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História My Daebak Dad - As regras do jogo.


Escrita por: beagotnojams

Notas do Autor


oh quem voltouuuuuu yaaaaaaaaaaaaaa
bea in your area!
boa leitura! djhcisjcd

Capítulo 5 - As regras do jogo.


Quando eu era mais novo, lá pela minha adolescência, eu costumava me pegar pensando que super vilão da história eu teria sido em outra vida. Um rei medieval muito mal? Ou um ditador sanguinário do século passado? Vai ver até o Hitler, talvez! Por que não é possível que a minha vida é tão complicada assim, a toa. Com certeza eu pago os todos os erros de uma vida passada cheia de pecados e maldade e não há nada que eu possa fazer com relação a isso. Esses pensamentos voltam bem rápido nesse momento, visto a situação em que eu me encontro.

Jimin abre e fecha a boca várias vezes, piscando os olhos em um ritmo bem bizarro. Parece que ele prolonga toda a tortura ficando quieto! Eu queria que ao menos ele dissesse algumas coisas pra acabar com essa angústia toda, mas não, meu amigo só fica com uma cara de quem ouviu que as duas Coreias vão se reunificar. Até Yuki parece incomodada com a situação, também esperando por uma reação da parte dele.

— Jimin? — Murmuro, avançando dois passos na direção dele. — Você está... bem?

— Será que ele morreu? — Yuki pergunta, colocando a mão na frente da boca. — Puxa vida, eu nunca vi um cadáver antes. Quanto mais um cadáver em pé! Vamos tirar uma foto?

— Não! — Exclamo, já mais irritado do que nervoso. — Jimin, o que deu em você? Fala alguma coisa! Por favor!

E então, ele se mexe.

E explode em gargalhadas.

Tudo bem, por essa eu não esperava. Eu estava me preparando psicologicamente pra ouvi-lo fazer mil perguntas sobre Yuki ou até mesmo pra ve-lo desmaiar. Quer dizer, eu acho que essas seriam minhas reações caso algum dos meus dongsaengs dissessem que são pais. Mas não, ele começa a rir que nem um idiota, fazendo com que eu e a pequena nos entreolhemos com cara de interrogação. Jimin nos deixa ali sozinhos e vai até a cozinha com os sacos de bebida que ele trouxe, guarda tudo na geladeira e volta pra sala com MEU saco de biscoitos de chocolate, provavelmente o último, já que Yuki detonou boa parte deles.

— Qual é a graça? — Questiono, sentindo o sangue ferver. 

— Pra cima de mim, Hyung? — Jimin sorri, se jogando no sofá e ligando a TV, como se estivesse na própria sala de casa. — Eu sabia que você deveria estar planejando alguma pegadinha só de vingança por eu ter te exposto a uma... situação constrangedora com o povo do seu prédio, eu te conheço... mas daí a fazer ISSO? 

— Quê? — Pergunto, sem acreditar. — Não Jimin, não é nada disso. Não tem ninguém brincando aqui.

— Ah, entendi! — Ele ri, agora encarando Yuki. — Você tá querendo fazer um dinheiro extra. Mas sério, cuidando de crianças? A situação tá tão ruim assim? Quer dizer, você poderia ter falado comigo ou até com a minha mãe, você sabe que é um filho pra ela... Mas sinceramente, achei que só a academia e as tatuagens cobriam todas as despesas. Por que não disse nada?

— Também não estou trabalhando como babá, eu... — Mas sou interrompido novamente. Aish.

— Ah, bem que eu vi, você não cometeria uma loucura dessas. Não suporta crianças... — O imbecil comenta, me fazendo querer enfiar a cabeça num buraco bem fundo e nunca mais sair de lá. Yuki me olha como se nunca tivesse me visto antes, e eu finjo não notar. — Olha, eu como mestre das pegadinhas, até parabenizo essa sua tentativa fraquinha, você realmente se esforçou. Mas vamos ser francos e apontar os erros: você deveria ter escolhido uma criança mais nova, essa menina tem quantos anos? Seis?

— Oito! — Yuki corrige, enfezada.

— Ó, pior ainda! Isso não bate nem um pouco. Se bem que... — Jimin franze a testa do nada, nos encarando minuciosamente. — Eu vou dar o braço a torcer. Olha essa pele, esse cabelo, essa... CARA toda... Vocês são muito parecidos...

— Somos? — Nós dois falamos ao mesmo tempo, a diferença é que Yuki diz isso com o maior sorriso de satisfação, já eu... provavelmente estou choramingando.

— Até demais... — Jimin levanta do sofá como se algo estalasse dentro dele. Agora não parece mais tão sorridente. E eu não gosto nem um pouco disso. — Espera aí... onde... o-onde você arrumou essa criança?

— Eu não "arrumei" ela. — Reviro os olhos. — Yuki...

Como a coragem de falar escapa completamente, Yuki é quem se encarrega de dar a cartada final.

— Na verdade, eu não conhecia Suga até pouco tempo, e nem ele me conhecia... mas, apesar da gente ter ficado todo esse tempo separados, eu vim até aqui para mudar tudo isso! — Ela sorri, segurando meu braço. Agora Jimin a olha como se fosse um extraterrestre. — O meu sonho sempre foi conhecer meu pai, e agora estou realizando finalmente! Não é muito legal?

