Piper gradualmente despertou para a consciência, enquanto o fluxo suave da luz solar invadia seu quarto, iluminando todo o ambiente. Esfregou os olhos preguiçosamente antes de abri-los. A loira bocejou silenciosamente, proporcionando a seus músculos um alongamento revigorante. Sua noite tinha sido curta, devido às cervejas consumidas e a companhia encantadora de uma certa morena. Virou-se na cama para encarar a responsável por tudo isso: Alex Vause.
A fotógrafa ergueu-se apoiada em um cotovelo, estudando Alex. Seus olhos ansiavam pela câmera, desejando capturar aquela visão e preservar a memória daquele momento para sempre. Os cabelos escuros de Alex estavam levemente desalinhados, alguns fios delicadamente caindo sobre seu rosto pálido e suave. Piper percorreu seu rosto com os olhos, começando pelas sobrancelhas, seguindo até o nariz pontudo e delicado, e demorando-se nos lábios rosados. Inconscientemente, Piper umedeceu os próprios lábios ao admirá-los, reconhecendo que aqueles eram os mais doces e envolventes que já havia experimentado. Seus olhos, insaciáveis, desceram para o pescoço de Alex, surpreendendo-se ao notar a marca vermelha, o chupão da noite anterior. Piper sabia que possuía uma marca correspondente em seu próprio pescoço. Subitamente, ela refletiu sobre os eventos da noite anterior.
Os beijos intensos, o calor do desejo pulsando em seu corpo; Piper ansiava por aprofundar aquele momento, mas sabia que não podia ser apressado, não daquela forma e não naquele instante. Não queria que sua relação com Alex fosse guiada apenas pelo desejo carnal.
Alex não era uma mulher comum, ela era única, valiosa e especial. Piper não conseguia compreender como, em apenas um encontro, Alex já havia mexido tão profundamente com ela.
A loira havia permitido que Alex passasse a noite, considerando a hora tardia e a chuva intensa lá fora. Ambas estavam visivelmente sob a influência do álcool. Enquanto a morena adormecera quase instantaneamente, Piper tentava acalmar seu corpo, deitada nos braços de Alex, mas as sensações só aumentavam. Em certo momento, Piper ponderou em deixar Alex na cama e se acomodar no sofá, mas sabia que a morena não apreciaria isso pela manhã. Assim, ela se deslizou para fora da cama, sem acordar Alex, e buscou alívio em um banho frio para acalmar o fogo que queimava dentro dela como um vulcão.
Após alguns minutos no chuveiro, Piper retornou à cama em silêncio. Embora o banho tenha resfriado seu corpo, ela permanecia completamente acordada, consciente da presença da morena ao seu lado. Deitou-se a poucos centímetros de Alex, evitando qualquer contato físico. Piper sabia que, se voltasse à sua posição anterior, precisaria se resfriar novamente. Entretanto, foi em vão, pois, enquanto encarava o teto iluminado pela luz da lua que penetrava pela janela, sentiu Alex se mexer ao seu lado. Em breve, o braço da morena envolvia sua cintura e sua respiração se misturava ao pescoço de Piper.
A loira congelou instantaneamente, seu coração acelerando e a respiração engatando.
— Caramba, Alex, você só pode estar querendo me matar. — Pensou Piper. Inclinando cuidadosamente a cabeça para o lado de Alex, ela constatou que a morena ainda dormia tranquilamente, aconchegada contra ela. Com cuidado, soltou a respiração que nem sabia que estava prendendo, tentando não perturbar Alex com as batidas erráticas de seu coração.
Apesar de Alex estar adormecida, Piper sentiu uma proximidade intensa naquele momento. Permitiu-se relaxar completamente, apreciando o calor do corpo da morena e a suavidade do abraço. Quando o relógio atingiu três horas, seus olhos finalmente se tornaram pesados, e o sono a envolveu. A contragosto, ela se entregou, fechando os olhos.
Às oito e meia da manhã, o que Piper considerava cedo demais para seu gosto, conseguiu se levantar da cama e dirigir-se à cozinha para preparar um café da manhã especial para Alex.
