Talvez ela estivesse rouca e cansada, ou apenas fazendo de propósito, não importa qual fosse a razão de estar mumurando, aquilo estava me deixando em uma situação constrangedora. Aquele lugar, em um súbito, pareceu abafado demais e minha respiração acelerou. Agradeci aos céus quando ela mudou o tom de voz. — Onde estão meus pequenos? Estou com tantas saudades! — Sua voz ficou chorosa e notei que estava emocionada.

E com isso nem quis preocupá-la em dizer que Alice hoje estava bem cabisbaixa e triste, porém me odiava como qualquer outra já existente babá e não se abria, não falava o que lhe entristecia.

Lembrei do dia em que Elena saiu daqui e me disse que eles eram suas maiores riquezas. Refleti sobre o quanto ela amava aquelas crianças sendo que era milionária e cheia de fortunas, mas o que realmente parecia lhe importar e fazer feliz, estava ali, naquele quarto, adormecidos e roncando. A admirei por isso. 

Foi em direção ao quarto e resolvi não seguí-la, afinal, precisava de um momento à sós com eles, certo?

Hoje eu tentaria mais uma vez. Talvez fosse apenas aquele dia que sua presença havia me afetado muito e eu não conseguia lhe contar o mal entendido. Talvez eu precisasse de um tempo, talvez agora que ela tinha todos os seus negócios organizados e feitos, agora que possuía tempo, eu conseguisse dizer que aquilo não era pra mim. Que aquilo era tudo um deslize.

Meus pensamentos foram interrompidos pela sua voz implorando por algo. Assustado e curioso, especialmente preocupado, me aproximei e ouvi uma conversa.

— Meu amor, não chore, por favor! Não chore, fique calma. — Ouvi soluços e concluí que eram de Alice. Me apavorei e involuntariamente entrei no quarto, me deparando com uma cena de cortar o coração. Alice estava abraçada à Elena de um jeito sufocador e chorava abertamente, como uma menininha frágil que nunca imaginei que fosse. Ela estava com saudade da mãe, pensei, porém me enganei. — Você sempre terá à mim. Sempre. Eu já lhe disse quantas vezes, minha menina? Eu já lhe disse que ele não virá. Você sabe o quanto dói em mim isso, mas é a verdade. — Elena dizia para a filha com a voz falha e dolorosa. Naquele momento, ela não parecia a mulher que conheci no seu escritório, não parecia a mulher bonita e rica das revistas, e sim uma mãe, uma mãe com o coração apertado. O semblante dela me lembrava muito de Lily, minha própria mãe.

—  Ele prometeu pra mim, mamãe! Prometeu que dessa vez viria! —  A menina disse e limpou as lágrimas com a ponta do pijama. —  Papai prometeu.

Oh, então era disso que se tratava. Era por isso que ela andava distante, porém feliz pelos cantos esses últimos dias. Depois hoje, do nada, acordou para baixo. Provavelmente trocava mensagens com o pai e o mesmo não compareceu.

—  Meu amor, você sabe que seu pai sempre promete, mas nunca vem. Nunca cumpre com sua palavra. —  Sua mãe respondeu e aquilo parecia ser uma coisa difícil para se dizer à um filho. —  Prometa para mim que não falará mais com ele. Prometa de verdade agora. —  Seu tom de voz ficou autoritário, mas a preocupação não saiu dele.

—  Prometo. —  Alice disse e cruzou os dedinhos com a mãe.

—  Agora vá dormir e amanhã conversaremos sobre isso. —  Beijou a testa dela e a cobriu com um lençol. —  Eu te amo. —  Sussurrou, depois foi em direção ao caçula que ainda continuava em sono profundo e fez o mesmo com ele, declarando sua saudade e amor com a voz baixinha para não o acordar.

Sai rapidamente do quarto e esperei seu retorno, queria saber o que aconteceu, como aquilo passou despercebido por mim nos últimos dias. Não demorou muito e ela saiu, seu peito subia e descia, abraçava seu próprio corpo e chorava violentamente. Não podia imaginar a dor que seria ver um filho sofrendo. Nunca poderia.