Suga? Enfim, como... como você se chama mesmo? — Ele questiona, lentamente. — Acho que eu me esqueci...

— Nakamura Yuki. — Ela faz uma pequena reverência. — Você disse que a pele e os cabelo são do Suga... mas os olhos com certeza são da mamãe, sempre me diziam isso!

Mas Jimin obviamente não está escutando mais nada. E eu sei porque. Ele ouviu o "Nakamura". Ele não conheceu Naomi, por isso nem poderia concordar ou discordar das observações sobre os olhos de Yuki, mas sabe toda a história, ah, se sabe! Eu contei a ele tudo o que me aconteceu em Daegu, o motivo de ter fugido pra Seul e toda a minha merda de vida. Agora temos um Jimin com uma nova expressão: irritação. Ele se vira pra mim devagarzinho, cruzando os braços e arqueando a sobrancelha. Caralho! Fodeu!

— E-eu... posso explicar, tá? — Sorrio amarelo, coçando a nunca.

— Ah, mas você vai mesmo. — Jimin murmura, apontando o sofá para que eu me sente. 

É hoje.

                                                                                                      ❄

— Filha! — Jimin anda de um lado para o outro, com as mãos atrás das costas, andando em círculos pela minha sala. Se ele der mais voltas, vai abrir um buraco no meio da sala e parar do outro lado do mundo, no Brasil. — Uma filha? É serio isso, Hyung? Jura?

Não respondo. Estou sentado no sofá encarando meus cadarços, como se de repente eles fosse muito interessantes. Antes de finalmente começarmos essa conversa, eu tratei de fazer com que Yuki ficasse no meu quarto, dizendo que eu e Jimin falaríamos "coisas de adultos". Está ficando cada vez mais difícil de persuadi-la, tanto que eu disse que esconderia o álbum de TWICE dela e nada, disse até que a janta seria brócolis, e ela teve a cara de pau de dizer que "ama comidas verdes". Foi só quando eu ameacei ligar para querida avózinha dela dizendo o que ela tinha feito que ela resolveu entrar.  Muito contrariada, mas pelo menos obedeceu.

— Por que nunca me disse nada? — Jimin fala consigo mesmo, ainda andando de uma lado pra outro, mas eu consigo escutar.

— Ei, eu não sabia também, tá? — Retruco, irritado. — Não pense que eu escondi isso ou algo do tipo, você descobriu apenas com um dia de diferença de mim, se quer saber.

— O quê? — Ele finalmente para de andar. — Que história de maluco é essa? Me explica isso agora!

E então conto tudo, como ela chegou aqui em casa me chamando papai e como todas as coisas começaram a fazer sentido quando ela citou sua mãe e sua avó. Jimin parece se contorcer toda vez que escuta o nome de Naomi,o que me faz pensar se eu praticamente  não teria passado todo a minha raiva e decepção pra ele, visto que faz uma cara de incômodo toda vez que cito as Nakamura.

— Puta que pariu! — Jimin exclama, e eu agradeço por Yuki não estar aqui, ou ele levaria um belo beliscão. — Hyung, ela disse que tem oito anos. Isso quer dizer que você foi pai com quinze anos, é isso mesmo? Ou estou ficando louco, talvez?

— Eu sei, é horrível. — Engulo em seco, evitando encarar meu melhor amigo. — E-eu simplesmente fui embora... larguei tudo, aquela cidade, aquela vida... eu larguei as duas.

— Tá bom, não vamos nos desesperar agora! — Jimin me corta, vendo que a minha pele começa a ficar verde. Imagino que eu esteja assim, pelo menos. — Tenho uma pergunta: como você sabe que ela é realmente sua filha?

— Hã... porque... ela disse? — Sussurro, confuso.

— O que eu quero dizer é: a mãe dela, a Naomi, não traiu você? Ou seja, ela não tava saindo com outro cara também? Quem te garante que a garota é mesmo sua filha? Entendeu?

Ele tem razão. Eu não tenho nenhum exame que possa me comprovar isso. Tento raciocinar rapidamente.

— Mas... acontece que eu... mesmo tendo vindo pra Seul, talvez tenho continuado a ver as redes sociais dela. — Falo, e meu amigo arregala os olhos, sem acreditar. — Calma, foi só por uns dois meses, depois me desliguei completamente... enfim, ela continuou a namorar com aquele imbecil, Jimin! Se ele fosse realmente o pai dela, porque Yuki estaria aqui pra começo de conversa? Se esse cara fosse o pai dela, eles estariam plenos lá em Daegu vivendo uma vida da qual EU não estaria incluso. 

— Nossa, sim... e ainda mais depois de tanto tempo sem falar com você, ela não mandaria a garota pra cá aleatoriamente... — Jimin franze a testa, pensativo. — E a semelhança... eu não cheguei a ver o outro cara, mas você e Yuki... porra, nem sei o que dizer! 

— E o pior: como ela achou a minha casa? — Estalo os dedos, me atentando pra uma fato que eu ainda não tinha dado muita importância. — Porque, se você parar pra pensar, isso é bem esquisito. Como pode ser que ela tenha ME achado EXATAMENTE no meu apartamento. Será que Naomi descobriu isso? Alguém contou a ela? Mas quem?