Enquanto os pães estavam na torradeira, o toque do telefone interrompeu a tranquilidade. Piper avistou-o sobre o sofá na sala de estar e o apanhou. O nome 'Dayanara Diaz' piscava na tela.
— Alô?
— Bom dia, loirinha! — A voz animada de Dayanara encheu os ouvidos de Piper. — O plano de hoje ainda está de pé, sim?
— Claro, Daya, mas sobre isso, podemos mudar o horário para mais tarde? — Piper perguntou calmamente.
— Piper Chapman está com uma garota neste momento? — Sua voz mudou de animada para curiosa instantaneamente.
— Por que você diria isso?
— É sempre o caso, Piper, não negue. — Ela disse com conhecimento de causa. Piper considerou mentir para ela, mas não via motivo para esconder algo de sua amiga.
— Tudo bem, eu tenho uma amiga que passou a noite aqui. — Suspirou.
— Oh, amiga... entendi. Esta amiga está agora deitada em sua cama depois que vocês se envolveram até ficarem inconscientes na noite passada? — Dayanara perguntou, provocativa, e Piper revirou os olhos para a implicação.
— Nada aconteceu. Você e Cal acham que eu sempre vou para cama com alguém. Na verdade, fomos... para dormir.
— Já estava na hora, loirinha.
— Daya, não aconteceu nada. — Ela insistiu.
— Ela não fez nada estranho ou algo assim?
— O quê?
— Ela tem maneiras estranhas ou membros extras?
— Jesus, não. Ouça, venha na hora do almoço, está bem?
— Tudo bem, eu tenho escolha? — Piper ouviu a respiração exausta de Dayanara.
— Não. — Ela sorriu. — Você não pode me contar agora a razão pela qual está vindo mesmo?
— Não, eu tenho que ver sua reação. E também, você estará preparando meu almoço.
— Estou?
— É sua culpa, você mudou nossa reunião muito importante para o almoço.
— Tudo bem, tudo bem. Eu te vejo mais tarde, Daya.
— Até daqui a pouco, loirinha.
Piper desligou enquanto as torradas ficavam prontas. Colocou-as em um prato e espalhou geléia de morango sobre elas, apreciando a combinação de texturas e sabores.
O café já estava quase pronto na máquina quando ela ouviu alguns passos vindos do quarto. Distanciou-se e viu uma Alex ainda sonolenta. A marca vermelha no pescoço era mais evidente desta vez, mas ela tentou não fixar seus olhos lá por muito tempo. A morena sorriu ao vê-la, e Piper sorriu de volta para ela, sentindo um calor reconfortante preencher o espaço entre elas.
— Deus, você é tão linda! — Piper pensou, obviamente.
— Bom dia, Piper. — A voz rouca de Alex soou pela manhã. Ela aproximou-se de Piper, depositou um beijo carinhoso em sua testa e após deslizou no banquinho de bar, apoiando os cotovelos no balcão de azulejos.
— Bom dia, Alex. Dormiu bem? — Piper sorri, amando o carinho.
— Sim, acho que a cerveja ajudou um pouco. — Ela riu. — Você sabe que horas são?
— São quase dez da manhã. Você vai trabalhar hoje? — De repente, Piper se lembrou.
— Sim, mas não se preocupe. Eles não se importariam se eu chegasse um pouco tarde hoje. — Alex encolheu os ombros. Seus olhos focaram-se no pescoço de Piper, e a loira pôde ver um toque de diversão emanando daqueles lindos olhos verdes.
— O que foi? O que há de errado?
— Você... — Alex apontou para o pescoço da loira, e Piper tocou o lugar, lembrando-se imediatamente.
— Você tem um também. E só para constar, está mais vermelho. — Piper disse, provocando Alex, que tocou o próprio pescoço ansiosamente.
— Ah, pelo menos eu tive minha vingança. — Ela piscou para a loira.
Riram juntas. Era incrível como tudo entre elas fluía da forma mais natural. Nada era forçado. Elas sentiam paz e alegria, apenas por estarem perto uma da outra.