—  O que aconteceu? —  Perguntei baixinho com compaixão e sem gaguejar pela primeira vez. Elena levantou o olhar e repentinamente me abraçou. Sim, ela me abraçou. Se jogou praticamente nos meus braços e seu choro era de quem pedia colo e ajuda. Sem pensar, e com o maior prazer do mundo, a abracei de volta. Aquilo era bom e soltei um suspiro satisfeito por algum motivo que desconheço. Nada mais importava naquela hora. Eu havia esquecido dos meus problemas, havia esquecido do quão imprudente e bobo fui por ter aceitado ficar aqui com as crianças, do que eu iria lhe falar e especialmente de que aquela era minha "chefe", ou seja, a última coisa que eu deveria fazer era abraçá-la. Porém, ela precisava de um abraço aconchegante agora, não precisava conhecê-la para saber disso. —  Shhh, me conte o que houve. —  Pedi e ela pareceu acordar do transe em que se encontrava, pois se afastou bruscamente dos meus braços. 

—  Desculpe por isso. Eu sou uma idiota. —  Sorriu sem jeito e limpou as lágrimas. 

— Não se desculpe. Me conte o que houve. — Pedi mais uma vez, não queria deixá-la desconfortável, mas percebi que queria falar, apenas tinha vergonha ou algum tipo de receio.

— O pai deles é o problema.— Suspirou e balançou a cabeça negativamente.— É tudo minha culpa. Eu escolhi isso para eles, eu escolhi viver daquele jeito e hoje eles sofrem as consequências. Entretanto, não posso me arrepender e não me arrependo, pois se eu não tivesse passado por tudo que passei, hoje eu não os teria e eu não me imagino sem eles.— Parecia querer desabar, então deixei. Apenas deixei e ouvi atentamente. A cada palavra eu queria saber mais, entender mais e, se fosse possível, lhe ajudar mais de alguma forma.— Ela trocou mensagens com ele nesses últimos dias, mesmo comigo a proibindo disso antes. Ele respondeu e ainda lhe deu falsas esperanças de que vinha vê-la depois de tanto tempo. Escreveu como se a amasse e sentisse sua falta, como um verdadeiro pai. Ele faz isso por prazer, pois sabe que se atingí-la, também irá me atingir! A enche de esperanças sendo que ele sabe, eu sei, todos nós sabemos que ele nunca vem ou se precupa.— Parou de falar e respirou fundo, cessando as lágrimas. Os olhos castanhos agora eram repletos de raiva. Ela devia realmente o odiar. E quem não odiaria alguém assim? Até eu já o desprezo por tratar os filhos dessa maneira. — Me desculpa, estou sendo injusta com você, Damon. Está aqui há duas semanas, ainda espera explicações sobre o emprego e eu aqui falando dos meus problemas. Sinto muito mesmo por despejar as coisas assim em você. Não nos conhecemos direito e eu aqui falando essas coisas como se fôssemos íntimos... Que loucura! — Mal ela sabia que eu apreciava o tempo em que ela falava, apreciava sua aproximação e até queria mais. Elena sorriu triste e franziu o cenho.— Falando no traste do meu ex-marido, você me lembra dele... Um pouco. Tem a feição um pouco parecida com a dele e especialmente o sobrenome, achei que nunca veria outro Salvatore além de Stefan. Que coincidência.

E ali tudo ao me arredor pareceu ocilar. A imagem de Elena ficou embaçada e pisquei várias vezes, perdido e tonto ao ouvir aquele nome. 

— Stefan Salvatore é seu ex-marido, pai dos seus filhos?— Perguntei boquiaberto.

— Infelizmente.
 

O meu irmão.


 


Notas Finais


Calma, no próximo capítulo terão flashbacks dessas duas semanas que Damon passou com as crianças, os quais, ao que parece, são os seus sobrinhos! Esses capetinhas ainda vão aprontar muito! Muita coisa vem pela frente, momentos quentes, engraçados e de sofrência. Como podem ver, Damon acabou de descobrir algo sério... Será que depois disso ele terá coragem de contar a verdade para a Elena?

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