Jimin nota que eu o encaro desconfiado, e ele trata de levantar as mãos com se estivesse se rendendo.

— Não me olha assim, eu nunca nem a vi pessoalmente! E nem me lembro mais do rosto, você queimou quase todas as fotos... — Ele dá de ombros, sentando-se ao meu lado no sofá. — Cara... eu tô mais chocado que qualquer ovo de galinha do planeta!

— Dá pra acreditar? — Solto uma risada irônica, socando o braço do sofá. — Parece que a vida simplesmente não me deixa em paz de jeito nenhum! Sempre que eu arrumo um jeito de melhorar as coisas, acontece algo que faz com que tudo vá ladeira a baixo! Por mais que eu me esforce pra tentar ter só um pouquinho de alegria, eu não consigo porque sempre tem alguém que vai destruir tudo!

— Hyung... — Jimin murmura, mas não dou ouvidos. 

— Primeiro foi a droga do meu pai, depois Naomi veio! Eu confiei, eu entreguei meu coração que nem um completo babaca, pra ele ser destroçado em mil pedaços mais uma vez! Não importa o que eu faça, parece que as Nakamura sempre vão dar um jeito de acabar com tudo! Eu a odeio tanto, se você soubesse! Eu não queria ve-las de novo nem se estivesse m pintadas de ouro na minha frente e...

— HYUNG! — Meu dongsaeng grita, estalando o dedo na minha cara. Ele aponta discretamente para a curva do corredor com a sala, aonde eu vejo olhos grandes quase cobertos por uma franja me olharem assustados. Depois, eles desaparecem e me encolho ao ouvir a porta do meu quarto bater com força.

— MERDA! — Grito frustrado, chutando o sofá. 

— Acho que você precisa falar com ela... — Jimin morde o lábio, tenso. — Ou a primeira impressão que ela vai ter do pai vai ser péssima.

Suspiro, concordando com a cabeça. Sigo em direção ao quarto e dou duas batidinhas na porta, mas é claro, sem esperar que ela abra. E não abre mesmo. Então sou eu quem tem que fazer isso, colocando apenas a cabeça pra dentro, depois entro de vez. Ela está sentada na mesinha do computador, com a cabeça enterrada nos bracinhos finos. Suas costas sobem e descem lentamente, já está chorando. Caminho a passos lentos até a minha cama, e demoro um pouco pra falar alguma coisa.

— Por que a gente não conversa um pouquinho, hein? — Sugiro.

— Por que você conversaria com alguém que odeia? — Yuki diz, ainda sem levantar a cabeça. 

— Eu não odeio você! — Respondo, irritado. — Eu... não estava falando especificamente de você! Só te conheço a um dia!

Ela levanta a cabeça devagar, se virando na cadeira giratória. Seu rosto está inchado e ela funga esporadicamente, me olhando séria.

— Disse que não queria me ver nem pintada de ouro... — Ela faz um biquinho de tristeza. Força, Yoongi!

— Não me lembro de ter citado seu nome! — Falo.

— Mas falou das Nakamura, e EU sou uma delas! Assim como a mamãe e a vovó Aiko! — Ela exclama, com a cabeça erguida.

— É, eu sei... — Acabo me rendendo, suspirando forte. — Me desculpa. você não é a primeira pessoa que eu afasto. A maioria das  pessoas costumam ir embora assim que eu abro a boca pra falar. Deve ser por isso que eu não tenho muitos amigos...

Ela suaviza sua expressão, encarando o chão. Eu aproveito e dou alguns tapinha no colchão ao meu lado, pra que ela se sente. Ela obedece, e apesar de ainda se mostrar séria, não parece mais tão triste ou irritada.

— Eu quero que você entenda uma coisa. — Me viro pra ela, sendo o mais sincero que consigo. — A sua mãe fez uma coisa que... me deixou triste. Muito, muito triste. Mas não pense que eu odeio VOCÊ por causa disso. Por favor eu não sou ruim desse jeito. É que... eu confesso que ver você assim, do nada, dizendo que... enfim, você sabe. Me fez lembrar de coisas que já estava enterradas a tanto tempo... e eu que havia esquecido que machucam tanto.

Ela não responde, apenas concorda com a cabeça.

— Desculpa por deixar você triste. — Yuki sussurra e balança os pézinhos que estão suspensos por causa da pouca altura.

— Não deixa. — Sorrio. — Quer dizer, só quando você me deixa pobre por ter que te encher de pizzas e quando entra no meu estúdio sem permissão, talvez.

Yuki solta uma risadinha, mas para de repente, arregalando os olhos.

— Ah é mesmo, eu quase esqueci! — Ela pula da cama. — O motivo por eu ter entrado lá! Queria te mostrar uma coisa!

Ela vai até a mesinha do computador, abre a pequena gavetinha que fica ao lado do apoio do teclado, e tira de lá uma folha de papel. Mas não é uma qualquer. É um dos desenhos mais lindos que já fiz em toda a vida. O desenho que eu levei semanas para terminar, porque nunca achava que ficaria totalmente idêntico a ela. E eu fazia questão que ficasse, pois ela merecia. Merecia o céu e as estrelas, e se ela as desejasse, eu pegaria quantas quisesse.

— Essa moça é tão bonita... quem é? — Ela questiona, alisando o desenho com os dedinhos.