Depois de terminarem o café da manhã, Alex caminhou para o banheiro para vestir suas roupas da noite passada. Quando ela saiu, Piper anunciou que a levaria para casa, mas Alex insistiu que iria de táxi. Ela não queria ser intrometida, mas tinha ouvido um pouco da conversa de Piper e sabia que a loira estava esperando alguém mais tarde. Por mais que isso a incomodasse, ela tentou não se importar.
Depois de fechar a porta e começarem a descer as escadas, Alex parou em alguns andares, puxando levemente Piper pela mão, fazendo com que ela também parasse.
— Piper.
— Sim? — Ela respondeu, virando-se para encará-la.
— Obrigada novamente pelo encontro, por ter me feito ficar e pelo café da manhã. — Alex disse, sorrindo calorosamente para ela.
— Imagina, Al. Pode ter certeza de que vale a pena... por você. — Piper disse lentamente, sentindo suas bochechas queimarem e deixarem um tom rosado ali, o que Alex notou. A morena levou sua mão ao rosto de Piper e acariciou. Vê-la envergonhada era algo que ela estava amando cada vez mais. Ela aproximou-se lentamente do rosto de Piper e selou seus lábios, iniciando um beijo calmo, mas suficiente para deixá-las ambas ofegantes. Um amplo sorriso se espalhou no rosto delas. — Vamos então? — Piper perguntou, segurando a mão de Alex, que balançou a cabeça em concordância e segurou firme.
Elas caminharam até a saída do prédio de Piper e chamaram um táxi.
— Eu vou ligar para você mais tarde, sim? — A loira perguntou, apertando a mão de Alex, antes dela entrar no táxi.
— Sim, Pipes. — Alex respondeu, apertando a mão dela. Piper se aproximou e beijou sua bochecha antes dela entrar, recebendo um pequeno aceno antes de o táxi sair. Piper assistiu até o momento que o carro estava longe de vista. A loira não conseguia conter o sorriso enquanto voltava para o seu apartamento.
Encontrou as roupas que Alex usava dobradas perfeitamente no balcão do banheiro. Ela pegou a camiseta preta e cheirou. Não, ela definitivamente não ia para o cesto de roupas sujas ainda.
Depois de tomar um banho e organizar um pouco suas coisas antes de iniciar o almoço, ela ligou o seu cartão SD no notebook e olhou todas as fotos de Alex e ela no festival de balões. Setenta por cento das fotos eram só da jornalista. O cartão SD mais parecia um grande presente de Natal para a fotógrafa.
Piper se preocupava em preparar o almoço antes que Dayanara chegasse. Com esmero, escolheu peixe acompanhado de couve de Bruxelas. A amiga não demorou a chegar após a conclusão da refeição. Ao abrir a porta, deparou-se com a figura de Dayanara, uma latina deslumbrante de olhos castanhos escuros, lábios volumosos e cabelos ondulados castanhos com nuances de loiro tingido. Ambas eram fotógrafas e frequentemente colaboravam em projetos conjuntos, o que, aos olhos de terceiros, poderia sugerir um relacionamento mais íntimo. No entanto, a verdade era que, embora compartilhassem a paixão pela fotografia, Dayanara pertencia a outra esfera romântica. Mesmo assim, a cumplicidade entre elas era evidente.
— Oi, loirinha! — Daya a envolveu em um abraço caloroso, afastando-se em seguida para examinar curiosamente o apartamento de Piper em busca de qualquer vestígio de Alex. — Ela ainda está aqui?
— Não, ela foi embora há horas. — Piper respondeu enquanto fechava a porta. — Por que tanta curiosidade sobre ela?
— Ela passou a noite toda e vocês não transaram. Eu preciso entender o que há de errado com ela.
— Não há nada de errado, ela é maravilhosa.
Dayanara parou e franziu o cenho diante das palavras escolhidas por Piper. Em seguida, um sorriso aberto se formou.
— O coração da minha loirinha está se rendendo e se apaixonando?
— Não, não é assim. Ela é só... diferente.
— Diferente de que maneira?
— De uma maneira muito boa.
Dayanara revirou os olhos para a imprecisão de Piper.
— Qual é o nome dela?
— Alexandra. Alex Vause.
— Deve ser uma modelo, certamente. Vocês tiveram uma sessão de fotos incrível?