— Minha mãe. — Respondo, sentindo uma tristeza enorme invadir meu peito. Agora não, Yoongi!

— Puxa vida, que linda! — Ela responde, alegre. — Você pode me levar para conhece-la um dia? Ela mora aqui perto? Ela sabe desse desenho? Deve ter ficado tão orgulhosa, eu tenho cer...

— Não dá, Yuki. — Respondo, com uma rispidez que não era minha intenção. Suavizo ao máximo a voz em seguida. — Ela... já faleceu a muito tempo. Quando eu tinha exatamente a sua idade.

— Desculpe, eu não queria...

— Tudo bem, eu sei. — Relaxo um pouco, bagunçando seus cabelos. Pego o desenho devagar de suas mãos, e agora nós dois o admiramos juntos. — É mesmo muito bonita, não é? Ela merecia o mundo, mas o mundo não merecia ela.

— Ela está agora no céu cheio de outras pessoas boas que se foram! — Yuki sorri, pegando minha mão. — Não se preocupe Suga, quando ela olha aqui pra baixo, o coraçãozinho dela deve bater forte de tanta alegria, por ter um filho tão talentoso! Deve estar muito orgulhosa! Eu sei!

Os meus olhos começam a arder e eu já sei o que pode acontecer em seguida, por isso me esforço pra que isso não aconteça. Tento pensar em outra pra que a menina não me veja chorando, imagina que vergonha. 

— E aí? — Falo de repente, mudando o rumo da conversa. — Você perdoa esse bobão aqui que só fala besteiras?

— Depende... — Ela se levanta e caminha até a gavetinha pra guardar o desenho. — Qual vai ser a janta?

— VOCÊ JÁ TÁ PENSANDO EM COMIDA DE NOVO? — Falo mais alto do que deveria, fazendo Yuki cair na risada. — Quer saber, a janta hoje vai ser algo bem saudável e nada dessas gorduradas que vocês ama, chega de pizza!

— Então sem perdão pra você! — Ela me dá a língua, correndo pro banheiro.

Eu tô é ferrado mesmo.

                                                                                                     ❄

— Se uma pessoa morre fazendo xixi, o xixi para ou continua a cair? O que você acha? — Jimin indaga para Yuki, que faz uma cara pensativa.

— Continua ué, o Xixi vai congelar no ar? — Ela responde, com a maior cara de intelectual. Eu mereço.

Depois de eu ter me resolvido com a baixinha, Jimin simplesmente decidiu que dormiria aqui em casa. Ele disse que queria conhece-la melhor, na verdade, ele parecia muito mais animado que eu. E depois, ele ainda disse que não confiava em me deixar sozinho com uma criança, já que eu não sabia lidar com elas. Daí eu rebati dizendo que eu já lido com ele e Taehyung,o que dá basicamente no mesmo. Ele só concordou e engatou numa conversa ridícula com Yuki sobre xixi e estrelas de pop. Pedi comida chinesa e mais uma vez nem vi a cor, já que os dois trataram de acabar quase tudo enquanto eu tomava um banho. E agora tenho que aturar Jimin me chamando de Suga Hyung, depois que ela me contou o motivo pra me chamar assim e que eu os apresentei oficialmente. Triste.

— Você é amigo do Suga a quanto tempo? — Ela pergunta, curiosa.

— Uns... oito anos, talvez? — Ele sorri amarelo, me olhando de rabo de olho, pra depois mudar o rumo da conversa. — Enfim, não importa o tempo, só que eu infelizmente preciso atura-lo todos os dias, imagina só! Eu, um garoto maduro e estudioso, preciso cuidar desse crianção. Coitadinho de mim...

— Eu vou te bater tanto que você vai ver estrelas até ao meio dia! — Respondo, fazendo os dois caírem na risada.

— Não vai nada, com esses braços de frango. Vai peitar um professor de Taekwondo?

— Você dá aulas de Taekwondo? — Yuki quase berra, colocando a mão na boca! — Sou faixa vermelha de ponta preta?

— Quê? — Jimin quase engasga com a comida. — Não posso acreditar!

— Eu não sei o que essa faixa significa, mas ela quase quebrou meu celular com um chute ontem então... se essa faixa for boa, ela está falando a verdade.

— É a faixa mais alta pra idade dela! — Jimin comenta, abrindo um sorriso. — Olha só, pelo menos a tua filha não é sedentária que nem você. — Ele se vira pra Yuki e sussurra como se confidenciasse um segredo. — Ele dorme até 12 horas nos fins de semana, sem exageros. E não gosta de gente ou qualquer coisa que se mexa e tenha vida. É, antissocial mesmo. Enfim, é só um detalhe que eu acho que você deveria saber!

— Jimin, você vai ficar sedentário permanentemente quando eu quebrar suas pernas ao meio! — Ameaço.

— Eu não disse? — Ele sussurra pra ela, levando um tapa meu na cabeça. — Ai, porra! Doeu! AI!

Ele grita de novo, quando leva um beliscão, mas não meu.

— Nada de palavrão! — Ela bronqueia, fazendo o gesto de "não" com o dedo indicador.

— Boa, garota! — Fazemos um highfive, rindo de Jimin esfregando a cabeça, onde eu estapeei e o braço, onde foi beliscado, ao mesmo tempo.

— Ok, retiro o que eu disse, vocês são idênticos mesmo. — Ele diz, puto da vida.

                                                                                                    ❄

Mais uma vez, Yuki dormiu na minha cama, enquanto eu fiquei com o sofá. Quem se fodeu na verdade foi o Jimin, coitado, que só ficou com chão da sala mesmo. O único colchão que eu tinha estragou, então ele teve que dormir em cima de um monte de edredons mesmo. Mas ainda sim, teve uma noite de sono muito melhor do que a minha.

Passei toda a noite olhando pro teto, sem conseguir pregar os olhos. Yuki ainda estava "fugida", e a senhora Aiko deveria estar morrendo de preocupação. Provavelmente a mãe da coleguinha deve ter dito alguma coisa, que Yuki estava na "casa de uma amigo de Naomi". A essa hora a senhora Nakamura deveria estar dentro de uma delegacia pensando que esse "amigo" provavelmente enganou a mãe da amiga de Yuki e que na verdade sou um assassino. Eu poderia ligar pra ela e esclarecer tudo isso, mas não tenho coragem. Sou um belo de um covarde. Ao mesmo tempo que quero tranquiliza-la, não quero ouvir sua voz novamente e me lembrar de tudo. Já não basta Yuki, que é uma lembrança de Naomi gigantesca, agora ainda tenho que falar com a Senhora Nakamura de novo? Não mesmo!

Acordei cheio de olheiras por mais uma noite mal dormida, mas dessa vez eu pelo menos acordei na hora. Tive que acordar as duas princesas adormecidas, que dormiram feito anjinhos, enquanto eu fui o otário que teve pesadelos a noite toda. Jimin chegou até a babar nos meus pobres edredons que, inclusive, preciso me lembrar de estereliza-los. Baba nojenta do Jimin eu não mereço.

— Eu estava pensando... Suga, hoje é sábado, porque não vamos ao cinema? —  Yuki pergunta, sentada na mesa com Jimin, que já está com cara de cu na mesa pelo fato de ter que trabalhar hoje, fim de semana.

Recebemos uma triste mensagem dos irmãos Jung de que teríamos que trabalhar hoje, no sábado. Trabalhamos aos sábados só de quinze em quinze dias, nos outros dias são outros funcionários. Jimin recebeu uma mensagem de Dawon, e eu do Hoseok, lá pela madrugada, com quase nenhuma diferença no jeito de falar, na educação e bom senso, é claro:

Dawon JungShape: Jimin, me desculpe mesmo, mas houve um problema na administração da academia e preciso que você venha trabalhar hoje. Sei que esse não é o seu sábado, me perdoe se já tinha planos. Podemos ver como você será recompensado por isso depois. Obrigada. Dawon.

Hoseokaralho: Yoongi, vem trabalhar hoje. Depois eu falo porque. Não ouse faltar. Hoseok. 

Bufei alto, por causa de Yuki. De novo, eu teria que arrumar alguém pra olha-la. 

— Vamos trabalhar hoje, não sei até que horas, provavelmente até de noite... —  Suspiro.

— Ahh... que chato! —  Yuki apoia a cabeça nas mãos.

— Bom... você pode ir também. O que você acha, Hyung? — Jimin pergunta, como se tivesse tido a melhor ideia do mundo.

— Quê? —  Exclamo, encarando Jimin e exigindo uma resposta. Yuki sorri, esperançosa

— Se ela ficar quietinha... acho que não dá muita merd... muito problema! — Ele se corrige, ao ver que estava prestes a levar outro beliscão. —  A gente pode tentar explicar a situação pra Dawon?

— É mesmo? E o que você quer que eu diga? — Sorrio irônicamente, fazendo aegyo barato. — "Oh Dawon, será que você poderia deixar que eu trabalhasse enquanto olho minha filha aqui, rapidinho? Ela não vai criar nenhum problema, juro!" 

— Eu posso falar com você um minutinho? — Ele fala entredentes, virando-se em seguida pra Yuki. — É rapidinho, já voltamos! Pode ficar com os meus biscoitos!

Ela comemora, e eu já ia gritar dizendo que na verdade todos aqueles biscoitos são meus, mas ele me puxa pelo braço até a sala.

— Hyung, deixa eu te contar uma coisa... — Ele coloca as mãos no bolso, impaciente. — Você é pai!

— É mesmo? Você acabou de descobrir a pólvora, seu idiota! — Sussurro.

— Deixa eu falar! A questão é que você não pode simplesmente esconder a menina de todo mundo! Uma hora, as pessoas vão ter que saber, e sinceramente, eu acho melhor que saibam por você! — Jimin 

— Jimin, isso está errado! — Falo, espiando a cozinha pra ver se ela não está ouvindo. — Lembra que eu te disse que ela veio pra cá fugindo da avó? Imagina como a Senhora Nakamura não deve estar agora? Eu não posso simplesmente fingir que a casa dela não existe! O que você está querendo, que eu comece a criar ela a partir de agora? Como vou apresenta-la pras pessoas se nem eu mesmo sei o que está acontecendo direito?

Jimin me olha, pensativo, raciocinando.