— Não, apesar dela parecer uma modelo, ela é jornalista. Trabalha no New York Times.
— Uau. Então, ela é muito bonita?
— Pra caramba. — Piper sorriu abertamente.
— E mesmo assim você diz que não está apaixonada? — Piper balançou a cabeça, negando, embora soubesse que estava mentindo. — Eu quero ver fotos.
— Claro. — A loira conduziu Dayanara até seu estúdio, onde Piper compartilhou as fotos registradas durante o encontro.
— Puta merda, Piper. Por essa mulher, eu até virava a casaca. — Dayanara exclamou assim que terminou de ver as fotos. — Eu preciso tirar umas fotos dela também. Vai agregar muito no meu trabalho.
— Não, você não vai. — Piper fez uma careta.
— Se eu estiver na sua equipe de fotografia, quero dizer. — Dayanara esclareceu.
— Boa.
— Então, eu aposto que você quer ouvir as boas novas? — Dayanara disse misticamente, recostando-se na cadeira.
— Você não quer logo o seu almoço grátis antes do grande anúncio? — Piper sorriu.
— Tudo bem, mas então eu só vou te contar se eu gostar da sua comida.
— Fechado. Mas eu sei que você sempre gostou da minha comida. — Dayanara riu, concordando. Ela realmente gostava.
— Uau, isso é muito bom. — Dayanara disse após outra mordida de seu peixe. — Que peixe é esse, Piper?
— Salmão.
— Hmm, melhor eu colocar isso na minha lista de compras. Me ensine a cozinhá-lo depois, sim?
— Claro. — Piper riu. — Então, qual é a boa? — A loira perguntou, porque ela sabia que Dayanara não estava lá para pedir sua receita de salmão.
— Nós entramos na exposição daqui de Nova York.
— O quê? Você está falando sério?
— Sim, loirinha, você e eu. Estamos nessa!
— Porra, isso é ótimo! — Piper exclamou e levantou-se, envolvendo a amiga em um abraço. — Por que você não me disse mais cedo?
— Porque você estava ocupada falando sobre o amor da sua vida. — Dayanara riu, apertando a amiga de volta. — E o Sr. Salmão me distraiu.
— Daya, isso é realmente fantástico. — Piper disse depois que se afastaram.
— Eu sei. — Ela sorriu.
As duas estavam planejando uma exposição em Nova York e havia um local que era muito difícil de conseguir. Elas haviam oferecido o projeto há meses, até que finalmente obtiveram resposta. Isso era enorme para ambas, porque nunca tiveram suas próprias exibições antes. Nas exposições que já tiveram, havia pelo menos oito fotógrafos envolvidos. Agora eram só as duas.
— Então, você quer sair esta noite? Comemorar nossa vitória? — Dayanara perguntou. — Talvez você possa chamar a sua amiga para que eu possa finalmente conhecê-la?
— Claro, eu vou perguntar a ela. — Piper disse, sentando-se de volta.
— Ela tem alguém que possa me acompanhar? — Dayanara soltou um sorriso provocativo.
— Eu pensei que você estivesse namorando. Marcos, não é?
Ela revirou os olhos para Piper.
— Cristo Piper, já faz um ano que terminamos.
— Ah. Eu acho que Alex possa ter algum amigo. Na verdade, ela me contou uma história sobre um rapaz do trabalho dela.
— Sim, como ele é?
— Eu não o conheço, mas me parece que tem carisma.
— Tudo bem, fale com ela e sairemos esta noite. — Dayanara disse com entusiasmo.
— Sim, tudo bem.
Terminaram o almoço e conversaram com entusiasmo sobre a exposição. Teriam 6 meses a partir daquele momento. Seis meses de preparação.
— Ligue-me mais tarde e me diga se esse cara estará indo porque eu não quero ir em uma festa com as mãos vazias.
— Como se você ficasse sozinha de qualquer forma.
Piper agarrou seu telefone logo que Dayanara partiu e ligou para Alex, torcendo que ela não estivesse ocupada com o trabalho e desejando que ela dissesse sim para a sua proposta. Além disso, ela já se perdia em saudades daquela mulher.
É, Piper Chapman estava definitivamente e completamente perdida.
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