— Vamos esperar mais um dia. E daí VOCÊ vai ligar pra avó dela e contar tudo, já que a mãe não está no país. Até pra que ela confirme sua paternidade!  — Ele sentencia, espiando a cozinha também. Ela continua comendo, lendo algo no verso do pacote. — A gente vai pensar em algo, dar um jeito. Nós sempre damos, não é mesmo? Eu vou te ajudar! Quando foi a última vez que eu te deixei na mão?

— Foram tantas... você quer em ordem alfabética ou cronológica? — Respondo, contando nos dedos. Ele revira os olhos, voltando pra cozinha.

Ainda preciso tentar uma última coisa antes de levar Yuki para trabalhar. Uma ÚLTIMA COISA! Procuro o contato dele no meu celular, lembro que trocamos números quando ficou cuidando dela. Acho e  finalmente e ligo.

Alô? Yoongi? — Jungkook atende, impaciente.

— Vizinho! E aí meu amigo, onde você tá? — Pergunto, na maior cara de pau. 

Na puta que te pariu! — Ele responde. Eu não esperava menos. Imagino que esteja em seu apartamento nesse momento, claro. — O que você quer?

— Que grosso! — Finjo estar magoado.  — É sobre a Yuki.

— Hã? O que houve? — Ele questiona, suavizando o tom de voz. Acho que gostou mesmo dela. — Ela está bem?

— Claro, claro... mas ficaria melhor se você viesse cuidar dela hoje! Que tal? — Falo, com voz fofa.

— Que cara de pau! — Ele ri, irônico, — Parece que alguém se esqueceu que me enxotou que nem uma barata da sua casa!

— Você disse que eu era um prostituto! — Protesto, com raiva.

— E daí oras, profissão honesta como qualquer outra. — Ele fala, calmamente. — Aliás, o que você esperava? Todo dia alguém entra na sua casa, fica umas duas horas e sai!

— Que seja, você vai poder? — Indago, sem paciência nenhuma.

— Hm... por quanto você está disposto a contratar meus serviços conceituadíssimos de babá? — Ele fala com uma voz marota. Esse garoto!

— Escroto do caralho! — Xingo, fazendo-o rir do outro lado da linha. Espio a cozinha, notando Jimin ouvindo algo que Yuki fala atentamente. — Que tal 10.000 wones?

— Eu ouvi 15.000 wones?

— Isso, pode ser. — Digo.

— Acho que pode melhorar mais hein... 30.000 wones!

— Não, sem chance! Vai tomar no cu! — Digo baixo pra que eles na cozinha não escutem.

—Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe tr...

— Ah porra, tá bom, 30.000 wones! — Desisto, praticamente suando. — Vem logo!

— Não vai dar, estou fora, na casa da minha mãe e do meu padrasto. Só volto amanhã!

— QUÊ? — Berro, chamando atenção de Yuki e Jimin dessa vez. — ENTÃO PORQUE FEZ ESSA PALHAÇADA TODA?

— Eu só queria ver quanto você estava disposto a pagar e... zoar com a sua cara! haha!

Eu juro que xinguei até a última geração do Jungkook, tanto que ele nem aguentou e desligou! Desgraçado... Só deu tempo de ver Jimin tampando os ouvidos de Yuki. 

— Eu vou matar ele! Eu vou! — Exclamo, indo até a cozinha e tacando o celular longe.

— Quem era? — Jimin pergunta, pegando o celular COM O PÉ antes que se espatifasse no chão. Yuki bate palmas. 

— Pra ele estar tão estressado assim... aposto que o Kookie Oppa! — Yuki sorri, balançando a cabeça.

— Jungkook, o vizinho... — Explico ao ver a cara de de confusão dele.

— Em primeiro lugar, porque ligou pra ele, e segundo: PORQUE VOCÊ ESTAVA FALANDO COM ELE E NÃO EU?

Deus me ajude a não matar todos eles.

                                                                                                     ❄

Não deu outra: tivemos que levar ela até o meu querido(só que não) ambiente de trabalho. Enquanto Yuki e Jimin foram conversando no metrô sobre lutas e esporte em geral, eu fui quieto e pensando na melhor maneira de contar toda a situação pra Dawon, mas de outro jeito claro. Talvez Yuki se torne uma "priminha" como o próprio Jimin pensou que fosse, vamos ver. Dawon sempre parecia ser muito paciente comigo, e era legal o bastante pra entender. Se fosse Hoseok, provavelmente ele jogaria na minha cara o quanto sou um pai irresponsável e nem duvido que usaria isso como desculpa para me demitir de uma vez por todas!

Eu pedi que Jimin não dissesse nada sobre ela a Taehyung, Baekhyun ou Jackson, caso fosse hoje. Ele me deu um sorriso meio esquisito, talvez porque já estava com a intenção, mas não disse nada. Acho que sou eu quem deve contar toda essa história doida pra eles. Chegamos a JungShape, mais rápido do que eu pensava. Anuncio pra Jimin que vou atrás de Dawon, mas antes de deixar que ele vá, eu olho bem nos olhos dos dois, ao mesmo tempo, e deixo claro:

— Nem UMA palava sobre a verdadeira identidade de Nakamura Yuki! Entenderam bem? Deixem que eu cuido disso, se vocês abrirem o bico, eu mato! — Sussurro e os dois confirmam, meio contrariados. — Ótimo, vai trabalhar logo Jimin! Chaveirinho, você vem comigo!

— Nossa, esse lugar é incrível Suga! Não sei porque você falou tão mal! Poxa... — Yuki exclama, admirando toda JungShape o lugar que eu daria tudo pra que desmoronasse até não sobrar um tijolo pra contar história. Pois é talvez eu tenha difamado o lugar só um pouquinho pra ela... ou muito... vai saber!

— É fácil falar, você não trabalha aqui e nem tem que aturar os pedaços de cocô que eu tenho que ver todo dia! — Suspiro, enquanto procuro Hoseok com o olhar. Nada dele, graças ao Senhor! Não sei o que ele pensaria se me visse com Yuki a tiracolo, eu não tenho o menor interesse de ver a minha vida completamente exposta pra alguém que eu não tenho a menor consideração.

— Anda mais devagar tampinha, se você derrubar um dos velhos que fazem hidroginástica, vou ter que fazer tatuagem na Coreia inteira pra pagar o conserto dos ossos deles.

— Está bem, está bem... — Ela desacelera o passo, estendendo sua mão para que eu a pegue. — Vamos até a piscina! Por favorzinho! Será que ela é grande ou pequena? Sabia que meu sonho era ser uma daquelas sereias profissionais, que usam nadadeira e tudo? Daí mudei de ideia quando percebi que só consigo ficar 1 segundo debaixo d'água... Ah, e depois, eu quero ir até a sala de Taekwondo, e depois até onde tem o CrossFit, sabia que a mãe da minha amiga que me trouxe até aqui faz? Mas acho que não adiantou muito! Ah, E depois vamos até...

— Eu bem que queria ir até um lugar onde você NÃO FALA NADA! — Exclamo, e ela dá de ombros, ignorando minha impaciência. 

— Yoongi? —  Baek vem na minha direção, parecendo animado. — Que merda trabalhar hoje né? E você ainda chega atrasado, sortr que o chefe tava ocupado com outras coisas, ele parecia bem nervoso e não deve ter percebido que você não estava aqui... aliás, Jimin me disse que você tem uma... notícia muita boa pra nos contar? O que é, hein? Sabe que eu sou curioso!

— COMO É QUE É? Ah, Jimin disse...? — Respondo entredentes, sentindo que vou explodir. O filha da puta... ele disse! Eu não acredito! —  Não é nada demais, Hyung. Você sabe como é o babaca, sempre aumentando as coisas... se bem que... ela por si só já responde muito coisa!

— Ela? Ela quem? — Baek indaga, confuso.

— Como assim, a menina que está aq... — Mas quando olho pro lado, ela já não está mais lá. Nem um sinal de Yuki, nem a sombra dela. Nada.

— Baek, você ainda está com algum daqueles remédios pra dor de cabeça aí? Acho que vou precisar... — Sussurro, repousando os dedos nas têmporas. E ainda nem começou o dia direito...

— De quem você está falando, afinal? — Ele pergunta, totalmente confuso, o coitado.

— É o seguinte: me ajuda a procurar uma menina de 1,20, de franjinha! Agora! Depois eu... explico. — Engulo em seco. Jimin... ele deve ter mandando mensagem pra todos eles!

Passamos dez minutos procurando, e nada. Até que, no segundo andar, eu a vejo espiando a aula de Taekwondo pela janela. Não é o Jimin que dá aula, mas outro professor, que já está finalizando, provavelmente pra que ele possa entrar depois. É claro que o Jimin não viria de cara pra cá, ele sempre tem que sassaricar por aí pra espiar os caras malhando. Ridículo! Ao mesmo tempo, brincamos de pique esconde com Hoseok, que provavelmente está me procurando, mas preciso achar Dawon antes dele. Encontrar Yuki e Dawon e NÃO topar com ele. Essas são as regras do jogo.

— Ah, te achei! Deus é pai! — Falo, quase pegando-a no colo! — Não saia de perto de mim, ouviu bem??????

— Aish, me desculpa! Só vim procurar o Jimin! — Ela sorri, olhando feliz para a sala. — Olha o tamanho desse lugar! A salinha da escolinha onde eu fazia era tão pequetitita que caberia umas milhões de vezes dentro dessa.

— Hm... quem é? — Baek pergunta, falando pela primeira vez desde que a achamos.

Abro a boca pra (tentar) responder, mas sou interrompido pela voz que eu menos queria ouvir. DROGA!

— Que demora, chegou atrasado de novo! — Hoseok bate com o indicador no relógio, passando a mão no cabelo boi lambeu. — O que está fazendo aqui? Eu vi você perturbando essa aluninha lá das escadas! O que é isso, agora vai fazer amizade com os clientes?

PERFEITO! Se ele pensar que ela é apenas uma das alunas de taekwondo, pode me deixar em paz.

Mas é CLARO que Yuki claramente não está em sintonia comigo, porque ela faz uma careta séria e cruza os braços.

— Não está me perturbando não! Aliás, foi ele quem me trouxe! — Responde, sorrindo.

NÃO, NÃO NÃO!

— Quê? Como assim? — Ele pergunta, confuso. Baek apenas assiste a cena muito entretido, quase animado pra ver o que acontece depois — VOCÊ a trouxe? É parente sua? Vai matricular?

— É minha parente sim, claaaaro! — Olho feio pra Yuki, que apenas dá um sorrisinho de lado e desmancha rapidamente. — Mas... ela não veio se matricular, eu apenas a trouxe por... necessidade. Inclusive, eu estava procurando a Dawon pra tratar do assunto. Se me der licença.

— Não há nada que você diga a ela que não pode dizer a mim... — Ele sorri, curioso. — Vamos, me fala. Estou aqui! Seu chefe.

— Então tá... — Começo, receoso. 

Eu invento uma lorota sobre como a minha tia inexistente, claro, precisou deixar ela comigo e, como era sábado que eu não iria trabalhar, fui pego de surpresa. Não que essa parte não seja verdade, inclusive, ajudou o relato a ficar mais... verídico. Então precisei trazer ela porque ninguém mais podia ficar olhando, além de que eu não confiava em ninguém para cuidar da minha doce priminha japonesa.

Hoseok ficou quieto por uns segundos, depois sorriu de forma irônica. Lembram-se do que eu disse? Se ele sorri, é porque eu vou chorar.

— Sabe qual o seu problema Yoongi? — Ele solta uma risadinha, cruzando os braços e balançando a cabeça. — É que você é incompetente até a raiz do cabelo, por mais que a Noona me faça querer acreditar que não... olha só pra você... um pobre coitado que nem consegue chegar a tempo no trabalho, e nem consegue arranjar NINGUÉM pra cuidar dessa criança. Eu até demitira você de uma vez por todas, mas tenho pena, sinceramente. Se não fosse por mim e esse trabalho que eu gentilmente ainda te deixo exercer, o que seria de você, hein? Você nunca vai conseguir NADA além de atender clientes de distribuir balinhas! Que talento especial você tem? Pois é, NENHUM! É um fracassado, que se não fosse por minha causa estaria morrendo de fome!

Eu já ouvi vários desaforos dele antes, mas nunca nem liguei, inclusive até ria e debochava com meus amigos depois! Mas nesse momento, era como se eu tivesse tivesse levado várias socos na cara. Eu ODEIO a ideia de me sentir mal por algo que Hoseok diz, mas dessa vez, simplesmente não dá. Ele tem razão. Todos os meus sonhos foram embora há 10 anos atrás, voltaram e sumiram de novo depois de dois anos, pra sempre. Tudo o que eu sempre sonhei em ser. Simplesmente abandonei tudo porque não tinha mais forças. Simplesmente não tinha.

Baek abre a boca pra falar, mas Hoseok coloca um dedo indicador sobre os lábios e ele a fecha de novo. Eu não quero olhar pra Yuki. Depois disso, não consigo. Finalmente ela sabe quem é o pai dela. Um belo de um fracassado. Espero que se contente com isso.

— E se essa garota quebrar alguma coisa na minha academia, você vai ser um fracassado desempregado! Ouviu bem?

— Sim, senhor. — Respondo, entredentes.

Ele vai embora e ainda tem a audácia de fazer um carinho no topo da cabeça de Yuki.

— Espera. — Escuto a vozinha fina, e Hoseok para, antes de descer as escadas. — Me desculpe, moço! Desculpe se fiz alguma coisa errada! Eu não vou quebrar as coisas dessa academia tão bonita.

— Ótimo! — Ele sorri, batendo palmas! — Pelo menos alguém é sensato aqui! Não vai fazer mais do que sua obrigação, filhinha! Até mais tarde!

— Mas eu não disse que não ia quebrar NADA... — Ela caminha na direção dele, e daí, acontece... algo.

A última coisa que me lembro foi de ver Yuki erguendo a perna para um dos seus "golpes" de Taekwondo. Acontece tudo em câmera lenta. Ela berra enquanto faz o movimento. Eu arregalo os olhos, enquanto Baek puxa o ar com um bico, sentindo toda a dor alheia. E, por último Hoseok cai no chão, gritando e todo encolhido. Yuki o acertou bem nos "países baixos" dele. Acho que essa não era bem a intenção dela, pois ela tampa a boca com as mãos, puxando a mim e Baek pelas mãos, gritando.

— CORRE, ELE VAI NOS MATAR! — Ela berra, e eu corro mesmo. Corro muito. 

Enquanto eu corro, olho para o lado. Baek também corre, mas ri. Ri muito, e eu acabo rindo também. O que era pra ser trágico, acaba se tornando algo tão cômico que a minha barriga começa a doer e eu paro, gargalhando com Baek ao lado. Eu nunca tinha visto uma cena tão linda na vida. Já estamos perto da piscina. Yuki nos olha assustada, mas depois começa a rir também, e nós três parecemos três palhaços rindo de um pobre coitado que está lá em cima, nocauteado. Ele grita tanto que escutamos daqui da piscina, que fica um pouco afastada. Vejo uma movimentação, várias pessoas correndo até o segundo andar provavelmente para socorre-lo.

Acabou pra mim. Partiu fazer tatuagem até no presidente pra tapar o buraco do salário que eu (obviamente não vou mais receber).

Mas pelo menos, vou partir em grande estilo. Devo essa a Yuki.

Valeu, chaveirinho.


Notas Finais


COMENTEM POR FAVOR!!!!! obrigada de nada hehehe


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